Enfim uma ótima utilidade para elas


OS INSTRUMENTOS MUSICAIS FEITOS COM ARMAS DE FOGO DO ARTISTA MEXICANO PEDRO REYES


Pedro Reyes

Imagine um conjunto de 50 instrumentos musicais fabricados de armas destruídas - revólveres,metralhadoras, etc .

Em 2008, 1.527 armas foram derretidas e transformadas em pás para plantar 1.527 árvores. Em abril deste ano, recebi um telefonema do governo informando que uma destruição pública de armas iria acontecer em Ciudad Juarez e me perguntou se eu estava interessado em manter o metal, que de outra forma iria ser enterrado como de costume. 

Aceitei o material, mas eu queria fazer algo novo desta vez com 6.700 armas, cortadas em peças e me propus a fazer instrumentos musicais.

Um grupo de seis músicos trabalhou por duas semanas ombro-a-ombro transformando esses agentes de morte em instrumentos de vida.

A tarefa era difícil, mas eles conseguiram extrair sons, de percussão ao vento e string. É difícil de explicar, mas a transformação foi mais do que física. 

É importante considerar que muitas vidas foram tiradas com essas armas, como se uma espécie de exorcismo estava ocorrendo e a música expulsou os demônios que elas detinham, além de ser um réquiem para as vidas perdidas.

80.000 mortes por arma de fogo, ocorreram no México nos últimos 6 anos. Esta indústria de morte e sofrimento continua a ser aceita como cultura e a ser descrito como algo sexy, tanto em Hollywood e em videogames, pois há atores que não fumam na tela, mas não houve aquele que rejeita o papel de um herói no gatilho.

No século passado, foram organizados movimentos pelos direitos dos homossexuais, igualdade de gênero e raça e do meio ambiente, mas ainda temos de expressar o nosso desejo de um mundo sem armas. 

Viver em uma comunidade livre de armas deveria ser um direito humano. 

Muitas liberdades que desfrutamos hoje já foram consideradas utópicas, e o primeiro passo nessa direção foi imaginar.








Postado no blog Educação Política em 10/11/2012


Nota

O homem, um dia quando estiver vivenciando a Paz Mundial, sem armas, e praticando a Solidariedade, finalmente, entenderá as razões de Deus para tê-lo criado e, quão grande é o amor do Pai pelo filho, pois 
lhe deu a Vida neste paraíso, o Planeta Terra com todas as condições de sobrevivência, tais como água, alimento, proteção, lazer e prazer.

Enfim o homem foi criado para a Felicidade e o Crescimento  Espiritual, mas desperdiçou 1.700.000 anos (idade do Homem segundo estudos científicos recentes de fósseis) e um pouco mais ainda será desperdiçado...

Rosa Maria  (administradora deste blog)




arma

Amor, ah, o amor!


imagens de amor

José Carlos Toniazzo



Nos últimos dias tenho que deparado com inúmeras conversas onde o tema naturalmente converge para a polêmica: sentimentos, relacionamentos, alegrias e decepções amorosas que aparecem e misteriosamente somem da vida das pessoas. 

Dessa forma devo corrigir a última afirmação. Saem as "decepções amorosas" e entram, posso assim dizer as "decepções da paixão". 

Sim, pois o substantivo, verbo, adjetivo, pronome, ou seja lá qual a categoria gramatical da palavra "amor" vai muito além de algo passageiro. O amor é um sentimento sublime, que ou dura para toda vida, ou que demoramos a vida toda para compreender, e com sorte encontrar.

Já diria Renato Russo, quem inventou o amor explica por favor. Já diriam incontáveis poetas e compositores, como é bom o amor, e como dói não ser correspondido, ou mesmo perder um grande amor. 

São tantas músicas e demais expressões artísticas que falam sobre o tema, que fico me perguntando até que ponto o real significado do amor está presente. Concordo com Renato Russo pois ele deixa o sentimento pairando no ar. 

Se pegarmos suas composições, ele não personifica o sentimento. Ao contrário de artistas que morrem de amor, ou então vivem um grande amor em uma composição de três minutos, a ideia de amor abstrato denotada por ele via de encontro com o que penso.

O amor é polimórfico, se transforma. O amor é abstrato, é diferente para cada alma que existe no universo. Ouvimos uma expressão de fé muito comum: "Deus é amor". 

Essa é a base para muitas crenças. Motivo que leva muitos a idolatrarem uma religião. Mas não seria mais justo invertermos a expressão? Sim, o amor é um Deus, ou uma Deusa, visto que sexo também não se mistura com amor. Esse sentimento sublime é algo que só pode ser explicado se a pessoa entender o real motivo de vivê-lo.

O grande problema de se falar em amor, é que diariamente somos bombardeados por falsas explicações de amor.

Tudo o que nos passam é que o amor está em outra pessoa. Que você só será feliz se encontrar o amor da sua vida. Obrigatoriamente nos fazem acreditar que o amor vai se materializar em alguém. E nós, na grande maiorias mesquinhos, acreditamos. 

Logo em seguida dizem que para encontrar o amor precisamos de um bom carro, uma boa casa, uma boa bebida, enfim, o amor vira uma moeda de troca. E isso estimula o amor... mas o amor ao capitalismo. O amor às coisas. O amor ao ter, ao invés de o amor ao ser. Duvida? Pense um pouco a respeito.

Escrevo isso pois fico desapontado em ver a grande maioria das pessoas em uma perseguição frenética pelo amor, que já começa pela busca no lugar errado.

Para estes, a busca pelo amor, obrigatoriamente, deve começar por uma paixão. 

Aqui já existe uma grande chance da pessoa se frustrar. Sim, pois uma paixão é um sentimento implacável, rápido, rasteiro, arrebatador. Mas uma paixão é temporal, é como um dia, uma estação. Ela sempre acaba. Sim, ela sempre acaba. Estar apaixonado é uma das melhores sensações do mundo. 

Mas, infelizmente, todas as boas sensações acabam. E quando uma paixão acaba, da mesma forma como uma droga, ela causa dependência. Ela exige que uma nova dose seja servida. Acontece que uma paixão não vem seguida de outra, pois são duas almas que precisam estar em sintonia.

Nesse momento a pessoa precisa extrapolar sua frustração. A paixão acabou, e ela insiste em achar que ali existia o amor. E como acabou, com o tempo ela passa a repudiar o amor. Talvez uma das formas mais básicas de enganar a si mesmo. 

Sentimentos temporais jamais devem ser comparados, ou equiparados ao sentimento do amor.

Uma vez um amigo me disse: "eu já amei, perdi e hoje vivo frustrado com outra pessoa. Amar é uma sensação louca. Eu estava com ela e me sentia surfando nas ondas do Hawaí. Eu voltava, e depois me sentia saltando de um avião sem para-quedas. E sem medo algum de chegar ao solo". Confesso que gostei da maneira como expressou o sentimento. E confesso também que não senti algo parecido.

Certa vez me deparei com uma obra de filosofia onde o autor falava da escalada na escada do amor sublime. 

Não me recordo ao certo todos os passos, mas ele dizia que primeiro tendemos a acreditar que o amor está na beleza. Mas este é só o primeiro degrau da escada. Lá pelo sexto ou sétimo degraus ele fala do amor sublime. Aquele sentimento que finalmente converge para nossa missão no universo. Aquele momento onde entendemos o porque tudo foi como foi. Entendemos que tudo foi como era para ter sido. Exatamente preciso, simples assim.

Como ouvimos das religiões, dos adivinhos, e dos artistas: na vida tudo tem um porquê. Resta-nos ter a curiosidade de descobrir e vivenciar as sensações a ponto de realmente fazermos por merecer chegar ao topo da escada sublime do amor. Não fiquemos eternamente no primeiro degrau.

Possivelmente saberemos que não amamos mais que uma vez. O amor é um fluxo que vai se estabelecendo aos poucos, e não depende, necessariamente, de outra pessoa.

O resto são sentimentos menores que confundimos com este ato sublime, amar.


Postado no blog Colono.com em 10/11/2012





Os sentimentos


Amor

Contam que uma vez se reuniram todos os sentimentos e qualidades dos homens em um lugar da terra. 

Quando o ABORRECIMENTO havia reclamado pela terceira vez, a LOUCURA, como sempre tão louca, lhes propôs:

- Vamos brincar de esconde-esconde?

A INTRIGA levantou a sobrancelha intrigada e a CURIOSIDADE sem poder conter-se perguntou: 


- Esconde-esconde? Como é isso? 

- É um jogo, explicou a LOUCURA, em que eu fecho os olhos e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem, e quando eu tiver terminado de contar, o primeiro de vocês que eu encontrar ocupará meu lugar para continuar o jogo. 

O ENTUSIASMO dançou seguido pela EUFORIA

A ALEGRIA deu tantos saltos que acabou pôr convencer a DÚVIDA e até mesmo a APATIA, que nunca se interessavam por nada. Mas nem todos quiseram participar. 

A VERDADE preferiu não esconder-se.

- Para que, se no final todos me encontram? 

A SOBERBA opinou que era um jogo muito tonto (no fundo o que a incomodava era que a ideia não tivesse sido dela). 

A COVARDIA preferiu não arriscar-se. 

- Um, dois, três, quatro... 

- começou a contar a LOUCURA

A primeira a esconder-se foi a PRESSA, que como sempre caiu atrás da primeira pedra do caminho. 

A subiu ao céu e a INVEJA se escondeu atrás da sombra do TRIUNFO, que com seu próprio esforço tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta. 

A GENEROSIDADE quase não consegue esconder-se, pois cada local que encontrava, lhe parecia maravilhoso para algum de seus amigos. 

Se era um lago cristalino, ideal para a BELEZA. Se era a copa de uma árvore, perfeito para a TIMIDEZ. Se era o voo de uma borboleta, o melhor para a VOLÚPIA. Se era uma rajada de vento, magnífico para a LIBERDADE. E assim acabou escondendo-se em um raio de sol. 

O EGOÍSMO, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início. Ventilado, cômodo, mas apenas para ele. 

A MENTIRA escondeu-se no fundo do oceano (mentira, na realidade, escondeu-se atrás do arco-íris). 

E a PAIXÃO e o DESEJO, no centro dos vulcões.

O ESQUECIMENTO, não recordo-me onde escondeu-se, mas isso não é o mais importante. 

Quando a LOUCURA estava lá pelo 999.999, o AMOR ainda não havia encontrado um local para esconder-se, pois todos já estavam ocupados, até que encontrou uma roseira e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre suas flores. 

A primeira a aparecer foi a PRESSA, apenas a três passos de uma pedra. 

Depois, escutou-se a discutindo com Deus, no céu, sobre zoologia. 

Sentiu-se vibrar a PAIXÃO e o DESEJO nos vulcões. 

Em um descuido, a LOUCURA encontrou a INVEJA e claro, pôde deduzir onde estava o TRIUNFO.

O EGOÍSMO, não teve nem que procurá-lo: ele sozinho saiu disparado de seu esconderijo, que na verdade era um ninho de vespas. 

De tanto caminhar, a LOUCURA sentiu sede e ao aproximar-se de um lago, descobriu a BELEZA.

A DÚVIDA foi mais fácil ainda, pois a encontrou sentada sobre uma cerca sem decidir de que lado esconder-se. 

E assim foi encontrando a todos. 

O TALENTO entre a erva fresca.

ANGÚSTIA em uma cova escura.

A MENTIRA atrás do arco-íris (mentira, estava no fundo do oceano) e até o ESQUECIMENTO, que já havia esquecido que estava brincando de esconde-esconde. 

Apenas o AMOR não aparecia em nenhum local. 

A LOUCURA procurou atrás de cada árvore, embaixo de cada rocha do planeta e em cima das montanhas. 

Quando estava a ponto de dar-se pôr vencida, encontrou um roseiral. Pegou uma forquilha e começou a mover os ramos, quando, no mesmo instante, escutou-se um doloroso grito. Os espinhos tinham ferido o AMOR nos olhos.

A LOUCURA não sabia o que fazer para desculpar-se. Chorou, rezou, implorou, pediu perdão e até prometeu ser seu guia. 

Desde então, desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na terra, o AMOR é cego e a LOUCURA sempre o acompanha.


Texto retirado da Internet e não consta o nome do autor.



A sentença que cabe aos filhos dos condenados



O ser humano é, em sua maioria, um animal covarde. Quando consegue se camuflar na matilha ou se esconder no anonimato, é o mais cruel dos espécimes que habitam o planeta.

Essa maldade vem muitas vezes travestida de sentimento de justiça. Curiosamente, costuma atingir pessoas inocentes. E a execração pública é um instrumento muito eficaz quando se quer punir indistintamente os poderosos, sejam eles culpados ou não.

Como é raro neste país que magnatas ou políticos sejam pegos em flagrante, quando isso acontece, a horda se comporta como talibãs em fúria: pedras na mão, atiradas a esmo, numa chuva de ataques em alvos em movimento. Por mais fortes que estes sejam, há sempre um ponto frágil, vulnerável: seus familiares - e, neles, as maiores vítimas, os filhos.

Qualquer pessoa sabe que ninguém merece pagar pelos crimes ou erros que os pais cometem. Mas alguma mesquinharia insondável faz com quem essa regra de decência nunca seja cumprida.

Os exemplos desse bullying coletivo são inúmeros. Pelo frescor dos fatos, basta ver o que vem acontecendo com os parentes dos condenados pelo Supremo no caso do chamado mensalão.

Dessa nem sempre silenciosa sentença de morte social participam inclusive diretores de escolas, como os que recusaram a matrícula do filho de 11 anos do megacondenado Marcos Valério. Muito pedagógico.

Nessa dosimetria perversa, a filha mais velha do vilão, de 21 anos, teve que se retirar da sala de aula de psicologia quando um professor sádico sugeriu que a classe debatesse os crimes cometidos pelo célebre pai.

José Dirceu não pôde comparecer à formatura da filha, sabendo que seria hostilizado, como já fora em outras ocasiões em que se apresentou em público no papel de pai. Também se tornou pública a dolorosa carta que a filha de José Genuíno publicou nas redes sociais. Tamanho desagravo só pode surgir de muita angústia pessoal — de alguém claramente inocente.

Sem entrar em quaisquer méritos, escolhi como exemplo esses três personagens pela ampla antipatia que despertam em pessoas comuns. Consigo imaginar murmúrios de “bem feito”, “filho de peixe” e outros requintes na linha do “domínio do fato”: não é razoável imaginar que os rebentos não soubessem das malvadezas praticadas pelos genitores.

Se a lei prevê o benefício da dúvida aos réus, a presunção da inocência de seus familiares deveria ser um dogma. Mas, na prática, o que prevalece é um justiçamento medieval, em que até as gerações futuras são amaldiçoadas.

Um mínimo de humanidade seria bem-vindo. Mas não adiantaria muito. Afinal, o ser humano é, em sua maioria, um animal covarde.

Postado no blog O Provocador em 0811/2012

Jardim vertical



O Jardim vertical ou painéis verticais são a escolha certa para decoração de pequenos espaços – ou somente para embelezar paredes com as plantas que você escolher.


Esse tipo de jardinagem usa como plantas, espécies epífitas, que requerem poucos nutrientes e uma pequena quantidade de água para se manterem e desenvolverem, pois elas conseguem retirar seus nutrientes até da atmosfera, e devido a sua baixa exigência, e lento crescimento, são ideais para esse tipo de jardim.

Podem ser montados, em paredes que estejam disponíveis, onde as plantas possam receber alguma luz natural, ou mesmo luz artificial.

Materiais necessários para montar um Jardim vertical:

1) parede impermeabilizada ao construir ou pode ser pintada com tinta especial emborrachada, para quem vai adaptar uma parede comum ao jardim.

2) Tabua em MDF, ou conglomerado, ou outra madeira, nas medidas da parede, e que será fixada à parede por meio de buchas, e em vários locais para evitar que com a umidade ela venha a se deformar, pela ação do peso da água infiltrada, ou mesmo pela ação de organismos decompositores da madeira, que com o tempo se instalam e acabam propiciando até que as raízes das plantas possam retirar algum nutriente delas, ao longo do tempo de uso, ou seja acaba virando substrato também.

3) Placas ou estacas de fibra de coco ou xaxim , ou mesmo meio-vasos que ou podem ser cortados ou mesmo adquiridos já nesta forma no comércio.

4) Caso o local seja em interiores onde a água não possa, escoar pelo chão, decorrentes das regas, é conveniente colocar na parte inferior um coletor para essa água em chapa no formato de calha, e com um sistema para que essa água possa ter destino que não acabe sendo um ponto de infiltração de umidade na construção.

5) Montar antes um esquema ou desenho de quais as plantas usadas, e onde elas vão ficar, para facilitar a colocação das placas, estacas, ou meio-vasos. E fixar as mesmas na tábua nos locais pré-escolhidos.

6) adquirir as plantas

Depois de pronto, as regas podem ser com aspersores manuais para áreas pequenas ou mesmo com mangueira para jardim a cada 3 a 7 dias dependendo da umidade do ar ambiente. E pode, mas não necessariamente ser incluída na água de rega, adubos hidrosolúveis compatíveis com as plantas escolhidas.

Plantas para fazer o jardim vertical:

- bromélia
- acorus
- pilea nummularifolia
- orquídea pingo de ouro
- orquídea
-peperômia riscada
- rhypsalis chata
- peperômia
- maranta
- rhypsalis
- callisia repens
- trepadeirinha
- begônia
- avenca
- peperômia obtusifolia
- dendrobium miniatura








jardim vertical, reciclagem, grade antiga








Mostre as algemas, Zé!


:

Lula Miranda

Foi o que teria dito a José Dirceu, em Setembro de 1969, um dos presos políticos naquele histórico momento de resistência à ditadura militar em que 15 prisioneiros do regime de exceção e arbítrio, que se instaurara no Brasil, foram libertados em troca do embaixador americano – na fotografia aparecem 13, apenas uma mulher.

Exceção e arbítrio. Palavras malditas. Palavras-emblema de tempos sombrios.

Segundo relato de Flavio Tavares, hoje jornalista e escritor, ele teria sussurrado aos companheiros na ocasião: “Vamos mostrar as algemas”. Fez isso num insight “de momento” ao notar que os presos que estavam ali perfilados, alguns agachados, como um time de futebol campeão, numa forçada pose para uma foto que viria a se tornar histórica, escondiam as algemas. E por que escondiam as algemas aqueles jovens? Talvez por vergonha. Talvez porque estivessem preocupados em como aquela imagem poderia machucar ainda mais seus familiares e parentes mais próximos. Ou talvez, simplesmente, porque já estavam por demais combalidos e abalados moral e emocionalmente para se preocuparem com aquele peculiar adereço do arbítrio. Não se sabe ao certo, tampouco importa. Mas, insistiu Tavares, naquele “insight” que, ao contrário,em vez de esconder, as exibisse.

Mostre as algemas, Zé! Exorto-lhe nos dias que correm hoje. Dias de incipiente e vilipendiada democracia.

Na foto, podem verificar, percebe-se nitidamente o Zé Dirceu exibindo, intrépido, as malditas algemas.

Eu que não fui amigo daquele jovem idealista algemado de outrora, tampouco conheci o suposto homem “todo-poderoso” do governo; logo eu que o combati na disputa política, até com palavras duras, eu que nunca o vi mais magro, ouso lhe fazer a mesma súplica: Mostre as algemas, José Dirceu!

Não tenha vergonha de nada; tenha orgulho. Você ainda será, por vias transversas, um preso político. Sim, orgulho! Em que pese a maledicência covarde daqueles que, assim como naqueles dias sombrios de 1969, hoje lhe apontam o dedo, xingam e condenam. São os mesmos – “imortais”, “eternos” porta-bandeiras da (falsa?) moral. Ora se são!

Mostre as algemas, Zé! 

Exiba a todos, daqui e para o resto do mundo! Mostre a todos o que se faz aqui no Brasil a homens como você, que prestaram valorosos serviços à pátria; que lutaram com destemor contra a ditadura; que ajudaram a eleger o Lula; que empenharam a sua vida e juventude no afã de mudar um pouco a feia face desse país tão injusto com seus filhos, ajudando a implantar políticas públicas que tiraram milhões da miséria e do desalento.

Mostre a p* dessas algemas, cara! Para o bem e para o mal. Para o orgulho dos amigos e regozijo dos inimigos. 

Confesso que esperava que o julgamento do STF fosse “emblemático”, justo. Não “justo” pelo mesmo metro, critério ou “premissas” com que a imprensa insuflou e ensandeceu as galerias. Mas justo “de verdade”: que fossem condenados os culpados, aqueles que tivessem suas culpas efetivamente comprovadas. Sim, que fosse uma firme sinalização rumo ao fim da impunidade no Brasil. Mas não foi isso exatamente o que se viu. Não foi isso que testemunhamos. Houve erro e exagero. Do Supremo. Da mídia grande em geral. Uma caricatura. Entre erros e acertos, a injustiça foi soberana.

Os ministros demonstraram-se, desgraçadamente, um tanto tíbios, vaidosos e suscetíveis à pressão e clamor da turba, de modo irresponsável manipulada e insuflada pela opinião publicada. 

Você foi condenado sem provas. Isso é fato, irretorquível. Foi condenado sem provas, repito. Foi condenado com base em suposições e suspeitas, com bases em capciosos “artifícios” jurídicos, tais como a hoje célebre “teoria do domínio do fato”. Uma excrescência, uma espécie de “licença poética” do golpismo – com o perdão dos poetas, por aqui aproximar as palavras “poética” e “golpismo”.

Eu poderia “achar” que você era culpado. O meu vizinho poderia achar que você era culpado. O taxista poderia achar. Todo mundo poderia “achar” que Zé Dirceu era culpado. Mas um juiz, seja do Supremo ou de 1ª instância, não pode, em absoluto, “achar” que você ou qualquer outro é culpado. Isso é uma ignomínia – como você tem se cansado de dizer, reiteradas vezes, em suas manifestações. Não nos cansemos de, indignados, exclamar: uma excrescência, uma ignomínia!

Zé,mostre as algemas! Elas são o espúrio troféu que lhe ofertam os verdugos!

Nunca pensei em sair do meu país, Zé, agora já penso com carinho e desconforto nessa possibilidade. Como posso viver num país em que minhas garantias fundamentais de cidadão não são respeitadas?! 

Que país é esse?! Que Justiça é essa?!

Quebrou-se a pedra fundamental de toda nossa estruturação jurídica: a presunção da inocência. Em seu lugar colocaram a presunção da culpa. Parece piada, de mau gosto, decerto, mas não é. Como já disse antes, repito: não se é permitido fazer graça com a desgraça alheia. E sua vida foi desgraçada, Zé.

Mostre as algemas!

Veja bem, se você – insisto, reitero – um homem que tantos serviços prestou ao país, um homem respeitado por intelectuais, políticos e autoridades do mundo todo foi enxovalhado dessa maneira, submetido à execração pública pela mídia. Desonrado, chamado de “quadrilheiro”, “mensaleiro”, “ladrão”, o que fariam com um “poeta marginal” como eu? Um homem qualquer, sem galardão algum, sem cânone, sem mérito. Parafraseando certa atriz de cenho angelical, “namoradinha” desse mesmo Brasil: tenho medo. 

Não sei que monstro o STF e a grande imprensa estão ajudando a criar. Mas uma coisa eu lhe asseguro: é assustador.

Para aqueles que, sem questionar, acham justa a sua condenação e prisão eu pergunto; para os “inocentes úteis” que aceitam sem titubear esses consensos forjados e essas verdades absolutas que a grande mídia sopra, todos os dias, em nossas consciências nos telejornais e nas manchetes dos jornais estampadas nas bancas; faço-lhes a pergunta que não quer calar: porque criminalizam e prendem somente os petistas e mais alguns “mequetrefes” da chamada “base aliada” do governo Lula? 

Por que essas práticas de sempre na política, hipocrisia à parte, agora “ilícitas” e “criminosas”, só são permitidas aos “de sempre”? Por que os sessenta e tantos investigados no chamado “mensalão mineiro” [não é tucano?!] não foram acusados/denunciados? E não serão jamais – pois para estes o crime é eleitoral; é caixa 2, já prescreveu [“Dois pesos, dois mensalões” – by Jânio de Freitas]. Já quando são petistas os agentes da ação... é corrupção; é “golpe”; são “práticas espúrias”, “criminosas” de um partido, digo de uma “quadrilha”, em “sua sanha de se perpetuar ad eternum no poder”. Não, essas palavras não vieram da tribuna do Senado ou da Câmara dos Deputados, não saíram da boca de algum político da oposição, mas – pasmem! – foram proferidas por ministros do Supremo. Por ministros do Supremo, repito! Juízes na Ação Penal nº 470. Vejam a que ponto chegamos!!!

Mostre as algemas, Zé! Mostre as algemas!

Essas tais “práticas ilícitas” ou “criminosas” não deviam ser permitidas a ninguém - não é mesmo? A Justiça não deveria ser igual para todos?!

Qual a resposta a esse singelo por quê?

Por que só os petistas são condenados, execrados e presos? 

A resposta também é simples: para que o poder permaneça nas mãos dos "de sempre", nas mãos dos eternos “donos do poder”. As chamadas “regras do jogo”, até as bastardas, servem apenas para a parte podre das nossas elites; quando é para os “do lado de cá” aí deixa de ser “regra do jogo”, passa a ser crime; “práticas espúrias”; “compra de voto”.

Faço um singelo convite a todos: vamos pensar o país, no qual a gente vive, um pouco além da hipocrisia, do partidarismo, do "falso moralismo" e dos "manchetismos grandiloquentes" de uma imprensa que serve aos interesses de determinada classe social e ideologia. Mais temperança e equilíbrio aos juízes Supremos e nem tão supremos assim, o chamado “cidadão comum”. 

Não podemos nos dobrar a esse estado de coisas. Não podemos nos calar e assim sermos cúmplices e testemunhos silentes dos erros dos tribunais. Repito: o Supremo exagerou; a mídia exagerou. 

Quadrilha?! Onde? Compra de votos?! Penas de reclusão superiores a 30 anos! Há aí um nítido erro na tipificação dos crimes, nas condenações e exagero na dosimetria das penas. O que é uma pena. Pois isso poderá até favorecer aos condenados, pois essas condenações injustas e essas penas exageradas certamente serão revistas algum dia, por esse ou por outro tribunal. Espero, sinceramente, que sejam revistas por esse mesmo colegiado, pois ali também estão homens de valor. E que essa vergonha, esse grave equívoco não se perpetue.

Nesse momento, só me resta dizer...

Mostre, com orgulho, as algemas, José Dirceu!


Lula Miranda é poeta, cronista e Economista. Foi um dos nomes da poesia marginal na Bahia na década de 1980. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa, Fazendo Média.

Postado no blog Brasil247 em 09/11/2012