Juízes no Brasil e no mundo




Postado no blog Esquerdopata em 30/08/2012


Marilena Chauí sempre muito esclarecedora !


Marilena Chauí e a classe média: “Como se o mundo tivesse posto em risco todos os seus valores”



Na terça-feira 28, o Coletivo dos Estudantes em Defesa da Educação Pública realizou, na Faculdade de Ciências Sociais da USP, o debate A ascensão conservadora em São Paulo. A filósofa e professora foi uma das debatoras. Abaixo a fala dela no evento.




Postado no blog Viomundo em 30/08/2012

A educação proibida







(8 países, 2012, 145min. - Produção Colaborativa)

Fundamental!


No mês do seu lançamento mundial, com milhões de visualizações, lançamos um dos melhores documentários postados aqui no docverdade, indispensável a todos os educadores, alunos e pais que acreditam que a educação possa ser divertida, criativa, libertadora, reflexiva e agradável. 


"A Educação Proibida é um documentário que se propõe a questionar as lógicas da escolarização moderna e a forma de entender a educação, mostrando diferentes experiências educativas, não convencionais que propõem a necessidade de um novo modelo educativo. 

A Educação Proibida é um projeto realizado por jovens que partiram da visão de quem aprende e que embarcaram numa pesquisa que cobre 8 países realizando entrevistas com mais de 90 educadores de propostas educativas alternativas. O filme foi financiado coletivamente graças a centenas de co-produtores e tem licenças livres que permitem e incentivam sua cópia e reprodução. 

A Educação Proibida se propõe alimentar e lançar um debate de reflexão social sobre as bases que sustentam a escola, promovendo o desenvolvimento de uma educação integral centrada no amor, no respeito, na liberdade e na aprendizagem." 



Sorrir faz bem !


militarismo terrorismo 240812 andy singer humor politico internacional Terrorismo e militarismo: duas faces da mesma moeda

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O ódio contra a democracia



Por Miguel do Rosário
Segundo Luiz Garcia, colunista do Globo, o julgamento do mensalão é um “programão”. O texto de Garcia, admitindo a torcida midiática pela condenação, chega a ser naïf. O jornalista conclui, por fim:
Por enquanto, a plateia parece ter feito do relator o seu herói, e do revisor, o vilão da novela. Há exagero nisso, mas não me parece que ela tenha errado: como todo mudo sabe, a plateia costuma ter razão. E, pela televisão, com todo o respeito, o relator tem mais cara de mocinho do que o revisor.
No Segundo Caderno (e no Estadão), Jabor despeja todo seu preconceito contra a democracia:
Já começou o circo da propaganda eleitoral, o desfile de horrores da política brasileira. Será um trem fantasma de caras e bocas e bochechas que traçam um quadro sinistro do Brasil, fragmentado em mil pedaços – o despreparo, a comédia das frases, dos gestos, da juras de amor ao povo, da ostentação de dignidades mancas.
Os candidatos equilibram bolas no nariz como focas amestradas, dão “puns” de talco, dão cambalhotas no ar como babuínos de bunda vermelha, voando em trapézios para a macacada se impressionar e votar neles. Os candidatos têm de comer pastéis de vento, de carne, de palmito, buchada de bode e dizer que gostou, têm de beber cerveja com bicheiros e vagabundos, têm de abraçar gordos fedorentos e aguentar velhinhas sem dente, beijar criancinhas mijadas, têm de ostentar atenção forçada aos papos com idiotas, têm de gargalhar e dar passinhos de “rebolation” quando gostariam de chorar no meio-fio – palhaços de um teatrinho absurdo num país virtual, num grande pagode onde a verdade é mentira e vice versa.
Pois é, Jabor. Políticos tem de se misturar ao povo. Beber cerveja com vagabundos, abraçar gordos fedorentos e velhinhas sem dentes. Assim é o povo brasileiro.
Na ditadura, os políticos viviam situação bem mais confortável. Não tinham que fazer campanha política, nem na TV nem na rua. Reuniam-se no apartamento de algum general e, entre um uisquinho e outro, decidiam quem seriam os manda-chuvas em cada cidade, estado e região brasileira.
Outro trecho do Jabor que merece alguns comentários:
Durante o mandato, o próprio governo FHC cometeu seu erro máximo que até hoje repercute – não explicou didaticamente para a população a revolução estrutural que realizava: estabilização da economia, lei de responsabilidade fiscal, privatizações essenciais, consolidação da dívida interna, saneamento bancário que nos salvou da crise de hoje, telefonia, tudo aquilo que, depois, Lula surripiou como obra sua. Foi arrepiante ver a mentira com 80 por cento de Ibope.
Não é verdade, Jabor. A mídia em peso explicava diuturnamente ao povo o mérito dessas políticas. Tanto é que FHC se reelegeu em 1998. O problema é que foi ficando difícil ao povo continuar confiando no governo enquanto o desemprego disparava, a miséria aumentava, os custos de vida (por causa da privatização) explodiam, e os juros inviabilizavam a economia brasileira. Fui micro-empresário na era tucana, caro Jabor, e lhe digo: foi barra. O cheque especial do Itaú comia o dinheiro da empresa, e não havia ninguém no governo ou na mídia para protestar contra o spread bancário. No máximo, justificavam os juros altos. A desregulamentação dos Correios fez o custo desse subir 2.000% em pouco tempo, o que prejudicou severamente empresas que usavam o serviço. O custo de telefonia explodiu também. O Brasil, de uma hora para outra, passou a ser um dos país mais caros em custos de telefone e internet.
Enquanto isso, vemos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), no afã de condenar os réus do mensalão, flexibilizarem a presunção da inocência. Os argumentos de Rosa Weber para condenar João Paulo Cunha são estarrecedores. Seguindo Gurgel, ela também alega que a própria ausência de provas condenatórias seria um sinal do crime.
Luiz Fux vai mais fundo, e diz que ônus da prova vai para quem é acusado.
Como não há “ato de ofício”, que seria a ação pela qual se suborna um servidor público, os ministros então decidiram inovar e inventam a tese de que crimes de corrupção passiva independem de ato de ofício.
A inovação é absurda e produzirá uma instabilidade tremenda na justiça brasileira. Um político desonesto manda um laranja seu depositar R$ 10 mil na conta de seu adversário, e pronto, o sujeito está condenado.
Os ministros estão esquecendo que a democracia brasileira inscreve-se num regime capitalista e o nosso sistema eleitoral é fortemente competitivo e concorrencial.
Ou seja, todo mundo tece grandes elogios à democracia, a seus valores, etc, mas quando seus mecanismos internos são desvelados, todo mundo vira o rosto e começa a xingar? É incoerência. O amor pela democracia deve se estender às suas facetas mais complexas. Os partidos precisam de recursos para fazer campanhas políticas. Não entender isso, e ao mesmo tempo se autodenominar um defensor dos valores democráticos, é ser hipócrita.  Num cidadão comum, isso é pernicioso, triste. Num juiz, é uma tragédia republicana. É contaminar o judiciário com o vírus do lacerdismo.
Segundo Rosa Weber, o simples fato de “poder praticar atos de ofício” já seria uma prova de culpabilidade. Isso é evidentemente um monstro jurídico, uma peça quase fascista. Ela criminaliza o poder, o qual, numa democracia, emana do povo. Ela criminaliza, portanto, a democracia, a política e o povo.
Luiz Fux afirma que “a verdade é uma quimera, é o que se infere. Se trabalha com a verdade suficiente”. Ou seja, o ministro instaura um novo procedimento: como não se pode provar o crime de um réu, e como a pressão midiática é muito forte, então deve-se condená-lo apenas em função da “verdade suficiente”, ou seja, de uma tese.
Daí a ministra junta três notas, vê que números de série são seguidos e interpreta aquilo como “estranho”. Não importa que este fato sequer tenha sido mencionado pelo Ministério Público. Weber, no desespero de trazer algum resquício de argumento para condenar, assume o papel de um investigador meia tigela.
Para condenar um político inimigo da “opinião publicada” não é necessário mais provas, nem atos de ofício, nem testemunhas, nada. Basta coletar alguns artigos de jornais  e decretar a sentença. No dia seguinte, os jornais virão com aplausos e o ministro será festejado quando for visto caminhando em Ipanema.
De fato, existem algumas regras constitucionais que são realmente enfadonhas. É chato, né, ter que arrumar provas para condenar um réu. Bom mesmo era na ditadura, onde um inimigo político era condenado sem que se precisasse reunir documentos, testemunhas, contra a sua pessoa.
O ódio contra a democracia na mídia é cada vez latente e perturbador.

Postado no blog O Cafezinho em 28/08/2012
Imagem inserida por mim

Israel e a invenção do povo judeu


Por Paulo Muzell
Marino Boeira, articulista e professor universitário gaúcho afirma, com toda razão, que se você quiser arrumar encrenca certa, escolha dois temas: a necessidade de submeter a mídia ao controle da sociedade e a violência e a opressão de Israel que vitima os palestinos. É incômodo e polêmica na certa.
Pois Sholomo Sand, professor de história da Universidade de Tel Aviv resolveu “topar a bronca” ao publicar “A invenção do povo judeu”, obra editada pela Benvirá no ano passado. O livro desmonta o mito que “justificou” a criação do estado de Israel como uma tardia volta dos judeus à “terra prometida”, depois de expulsos da Palestina quase dois mil anos atrás, no episódio da destruição do segundo templo pelos romanos em 70 dC. Após minuciosa pesquisa, Sand concluiu que não há nenhum indício ou prova documental de que os judeus tenham sido expulsos pelos romanos de Jerusalém ou da Palestina. Ele afirma que essa é uma falsa versão que tem origem na interpretação subjetiva de textos bíblicos (Velho Testamento). Foi fundamental construir o mito do judeu errante, perseguido, um povo único, com identidade étnico religiosa em busca de suas remotas origens.
Os judeus que vivem hoje em Israel e em outros países do mundo, segundo Sand, não tem origem única, mas múltipla. São povos que se converteram ao judaísmo em várias regiões: na bacia do Mediterrâneo e áreas vizinhas; no norte da África descenderam de pagãos convertidos (judaísmo seferdita). Há, também os judeus iemenitas, um terceiro ramo originado do reino Himiaritá, além dos judeus asquenazes, refugiados do reino Khazar, localizados na Europa do Leste.
O livro foi lançado tardiamente no Brasil, mais de três anos depois das primeiras edições européias e de Israel. Traduzido em vinte e uma línguas, como não poderia deixar de ser, teve grande repercussão. Cinco meses na lista dos mais vendidos em Israel, ganhou em 2009 na França o prestigioso “Prix Aujourdd’hui”. Reconhecimento e elogios de peso: Eric Hobsbawm, Tony Judt, Marcel Détienne, Edgar Morin e Noam Chomsky. É evidente que, em contrapartida, sobraram críticas, umas poucas amenas e equilibradas, a maioria delas duras, ásperas, apaixonadas, verdadeiros libelos contra. Professores universitários, rabinos, jornalistas com vastos espaços em grandes veículos da mídia nacional e internacional “bombardearam” o livro com grande fúria e energia.
As perseguições que vitimaram os judeus foram uma constante ao longo de séculos e séculos de história. O fanatismo religioso, não há qualquer dúvida, foi a principal causa. Mas não há como negar, também, que ao preservarem hábitos alimentares, costumes e língua própria, os judeus constituíram clãs, enclaves nas tribos e povos com quem compartilharam territórios. Essa não-integração, não há qualquer dúvida, contribuiu para alimentar e fortalecer o milenar sentimento antissemita.
A Primeira Cruzada propiciou uma explosão de antissemitismo na Europa. Entre 1096 e 1098 dezenas de milhares de judeus são mortos na Alemanha e na Europa Central. Matanças ocorrem nos anos de 1189 e 1190 na França e na Inglaterra. Em 1492 os reis católicos expulsam da Espanha quase 100 mil judeus, a maioria dos quais se refugia em Portugal, onde, alguns anos depois são vítimas do denominado Pogrom de Lisboa, “A Matança da Páscoa de 1506”. No final do século XIX tivemos o famoso caso Dreyfus, no qual um oficial francês, de origem judaica foi acusado de traição. O episódio, de repercussão internacional alimentou uma nova onde antissemita na França e na Europa. Emile Zola escreve o clássico “Je acuse”. Multidões marcham pelas ruas de Paris bradando “morte aos judeus!” Na Rússia tivemos três “ondas” de perseguições. A primeira, entre 1881 e 1884, teve como causa imediata o assassinato do Czar Alexandre II.
Entre 1903 e 1906 um novo e prolongado pogrom russo e, por fim, no início do processo revolucionário de 1917 ocorreu um novo massacre. Calcula-se que entre 1880 e 1920 mais de dois milhões de judeus russos abandonaram o país.
O mito de um povo judeu errante em busca de suas origens começa a ser construído na Alemanha a partir da segunda metade do século XIX. Intelectuais de origem judaica, influenciados pelo vigor do tardio nacionalismo alemão começam a construir a versão que foi fundamental para a criação do estado de Israel. Heinrich Graetz é o pioneiro e segundo Sholomo Sand ele “forjou” o modelo nacional da escrita da história dos judeus com “J” maiúsculo, ponto de partida para que outros pesquisadores, mais decididamente nacionalistas, deixassem de pensar a judeidade como uma civilização religiosa variada e rica para se tornar um “antigo povo-raça”, desenraizado, expulso de suas origens, o país de Canaã.
Moses Hess publica em 1862 a obra “Roma e Jerusalém” citando Graetz com entusiasmo. Observa Hess que a fonte dos conflitos entre judeus e não-judeus “reside no fato dos primeiros constituírem, desde sempre, um grupo hereditário diferente”. O “tipo judeu” teria permanecido o mesmo através dos séculos. E continua, com um pessimismo amargo: “De nada serve aos judeus negar suas origens fazendo-se batizar e se misturando às massas dos povos indo-germânicos ou mongóis. Os tipos judeus são indeléveis”. Graetz ratifica e complementa o pensamento de Hess, concluindo: “não se pode negar a existência de povos mortais, que desaparecem na história e de outros que são imortais. Nada permanece da raça helênica ou latina, que se fundiram a outras entidades humanas. A raça judaica, ela sim, conseguiu perdurar e sobreviver, estando a ponto de avivar o fogo da sua juventude bíblica milagrosa”. O povo judeu “é de fato um povo-messias, que, chegando o dia, salvará a humanidade inteira”.
Sand observa que a fonte do fortalecimento da teoria da raça nos grandes centros europeus foi a mesma que trouxe a revolução burguesa e o iluminismo com seus ideais de liberdade e igualdade entre todos.. A extraordinária evolução tecnológica e industrial do capitalismo cristalizou um sentimento de arrogância e de superioridade biológica e moral da Europa. Ironias da história.
Graetz, Hess e alguns outros autores constituíram o núcleo teórico das ideias que possibilitaram a construção do “mito sionista”, fundamental para a formação do estado de Israel, muitas décadas depois. E que explica o estranho fato da Universidade de Tel Aviv ter dois departamentos de história que funcionam como compartimentos estanques, isolados, sem nenhuma comunicação entre si. Temos uma “história de Israel” e a “outra”, a história geral. A história de Israel se fundamenta na interpretação de documentos bíblicos, especialmente do Velho Testamento, o Livro dos Livros, verdadeira “carteira de identidade” do povo judeu e “a prova de seu justo mandato sobre a terra de Israel”. Não temos aqui ciência e sim uma visão do passado elaborada através de interpretação subjetiva de milenares documentos religiosos. Com o que não concordaria, se vivo fosse, o irreverente Mark Twain. Ele não via com bons olhos a bíblia, em especial o Velho Testamento, para ele uma sucessão de violências, crimes, estupros cometidos por um Deus injusto, mesquinho, cruel e vingativo que: “punia crianças inocentes, o povo pelo pecado dos seus governantes e até as inofensivas cabras e ovelhas por desvios e erros cometidos por seus donos”.
Em 1948, favorecido por uma série de circunstâncias a ONU oficializou a criação do estado de Israel. Com uma constituição que deveria assegurar “igualdade perante a lei para todos seus cidadãos, liberdade de culto, sem quaisquer distinções ou discriminação de raça e cor, com total liberdade de ir e vir”. Sabe-se que nada disso ocorre. Israel é hoje uma etnocracia religiosa. Um quarto dos seus quase oito milhões de habitantes são palestinos, cidadãos de segunda linha, confinados, segregados, discriminados, vivendo em condições de extrema pobreza.
Em 1896 Theodor Herzl, um jornalista judeu austríaco que cobrira o caso Dreyfus para a imprensa europeia e ficara impactado pelo forte sentimento de ódio aos judeus na França e na Europa Central escreve “O estado judaico” e no ano seguinte organiza e preside o primeiro congresso sionista na Basiléia. Foram dois importantes passos para a consolidação de um movimento sionista internacional rumo à criação do estado de Israel. Estado tornado possível graças ao apoio econômico, político e militar de duas grandes potências – numa primeira etapa da Inglaterra e mais tarde dos Estados Unidos -, interessadas em criar um enclave seu numa região de vital importância estratégica pela sua privilegiada localização geográfica, próxima de grandes reservas de petróleo árabe.
Postado no blog RS Urgente em 07/08/2012
Trechos do texto grifados por mim