Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Maria






Dia 3 de setembro, o prédio que abriga a Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Maria completou 40 anos. A pedido da colega Débora escrevi um texto que falasse sobre a dicotomia pragmática (que nem sempre percebemos que há) sobre o gênero masculino no termo "prédio" e o feminino na palavra "biblioteca". Fiz disso, então, uma homenagem a esses 40 anos da Biblioteca Central da UFSM em prédio próprio. Ei-lo:



O Prédio e a Biblioteca



                        Por Dalton Varela Tubino


A Biblioteca da UFSM, de 1960 a 1971, funcionou em uma sala do então prédio da Administração Central – a Antiga Reitoria. Era como um ser no ventre da mãe, tomando forma em corpo alheio. Inegável que ali estivesse, inegável que já existisse.

Em 1972, porém, nasceu oficialmente em corpo próprio. Ganhou forma, ganhou um nome. Foi inaugurado o prédio que acolheria o acervo da Biblioteca Central. 

E em prédio próprio, lá estava a Biblioteca Central Manoel Marques de Souza, “Conde de Porto Alegre”. Com isso, corpo e alma se unificavam. Dois elementos numa só noção, como significante e significado.

Desde então, ou se fala (no masculino) “o prédio da biblioteca”, ou (no feminino) “a biblioteca”. E, paradoxalmente, mesmo sem se anularem, perduram as noções dessa dicotomia, assim como o macho e a fêmea. Coexistem. Dois seres numa só visão, como centauro, ou como sereia. Um, sem o outro é vão. Um é o concreto; a outra, a abstração; um é o compasso; a outra, a circunferência; um contém, a outra entretém.

São, pois, como o copo e a água: aquele sustenta, esta resolve a sede do saber. Um é o solo; a outra, a vertente; mas solo sem vertente é o deserto, a aridez. Um é o medicamento; a outra, a cura. Um é o caminho; a outra, a direção.

E, por fim, juntos, são como o instrutor e a instrução; o ensino e a educação; o objeto e a tese. São como conhecer e evoluir, ações que se completam numa simbiótica reciprocidade, pois o prédio é o “locus”, o ambiente; a biblioteca é a imaginação, a aprendizagem. 

E como dois, mas sendo um, seguem na dicotomia da língua, mas não da ideia, porque ele – o prédio – é o corpo; e ela – a biblioteca – é a alma.






A Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Maria, para mim, significa tudo que o amigo querido colocou em seu maravilhoso texto e mais uma palavra linda e, ao mesmo tempo, tão dolorida que é  SAUDADE ...

" Eu tenho saudade de mil coisas e todas essas mil coisas sempre caem na mesma única coisa de que eu tenho tanta saudade.  Eu tenho saudade de tudo.

Não é um sentimento egoísta e muito menos possessivo.  É apenas uma saudadezinha. Gostosa, tranquila, bonita, saudável, de longe. "                                  
                                                              
 Tati Bernardi


" Os ventos que as vezes tiram
algo que amamos, são os
mesmos que trazem algo que
aprendemos a amar...
Por isso não devemos chorar
pelo que nos foi tirado e sim,
aprender a amar o que nos foi
dado... " 
                                   
Bob Marley



" Deus nos dá pessoas e coisas, 
para aprendermos a alegria...
Depois, retoma coisas e pessoas 
para ver se já somos capazes da alegria
sozinhos...
Essa... a alegria que ele quer "

João Guimarães Rosa



Pussy Riot: “Amo a Rússia mas odeio Putin”


Em entrevista ao Spiegel, Nadezhda Tolokonnikova, uma das intérpretes do grupo de intervenção feminista punk Pussy Riot, fala sobre a importância do julgamento que levou à sua condenação a dois anos de prisão
Nadezhda Tolokonnikova, que respondeu às perguntas do Spiegel através do seu advogado, e que é apresentada por este semanário como sendo a líder política do grupo, afirmou que não se arrepende de ter participado na iniciativa anti Putin que teve lugar na catedral ortodoxa do Cristo Salvador, em Moscou, e que levou à sua condenação, juntamente com mais duas intérpretes do grupo.
“Em última análise, penso que o nosso julgamento foi importante porque mostrou a verdadeira face do sistema de Putin”, adiantou Tolokonnikova. “Este sistema proferiu uma sentença contra si mesmo, ao condenar-nos a dois anos de prisão sem que tivéssemos cometido crime algum. Isto certamente me alegra”, frisou.
O sistema (Putin) proferiu uma sentença contra ele mesmo (Foto EPA/Sergei Chirikov)
Nadezhda Tolokonnikova sublinhou ainda que “o sistema repressivo de Putin está indo rumo ao colapso”, já que o mesmo “não pertence ao século 21, lembra muito as sociedades primitivas ou os regimes ditatoriais do passado”.
Sobre as suas motivações, a intérprete da banda de intervenção feminista Pussy Riot avançou que está lutando para que a sua filha “cresça num país livre” e que está determinada a combater “os maiores males”, pondo as suas “ideias de liberdade e feminismo em prática”.
Segundo explica Nadezhda Tolokonnikova, as Pussy Riot esperam conseguir “uma revolução”. “Nós queremos despertar a parte da sociedade que tem permanecido politicamente apática e que optou por não trabalhar ativamente os direitos civis e ficou confortavelmente em casa. O que vemos agora é uma divisão entre o governo e uma maioria silenciosa dos russos”, asseverou Tolokonnikova.
Para a ativista, “a onipotência de Putin é uma ilusão”, sendo que “a máquina de propaganda exagera os poderes do presidente”. “Na realidade, o presidente é pequeno e merece pena. Podemos vê-lo nas suas ações tanto pessoais como políticas. Se um líder se sentir confiante, por que razão opta por lidar com três ativistas desta forma?” questionou.
Nadezhda Tolokonnikova afirmou ainda que as Pussy Riot fazem parte de “um movimento global anti-capitalista” e o seu “anti capitalismo não é anti Ocidente ou anti europeu”. Por outro lado, a ativista recusa a acusação de Putin de que a banda ataca a religião. “As Pussy Riot nunca atuaram contra a religião. A nossa motivação é puramente política”, destacou.

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Nichos viram práticas prateleiras e até canto de trabalho

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No sebo






Por Carlos Motta

- Olha só este disco. Dancei muito com
essa música. Deixa ver, em 78, 79...

- E este livro, então... Leitura obrigatória
no ginásio. Ninguém conhece mais hoje em dia.
Feito criança, percorria as estantes do sebo. As mãos
já estavam pretas da sujeira das capas dos livros e
discos. Mas os olhos cada vez mais brilhantes. Ao seu
lado, o filho tentava se distrair num joguinho de
gameboy.

- Pai, vamos embora, tô com vontade de fazer cocô.

- Já vai, já vai. Meu Deus, não acredito... Dei este LP de
presente para sua mãe, quando a gente namorava.

Que saudade! Você precisava ver, eu tinha um cabelo
que vinha até aqui, ó...

O menino torceu o pescoço, passou a mão direita pela
cabeça, olhou o pai de baixo para cima.

- Puxa como você é velho!

O passeio terminou num McDonald‘s que ficava numa
praça desolada e suja, ao lado de uma avenida
barulhenta e perigosa.


O Brasil real ignora o oficial




O que mais me irrita nesse julgamento do tal mensalão não é nem a sacanagem de ele ser um jogo de cartas marcadas, totalmente viciado para dar o resultado que a "opinião publicada" espera. Afinal, ela já julgou e condenou os réus. Falta apenas a ilustríssima bancada dos doutos e sábios juízes sacramentar o embuste e aplicar as penas.


Bem, já desconfiava que isso iria mesmo acontecer faz algum tempo, desde quando começou a discussão sobre quando o julgamento deveria se iniciar.

A pressa para que ele coincidisse com as eleições não deixou nenhuma dúvida sobre o rumo que iria tomar.

Mas, como dizia, o que me deixa mais p da vida com esse julgamento é o fato de que, com aquele blá-blá-blá todo, aquela enrolação linguística infantil, aquele insuportável linguajar pedante e nebuloso, os ministros do Supremo Tribunal Federal vão dando para alguns a impressão de que são mesmo o suprassumo da inteligência e da luminosidade, uma reunião de gênios da raça, o verdadeiro e puro conselho de notáveis que vai mudar, definitivamente, os rumos do país, que vai varrer, com a força de suas sentenças, a corrupção para bem longe de nossa sociedade.

Aquele pessoal, com aquela capinha ridícula sobre os ombros, a expressão de tédio, o ar blasé, a fala invariavelmente devagar e artificialmente articulada, o pedantismo explícito, verdade seja dita, está enganando muita gente.

Se bem que, às vezes, algum deles sai do roteiro e solta uma pérola, um "caco" fora do roteiro...

Mesmo assim, insuficiente para estragar um espetáculo que foi muito bem ensaiado durante meses e meses, anos e anos, décadas e décadas.

Não tem erro: os atores podem ser medíocres, rastaqueras, até mesmo bufões, mas o enredo é tão velho, tão conhecido, tantas vezes repetido, que dificilmente eles deixarão de impressionar a diminuta plateia que pode se dar ao luxo de perder tempo assistindo a tal pantomina.

Como diz Ariano Suassuna, esse sim um sábio, a nossa sorte é que o Brasil real ignora o Brasil oficial.

Postado no blog Crônicas do Motta em 03/09/2012