Joaquim Barbosa e o pensamento monofásico





Um valentão entra em um bar e ameaça bater nos fregueses. Surge outro valentão que o encara e acaba com sua banca. A atitude do segundo valentão será louvada.

Uma pessoa educada levanta um argumento qualquer. O valentão reage com gritos e ameaças. Sua atitude será condenada.

É simples assim para entender porque Joaquim Barbosa foi elogiado quando encarou Gilmar Mendes e está sendo execrado quando avança sobre Ricardo Lewandowski. Não se tem política no meio, mas análise de atitudes, do comportamento que deve reger relações entre pessoas civilizadas. 

Os que julgam que, quem elogiou a primeira atitude (encarando o brutamontes) precisa automaticamente elogiar a segunda (a agressividade com o educado) manipula um tipo de raciocínio monofásico.

Há mais diferenças entre eles.

Ambos, Barbosa e Lewandowski, analisam réus. Com exceção de João Paulo Cunha, Lewandowski votou pela condenação de todos os cabeças da operação, de Pizolatto aos diretores do Rural. Sua sentença condenatória tem muitissimo mais peso que a de Joaquim Barbosa, disposto a levar à fogueira qualquer ser que passe na sua frente.

A diferença com Joaquim Barbosa é que ele, Lewandowski, debruçou-se sobre os autos e preocupou-se com a sorte dos personagens menores, pessoas sem o amparo do poder (como os donos do Rural), nem dos partidos políticos, mas personagens anônimos, sem relevância. E fez isso sem esperar reconhecimento nem retribuição, apenas pelo cuidado que os grandes magistrados devem ter em relação às pessoas que julga, mais ainda em relação aos despossuídos de poder.

Um marciano que chegasse à terra e assistisse uma sessão do STF poderia supor que Barbosa, com seus modos truculentos, é o valente, Lewandowski, com seus modos tímidos, o tíbio.

Ledo engano. O homem que está enfrentando a máquina de moer reputação, apenas para  ficar de bem com sua consciência, é o manso.


Postado no blog Luis Nassif Online em 13/09/2012

Júpiter seria um escudo protetor da Terra?




Asteroide que poderia colidir com a Terra bate em Júpiter e é registrado por acaso.

O Astrônomo amador George Hall, de Dallas, capturou o flash no vídeo mas ele só foi para verificar a sua filmagem depois de ler online, através de um fórum, que outro astrônomo, Dan Peterson, observando o planeta com seus próprios olhos, viu a explosão enorme florescer de Júpiter subitamente.

Então ele resolveu dar uma olhada em seu equipamento, onde uma webcam fica acoplada a um telescópio, bem na hora relata pelo outro astrônomo e viu que o flash realmente foi captado.

Esse é o momento em que Júpiter foi atingido por um poderoso meteorito ontem e o único registro é esta imagem, captada por uma incansável e fiel webcam nas primeiras horas da manhã. 

Esses impactos despertam a atenção dos cientistas pois compões o quadro geral da formação de nosso sistema. Além disso, muitos estudiosos acreditam que Júpiter serve como um escudo que despedaça e atrai grande parte dos grandes objetos celestes que poderiam ameaçar nosso planeta. Muitos creem que sem esse guarda-costas a vida na Terra sequer seria possível.

A maioria dos impactos, no entanto, nem deixa marcas na superfície jupiteriana. Apenas os objetos de maior porte conseguem deixar rastro visível no topo das nuvens do planeta.

Postado no blog Brasil Acadêmico em 11/09/2012



Abaixo outro asteroide colidiu com Júpiter em 03 de junho de 2010.



Gula e Luxúria: os pecados necessários


                       
Mogli Veiga 
Nasci em uma família católica. Quando sai de dentro do útero de minha mãe, já fui informado que entrava na vida devendo, isto é, o meu lugar no paraíso dependia da remissão do pecado original, que eu nem sabia de que se tratava muito menos que havia cometido.
No início, comecei a achar que havia vidas passadas, pois já chegar carimbado por um pecado, só se eu o tivesse cometido antes de ser concebido. Passei muito tempo sem perdoar meu pai por isso.
Quando cresci, descobri que havia outros pecados, chamados pecados capitais. Eles são em número de sete. De todos eles, a soberba e a vaidade não me atingiam. Só um pouquinho. A avareza era impossível de praticá-lo. Minha família não tinha muitas posses. Quando virei estudante, fui morar em uma república, dava aulas particulares, arranjava namoradas com alguma posse para, de vez em quando, poder comer algo mais substancial. Mantinha a tradição de que todo estudante foi, é ou será um “duro” e, estudando engenharia, não há a mínima chance de acumular alguma riqueza.
À medida que o tempo passava, concluí que era impossível viver sem cair na tentação de cometer vários pecados, todos juntos e de forma contínua.
A preguiça já veio junto com o pecado original, porque tenho certeza que minha missão no mundo era ser viajante, só que ao desembarcar, extraviaram meu salvo-conduto e a senha do cartão de crédito. Estava condenado a trabalhar. Tentaram me convencer com o clichê que “o trabalho dignifica”. Até o Gonzaguinha me sacaneou ao compor uma música em que tem o verso: “trabalho é um honra i”.
Quando comecei a entender a história da humanidade, fui acometido de grande ira ao saber o que faziam e fazem com a África, com o Oriente Médio, com a América Latina e com a Ásia.
Nesta etapa eu já havia abandonado minha origem “cristã” e me entregado aos prazeres dos pecados, principalmente o da luxúria e da gula.
Como não pensar em luxúria convivendo com as coisas mais preciosas que existem? Loiras, morenas, ruivas, mulatas, negras, mulheres e mulheres. Como não cair em tentação ao ver uma foto da cantora punk russa presa por desafiar o Vladimir Putin. A Heidi Klum e todas aquelas que o Milton Ribeiro publica no seu blog: “Porque hoje é sábado”? Para mim é sábado, domingo, segunda…
E o pecado de gula? Está intimamente ligado à luxúria. Alguém de sã consciência consegue não associar uma luxúria antes e uma gula depois? Também pode ser na ordem inversa. A ordem dos fatores não altera o produto, ou o ar puro, ou o dito duro. Isso é muito melhor que “um uísque antes e um cigarro depois”.
A gula é o pecado de comer demais, além da conta. Mas convenhamos. Imagine você, leitor, ter diante de si um prato de gigot d´agneau a la sauce berbere avec riz au abricot et datte (pernil de cordeiro ao molho berbere com arroz de damasco e tâmaras) acompanhado por umsyrah ou um carignan. À sua frente uma “Gabriela”. Não há quem resista e, nessa situação só cabe uma pergunta: gula e luxúria ou o inverso?
Mas, tanto a gula quanto a luxúria, representam a barbárie. O instinto mais animal, o ser biológico, como dizia Desmond Morris. Esses são os verdadeiros pecados originais.
Não precisa de sofisticação nem nomes franceses, é só saber usar bem nossos caninos. Entretanto, neste caso, se recomenda atos de luxúria antes e a gula depois. Em seguida, repete-se tudo até o vivente aguentar. Não há contra-indicação, só cansaço.
Mogli Veiga é engenheiro, aventureiro e pecador.
Postado no blog Sul 21 em 12/09/2012
Imagens inseridas por mim

Nota:

A crônica acima trata do assunto de maneira bem humorada, mas nunca devemos esquecer que para tudo na vida o melhor é sempre o equilíbrio, pois se há abundância de um lado, do outro há a FOME, assim como o sexo pelo sexo traz  vazio espiritual, uma vez que não acarreta em laços afetivos e o mundo está necessitando muito de AFETIVIDADE.




Inter, o manso satisfeito





Juremir Machado da Silva


O corno manso é feliz.

O corno do corno manso é infeliz.

Clube de futebol no Brasil pode ser corno.

O Inter atualmente é corno manso.

Que ninguém tome isso como um desrespetio ao clube.

É uma declaração de amor.

Eu sou corno.

Corno do Inter.

O corno manso é o primeiro a saber.

Sabe, aceita e se sente valorizado.

Todo mundo pega o que é seu.

O corno manso vibra.

A Argentina pega o que é do Inter.

O Uruguai pega o que é do Inter.

O Brasil pega o que é do Inter.

Alguns, como o Brasil, pegam só pegar, para dar uma voltinha, nada sério.

Um joguinho contra a China.

Enquanto isso, o Inter sofre sozinho.

E se consola: acontece com todo mundo.

Não.

Só acontece com quem tem a mulher mais gostosa, mais cobiçada. Quer dizer, os jogadores mais selecionáveis, os mais destacados, os mais desejados, os mais convocados.

O melhor para um clube disposto a ganhar o Brasileirão é ter quase convocáveis ou ex-convocados.

O Atlético MG tem Ronaldinho Gaúcho, um ex-c0nvocado, é Bernard, um convocável.

Vai bem.

O Fluminense tem Fred e Tiago Neves, quase convocáveis ou ex-convocados.

Vai muito bem.

O Grêmio tem Fernando, quase convocável, Zé Roberto e Elano, ex-convocados.

Está melhor que o Inter.

O Inter tem Guiñazu, Forlán, Damião, todos convocados.

Tinha Oscar.

O problema de Inter é esse.

Não ser ciumento, não ser possessivo, não brigar pelo que é seu.

Melhor não ter tanto craque selecionado.

Na Europa, os clubes, mais conservadores, não aceitam essa suruba.

Quando tem seleção, para campeonato.

Por que será que não se faz o mesmo no Brasil?

Faltam datas?

Volta e meia o Brasileirão só tem jogos em fim de semana.

Por que não se organiza melhor o calendário?

Porque os clubes aceitam ser mansos e satisfeitos.

O torcedor é que fica brabo.

Corno do corno.

Carinhosamente.

Com amor.


Postado no blog Juremir Machado da Silva em 10/09/2012

Nota: 

O futebol não é a minha praia, mas gostei dessa crônica do grande escritor gaúcho, historiador e professor Juremir Machado da Silva. 

Esta breve e bem humorada análise mostra no que se transformou o futebol brasileiro, isto é, em grandes negociatas de jogadores; em cifras que nunca têm menos de 7 zeros antes da vírgula; em salários, absurdamente, altos; em patrocínio de marcas multinacionais que ditam as regras, como por exemplo, que o jogador tal deve ser convocado e, por último em vergonhoso monopólio das transmissões dos jogos por uma tv e seus canais pagos, que determina quais jogos passam no canal aberto e, é claro, somente, após seus eternos melodramas, e quais jogos são disponibilizados apenas nos seus canais pagos.

Sem querer fazer política, na Argentina, a Presidente Cristina está conseguindo quebrar com o monopólio nas transmissões dos jogos, bem como, efetuando algumas mudanças relacionadas às leis de mídia e comunicação do país estando, já, alguns passos na frente do Brasil.

O vidente Jucelino Nóbrega da Luz teve uma visão premonitória que a Argentina será a campeã de futebol em 2014, embora, ele como brasileiro, gostaria que o Brasil fosse o campeão desta copa, e como ele gosta de afirmar tem que ser imparcial em suas visões e, sempre diz, se até lá nada mudar. Para quem quiser dar uma espiadinha em seu site o endereço é <http://www.jucelinodaluz.com.br/>.




O mundo está ficando mais chato (só que não)


chato
Esses dias tive uma conversa boa no Facebook sobre a chatice do mundo atual. É um tema recorrente: o politicamente correto estaria deixando o mundo mais insosso, sem graça, sem espaço para o humor. Em suma, mais chato. E muita gente atribui toda essa chatice aos dos ativistas, que só têm atitudes enfadonhas e radicais. Acabei escrevendo um pouco a respeito no debate com um amigo. A coisa rolou mais ou menos assim:
1- O mundo está ficando chato comparado com quando? E para quem? Não vivi nos anos 1950, mas me parece que ser mulher hoje é bem mais legal do que era então. Não fui negra há 150 anos, mas me parece que houve certos avanços. Não fui gay nos anos 1980, mas me parece que o diálogo melhorou nesse sentido.
2- Talvez o mundo só esteja mais chato para as pessoas que sempre tiveram privilégios. Né.
3- Aliás, não sei de onde se tira esse “mundo chato”. Meu mundo é muito divertido, thank you very much. Apesar de abraçar várias causas, sou feliz, rio, faço piada, me divirto. Não preciso de piada de estupro, de gay ou de negro pra dar risada, obrigada. Não preciso do Rafinha Bastos; tenho o Laerte.
4- Ainda que as minorias tivessem o poder de tornar o mundo chato (não têm), eu não colocaria isso na frente da conquista de direitos, e na possibilidade de ter voz. Igualdade nunca pode ser menor que não-chatice.
5- Os movimentos sociais agem de diversas maneiras. O feminismo, por exemplo, tem a Marcha das Vadias, que é tudo menos chata. O cicloativismo tem a Bicicletada, que é tudo menos chata. O tumblr do Classe Média Sofre é tudo menos chato. Tem coisas muito divertidas rolando, apesar da seriedade dos assuntos.
6- Porém, mesmo essas iniciativas bem-humoradas encontram backlash, porque mexer no status quo sempre vai incomodar. Sempre vai ser chato. Para as coisas mudarem, é preciso que as pessoas saiam da zona de conforto, e isso sempre vai ser considerado chato. Não tem outro jeito.
7- As coisas chatas que eu vejo no mundo hoje não vêm das “minorias”. Vêm da burocracia, do mundo corporativo, do sistema financeiro excludente. Vêm das ruas lotadas de carros, das piadas datadas e sem graça das propagandas de cerveja, de governos higienistas como o de São Paulo. A chatice está em querer tirar as pessoas das ruas, tirar os músicos, os vendedores, tentar acabar com as feiras livres. A chatice não está em lutar contra essas coisas.
8- Sempre me espanto com a capacidade das pessoas que não têm causa nenhuma de querer ditar como as pessoas que lutam por alguma coisa devem fazer isso. Acha que as respostas que os ativistas dão são chatas? É só fazer uma resposta mais bacana. Ninguém tem prerrogativa nisso, qualquer um pode dar a resposta que quiser, quando quiser. Ou então assumir que o assunto não indigna a ponto de criar algo “inteligente”, e deixar o povo fazer da forma que sabe.
9- O item 8 serve pra mim também, pois sou uma das maiores defensoras de formas mais espertas e bem-humoradas de militar. Mas nem sempre consigo elaborar as respostas que eu julgo mais adequadas. Então eu apóio as coisas que estão sendo feitas, mesmo que não concorde 100% com elas, porque pelo menos as pessoas estão se movimentando na direção certa.
10- Esse deve ter sido o post mais chato que já escrevi, mas já que o rótulo já pregou mesmo, resolvi aproveitar… :P
E vocês, o que acham?

Jeanne Callegari

Jornalista, ciclista, poeta saindo do armário.



Postado no blog Blogueiras Feministas em 06/09/2012
Imagem inserida por mim




11 x 11




Emir Sader 

Os EUA tinham, entre suas vantagens estratégicas, a distância dos campos de enfrentamento das duas guerras mundiais e a suposta inviolabilidade do seu território. Até que os atentados de 2011 quebraram essa característica e geraram a paranoia, que os EUA exportaram para o mundo.

A partir dali, os EUA desencadearam o que chamaram de “guerra ao terror”, a exportação do terrorismo “preventivo” para todos os territórios que eles considerem de risco para sua integridade. Reivindicaram para si o direito de fazê-lo de forma preventiva, o que elimina qualquer necessidade de provas concretas, porque supõe um risco potencial.

Foram assim as invasões do Afeganistão e do Iraque, esta sem sequer aprovação do Conselho de Segurança da ONU, com acusações que os próprios países invasores – EUA e Inglaterra – confessaram posteriormente não corresponder à realidade. 

O projeto norteamericano era reeditar o que fizeram com o Japão – uma civilização tão distante da dos EUA como são as do Iraque e do Afeganistão, que se tornou o maior aliado norteamericano na região. Mas para isso tiveram que atirar duas bombas atômicas, em Hiroshima e em Nagasaki.

A invasão norteamericana era presidida pela ideia de levar a democracia liberal a um mundo considerado “bárbaro”, hostil à civilização – sem se dar conta que se trata das civilizações mais antigas da humanidade. Nada revelou, rapidamente, o caráter das invasões, quando os poços de petróleo foram protegidos no Iraque, assim que as tropas desembarcaram, mas os museus e outras relíquias foram saqueadas.

Desde então, uma década não foi suficiente para que a ordem norteamericana reinasse na região. Os atentados e as vítimas aumentam e nenhuma ilusão resta de que qualquer simulacro de democracia liberal pudesse ser imposta.

Mesmo vencedores na guerra fria, os EUA são incapazes de estabilizar a ordem mundial. Desde o fim da bipolaridade mundial, há mais guerras e menos paz no mundo. Os EUA se revelaram incapazes de participar de duas guerras simultaneamente, apesar da imensa superioridade militar.

O mundo, 11 anos depois do 11 de setembro de 2001, é um lugar menos seguro, mais instável, dominado pelas turbulências, econômicas e militares, e deve seguir assim por um bom tempo, até que novas forças possam impor um mundo multipolar, de paz e de conflitos negociados politicamente.


Postado no blog Carta Maior em 11/09/2012

Trecho grifado por mim.
Imagem inserida por mim.