Postado no blog Maria Fro em 15/03/2013
Encanto
Pelos que nunca foram, e sonharam ser,
abro espaço no livro do querer,
bendito os que tentam e não desistem.
Ainda que não alcancem,
ainda que não seja o momento,
terão contentamento.
Pelas árvores que hoje se agigantam,
meus olhos se encantam,
quero abraça-las como criança,
pois sua sombra, pra mim é lembrança,
de dias de pique-esconde, brincadeiras sem fim,
desse eterno menino, que se revela em mim.
Pela natureza que me encanta, eu canto,
deixo de lado o que a maltrata, me encanto:
com o mar que se agiganta, e se acalma,
com as flores que se abrem, e perfumam,
com a terra que molhada, se torna fecunda,
e no ar da tarde, deixa seu perfume,
"cheiro de esperança molhada",
certeza do florescer das sementes,
é a vida em movimento,
é o renascer.
Por isso, quando perguntam, onde está Deus,
mostro a noite atapetada de estrelas,
a lua formosa em seu eixo,
as pedras coloridas, os seixos,
a simplicidade do complexo mundo, vasto mundo...
Os passarinhos cantando nas árvores,
os rios seguindo seu curso, sem lamentação,
a vida segue seu curso...
E quando perguntam onde encontra-lo,
mando colocar a mão no peito, ouvir seu coração,
é Deus em constante oração,
é o Deus que habita em mim, que tudo vê,
saudando o Deus que habita em você.
Deus está sempre presente,
e quando achar que Ele está ausente,
não foi Ele quem se afastou,
é a sua relutância, o seu descrédito,
Deus está apenas aguardando seu chamado,
com quem quer regar uma flor,
pois Deus é mais do que Tudo,
Deus é amor.
Paulo Roberto Gaefke
Postado no blog Só Palavras
A Igreja Católica Apostólica Romana mudou o "santo padre" para que tudo fique como sempre foi !
O papa Francisco e seus pecados de Jorge Bergoglio
Enquanto muitos católicos “comemoram” a nomeação de um Papa latino americano, surgem informações sobre o papel de Jorge Bergoglio durante a ditadura argentina. Artigos de fontes variadas: um jornalista da mídia tradicional e um ex-preso político.
Será verdade o que se conta sobre o “Santo Padre”?
Novo Papa é da estirpe de Pio XII
Por Celso Lungaretti
Radicado há décadas no Brasil, Carlos Lungarzo, incansável defensor dos direitos humanos, é argentino de nascimento e conhecedor profundo da trajetória do jesuíta Jorge Bergoglio, agora Francisco, outro papa conservador de uma Igreja que, qual avestruz, enterra cada vez mais a cabeça na areia para alhear-se dos desafios da atualidade.
Os segredos do santo padre é um artigo obrigatório. Nele, Lungarzo traça o perfil de um religioso que, por identificação ideológica com a ditadura argentina, oportunismo ou pusilaminidade, recusou ajuda a um membro da sua Ordem, permitindo que ele caísse nas garras dos esquadrões da morte militares; e não moveu uma palha para encontrar uma criança recém-nascida sequestrada pela repressão, indiferente às súplicas da família.
O que ele tem em comum com Pedro é já haver negado Cristo… e muito mais do que três vezes!
O paralelo mais apropriado, contudo, é com o papa Pio XII, aquele que ficou em cima do muro enquanto grassava a barbárie nazista.
Destaco os trechos principais:
“A Argentina voltou à normalidade democrática em 1983 quando o então padre Bergoglio estava com 47 anos. Nessa época, o atual papa era reitor do (…) maior seminário de formação de sacerdotes da Argentina (…), após ter sido, entre 1973 e 1979, o principal chefe (…) da poderosa e influente ordem dos jesuítas…
Em 1983, Jorge Bergoglio, uma figura austera, silenciosa, alheia a chamar a atenção, não tinha nenhuma influ’ncia política evidente, mas acumulava muita influência invisível. Ele utilizou essa influência para tentar mostrar um rosto ‘moderno’ da Igreja, modificando a imagem desta como cúmplice qualificada e ativa dos genocídios e torturas generalizadas, que foram comuns na Argentina…
Como é bem conhecido, a Igreja Católica apoiou intensa e devotadamente os crimes da ditadura, não apenas encobrindo ou justificando-os, mas também dando apoio psicológico e propagandístico, colocando a seu serviço seu aparato internacional (incluída a máfia italiana e o grupo P2), abençoando as máquinas de choque e os instrumentos usados para mutilação, e até, em vários casos, aplicando tortura com suas próprias mãos.
Há pelo menos 40 livros em espanhol e pelo menos 15 em inglês, dedicados de maneira total ou parcial à cumplicidade da Igreja Católica com os crimes de Estado na Argentina nos anos 1976-1983, e milhares de páginas de Internet.
Como em muitos outros países, uma minoria de padres apoiou a causa dos direitos humanos e teve certa militância no que foi chamado ‘Teologia da Libertação’.
Dois deles foram os jesuítas Orlando Dorio e Francisco Jalic que propagavam uma visão social do cristianismo em favelas e bairros populares. Estes padres foram capturados pelos esquadrões da morte dos militares e submetidos a tortura, mas conseguiram sobreviver. Enquanto Jalic se fechou num mosteiro alemão e nunca mais falou de seu passado (e possivelmente, nunca voltou a Argentina), Dorio acusou explicitamente a Bergoglio, que era a máxima autoridade de jesuítas, de ter negado proteção e haver permitido que ele fosse capturado.
Bergoglio usou por duas vezes os privilégios de não acatar as decisões da justiça, privilégio que a Argentina concede aos bispos, que têm um fórum privilegiado equivalente ao dos deputados, senadores e presidentes. Em função disso, recusou dar depoimento aos tribunais que julgaram os crimes contra a humanidade na época da ditadura.
Bergoglio aceitou, porém, comparecer a uma terceira intimação, quando a pressão dos milhares de vítimas se tornou muito intensa.
Segundo a advogada Myriam Bregman que trabalha em direitos humanos, as afirmações de Bergoglio, quando aceitou ir aos tribunais, mostram que ele e outros padres eram coniventes com os atos praticados pela ditadura. Ele, porém, não foi indiciado, também com base na ‘falta’ de provas.
Em 1977, a família De la Cuadra (…) teve sequestrados cinco de seus membros, dos quais apenas um reapareceu muito depois.
O padre Bergoglio se recusou a indagar onde eles estavam e até a ajudar a procurar uma criança recém nascida, filha de uma das mulheres desaparecidas.
Em algumas ocasiões, o Santo Padre não pôde refutar que a ditadura argentina tinha cometido numerosas atrocidades, mas argumentou que isso foi uma resposta provocada pela esquerda, que, segundo ele, também teria usado o terror. Este infame argumento, como todos sabem, foi fortemente repudiado em todos os países que tiveram ditaduras recentemente.
Durante o governo de Néstor Kirchner e, após, o de sua esposa, Cristina Fernández, o atual papa, mantendo seu estilo ‘sutil’ aproveitou para criticar muitas vezes o governo (…), acusando-o de ditatorial, de gerar o caos, de defender pessoas de vida sexual ‘abominável’, etc.
Com seu estilo aparentemente moderado, Bergoglio teve certo sucesso onde outros padres, que pregaram abertamente a tortura e o genocídio dos ateus e marxistas, fracassaram. Com efeito, apesar de ser unanimemente repudiado pelos defensores de direitos humanos, inclusive os católicos, ele nunca foi processado, como aconteceu com o padre Wernich, e até conseguiu forjar uma máscara de tolerância”.
O papa e o pecado da omissão
Por Clóvis Rossi, na Folha.com
Jorge Mario Bergoglio leva ao Vaticano um pecado imperdoável: foi no mínimo omisso durante o genocídio que a ditadura militar argentina praticou entre 1976 e 1983.
Nem é possível alegar que não era, então, uma figura destacada na hierarquia eclesiástica: foi provincial dos jesuítas entre 1973 e 1979. A parte mais selvagem da repressão se deu precisamente entre o golpe de 1976 e 1978, quando, a rigor, a esquerda armada já havia sido esmagada, junto com milhares de civis desarmados.
Há na Argentina quem acuse Bergoglio de ter sido pior do que omisso: o jornalista Horácio Verbitsky, autor de um punhado de livros sobre a ditadura, acusa o agora papa de ter sido cúmplice da repressão ao denunciar aos militares, como subversivos, sacerdotes que desempenhavam forte ação social.
Verbitsky diz possuir documentos obtidos na Chancelaria argentina que demonstram a veracidade de sua acusação.
Antes do conclave anterior (2005), um advogado da área de direitos humanos chegou a propor uma ação contra Bergoglio, acusando-o de ter sido cúmplice no sequestro de dois padres jesuítas em 1976.
Bergoglio sempre negou as acusações. Disse que, ao contrário, tentou proteger os jesuítas perseguidos.
O que não dá para negar é que Bergoglio passou em silêncio por um período negro da história argentina, em que o comportamento de sua igreja foi obsceno.
Não é, portanto, um cartão de visitas auspicioso para um papa condenado a enfrentar uma evidente crise de credibilidade, se não da igreja, pelo menos de sua cúpula.
A igreja argentina também perdeu credibilidade por sua pusilanimidade, para dizer o mínimo, durante a ditadura militar. Como correspondente da Folha em Buenos Aires de 1980 a 1983, fui testemunha ocular das intoleráveis omissões da hierarquia ante a violência do Estado.
Conto apenas um episódio menor para mostrar a covardia.
Um dado dia, as Madres de Plaza de Mayo pediram uma audiência aos bispos. Um grupo delas, todas senhoras de idade, rostos vincados pelo tempo e pela dor, foi até a sede da Conferência Episcopal Argentina para entregar uma petição, obviamente relacionada à violação dos direitos humanos.
Chovia, fazia frio, o vento era cortante. Pois os responsáveis pela igreja argentina não tiveram nem sequer a piedade de permitir que as senhoras esperassem no interior do imóvel. Ficaram mesmo ao relento, como a sociedade argentina ficou desprotegida pelos seus pastores durante toda a ditadura.
É dessa igreja que vem Bergoglio. Uma igreja que jamais pediu perdão por esse insuportável comportamento.
É possível que, tendo a Argentina da democracia passado a limpo o período do terror, a questão dos direitos humanos no passado seja deixada de lado ou vá para um pé de página no perfil do novo papa.
Entendo. Os homens passam a ser santos, ou quando morrem ou quando assumem o papado.
A ver se o papa Francisco corrigirá no Vaticano o pecado de omissão de Bergoglio.
Postado no blog O Escrevinhador em 14/03/2013
Novo papa é associado a sequestros de jesuítas e bebê durante ditadura argentina
Cardeal se orgulha de amizade com um dos comandantes da Junta Militar que em sete anos deixou 30 mil mortos, e foi chamado a depor em vários processos
Anunciado hoje (13) como novo papa em uma votação tida como surpreendente, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio é investigado dentro de seu país pela colaboração com a ditadura.
Nos dois processos mais famosos, responde pela ajuda que teria dado ao sequestro e à tortura de dois jesuítas e à apropriação de bebês, prática comum do último regime militar (1976-83).
A participação de Bergoglio no governo responsável pela morte de 30 mil pessoas é antiga e famosa, mas os sinais mais claros surgiram ao longo da última década, quando, após a derrubada de leis que protegiam os repressores do passado, foi possível dar início a julgamentos.
O próprio cardeal se orgulhava das boas relações com o comandante da Marinha Emilio Massera, integrante da primeira Junta Militar e responsável, em 1955, por derrubar Juan Perón durante a autodenominada Revolução Gloriosa – um golpe de Estado, na realidade.
Foi na Marinha que se formou o principal campo de concentração do regime iniciado em 1976. A Escola de Mecânica (Esma, na sigla em castelhano) recebeu 5 mil prisioneiros, e menos de 200 deles saíram com vida. A causa Esma é uma das principais iniciadas nos últimos anos, e tem resultado em desdobramentos que alcançaram Bergoglio.
Ciente disso, e ansioso pela possibilidade de assumir o papado em caso de renúncia de Joseph Ratzigner, Bento XVI, Bergoglio encomendou em 2010 uma operação de "limpeza" de seu nome.
Segundo reportagem do jornal argentino Página12, o livro El Jesuíta foi escrito com a intenção de desfazer as más impressões criadas em torno do religioso pelo período em que comandou a Companhia de Jesus, entre 1973 e 1979.
Em 2010, juízes do Tribunal Oral Federal número 5 foram até a sede do arcebispado de Buenos Aires tomar o depoimento do cardeal, acusado de trabalhar pelo sequestro e pela tortura de dois jesuítas em 1976. Naquele momento, Bergoglio comandava a Companhia de Jesus em San Miguel, e uma série de testemunhos o conectam ao crime.
Francisco Jalics e Orlando Yorio, as próprias vítimas do sequestro, acusam Bergoglio de havê-los denunciado, em uma operação policial na qual desapareceram Mónica Candelaria Mignone,María Marta Vázquez Ocampo e Martha Ocampo de Vázquez.
Em 2011, o jornalista Horacio Verbistky descobriu um documento do Ministério das Relações Exteriores e Culto da Argentina que corrobora a suspeita. Naquele momento, Jalics, húngaro, havia feito um pedido de renovação de seu passaporte. O informe da chancelaria aponta que Bergoglio apontou que havia “suspeitas de contato com guerrilheiros” e “conflitos de obediência”. A solicitação do jesuíta foi negada.
Em 2010, o médico Lorenzo Riquelme, então com 58 anos, declarou que o grupo que o sequestrou e torturou saiu da sede da Companhia de Jesus.
Militante da Juventude Peronista e do movimento cristão, Riquelme deu a declaração com base no que foi dito a sua mulher, também raptada. Ela trabalhava no Observatório de Física Cósmica de San Miguel, que passou de um reduto peronista a um lugar de atuação de homens infiltrados da Marinha e sob controle de Bergoglio.
Mom Debussy, um jesuíta que tinha a confiança de Bergoglio, afirmou que algumas vezes o cardeal lhe contou sobre os projetos de Massera, sempre demonstrando simpatia pelo regime, e que pretendia vender à Marinha o Observatório de Física. Debussy disse ainda que os trabalhadores do Observatório eram demitidos pelo religioso depois de voltar das sessões de tortura.
Outro documento oficial, datado de 1976, narra o que o líder religioso defendeu a comandantes militares. Advogou esclarecer a posição da Igreja Católica, de suporte ao regime, afirmando que “de nenhuma maneira pretendemos formular uma posição de crítica ao governo”, dado que um fracasso “levaria, com muita probabilidade, ao marxismo”.
Em 2011, veio à tona a possível participação de Bergoglio em um caso de sequestro de bebês, uma prática adotada pelo regime, que executou várias mulheres grávidas ou com filhos pequenos.
O Tribunal Oral Federal número 6 convocou o cardeal a depor no processo de Estela de la Cuadra, uma das fundadoras das Avós da Praça de Maio. Segundo Estela, o agora papa tem relevantes informações sobre o desaparecimento de sua sobrinha, Ana, roubada dos braços da mãe em uma delegacia de La Plata, cidade vizinha a Buenos Aires.
No mesmo ano, a Justiça francesa determinou que o Judiciário argentino tomasse o depoimento de Bergoglio pela suspeita de participação no desaparecimento de um padre francês que morou na Companhia de Jesus.
O testemunho de uma monja em 1984 já indicava a relação do então chefe da congregação com o sequestro que resultou nas mortes de Gabriel Longueville e do sacerdote Carlos de Dios Murias.
Postado no site Carta Capital e no blog O Esquerdopata
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