O vocabulário da vida



Hoje eu trouxe trechos de um texto maravilhoso recolhido da obra O Homem que veio da Sombra. Trata-se de um pequeno dicionário para se entender, mais profundamente, o significado de algumas palavras muito importantes na vida de qualquer pessoa, explicado com o sentimento, sem a formalidade das regras gramaticais ou amarras filosóficas.As imagens,recolhi aleatoriamente e apliquei-as ao texto, de acordo com a minha interpretação. O Texto é de Luiz Gonzaga Pinheiro.





Adeus: É quando o coração que parte deixa a metade com quem fica




Amigo: É alguém que fica para ajudar quando todo mundo se afasta




Amor ao próximo: É quando o estranho passa a ser o amigo que ainda não abraçamos




Caridade: É quando a gente está com fome, só tem uma bolacha e reparte





Carinho: É quando a gente não encontra nenhuma palavra para expressar o que sente e fala com as mãos, colocando o afago em cada dedo




Ciúme: É quando o coração fica apertado porque não confia em si mesmo




Cordialidade: É quando amamos muito uma pessoa e tratamos todo mundo da maneira que a tratamos




Doutrinação: É quando a gente conversa com o espírito colocando o coração em cada palavra




Evangelho: É um livro que se lê com o coração





Evolução: É quando a gente está lá na frente e sente vontade de buscar quem ficou para trás





Entendimento: É quando um velhinho caminha devagar na nossa frente e a gente, estando apressado, não reclama






Filhos: É quando Deus entrega uma joia em nossas mãos e recomenda cuidá-la






: É quando a gente diz que vai escalar um Everest e o coração já o considera feito






Fome: É quando o estômago manda um pedido para a boca e ela silencia






Inveja: É quando a gente ainda não descobriu que pode ser mais e melhor do que o outro






Inimizade: É quando a gente empurra a linha do afeto para bem distante






Lealdade: É quando a gente prefere morrer que trair a quem ama






Lágrima: É quando o coração pede aos olhos que falem por ele






Mágoa: É um espinho que a gente coloca no coração e se esquece de retirar






Maldade: É quando arrancamos as asas do anjo que deveríamos ser






Morte: Quer dizer viagem, transferência ou qualquer coisa com cheiro de eternidade






Netos: É quando Deus tem pena dos avós e manda anjos para alegrá-los






Ódio: É quando plantamos trigo o ano todo e estando os pendões maduros a gente queima tudo em um dia






Orgulho: É quando a gente é uma formiga e quer convencer os outros de que é um elefante






Obsessor: É quando o Espírito adoece, manda embora a  compaixão e convida a vingança para morar com ele






Paz: É o prêmio de quem cumpre honestamente o dever






Perfume: É quando mesmo de olhos fechados a gente reconhece quem nos faz feliz






Perdão: É uma alegria que a gente dá e que pensava que jamais a teria






Preguiça: É quando entra vírus na coragem e ela adoece






Pessimismo: É quando a gente perde a capacidade de ver em cores






Raiva: É quando colocamos uma muralha no caminho da paz






Simplicidade: É o comportamento de quem começa a ser sábio






Saudade: É estando longe, sentir vontade de voar, e estando perto, querer parar o tempo






Sexo: É quando a gente ama tanto que tem vontade de morar dentro do outro






Sinceridade: É quando nos expressamos como se o outro estivesse do outro lado do espelho






Solidão: É quando estamos cercados por pessoas, mas o coração não vê ninguém por perto






Supérfluo: É quando a nossa sede precisa de um gole e a gente pede um rio inteiro






Ternura: É quando alguém nos olha e os olhos brilham como duas estrelas






Vaidade: É quando a gente abdica da nossa essência por outra, geralmente pior




Postado no blog Vivendo a Vida Bem Feliz


A informação mais necessária é sempre a menos disponível !

" Edu, quanto à condenação de Dirceu pelo STF na ação penal 470, vale colocar a listagem de razões que um de seus leitores fez para que o PIG (Partido da Imprensa Golpista), com ajuda do STF, o condenassem. Foi no Post “Zé Dirceu fala ao Blog e afirma que espera ser absolvido”.

O leitor foi Carlos J. Ribeiro comentou o seguinte:

“Algumas razões para se odiar José Dirceu:

1 – Foi J. Dirceu, quando Ministro da Casa Civil, quem teve a ideia – infelizmente não implementada – de se regular as mídias. A Globo não o perdoa.

2 – Antes de Luiz Inácio, toda a verba de publicidade do governo era dividida somente entre 499 veículos.

3 – E para cada R$ 1,00 de verba publicitária do governo, a Globo ficava com R$ 0,80 (80%).

4 – Dirceu redistribuiu a verba publicitária do governo entre quase 9.000 veículos. Antes eram só 499. A participação da Globo no bolo diminuiu consideravelmente.

5 – Foi ideia do José Dirceu criar o Ministério das Cidades que acabou com o poder dos coronéis locais. A Oposição demo-tucana, que depende desses coronéis cerraram os dentes.

6 – Foi Dirceu quem acabou com a farra dos livros didáticos que eram publicados pela Editora Abril e Fundação Roberto Marinho.

7 – Foi Dirceu quem barrou Demóstenes Torres de ser o Secretário Nacional de Justiça. Demóstenes e Cachoeira se juntaram contra ele.

8 – Por que Dirceu sofre perseguição do Ministério Público? Em 2004, foi ideia dele de se criar um controle externo sobre o MP.

9 – Dirceu, quando Ministro Chefe Casa Civil, fechou as portas do BNDES à mídia: “dinheiro só para fomentar desenvolvimento, jamais pagar dívidas”.

10 – Dirceu fez o BNDES parar de financiar as privatizações e deixar de ser hospital para empresas privadas falidas.

Para os vampiros da nação brasileira, um homem assim precisa mesmo ser destruído. Mas como ele próprio diz: “Podem tirar o cavalinho da chuva”.

Terminado este comentário, só tenho uma coisa a dizer, estou de luto, a direita conseguiu ganhar uma batalha e assassinar o estado democrático de direito. "


O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade

Albert Einstein





A educação do corpo



Rodolpho Motta Lima

Aproxima-se, prevista para novembro, uma nova edição do ENEM. No âmbito da educação brasileira, incluo-me entre aqueles que o julgam um alvissareiro instrumento da revolução pedagógica pela qual o país deve passar. 

O certame tem enfrentado problemas de organização e logística, mas penso que são aspectos pontuais, menores diante da magnitude dos objetivos pretendidos.

Concordo inteiramente com aqueles que atribuem ao ENEM a condição de “prova cidadã”. 

Afinal, ele é, em última análise, em muitos de seus fundamentos, a materialização das ideias dos grandes teóricos brasileiros voltados para a Educação, como Paulo Freire, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro, para citar apenas alguns.

São muitas as abordagens que nos encaminham para essa conceituação.

Na prova de “Linguagens, Códigos e suas Tecnologias”, que me toca diretamente como professor de Português e Literatura, essa marca revolucionária é percebida em muitos momentos, mas, neste artigo, quero restringir-me à área que, dentro da prova, propõe a verificação das competências e habilidades dos candidatos no tocante à chamada “linguagem do corpo”.

Em um passado não muito longínquo, embora a educação física não estivesse ausente das grades curriculares dos colégios brasileiros, soaria absurda a cobrança de conceitos e conteúdos ligados a esse âmbito. 

Hoje, porém, considerado o panorama de uma sociedade como a nossa, bombardeada por mensagens midiáticas que convidam ao hedonismo, ao exibicionismo e ao egocentrismo – todos centrados no “consumo do corpo”, ou, se quiserem, do umbigo - , impõe-se que a escola ofereça um contraponto a esses “valores”, propondo às crianças e aos jovens outras óticas e posturas.

A competência de área 3, uma das nove que compõem a prova de Linguagens do ENEM, estabelece a necessidade de “compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade”.

E uma das habilidades que integram essa competência – para ficarmos apenas em uma – fala em “reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para diferentes indivíduos”.

Certo ou errado, os programas do ENEM tendem a influenciar as escolas. Isso sempre aconteceu, aliás, com o vestibular tradicional, que ditava os conteúdos do ensino médio, recheando-os de assuntos que convidavam à clássica decoreba.

No caso da linguagem corporal, todos conhecemos como eram – e ainda são, em muitos locais - as aulas de educação física: pouca educação e muito físico, muito movimento e pouca reflexão, com suas disputas e competições redundando na glorificação dos “melhores” e na discriminação dos menos aptos.

Mas o ENEM está propondo uma ampla discussão disso tudo em nossos colégios. 

Os professores de educação física estão sendo convidados a desempenhar um novo e relevante papel na formação da cidadania. Palavras como interação, cooperação, socialização, alteridade tendem a passar a frequentar mais enfaticamente o vocabulário das aulas, superando a ênfase na competição. 

A conhecida frase do barão de Coubertin, que falava em “competir com dignidade” está sendo revigorada com a visão que estabelece o “competir para integrar”.

Em tempos em que se discute o “bullying” e sua crescente presença nos colégios, está reservada a esses professores, mais do que, talvez, a todos os outros, a missão de privilegiar, na prática, o coletivo diante do individual e, por paradoxal que seja, o moral diante do físico. 

Cada indivíduo é dotado de potencialidades que o tornam único, é certo. Mas, contaminados por uma ideologia globalizada que inocula em nossos corações e mentes a ideia de que é importante ser “celebridade”, “ídolo” (e ter um séquito de “seguidores”), acabamos por confundir as características que nos individualizam com a necessidade de ser o primeiro, o melhor, o único, o herói enfim. 

Estamos sendo , assim , a sociedade do “Big Brother”, do vencer de qualquer jeito e a qualquer preço, a comunidade que estigmatiza o “vice” como um perdedor.

A escola não deve reproduzir o que de negativo a sociedade vai forjando. Pelo contrário, deve ser provocadora, rebelde, convidativa à reflexão, ao juízo crítico. 

No caso em questão, cabe a ela denunciar esses falsos valores impostos pelo “salve-se quem puder” capitalista, que levam à perversa desconsideração do outro em busca do acúmulo permanente de vitórias pessoais. 

O ENEM, ao provocar esse assunto e sua discussão no ambiente escolar, cumpre uma missão cara à cidadania. E o momento em que isso se dá é ainda mais importante, porque se aproximam as Olimpíadas em nosso país. 

Afinal, antes de nos preocuparmos em forjar, artificialmente e com muito dinheiro, algumas dezenas de heróis do esporte, devemos priorizar, no âmbito do corpo, os programas de saúde que, esses sim, pela amplitude de sua aplicação, poderiam trazer resultados que encheriam de orgulho toda a sociedade brasileira.


  Rodolpho Motta Lima


Advogado formado pela UFRJ-RJ (antiga Universidade de Brasil) e professor de Língua Portuguesa do Rio de Janeiro, formado pela UERJ , com atividade em diversas instituições do Rio de Janeiro. Com militância política nos anos da ditadura, particularmente no movimento estudantil. Funcionário aposentado do Banco do Brasil.


Postado no blog Direto da Redação em 07/10/2012


Maquiagem primavera verão 2012/2013


Sombras metalizadas para o verão 2013

Sombras metalizadas, tanto no dourado e prateado, quanto nas cores azul, violeta, cobre e verde militar, sempre mais indicados para a noite.


Sombras de tons terrosos

Sombras marrons ou tons de sombra que expressem um ar mais natural, para compor o look do dia.



Para aquelas que nunca gostaram de maquiagem, principalmente por causa das cores fortes e contrastes, cada vez mais a moda tem buscado um look natural, suave, então… Sim, é hora de quebrar paradigmas e ver a maquiagem como uma aliada, escolhendo o estilo e as cores que mais combinam com quem você é.

 Maquiagem nude para verão 2013

Maquiagem nude para verão 2013


Nos lábios, muitas cores, desde tons quentes como coral, vermelho, laranja, até as apostas mais frias em pink e rosa.É claro que, cores fortes nos lábios requerem cores suaves nas sombras. 

As cores que farão o seu make na primavera/verão 2013




 Batom rosa com efeito matte [11]


Maquiagem para pele negra. Foto:Divulgação


Maquiagens O Boticário



 Sombras para pele negra [7]




Tirando tatu em público



Por Ian Ramil (*)

Ando com vontade de dizer algumas coisas e resolvi fazer isso sem nenhuma elegância ou parcimônia:
1) Aquele tatu até era bonitinho, mas nem de longe era patrimônio público (como muito imbecil ta dizendo por aí). Aquele tatu era na verdade uma propaganda gigante da Coca-Cola num espaço público (pra quem não se deu conta, tinha a marca estampada no peito dele). Pois então, algumas pessoas pensam que o espaço público é do povo, que publicidade maquiada é errado e nocivo pra sociedade e resolveram, no calor do protesto, que usariam o tatu como símbolo desse repúdio.
2) Tu não acha que as empresas muitas vezes são nefastas nas suas ações e que a relação delas com políticos, partidos, campanhas políticas, governos etc. é um tanto quanto questionável? Não acha estranho uma corporação com interesse puro em lucro-custe-o-que-custar ter relação próxima com um governo (que tem o papel de falar por nós) e influenciar nas decisões que deveriam ser em prol do povo e não pra servir a interesses empresariais? Acha essa prática saudável?
3) Se tu pensou um pouco sobre essa dicotomia público/privado e chegou a conclusão de que, nesses acordos com os governos: empresas têm direito de ocupar espaços destinados à população da maneira como bem entenderem; manifestações populares em lugares públicos podem ficar restritas a autorizações prévias e serem reféns das vontades de corporações; acha normal empresas apoiarem com milhares de reais a campanha de um político e depois, caso ele seja eleito, esperarem receber (e receberem) “favores” da administração; acha certo que, pra organização de megaeventos, empresas e governos, unidos, tirem pessoas pobres de suas casas e as deixem ao léu, as joguem na periferia da zona do evento pra maquiar aos olhos do mundo a real situação do país. Se tu acha isso tudo correto, pode parar de ler por aqui. Tu é provavelmente o tipo de pessoa que engole qualquer lixo midiático e se orgulha da própria boçalidade, ou alguém que se favorece com esse tipo de política e caga pro bem-estar das pessoas. Tu é o tipo de ignorante que acredita que a segurança vem só da polícia, das grades e da repressão e não da educação e igualdade do povo.
4) Já tu que se permitiu repensar a postura que a mídia sorrateiramente desenhou em ti e vislumbrou que talvez algumas coisas “normais“ estejam erradas, experimenta prestar atenção à tua volta e vê se para de deixar a propaganda penetrar teu subconsciente o tempo todo. Para de aceitar tudo que te enfiam goela abaixo. Não é só porque o governo fez ou porque tu ta acostumado com alguma coisa que essa coisa deve ser tomada por normal. Essa publicidade massiva é sufocante e se tu não assimila a violência e o engodo disso, tu te acostuma a viver enterrado na ilusão de liberdade que o sistema te faz acreditar.
5) (Ok, eu sei, existem muitas outras coisas erradas, como a fome, a desigualdade social, a violência, os sistemas ruins de saúde e educação públicas, os maus tratos de animais, a corrupção, o sinal da Tim, o preço da gasolina, o tráfico de drogas, etc. É uma lista infinita. E, te digo, esse individualismo capitalista, que to criticando, ta no cerne de cada item dessa lista.
6) O papo de “vai lutar por alguma coisa útil“ é o argumento mais estúpido que alguém pode dar. [Se nessa altura tu ta pensando isso, é porque deveria ter seguido meu conselho e parado de ler no parágrafo 3]. Nada te incomoda? Pois é, tu pode mudar isso. Isso me incomoda e por isso to aqui esbravejando essas palavras. Os problemas e as soluções estão todos interligados: toda inconformação avistada deve ser considerada e deve ser alvo de reflexão. Saca o clássico “uma coisa leva a outra“? É exatamente isso.
7) Outro argumento bem estúpido que vi muito é: “ah, então tu ta aí sentado na tua casa, tomando Coca, usando Adidas e protestando pelo teu Mac contra as empresas“ – Amigão, não é um protesto contra as empresas. É sobre essa associação obscura de administração pública e corporações, da qual já falei bastante, caso tu não tenha percebido. Mas, sim, deixar de comprar, ou diminuir a compra de produtos de quem fomenta essas relações é bem coerente).
8) O protesto no Largo Glênio Peres se tornou uma presa fácil pra manipulação usual da mídia convencional. (Vi manipulação pelo lado de alguns manifestantes também, diga-se de passagem.) Agora a grande maioria da população não faz ideia de qual era o propósito e sequer sabe que era um protesto. No início, até achei que não deveriam ter atacado o tatu ali naquela hora, mas, depois, pensando um pouco, concluí que o ataque foi positivo sim, que, desse jeito, pelo menos as pessoas ficaram sabendo que algo aconteceu. (Porque se não houvesse enfrentamento, se fosse só cantoria e dança na frente da prefeitura, não haveria cobertura da mídia e o grosso do povo não saberia de absolutamente nada). É importante mexer com o cotidiano das pessoas. Quem usar o cérebro vai refletir um pouco e tentar entender o porquê de cerca de 500 pessoas se juntarem e destruirem um tatu inflável gigante – não vai simplesmente engolir o maniqueísmo dos jornais e acreditar que foi puro vandalismo, vai procurar se informar pra construir as próprias conclusões. E, além disso, quem administra essa nossa província-capital percebeu que tem gente ativa e bem descontente com o rumo das escolhas políticas. Percebeu que há resistência. (Questões simples pra entender a distorção da lógica administrativa na cidade/estado/país: Por que 19 PMs e mais de 20 Guardas Municipais assistindo uma manifestação por 7h e na hora do tumulto mais de 60 PMs defendendo com tanta veemência o boneco de uma empresa privada? As outras áreas da cidade tavam tão bem protegidas quanto o tatu da Coca?).
9) Uma das críticas que vi por aí é parcialmente correta: uma parte daquele grupo de manifestantes tava mesmo cagando pro propósito do protesto e, sim, é verdade, tinha gente que só queria tocar o puteiro e quebrar placas, portas de papelaria, agredir pessoas e destruir tudo mais que visse pela frente, ou seja, esses podem ser chamados de “vândalos”, como muitos estão fazendo. Outros simplesmente perderam o controle com o tumulto e agiram sem pensar. Agora, presta atenção: não se pode generalizar um grupo aberto e uma causa sem líderes definidos por uma pequena parte. Como qualquer grupo, esse tinha sua parcela de imbecis. Mas pode ter certeza que era absoluta minoria.
10) Pouquíssimos agrediram policiais (na verdade, não vi ninguém fazer nada além jogar copos plásticos e latinhas, xingar ou empurrar algum deles pra que parassem de espancar alguém caído no chão. Sei que algum idiota jogou uma pedra e machucou de verdade um policial porque um brigadiano me contou quando eu voltava pra casa e conversei com 5 deles num posto), bom, poucos manifestantes agrediram policiais (em reação a agressões prévias, é bom deixar claro), alguns atacaram o objeto gigante de plástico, outros tantos filmaram ou fotografaram, a maioria gritou e quase todos correram. Não importava o que estivesse fazendo, quem passasse perto de um PM apanhava.
11) A PM mostrou um sadismo assustador (uns 90% deles, pra não generalizar) pra lidar com uma situação daquele tipo e enfiou a porrada em todo mundo: desde o imbecil que jogou um paralelepipedo numa viatura (vi o parabrisa quebrado), até uma guria que tava pacificamente filmando a barbárie (vi ao vivo, a 30m de onde estava), ou um azarado que passava ali, no caminho do trabalho pra casa (me contaram depois). Eu tive sorte e não apanhei (só inalei um pouco do gás de uma bomba), mas muitos amigos meus tomaram pancada e tiro de borracha e se machucaram feio. Nada justifica essa violência policial, absolutamente nada além da covardia, do despreparo e do devaneio de poder que um cassetete e uma farda proporcionam. (E essa vai pra quem argumenta que “vagabundo tem que apanhar”: – primeiro, já era pra tu ter parado de ler esse texto no parágrafo 3 e, segundo, tu é tão idiota que não consegue entender a função social da polícia num estado democrático como dizem que o nosso é. Aposto que tu vai mudar de opinião se um dia a polícia espancar o teu filho ou a tua mãe). A polícia tem que ter técnica pra lidar com qualquer caso. Numa situação dessa, de protesto popular, que rendam as pessoas que acharem que devem render e então levem pra DP, sem violência. A polícia não tem o direito de se descontrolar. Esse direito é do povo, que não é treinado e não anda armado.
12) Te peço um favor, como teu compatriota interdependente: Presta mais atenção, dá mais importância, seja mais exigente, questiona tudo que parece normal e procura dar crédito pras manifestações populares. São elas que historicamente mudam as coisas pra melhor e, sim, elas sempre começam com poucos ”malucos/ vândalos/ vagabundos“.
(*) Ian Ramil é músico e compositor.
Postado no blog RS Urgente em 12/10/2012
Trecho grifado por mim