A educação do corpo



Rodolpho Motta Lima

Aproxima-se, prevista para novembro, uma nova edição do ENEM. No âmbito da educação brasileira, incluo-me entre aqueles que o julgam um alvissareiro instrumento da revolução pedagógica pela qual o país deve passar. 

O certame tem enfrentado problemas de organização e logística, mas penso que são aspectos pontuais, menores diante da magnitude dos objetivos pretendidos.

Concordo inteiramente com aqueles que atribuem ao ENEM a condição de “prova cidadã”. 

Afinal, ele é, em última análise, em muitos de seus fundamentos, a materialização das ideias dos grandes teóricos brasileiros voltados para a Educação, como Paulo Freire, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro, para citar apenas alguns.

São muitas as abordagens que nos encaminham para essa conceituação.

Na prova de “Linguagens, Códigos e suas Tecnologias”, que me toca diretamente como professor de Português e Literatura, essa marca revolucionária é percebida em muitos momentos, mas, neste artigo, quero restringir-me à área que, dentro da prova, propõe a verificação das competências e habilidades dos candidatos no tocante à chamada “linguagem do corpo”.

Em um passado não muito longínquo, embora a educação física não estivesse ausente das grades curriculares dos colégios brasileiros, soaria absurda a cobrança de conceitos e conteúdos ligados a esse âmbito. 

Hoje, porém, considerado o panorama de uma sociedade como a nossa, bombardeada por mensagens midiáticas que convidam ao hedonismo, ao exibicionismo e ao egocentrismo – todos centrados no “consumo do corpo”, ou, se quiserem, do umbigo - , impõe-se que a escola ofereça um contraponto a esses “valores”, propondo às crianças e aos jovens outras óticas e posturas.

A competência de área 3, uma das nove que compõem a prova de Linguagens do ENEM, estabelece a necessidade de “compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade”.

E uma das habilidades que integram essa competência – para ficarmos apenas em uma – fala em “reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para diferentes indivíduos”.

Certo ou errado, os programas do ENEM tendem a influenciar as escolas. Isso sempre aconteceu, aliás, com o vestibular tradicional, que ditava os conteúdos do ensino médio, recheando-os de assuntos que convidavam à clássica decoreba.

No caso da linguagem corporal, todos conhecemos como eram – e ainda são, em muitos locais - as aulas de educação física: pouca educação e muito físico, muito movimento e pouca reflexão, com suas disputas e competições redundando na glorificação dos “melhores” e na discriminação dos menos aptos.

Mas o ENEM está propondo uma ampla discussão disso tudo em nossos colégios. 

Os professores de educação física estão sendo convidados a desempenhar um novo e relevante papel na formação da cidadania. Palavras como interação, cooperação, socialização, alteridade tendem a passar a frequentar mais enfaticamente o vocabulário das aulas, superando a ênfase na competição. 

A conhecida frase do barão de Coubertin, que falava em “competir com dignidade” está sendo revigorada com a visão que estabelece o “competir para integrar”.

Em tempos em que se discute o “bullying” e sua crescente presença nos colégios, está reservada a esses professores, mais do que, talvez, a todos os outros, a missão de privilegiar, na prática, o coletivo diante do individual e, por paradoxal que seja, o moral diante do físico. 

Cada indivíduo é dotado de potencialidades que o tornam único, é certo. Mas, contaminados por uma ideologia globalizada que inocula em nossos corações e mentes a ideia de que é importante ser “celebridade”, “ídolo” (e ter um séquito de “seguidores”), acabamos por confundir as características que nos individualizam com a necessidade de ser o primeiro, o melhor, o único, o herói enfim. 

Estamos sendo , assim , a sociedade do “Big Brother”, do vencer de qualquer jeito e a qualquer preço, a comunidade que estigmatiza o “vice” como um perdedor.

A escola não deve reproduzir o que de negativo a sociedade vai forjando. Pelo contrário, deve ser provocadora, rebelde, convidativa à reflexão, ao juízo crítico. 

No caso em questão, cabe a ela denunciar esses falsos valores impostos pelo “salve-se quem puder” capitalista, que levam à perversa desconsideração do outro em busca do acúmulo permanente de vitórias pessoais. 

O ENEM, ao provocar esse assunto e sua discussão no ambiente escolar, cumpre uma missão cara à cidadania. E o momento em que isso se dá é ainda mais importante, porque se aproximam as Olimpíadas em nosso país. 

Afinal, antes de nos preocuparmos em forjar, artificialmente e com muito dinheiro, algumas dezenas de heróis do esporte, devemos priorizar, no âmbito do corpo, os programas de saúde que, esses sim, pela amplitude de sua aplicação, poderiam trazer resultados que encheriam de orgulho toda a sociedade brasileira.


  Rodolpho Motta Lima


Advogado formado pela UFRJ-RJ (antiga Universidade de Brasil) e professor de Língua Portuguesa do Rio de Janeiro, formado pela UERJ , com atividade em diversas instituições do Rio de Janeiro. Com militância política nos anos da ditadura, particularmente no movimento estudantil. Funcionário aposentado do Banco do Brasil.


Postado no blog Direto da Redação em 07/10/2012


Maquiagem primavera verão 2012/2013


Sombras metalizadas para o verão 2013

Sombras metalizadas, tanto no dourado e prateado, quanto nas cores azul, violeta, cobre e verde militar, sempre mais indicados para a noite.


Sombras de tons terrosos

Sombras marrons ou tons de sombra que expressem um ar mais natural, para compor o look do dia.



Para aquelas que nunca gostaram de maquiagem, principalmente por causa das cores fortes e contrastes, cada vez mais a moda tem buscado um look natural, suave, então… Sim, é hora de quebrar paradigmas e ver a maquiagem como uma aliada, escolhendo o estilo e as cores que mais combinam com quem você é.

 Maquiagem nude para verão 2013

Maquiagem nude para verão 2013


Nos lábios, muitas cores, desde tons quentes como coral, vermelho, laranja, até as apostas mais frias em pink e rosa.É claro que, cores fortes nos lábios requerem cores suaves nas sombras. 

As cores que farão o seu make na primavera/verão 2013




 Batom rosa com efeito matte [11]


Maquiagem para pele negra. Foto:Divulgação


Maquiagens O Boticário



 Sombras para pele negra [7]




Tirando tatu em público



Por Ian Ramil (*)

Ando com vontade de dizer algumas coisas e resolvi fazer isso sem nenhuma elegância ou parcimônia:
1) Aquele tatu até era bonitinho, mas nem de longe era patrimônio público (como muito imbecil ta dizendo por aí). Aquele tatu era na verdade uma propaganda gigante da Coca-Cola num espaço público (pra quem não se deu conta, tinha a marca estampada no peito dele). Pois então, algumas pessoas pensam que o espaço público é do povo, que publicidade maquiada é errado e nocivo pra sociedade e resolveram, no calor do protesto, que usariam o tatu como símbolo desse repúdio.
2) Tu não acha que as empresas muitas vezes são nefastas nas suas ações e que a relação delas com políticos, partidos, campanhas políticas, governos etc. é um tanto quanto questionável? Não acha estranho uma corporação com interesse puro em lucro-custe-o-que-custar ter relação próxima com um governo (que tem o papel de falar por nós) e influenciar nas decisões que deveriam ser em prol do povo e não pra servir a interesses empresariais? Acha essa prática saudável?
3) Se tu pensou um pouco sobre essa dicotomia público/privado e chegou a conclusão de que, nesses acordos com os governos: empresas têm direito de ocupar espaços destinados à população da maneira como bem entenderem; manifestações populares em lugares públicos podem ficar restritas a autorizações prévias e serem reféns das vontades de corporações; acha normal empresas apoiarem com milhares de reais a campanha de um político e depois, caso ele seja eleito, esperarem receber (e receberem) “favores” da administração; acha certo que, pra organização de megaeventos, empresas e governos, unidos, tirem pessoas pobres de suas casas e as deixem ao léu, as joguem na periferia da zona do evento pra maquiar aos olhos do mundo a real situação do país. Se tu acha isso tudo correto, pode parar de ler por aqui. Tu é provavelmente o tipo de pessoa que engole qualquer lixo midiático e se orgulha da própria boçalidade, ou alguém que se favorece com esse tipo de política e caga pro bem-estar das pessoas. Tu é o tipo de ignorante que acredita que a segurança vem só da polícia, das grades e da repressão e não da educação e igualdade do povo.
4) Já tu que se permitiu repensar a postura que a mídia sorrateiramente desenhou em ti e vislumbrou que talvez algumas coisas “normais“ estejam erradas, experimenta prestar atenção à tua volta e vê se para de deixar a propaganda penetrar teu subconsciente o tempo todo. Para de aceitar tudo que te enfiam goela abaixo. Não é só porque o governo fez ou porque tu ta acostumado com alguma coisa que essa coisa deve ser tomada por normal. Essa publicidade massiva é sufocante e se tu não assimila a violência e o engodo disso, tu te acostuma a viver enterrado na ilusão de liberdade que o sistema te faz acreditar.
5) (Ok, eu sei, existem muitas outras coisas erradas, como a fome, a desigualdade social, a violência, os sistemas ruins de saúde e educação públicas, os maus tratos de animais, a corrupção, o sinal da Tim, o preço da gasolina, o tráfico de drogas, etc. É uma lista infinita. E, te digo, esse individualismo capitalista, que to criticando, ta no cerne de cada item dessa lista.
6) O papo de “vai lutar por alguma coisa útil“ é o argumento mais estúpido que alguém pode dar. [Se nessa altura tu ta pensando isso, é porque deveria ter seguido meu conselho e parado de ler no parágrafo 3]. Nada te incomoda? Pois é, tu pode mudar isso. Isso me incomoda e por isso to aqui esbravejando essas palavras. Os problemas e as soluções estão todos interligados: toda inconformação avistada deve ser considerada e deve ser alvo de reflexão. Saca o clássico “uma coisa leva a outra“? É exatamente isso.
7) Outro argumento bem estúpido que vi muito é: “ah, então tu ta aí sentado na tua casa, tomando Coca, usando Adidas e protestando pelo teu Mac contra as empresas“ – Amigão, não é um protesto contra as empresas. É sobre essa associação obscura de administração pública e corporações, da qual já falei bastante, caso tu não tenha percebido. Mas, sim, deixar de comprar, ou diminuir a compra de produtos de quem fomenta essas relações é bem coerente).
8) O protesto no Largo Glênio Peres se tornou uma presa fácil pra manipulação usual da mídia convencional. (Vi manipulação pelo lado de alguns manifestantes também, diga-se de passagem.) Agora a grande maioria da população não faz ideia de qual era o propósito e sequer sabe que era um protesto. No início, até achei que não deveriam ter atacado o tatu ali naquela hora, mas, depois, pensando um pouco, concluí que o ataque foi positivo sim, que, desse jeito, pelo menos as pessoas ficaram sabendo que algo aconteceu. (Porque se não houvesse enfrentamento, se fosse só cantoria e dança na frente da prefeitura, não haveria cobertura da mídia e o grosso do povo não saberia de absolutamente nada). É importante mexer com o cotidiano das pessoas. Quem usar o cérebro vai refletir um pouco e tentar entender o porquê de cerca de 500 pessoas se juntarem e destruirem um tatu inflável gigante – não vai simplesmente engolir o maniqueísmo dos jornais e acreditar que foi puro vandalismo, vai procurar se informar pra construir as próprias conclusões. E, além disso, quem administra essa nossa província-capital percebeu que tem gente ativa e bem descontente com o rumo das escolhas políticas. Percebeu que há resistência. (Questões simples pra entender a distorção da lógica administrativa na cidade/estado/país: Por que 19 PMs e mais de 20 Guardas Municipais assistindo uma manifestação por 7h e na hora do tumulto mais de 60 PMs defendendo com tanta veemência o boneco de uma empresa privada? As outras áreas da cidade tavam tão bem protegidas quanto o tatu da Coca?).
9) Uma das críticas que vi por aí é parcialmente correta: uma parte daquele grupo de manifestantes tava mesmo cagando pro propósito do protesto e, sim, é verdade, tinha gente que só queria tocar o puteiro e quebrar placas, portas de papelaria, agredir pessoas e destruir tudo mais que visse pela frente, ou seja, esses podem ser chamados de “vândalos”, como muitos estão fazendo. Outros simplesmente perderam o controle com o tumulto e agiram sem pensar. Agora, presta atenção: não se pode generalizar um grupo aberto e uma causa sem líderes definidos por uma pequena parte. Como qualquer grupo, esse tinha sua parcela de imbecis. Mas pode ter certeza que era absoluta minoria.
10) Pouquíssimos agrediram policiais (na verdade, não vi ninguém fazer nada além jogar copos plásticos e latinhas, xingar ou empurrar algum deles pra que parassem de espancar alguém caído no chão. Sei que algum idiota jogou uma pedra e machucou de verdade um policial porque um brigadiano me contou quando eu voltava pra casa e conversei com 5 deles num posto), bom, poucos manifestantes agrediram policiais (em reação a agressões prévias, é bom deixar claro), alguns atacaram o objeto gigante de plástico, outros tantos filmaram ou fotografaram, a maioria gritou e quase todos correram. Não importava o que estivesse fazendo, quem passasse perto de um PM apanhava.
11) A PM mostrou um sadismo assustador (uns 90% deles, pra não generalizar) pra lidar com uma situação daquele tipo e enfiou a porrada em todo mundo: desde o imbecil que jogou um paralelepipedo numa viatura (vi o parabrisa quebrado), até uma guria que tava pacificamente filmando a barbárie (vi ao vivo, a 30m de onde estava), ou um azarado que passava ali, no caminho do trabalho pra casa (me contaram depois). Eu tive sorte e não apanhei (só inalei um pouco do gás de uma bomba), mas muitos amigos meus tomaram pancada e tiro de borracha e se machucaram feio. Nada justifica essa violência policial, absolutamente nada além da covardia, do despreparo e do devaneio de poder que um cassetete e uma farda proporcionam. (E essa vai pra quem argumenta que “vagabundo tem que apanhar”: – primeiro, já era pra tu ter parado de ler esse texto no parágrafo 3 e, segundo, tu é tão idiota que não consegue entender a função social da polícia num estado democrático como dizem que o nosso é. Aposto que tu vai mudar de opinião se um dia a polícia espancar o teu filho ou a tua mãe). A polícia tem que ter técnica pra lidar com qualquer caso. Numa situação dessa, de protesto popular, que rendam as pessoas que acharem que devem render e então levem pra DP, sem violência. A polícia não tem o direito de se descontrolar. Esse direito é do povo, que não é treinado e não anda armado.
12) Te peço um favor, como teu compatriota interdependente: Presta mais atenção, dá mais importância, seja mais exigente, questiona tudo que parece normal e procura dar crédito pras manifestações populares. São elas que historicamente mudam as coisas pra melhor e, sim, elas sempre começam com poucos ”malucos/ vândalos/ vagabundos“.
(*) Ian Ramil é músico e compositor.
Postado no blog RS Urgente em 12/10/2012
Trecho grifado por mim

Vitória de Haddad anulará maior conspiração política desde 1964



Eduardo Guimarães
Quem tem olhos, cérebro e alma sabe que o julgamento do mensalão decorre de uma conspiração política que só encontra paralelo na história recente do Brasil na conspiração que levou ao golpe militar de 1964. Essa fina flor do reacionarismo de ultradireita que reúne imprensa, Judiciário e setores do Legislativo apostou tudo nesse processo.
As eleições municipais de 2012, no primeiro turno, frustraram à larga os anseios dos que apostaram no julgamento do mensalão para destruir politicamente o Partido dos Trabalhadores.  E, apesar de toda a campanha massacrante que reuniu o maior aparato publicitário já formado em torno de um fato político, ela foi um fiasco.
O PT cresceu fortemente nas eleições de 7 de outubro. E, como se não bastasse, tornou-se o partido mais votado do país, com mais de 17 milhões de votos para prefeito e vereador.
Agora, no segundo turno, porém, o fracasso reacionário pode adquirir proporções dramáticas. Está para ocorrer a tomada do ultimo bastião da direita no Brasil, a cidadela do conservadorismo nacional, São Paulo, que está prestes a cair diante do força avassaladora de um projeto progressista que mudou o país para sempre.
Confesso a você, leitor, que, no início, cheguei a duvidar das possibilidades de o novo “poste” de Lula obter êxito em uma cidade como São Paulo, cidade que tem o povo mais despolitizado de todo o país e que se deixa influenciar como nenhuma outra por panfletos de ultradireita como Veja, Folha de São Paulo e Estadão, sem falar na Globo.
Mais uma vez, o ex-presidente mostrou por que chegou aonde chegou na política tendo partido da miséria do sertão nordestino. Lula enxerga o jogo político lá longe, como se estivesse ao seu lado. Poucos acreditavam em sua visão de que Fernando Haddad é, basicamente, o que São Paulo quer.
A direita midiática, com todos os seus recursos, com todos os seus institutos de pesquisa de opinião, com suas televisões, com seus jornais e com seus bilhões de dólares não foi capaz de perceber o esgotamento da paciência do paulistano com a embromação demo-tucana. Ou sequer a intensidade do sofrimento de São Paulo.
As pesquisas mostram larga vantagem de Haddad sobre José Serra, o bibelô da ultradireita brasileira. E, obviamente, a máquina de difamação demo-tucano-midiática já começa a se levantar. Nesta sexta mesmo, o panfleto mais servil a Serra, a Folha de São Paulo, ao lado da notícia sobre a disparada do petista na pesquisa Ibope já faz denúncia contra ele.
Serra e a mídia ultraconservadora estarem acuados é sinônimo de qualquer coisa que se possa imaginar em termos de baixaria, de golpes eleitorais. As portas do inferno irão se abrir contra Haddad. Família, biografia, tudo será alvo da fúria nazista desse grupo político criminoso, golpista, imoral.
Todavia, a vitória de Haddad tem chances muito boas de se materializar. Todos sabem que haverá uma campanha de desmoralização contra ele. Aliás, que maior campanha de desmoralização pode haver do que a farsa em curso no STF? Mas está funcionando? Não, claro que não. Dúzias de cientistas políticos dizem que não está funcionando.
A vitória de Haddad, além de tudo, produzirá uma nova e poderosa liderança política. O professor com pinta de galã certamente tem uma promissora carreira política pela frente. Haddad tem cara de presidente da República ou não tem? Só não pode cair no erro de Serra e abandonar o mandato no meio, caso seja eleito prefeito neste ano.
O xis da questão, porém, é que a eleição de Haddad como prefeito de São Paulo tornará negativo um efeito político zero que a direita midiática obteve com a farsa do julgamento do mensalão. Além de não conseguir nada a mais, essa direita ainda irá perder sua fortaleza política, São Paulo. Fracasso maior seria impossível.

Postado no Blog da Cidadania em 12/10/2012

Afinal, por que a Venezuela reelegeu Hugo Chávez?




 Eric Nepomuceno, na Carta Maior

A verdade é que havia uma clara tensão entre as pessoas que rodeavam Hugo Chávez na noite do domingo, dia sete de outubro. Enquanto se aguardava a primeira manifestação do Conselho Nacional Eleitoral, o CNE, corriam rumores de todos os tipos. 

Com as pesquisas de boca de urna proibidas por lei, qualquer rumor era notícia. E foi assim que, por volta das nove da noite, houve um primeiro suspiro de alívio: a vantagem, que naquela altura era de uns cinco pontos de diferença sobre o candidato Henrique Capriles, seria irreversível. Mas, ainda assim, foi um suspiro tenso: a diferença era muito menor que a prevista. Até que veio, afinal, o número oficial: uma vitória de dez pontos – dez contundentes, indiscutíveis pontos. Aliás, dez pontos e meio.

E assim a Venezuela dormiu em festa, para no dia seguinte despertar pensando em como serão os dias daqui em diante. E realmente há muito a ser pensado.

Em primeiro lugar, há um visível – e natural – desgaste do governo, depois de treze anos. Durante a campanha, Hugo Chávez pôde sentir de perto os efeitos do tempo no poder. Há insatisfação com a espiral inflacionária, com o rígido controle sobre preços e a sobrevalorização da moeda, que faz com que exista carência de produtos. Há problemas com o fornecimento de energia elétrica, as falhas administrativas são gritantes, o funcionalismo público foi inchado de maneira escandalosa. Há uma grande irritação com os excessos da burocracia, com a lentidão na atenção de alguns serviços públicos, com o déficit habitacional, com as crescentes dificuldades do dia a dia. E, finalmente, aumenta de forma desembestada o mais agudo flagelo sentido pelos venezuelanos, em especial em Caracas: a violência urbana, que faz da Venezuela um dos países mais violentos do mundo e o segundo da América Latina.

Ao mesmo tempo, são palpáveis os efeitos de um claro boicote de investidores, que ora alegam a instabilidade política, ora a falta de marcos jurídicos que protejam seus interesses a longo prazo, e o tempo todo criticam duramente a intervenção do Estado na economia. Já os analistas e consultores dos chamados mercados financeiros, junto com os organismos internacionais, gritam aos céus quando falam nas contas públicas e, em especial, do chamado déficit fiscal. Reclamam com urgência a necessidade de cortes nos gastos do governo, aumento de impostos, desvalorização, menor dependência do petróleo, com investimentos na indústria e na agricultura.

Em segundo lugar, é preciso pesar com calma o que significou a candidatura de Henrique Capriles, um jovem advogado de 40 anos, que soube dar uma reviravolta em seu discurso exacerbadamente neoliberal para se apresentar como uma espécie de novo Lula, alardeando sua preocupação com o bem-estar social dos venezuelanos. Com isso, mais a insatisfação e o desgaste natural de um governo de treze anos, Capriles conseguiu arrebatar uma votação muito expressiva, de 44% do eleitorado. Percorreu com agilidade de gazela e fôlego de leão o país de ponta a ponta, numa impressionante maratona de comícios, passeatas e visitas. Tornou-se conhecido e popular, pelo menos para os pouco mais de seis milhões de venezuelanos que votaram nele. Caberá a Capriles, agora, uma missão difícil: manter unida a oposição e tentar estabelecer um diálogo aberto e fluído com Chávez.

Finalmente, deve-se observar que com esse resultado se confirma um país claramente dividido. Existe uma maioria consistente que aprova a gestão de Chávez e sua revolução bolivariana, e uma minoria bastante significativa que desaprova.

Essas eleições serviram para deixar visíveis esses dois lados. 

Não por acaso, depois da mais apertada disputa eleitoral enfrentada por Hugo Chávez desde que chegou ao poder pela primeira vez, em 1999, 81% dos eleitores foram votar, num país onde o voto não é obrigatório. Ninguém quis se omitir na hora de escolher um entre dois projetos antagônicos de futuro. Foi a maior participação eleitoral da história do país, o que não faz mais do que legitimar a vitória de Chávez.

A grande pergunta é a seguinte: como, diante de tantos problemas, e tendo à mão um candidato de oposição, a imensa maioria dos venezuelanos preferiu manter Hugo Chávez no poder?

E a resposta é simples, extremamente simples: porque pela primeira vez os venezuelanos têm um presidente que governa para a imensa maioria. 

Que leva adiante, aos trancos e barrancos, uma verdadeira revolução. Que liquidou o analfabetismo, estendeu a atenção pública da saúde a todos, que dissemina escolas de período integral, que criou brigadas – as misiones – para dar atenção social aos desassistidos de sempre. 

Que, apesar do que ainda falta, promove uma reviravolta na questão habitacional. Um presidente que criou mercados públicos onde não há abundância, é verdade, mas há o básico, e a preços populares. 

Que aumentou as vagas universitárias, que criou bolsas de estudo num sistema justo e eficaz. 

Que recuperou a soberania e está sendo fundamental para, através da generosa solidariedade tão abandonada nesse mundo de hoje, promover a integração da América Latina.

Anunciados os resultados oficiais, Chávez e Capriles prometeram manter um diálogo aberto. Enalteceram a democracia e agradeceram seus votos. Passado o tempo da delicadeza, será a hora de ver como se comportará a oposição.

Chávez surpreendeu ao fazer um reconhecimento insólito: disse que são muitas, sim, as falhas de seu governo. E prometeu lutar ao máximo para corrigir todas elas.

Henrique Capriles prometeu colaborar para que a Venezuela tenha dias melhores.

Há uma diferença enorme entre a palavra de Chávez e a da oposição.

A maioria dos venezuelanos – 54,4% deles – demonstrou, nas urnas, em qual dessas palavras vale a pena confiar. 

Afinal, e apesar de tudo, a vida mudou muito, e para muito melhor, ao longo dos últimos treze anos. Foi tanto o conquistado, que a maioria sabe que conquistou também o direito de reclamar. E o primeiro a reconhecer esse direito foi precisamente o homem que mudou o rosto do país: Hugo Chávez.



Postado no blog O Escrevinhador em 11/10/2012
Trechos grifados por mim



Revolução de consciência e o consumismo


Owned & Operated (2012) (Legendado pt-br)







Para assistir ao filme, clique no ícone das legendas na parte de baixo da janela do Youtube.

 Imperdível!

O documentário faz uma análise do nosso consumismo, do poder das elites e a revolução de consciência que está acontecendo.

Postado no blog Docverdade em 07/09/2012