Valéria Houston: rompendo a desnecessária barreira


“Imaginou se eu tivesse tido a honra de cantar ao teu lado, hein, Elis? Quem sabe tu não mandas energias para que a tua filha me conheça?”  Foto: Ramiro Furquim/Sul21










Por Rachel Duarte

Ao lado do monumento em homenagem à cantora Elis Regina, na Usina do Gasômetro de Porto Alegre, outra voz, ainda bem menos popular, sonha alto. “Imaginou se eu tivesse tido a honra de cantar ao teu lado, hein, Elis? Quem sabe tu não mandas energias para que a tua filha (Maria Rita) me conheça?”, brinca Valéria Houston.
Nome artístico inspirado na estrela pop estadunidense Whitney Houston, a gaúcha natural de Santo Ângelo se prepara para fazer sua primeira apresentação em um teatro, no final deste mês, no Theatro São Pedro.
“Já fui recusada várias vezes em oportunidades de trabalho devido à minha orientação sexual”, diz a cantora, que é transexual.

Assumida em sua sexualidade desde a adolescência, Valéria não esconde que foi a voz feminina no corpo ainda masculino que alavancou a carreira artística, devido à curiosidade das pessoas em ver o ‘menino que cantava com voz de menina’. “Eu quero afirmação como artista, independente da minha orientação sexual, mas sei que isto acaba sendo um diferencial para me promover. Eu uso isso e não condeno a curiosidade das pessoas. Isso é meu ganha pão”, fala. 
O processo de hormonização para alcançar o corpo na qual se identifica desde o nascimento começou aos 17 anos. Depois de ser recusada no serviço militar, onde compareceu de calça jeans e mini blusa, Valéria revelou à família que era transexual e assumiu o cabelo comprido e os relacionamentos com homens. Porém, a vida no interior do Rio Grande do Sul, em uma cidade colonizada por alemães, era sofrida devido ao forte conservadorismo e discriminação.
Principal vocalista da banda de baile Balança Brasil, pelo talento de brincar com os tons graves e agudos com facilidade, Valéria conseguia o mínimo respeito da sociedade em Santo Ângelo. “Mas eu já não estava mais indo trabalhar por prazer. Certa vez, um contratante pediu para eu não estivesse no show. Os produtores da banda começaram a pedir para eu encarnar um personagem masculino quando fosse me apresentar, para não eu parecer quem eu era. Isso me fez sofrer muito e começou a me afastar da música”, fala. “Era muito mais estranho eu cantar Whitney Houston de terno do que de vestido”, diz em razão de sua voz ser inconfundivelmente feminina ao cantar.

Valéria Houston iniciou carreira em banda de baile, mas deixou grupo após pressões de produtores para “encarnar personagem masculino”  Foto: Ramiro Furquim/Sul21



Chegada em Porto Alegre alavancou a carreira
Aos 26 anos, deu o grito de liberdade e arriscou a sorte, como muitos cantores que sonham com o sucesso. Botou o pé na estrada e veio com o dinheiro do bolso para a capital gaúcha. “Eu tive medo de estar fazendo a escolha errada. Larguei a estabilidade, inclusive econômica, que a agenda de shows com a banda de baile me proporcionava e vim ser mais uma aqui”, conta.
Em duas semanas Valéria Houston já era cantora nas noites porto-alegrenses. Foi contratada pelo pub Venezianos, no bairro Cidade Baixa, onde canta até hoje.
O público começou a comentar na cidade o talento da cantora transexual que também chamou a atenção do movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais).
Os convites para shows começaram a brotar ao natural e as viagens pelo país popularizaram a cantora no meio LGBT. Algo que ela ainda tenta separar. “Sei que é isso que atrai as pessoas. Mas quero me afirmar como artista sem ser referência para ninguém por causa do meu gênero.
Fico feliz que o movimento LGBT me utilize como exemplo, mas quero ser uma artista para o todo da sociedade”, fala. 
Desde o começo da carreira, em 2006, Valéria Houston atrai músicos para tocar com ela e compositores que oferecem letras escritas para sua voz.
Os shows, que começaram em eventos LGBT, agora são conciliados com apresentações em teatros e redutos culturais de Porto Alegre.
O show “FrancoFolia”, uma mistura de canções da Música Popular Brasileira e letras em francês das cantoras Edith Piaf e Carla Bruni, levará a diversidade musical ao Teatro Bruno Kiefer, na Casa de Cultura Mário Quintana.
O show será no dia 31 de outubro, às 20 horas. Já no dia 21 de novembro ela se apresentará no Foyer Nobre do Theatro São Pedro, dentro da programação do projeto Musical Petropar, para promoção da música clássica, jazz e MPB.
O domínio do francês vem do tempo em que trabalhou como auxiliar de serviços gerais em uma escola de idiomas no interior.
Bem relacionada com os professores, ganhou bolsa de estudos e se habilitou em três línguas – além do francês, também domina espanhol e inglês.
A antiga professora recomendou que Valéria Houston se inscrevesse no 5º Festival da Música Francesa, realizada no último dia 28 no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa do RS.
Valéria se inscreveu na última hora e interpretou a música ‘Quelqu’un m’a dit’, de Carla Bruni.
A apresentação fez tanto sucesso que lhe rendeu o primeiro lugar do concurso. “Eu não esperava. Fui pensando em no máximo um terceiro lugar. Estava no camarim, tirando meus acessórios, quando fui avisada da vitória. Foi muito emocionante”, recorda. “Foi a primeira vez em que se reconheceu o meu talento e não a estética em um concurso”, salienta.
Com a vitória do concurso realizado pela Aliança Francesa de Porto Alegre, ela viajará à São Luis do Maranhão para disputar a etapa nacional do prêmio.
Depois disso, tem um ano para programar a viagem para Paris que ganhou no concurso. “Eu já estou articulando alguns contatos de músicos que foram para lá. Tem bastante bar de música brasileira, quero uma oportunidade nesta viagem. Não vou a passeio”, afirma.


Cantora viajará a Paris após vencer Festival de Música Francesa: “Estou articulando contatos. Não vou a passeio”  Foto: Ramiro Furquim / Sul21
Os sete minutos de fama que mudaram sua vida
Esta não foi a primeira participação de Valéria Houston em concursos. No começo deste ano ela participou do programa Astros, do SBT, que seleciona artistas em gravações diante de especialistas em música. Interpretando “Meu erro”, na versão de Zizi Possi, a cantora conseguiu o ‘sim’ para avançar na seleção. Porém, não passou da semifinal. “Eu não sei o que houve. Porque me deram aquela música se foi exatamente a música o problema na avaliação dos jurados depois. Eles ainda disseram que eu cantava bem, mas aquela música não tinha me ajudado a ser aprovada”, diz.
De qualquer modo, os sete minutos em que apareceu em rede nacional acabaram abrindo caminho para novas oportunidades.
Na interpretação do Hino Nacional em solenidades, por exemplo, Valéria já está ficando catedrática. “Cantei para Dilma (Rousseff). Foi emocionante.
Agora tenho convite para cantar em cerimônia no Congresso Nacional. Mas tenho medo de uma possível reação ofensiva do deputado (Jair) Bolsonaro”, brinca.
As boas relações sempre lhe renderam a ajuda necessária para sobreviver no difícil mundo artístico, ainda mais difícil para quem tem orientação sexual diferente da maioria.
Amigos produtores contribuem com o estúdio para gravações e ela mesma é quem organiza a agenda de shows e toda a produção do trabalho.




Maria Bethânia, Alcione, Elis Regina, Minnie Riperton e Amy Winehouse são algumas das influências de Valéria Houston Foto: Ramiro Furquim / Sul21


Não costuma ensaiar, salvo algumas exceções. Toca piano e tem bom ouvido – porém, é crítica em relação ao seu desempenho tocando. “Para um show de tributo ao Chico Buarque ensaiei “Roda Viva” no piano e interpretei na voz também. Sinceramente, ficou bem meia boca. Se eu cantar, não toco”, fala.
As inspirações nacionais para seus shows estão centradas nos ídolos da MPB que conheceu ainda na infância, na vitrola de sua casa no interior. “Minha mãe me cantava Maria Bethânia, Chico Buarque e Alcione. Elis Regina também é uma referência para mim”, conta, frisando que já superou a dificuldade de alcançar os agudos de Elis.
Eclética, tem inspirações também em Minnie Riperton, Chaka Khan e Amy Winehouse. Fã de Rolling Stones, ela não tem receio em criticar colegas. “Acho Paula Fernandes muito bonita, mas não uma boa cantora.
Porém, como sou profissional, atendo a pedidos do público para interpretá-la, se for o caso”, ressalta. “E nem vamos falar na Whitney Houston, né”, pede na entrevista.
A voz parecida com a cantora estadunidense lhe rendeu o nome artístico, hoje registrado na carteira social.
“Surgiu na minha inscrição em um concurso de rainha do carnaval. Me disseram que eu tinha a voz da Whitney com o gingado da Valéria Valensa. E mal sabiam que Valéria tinha a ver com a minha história pessoal”, diz.

Valéria Houston acredita que movimento gay precisa repensar algumas ações: “não queremos chamar atenção, apenas sermos aceitos na sociedade” | Foto: Rodrigo Bragaglia
Valéria conta que a mãe assistiu a novela “O Tempo e o Vento”, inspirada na obra do escritor gaúcho Érico Veríssimo, e desejava durante a gravidez que tivesse uma filha para batizar de Maria Valéria ou Bibiana, personagens da história. “Mas eu nasci.
Ela então batizou de Rodrigo, em homenagem ao Capitão Rodrigo. Com minha mudança de identidade, passei a ser a Valéria. Só que de outra forma, o que deve estar fazendo o Veríssimo se debater na tumba”, brinca.
“Não precisamos impor nossa sexualidade para sermos respeitados”, defende.
Locutora do Programa Gay da rádio Ipanema FM, Valéria Houston defende suas ideias sobre a luta dos homossexuais por igualdade social. “Falta consciência do próprio movimento gay. Não precisamos impor nossa sexualidade para sermos respeitados.
Isso acaba afrontando as pessoas e nos deixa ainda mais no gueto que tanto lutamos para não estar. Além do que, é bom cuidar com o excesso do politicamente correto. Nem tudo que se fala é homofobia.
Temos que conviver com os outros da forma mais despercebida possível, porque não queremos chamar a atenção, apenas ser da sociedade, como todos são”, diz.
Atualmente, Valéria Houston orienta os interessados em apoiar o seu trabalho a contribuir com o projeto do seu primeiro EP.
Com cinco músicas, entre letras próprias sobre sua biografia e composições de músicos locais, o material só poderá sair para rua se ela alcançar o valor de R$ 9 mil. 
Ela criou um perfil na internet para arrecadação em três meses. Caso não alcance o valor, os doadores terão as quantias doadas devolvidas.
Cada doação dá direito a parte do material, entre EP, camiseta, entre outros produtos. “Estou trabalhando em um novo estilo também.
Quero produzir um álbum criando um novo estilo de MPB. Algo que tenha algo de black music, uma mistura de Tim Maia com Maria Rita”, descreve.


Caso consiga financiar projeto, primeiro EP de Valéria Houston trará cinco canções, entre letras próprias e composições de músicos gaúchos | Foto: Ramiro Furquim / Sul21

 Postado no blog Sul21 em 20/10/2012


Governo de Israel ameaça mais um ato de pirataria contra Frota da Liberdade






Baby Siqueira Abrão
Correspondente no Oriente Médio

Como acontece sempre que barcos de ativistas procuram desafiar o ilegal e desumano bloqueio sionista à Faixa de Gaza, na Palestina, o governo de Israel entra em desespero. Dessa vez, a vítima é o Estelle, barco sueco que se aproxima de Gaza levando ajuda humanitária, com o objetivo explícito de tentar furar o bloqueio. 




Hoje, logo após o almoço, os ativistas da Frota da Liberdade – projeto ao qual o Estelle pertence – receberam mensagem do Ministério do Exterior finlandês (o barco navega com bandeira finlandesa) informando que a embarcação será abordada em águas internacionais, e que todos os seus passageiros serão levados ao porto israelense de Ashdod e detidos. O aviso veio do Ministério das Relações Exteriores de Israel.

“Se Israel cumprir a ameaça, será outro ato de pirataria e de sequestro”, comentou Irene MacInnes, da organização Canadian Boat to Gaza. “O mundo não pode mais continuar em silêncio diante disso”, completou ela.

No começo da semana, Ron Prosor, embaixador de Israel na ONU, solicitou ao Conselho de Segurança e ao secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, que tomassem medidas imediatas para deter o Estelle, cuja viagem chamou de “provocação”. Em carta às Nações Unidas, Prosor afirmou que Israel não tem interesse em confrontações, mas que “está determinado a manter o bloqueio à Faixa de Gaza”, que, segundo ele, se dá por “razões de segurança” – a já desgastada fórmula usada pelos sionistas para justificar seus crimes contra os palestinos.

Quanto à segurança dos habitantes de Gaza, nem uma palavra. Israel e os governos do planeta continuam em silêncio sepulcral em relação aos direitos básicos do povo palestino, que Israel vem solapando há mais de 100 anos, quando começou, usando de terrorismo, a roubar as terras da Palestina, massacrando milhões de habitantes, expulsando outro tanto – um processo reconhecido como “limpeza étnica” da população palestina –, tomando os recursos naturais e os meios de vida dessa população.

Um crime sem precedentes no mundo contemporâneo, cometido cotidianamente, sob o beneplácito dos governantes do mundo e da ONU.

Campo de extermínio

Israel tomou Gaza durante a Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967, e desde então mantém a faixa costeira palestina sob estrito controle. Em junho de 2006, foi imposto o bloqueio total: terrestre, aéreo e marítimo. O 1,6 milhão de habitantes de Gaza é mantido como prisioneiro, uma vez que só pode entrar e sair do território sob autorização e preenchendo uma série de exigências. Isso se mantém mesmo depois da queda de Hosni Mubarak do governo do Egito, tradicional aliado de Israel.

O governo de Mohamed Morsi, atual presidente, eleito em 2012, não vem facilitando muito a liberdade de movimento dos gazenses, como era esperado. Gaza faz fronteira com Israel, Egito e Mar Mediterrâneo. A entrada em Israel está praticamente proibida, assim como a saída pelo mar.

Os habitantes de Gaza, em consequência do bloqueio, vivem em estado de necessidade, dependendo de ajuda humanitária internacional até para alimentar-se. 

Em setembro deste ano, novo documento conseguido judicialmente pela Gisha, organização israelense por liberdade de movimento, mostrou que o Ministério da Saúde de Israel controla até mesmo a quantidade de calorias que cada gazense deve ingerir a cada refeição. Isso os mantém num estado próximo à subnutrição, como Brasil de Fato já havia denunciado em março deste ano.

E, embora o governo israelense desminta ter posto o plano em prática, ativistas de direitos humanos e funcionários da ONU que vivem na faixa litorânea atestam a carência alimentar imposta por Israel – situação que se mantém até hoje, mesmo com os sionistas alegando ter suspendido o bloqueio à entrada de alimentos.

Estudo recente da ONU afirma que Gaza não sobreviverá além de 2020 caso o bloqueio sionista se mantenha. Desemprego, água e solo contaminados por substâncias tóxicas e radioativas, destruição de fábricas e de plantações, proibição da pesca além de três milhas da costa (os pescadores só podem ficar onde quase não há peixes), controle de entrada de gás de cozinha e de combustível, frequentes cortes de energia elétrica, impedimento de tratamento médico adequado e ataques militares frequentes, com tanques e mísseis, tornam a vida em Gaza um pesadelo.

Gaza é um “campo de extermínio”, como afirmam os ativistas que vivem ali.

Diante de tudo isso, pergunta-se: quem é o agente provocador? Quem é de fato o terrorista? A resposta é fácil: o governo de Israel.

Postado no blog Brasil de Fato em 19/10/2012

O poder da natureza



Chapéu verão 2013





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Desfile Alessa Fashion Rio Verão 2013. Foto:Divulgação

Chapéus para o Verão 2013 2