Felicidade!
Thais Accioly
Pensar a felicidade como um bem de consumo é algo relativamente comum, muitos acreditam que ela seja um bem que pode ser comprado.
Não é.
Há a forte ilusão de que se comprarmos um carro moderno, o último modelo de celular, a casa dos sonhos, a viagem para aquele lugar maravilhoso, sapatos, o relógio da marca tal, teremos a felicidade.
Acalentamos, também, a fantasia de que um salário maior, ou um rendimento melhor, trará a felicidade. E há quem acredite poder comprar a felicidade em comprimidos, fórmulas manipuladas...
Claro que o medicamento certo pode amenizar sintomas depressivos, mas a felicidade não virá com o alívio.
Nem aparecerá só porque se comprou algo ou se viajou para algum lugar.
Pode existir satisfação nessas situações e vivências, mas alegria e prazer não são a felicidade.
Felicidade é confundida com muitas coisas: com prazer, com consumo, com poder, com alienação, com excitação, com fazer ou não fazer algo, com estar com alguém ou não.
Coloca-se desta forma a felicidade onde ela não é possível de ser encontrada e a busca, assim, parece não ter fim. Mas só porque tomamos caminhos estranhos nessa jornada.
Muitos acham que a felicidade é um direito pessoal, e saem desembestados, criando situações de desencanto, angustia, ansiedade e desespero ao seu redor, porque decidiram ser felizes "custe o que custar, doa a quem doer".
Mas, por mais que os livros, a TV, os comerciais, as revistas e palestrantes digam e ensinem que todos temos o direito à felicidade, gerando uma quase histeria em sua busca e tentativa de conquista, vê-se que os esforços individuais são pouco produtivos e, o que é pior, esta busca egocêntrica acaba causando muito sofrimento, individual e coletivo.
É só lembrar, para citar um exemplo, no quanto a corrida pela felicidade individual gera de lixo (por conta do consumo exagerado). Sem esquecer-se de citar outro exemplo bem atual, as famílias que são desestruturadas porque um dos cônjuges resolveu buscar sua "felicidade" em outro lugar, sem se preocupar com o sofrimento e o custo psicológico que isso pode ter para as crianças, adolescentes e idosos envolvidos.
A felicidade só será possível quando vivenciada em sociedade, por uma grande e esmagadora maioria.
Todo o resto é miragem. Ilusão criada para vender produtos e serviços.
Felicidade é um estado de espírito, de bem-estar, que envolve o desenvolvimento de muitas diferentes nuances da personalidade, da saúde mental, espiritual, física e social.
Existem requisitos individuais para a felicidade, claro, mas eles isoladamente são insuficientes para sua vivência plena.
Alguns requisitos individuais são: boa autoestima, amor pela vida, autorrespeito e respeito pelo próximo, generosidade, bom humor, humildade, capacidade de aceitação, flexibilidade, fé, esperança, altruísmo, maturidade emocional, autoconhecimento, resiliência, capacidade de sacrifícios pessoais pelo bem estar coletivo, entre tantos outros.
Mas todos são ineficientes se, coletivamente, seja em família, no trabalho, ou na sociedade de forma geral, convive-se com a desigualdade de oportunidades, com a escravidão dos sentidos e das pessoas, com a indiferença, a crueldade, a violência, o egoísmo, a fome, o abandono dos mais frágeis, a corrupção, a inveja e o ódio, o desrespeito, a desesperação, o orgulho, a indecisão, os medos sem sentido, a ganância.
Felicidade é direito coletivo, e só pode ser vivenciado coletivamente, sendo que o bem-estar, a paz, a amorosidade, o respeito, os cuidados fraternos, a esperança e as oportunidades são bens comuns a todos, desfrutados por qualquer pessoa, por qualquer ser vivo.
Pense nisso e busque agir na construção de uma felicidade coletiva em sua casa, em sua rua, em seu bairro, em sua cidade, no seu local de trabalho, e observará que na medida em que você, eu, e outros começarem a viver pensando e criando possibilidades para que a felicidade alheia surja, ela também começara a brotar internamente, como um bem-estar real e duradouro.
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Robert Rappé : o sistema está contra nós porque todos buscam lucrar uns com os outros e se esquecem do amor
Entrevista para a revista Ecológico
O holandês Robert Happé nasceu em Amsterdã, em plena Segunda Guerra Mundial. Ainda bebê, perdeu os dois irmãos, o lar e a mãe, que desapareceu depois da tragédia provocada pelos bombardeios alemães.
À época, seu pai já havia sido preso pelos soldados de Hitler. Robert foi adotado por uma família. As dificuldades por que passou talvez expliquem sua busca incansável por respostas sobre o verdadeiro sentido da vida. “ Desde o início, busquei a verdade sobre a vida e sobre mim mesmo; queria entender também por que as pessoas se matam e qual a causa de tanto sofrimento no mundo”, declara.
A procura começou aos 16 anos, quando, de mochila nas costas, o jovem Robert saiu pelo mundo, visitando diferentes países, culturas e povos. Através do estudo das religiões e da Filosofia, fez muitas descobertas em sua jornada de quase duas décadas.
A principal delas é que “todas as religiões, doutrinas e crenças, em sua maioria, estão tão impregnadas de dogmas, que deixam de cumprir o papel que lhes cabe”. E, ainda, que “o sistema no qual vivemos, com suas visões políticas, planos econômicos e educacionais, é o maior dogma do mundo e não tem qualquer consideração pelas pessoas.”
Em todos os lugares pelos quais passou: Europa, Nepal, Índia, Taiwan, Camboja (onde morou numa floresta durante três anos), EUA e América do Sul, Robert diz ter encontrado amor. “Não existe um só povo que não seja capaz de amar”, confessa.
Desde 1987, ele compartilha seu aprendizado em seminários pela Europa, África, Argentina e Brasil. Em 1997, escreveu “Consciência é a Resposta”. No parágrafo final do prefácio, faz um alerta: “Ninguém tem a verdade, mas cada um de nós pode sintonizar-se com a própria verdade e conhecimento e expressá-los à sua maneira. Foi o que fiz e espero que cada um faça o mesmo” (Texto Integral)
Postado no blog Educação Política em 06/01/2013
A “ousadia” de José Genoino
Aspirantes a ditador encastelados no Judiciário, no Legislativo, na imprensa e até entre cidadãos comuns estão sobejamente indignados com José Genoino Guimarães Neto, cearense de Quixeramobim que, aos 66 anos, está prestes a cumprir pena de prisão por ter colocado a própria firma em um contrato de empréstimo de um banco ao partido político que presidia. A razão da indignação: ele teima em querer exercer seus direitos.
Ainda assim, apesar de a vida do ex-presidente do PT ter sido vasculhada de cima a baixo durante sete longos anos, não foi encontrado um mísero aumento de seu patrimônio. Nem a Polícia Federal, nem o Ministério Público e muito menos a imprensa conseguiram atribuir-lhe qualquer intenção de se locupletar.
Tudo o que Genebrino tem na vida é um modesto sobrado no bairro paulistano do Butantã, que, vendido, não pagaria a multa imposta pelo STF no âmbito da Ação Penal 470. Detalhe: o imóvel foi adquirido muito antes de o PT chegar ao poder, não havendo como atribuir sua compra ao “mensalão”.
Colunistas, editorialistas, articulistas, comentaristas de telejornal, repórteres e parte de seus leitores e espectadores tratam de atiçar a matilha despótica contra um homem cujo crime foi cumprir uma obrigação partidária, ainda que possa ter havido alguma ilegalidade no negócio feito entre seu partido e o banco que lhe concedeu o empréstimo fatídico.
A condenação de Genoino, pois, não lhes é suficiente. Prender seu corpo não basta, há que prender, também, seu espírito. Os mesmos aspirantes a ditador querem cassar um direito sagrado em qualquer democracia que se preze: o direito de um acusado pela Justiça se declarar inocente independentemente de a acusação ter ou não sido julgada.
Temos visto, à larga, os meios de comunicação serem tomados pela premissa de que o ex-presidente do PT deveria assumir as culpas que lhe imputam e abdicar de exercer seus direitos. Deveria se “envergonhar” e fazer “profissão de fé” na própria culpa, ao melhor estilo daquilo a que eram abrigados os expurgados pelo mesmo stalinismo de que os cúmplices e entusiastas da ditadura militar brasileira acusam petistas e/ou qualquer esquerdista.
Genoino e a filha estiveram no Congresso, altivos. Foram, então, cercados e moralmente seviciados pelos que o prisioneiro de consciência chamou, apropriadamente, de “torturadores modernos”.
Não basta, portanto, condenar Genoino ou qualquer outro réu do mensalão. Eles têm que colaborar com seus algozes. A direita midiática exige que se humilhem publicamente, abdiquem de qualquer direito que lhes reste e, de quebra, ajudem a enlamear a honra de companheiros e até do próprio partido. Querem estender suas condenações àqueles contra os quais não pesa processo algum.
Este blog, assim, exorta seus leitores a se solidarizarem não com Genoino, mas com o Estado de Direito, pois está sob severa ameaça quando setores barulhentos e despóticos da sociedade exigem que um homem abdique do direito fundamental de qualquer ser humano de se declarar inocente independentemente de ter sido julgado e condenado, até porque a História está repleta de condenações que depois se revelaram injustas.
Postado no Blog da Cidadania em 06/01/2013
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