Zero de conduta




Vladimir Safatle

Há mais de dois meses, os professores das universidades federais estão em greve. Após duas propostas consideradas insuficientes pela maioria do corpo docente, o governo parece disposto a endurecer as negociações. No entanto há de estranhar a maneira com que uma questão dessa natureza está sendo tratada.

Ao ganhar as eleições, o governo atual afirmou ser a educação sua prioridade. Mas, por mais que possa parecer uma tautologia, colocar a educação como prioridade significa, entre outros, assumir as demandas que vêm de seus profissionais como prioritárias. O que os professores querem é um salário digno e uma infraestrutura adequada para desenvolver atividades de docência, orientação e pesquisa.

Enquanto algumas pessoas que nada sabem da vida universitária usam espaços na imprensa para afirmar que os professores são a “elite do funcionalismo” e que, por isso, não deveriam reclamar, policiais rodoviários continuam ganhando mais do que docentes.

Os desafios brasileiros passam pelo fortalecimento da universidade pública, com sua capacidade de formação e pesquisa. A experiência de liberalização do ensino universitário por meio da proliferação de universidades privadas foi um retumbante fracasso.

Tudo o que se conseguiu foi produzir levas de profissionais semiformados, assim como instituições nas quais os professores acabam por ser repetidores, por estar afogados em cargas horárias que não permitem o desenvolvimento de pesquisas.

Vez por outra, quando o processo de financiamento das universidades públicas volta à tona, temos de ouvir duas opiniões no limite do caricato. A primeira consiste no argumento etapista tosco que afirma: primeiro, devemos investir na escola básica, depois, nas universidades. Claro.

E, enquanto o investimento da educação básica não chega a um nível adequado, deixemos as universidades serem sucateadas e destruídas. Tais pessoas têm um raciocínio binário incapaz de entender que o investimento em educação deve ser extensivo, caso não queiramos perder completamente o bonde do desenvolvimento social.

A segunda afirma que os professores universitários devem deixar de ser subvencionados pelo Estado e procurar financiamento para pesquisas na iniciativa privada.
Só um exemplo: se um pesquisador em psicologia procurar desenvolver uma pesquisa mostrando a ineficácia de antidepressivos, a quem ele deve pedir financiamento? À indústria farmacêutica?

Ou seja, ou o governo assume o custo de eleger a educação como prioridade ou é melhor não utilizar tal discurso em época de eleição.

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Mundo Cão



Por Otávio Augusto Winck Nunes *
Não se trata de um fenômeno recente. Mas, é curiosa a extensão que tomou, ao longo do tempo, a relação entre os humanos e os outros animais, o de estimação. Acabo de assistir ao show de Eduardo Dussek (sim, agora com dois ‘esses’ no nome), no Rio de Janeiro. Uma de suas músicas de maior sucesso nos anos oitenta foi “Rock da cachorra”. Com sua irreverência ímpar, cantava que deveríamos trocar um cachorro por uma criança pobre.
Em que pese o tipo de “bichano” (pode ser gato, peixe ou passarinho), o humor do músico antecipava um já crescente segmento de mercado – na verdade o que poderia ser relação virouconsumo! Mas, mais do isso, criticava uma disposição dos humanos pela adoção de animais em detrimento da adoção do bicho homem, do semelhante.
Esse é o que parece ser o enigma que envolve o mundo pet: transformar um animal no substituto de um humano. A crítica de Dussek, mesmo que exagerada, procede. Tem a sagacidade de escrachar o que é uma das faces mais paradoxais da questão: é possível estipular a equivalência entre um animal de estimação e um humano? Em que pese a minha simpatia por animais, que é grande, fico com a impressão que exageramos.
Outro dado carioca: passeando com sua dona, um simpático vira-lata vestido de surfista, com sua prancha, em direção à praia, digamos, embaixo de seu braço (tenho foto para comprovar). Sim, sua vestimenta, que incluía uma viseira protegendo seus olhos do sol forte, tinha um compartimento para carregar sua prancha de surf, compatível com seu tamanho. Mas, não é um fenômeno exclusivo dos cariocas, em breve, podemos ver (se já não aconteceu) um pet pilchado, guaiaca incluso.
O fenômeno no Brasil repete, em alguma medida, o que acontece em outros lugares. Um mercado, ou uma relação de amor, ávido por oferecer produtos para os pets, que nada demandam, mas que seus donos rapidamente tornam imprescindíveis aos animais. A lógica é essa.
Por vezes existe a tentativa de inverter a lógica que sustenta o argumento, mas trata-se de uma forçagem. Não há uma desmedida nesse âmbito?
Sei que é um assunto polêmico, mas não acho que colocar a questão seja necessariamente motivo para provocar briga com os defensores dos animais. Meu intuito, por sinal, é esse proteger os animais.
Já se fez várias leituras desse fenômeno. Solidão dos humanos vem em primeiro lugar. Seguido pela rivalidade estipulada pela raça da moda. Em terceiro, para que o filho, uma criança, tenha uma experiência de ter um animal desde cedo e se responsabilize por ele (esse argumento dura uma fração de segundos, todo mundo sabe quem cuidará do animal de estimação). Em quarto, o narcisismo, e por aí vai. Aliás, nenhuma delas exclui a outra.
Mesmo que os argumentos pró animais sejam válidos, e que não possamos estipular, felizmente, uma única interpretação, temos que considerar ao menos o seguinte: não há equivalência entre um humano (não importa a idade, nem classe social) e um animal. Normalmente, atribuímos e enfatizamos nos animais não humanos, características que gostamos de ver ocultas não só nos outros humanos, mas em nós mesmos.
Além disso, a verticalidade da relação dos humanos com os animais é imbatível. Ou o leitor acha que o cachorro pediu a prancha de surf a sua dona? Então, só emprestamos aos animais nossos nobres sentimentos por levarmos em conta dois fatores: eles não os têm, logo seria bom que tivessem, por exemplo, vontade de ser surfista; e outro fator atrelado ao primeiro: a objetalização dos animais a serviço do narcisismo. Sim, precisamos transformar os bichos em humanos por levarmos nossa espécie muito a sério.
Não é exagerado, como já existe, ter uma casa com quarto decorado específico para os pets? Aliás, eles são merecedores do nosso profundo respeito, tanto que deveríamos poupá-los de nossas neuroses.
Humanizar os animais é tentar fazê-los responsabilizar por algo que nem nós humanos gostaríamos de nos ocupar. Sim, ao reproduzir toda a sorte de cuidados, preocupações e sentimentos não estamos só tentando domesticar um animal, é nossa própria falta de civilidade e agressividade que está sendo colocada à prova.
Mais do que tudo, o que é pior para os animais não humanos é herdar nossa neurose, não nossa tentativa de humanizá-los, pois, para isso eles não tem defesa alguma.
Animais fazem muito bem aos humanos, ou contrário nem sempre é verdadeiro. Discordo da equivalência unívoca proposta por Dussek (cachorro igual a criança pobre ou rica, tanto faz) mas incentivar o medo de vivermos entre humanos não me parece ser a melhor alternativa que temos à disposição. Por mais fiel que um animal de estimação possa ser ao seu dono, e que seja mais fácil um humano trair a confiança de outro humano, que um animal, e não o contrário.
* Psicanalista, membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre (APPOA); mestre em Psicologia do Desenvolvimento/UFRGS; mestre em Psicanálise e Psicopatologia, Universidade Paris 7.

Postado no blog Sul21 em 31/07/2012
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O bicho, meu Deus, era um homem


 

Vi ontem um bicho 

Na imundície do pátio 

Catando comida entre os detritos. 

Quando achava alguma coisa, 

Não examinava nem cheirava: 

Engolia com voracidade. 

O bicho não era um cão, 

Não era um gato, 

Não era um rato. 

O bicho, meu Deus, era um homem. 

(Manoel Bandeira, O Bicho) 



Está na moda falar do lixão. Tem até novela embarcando na onda. Mas este é um tema que as Administrações Públicas ainda jogam para debaixo do tapete. 

O problema é imenso, imensurável mesmo e muito antigo. Nasceu com o homem. Evidentemente que na pré-história a situação resolvia-se por si, observado que a vida tinha outro ciclo e as condições ambientais permitiam que a própria natureza desse conta de colocar as coisas nos seus devidos lugares. 

O progresso, tão necessário, reconheça-se, trouxe consigo o aumento da produção de resíduos de toda a ordem: restos de comida, artefatos plásticos (grande descoberta!), resíduos tecnológicos e por aí vai. 

Os números impressionam: estima-se que, no mundo ocidental, cada pessoa produza 500 quilos de resíduos urbanos por ano. Este número, no Brasil, é 378 quilos. O Brasil produziu, em 2010, 61 milhões de toneladas de lixo, que representou um crescimento de 6,8% em relação a 2009. No mesmo período, o aumento da população foi de 1,15%, concluindo-se, portanto, que os brasileiros conseguiram produzir mais lixo do que crescer. 

Urge, portanto, que a questão seja enfrentada com eficiência. A legislação brasileira segue numa boa direção. Em agosto de 2010 foi sancionada a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que chamou à responsabilidade todos os setores da sociedade. Impõe que haja planos integrados de tratamento de resíduos, marcando prazo para a sua implantação. Proíbe a criação de lixões e determina que os existentes sejam regularizados. Institui a logística reversa, ou seja, a destinação do resíduo final é responsabilidade do produtor (fabricante), certo que uma parcela dessa conta será paga pelo consumidor, mas vá lá, vale a pena. 

Mas há, ainda, a outra face do problema. Além da produção do lixo, temos pessoas que nele proliferam como animais. Há um problema social correlato que também reclama atenção. 

A existência de uma lei de qualidade (estranho assim adjetivar a lei, mas no Brasil...) não significa, por si só a solução do problema, ela precisa ser adequadamente aplicada e isso implica esforço em todas as esferas. Na esfera do particular, adequando-se os indivíduos a condutas éticas com o meio ambiente (não desperdiçar, separar o seu resíduo, aproveitar ao máximo os bens de consumo). Na esfera do público, com os Governos realizando os planos de tratamento, incluindo os gastos necessários nos orçamentos e fiscalizando eficientemente o cumprimento das obrigações, seja dos particulares seja dos entes públicos e o Poder Judiciário impondo o cumprimento das obrigações e sancionando os descumpridores. 

Estamos, enfim, em ano eleitoral. Muitas promessas virão, espera-se que, também surfando na onda, os candidatos apresentem propostas no sentido da implementação breve da lei, em nível local, considerando que o pleito é Municipal, o que já será um avanço. E que nós, eleitores, sejamos firmes na cobrança do prometido. 

Quiçá, o poema de Manoel Bandeira, que, por empréstimo, serve de título a este texto, embora de inegável valor literário, caia no esquecimento... 


Vera Lúcia Fritsch Feijó Magistrada aposentada, Especialista em Direito Ambiental, colaboradora voluntária do Programa de Gestão Ambiental do Tribunal de Justiça RS.

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E nós? A blogosfera progressista?




Está anunciada pelo PIG uma mega cobertura sobre o julgamento do chamado mensalão. É aquilo que já sabemos: mentiras no atacado, máscaras de “mosqueteiros da ética”, holofotes apenas no que pode contabilizar aos interesses nada republicanos de árvore, pássaro e porcos.(Demos, tucanos e PiG).

E nós? A blogosfera progressista? Vamos cruzar os braços e assistir impassíveis ao massacre do século? Temos duas opções: ou nos posicionamos na defesa da verdade, ou ajudamos, com nosso silêncio, a derrota eleitoral, moral e ética dos nossos ideais de esquerda.

Prestem atenção! Podemos fazer a diferença no contra ponto da mega cobertura, com nosso show de humor, com nossa competência em atingir muito mais pessoas que os velhos porquinhos (PiG). Será uma luta de Davi e Golias, com a vantagem de que com nosso chassi menor, temos mais mobilidade e jogo de cintura. Vamos lá!







     





Sorrir faz bem ! Olimpíadas 2008 e 2012










Em forma com elástico


Hoje em dia, existem muitas opções de equipamentos para você se exercitar. O elástico de resistência é uma delas. Muito prático, barato e portátil, pode ser utilizado em casa, na academia, na praia, na praça e onde mais desejar. Ele é comumente usado no complemento de um treino esportivo para atletas de futebol, vôlei, natação, lutas e até mesmo na aquisição de mais potência na corrida.



Para diferenciar seu grau de resistência, eles possuem diferentes cores e diâmetros de acordo com o fabricante. Há desde elásticos muito levinhos, para reabilitação de lesões mioarticulares ou trabalhos de fortalecimento muscular para a terceira idade, até os médios e fortes, para hipertrofia global e potência de atletas. Pensando em deixar sua rotina de treinamentos mais prática, o fisioterapeuta e professor de Educação Física Caio Vicentini preparou vários exercícios que você pode fazer com o auxílio do elástico, além de te ensinar como montar o seu em casa.

Dica!

As alunas iniciantes devem realizar de 1 a 4 séries de 20 repetições com elásticos leves. Descanso de 2 minutos entre elas. Já as alunas mais treinadas podem realizar de 3 a 5 séries de 8 a 12 repetições com elásticos mais resistentes. Descanso de 45 segundos a 1 minuto e meio entre uma e outra.



Bíceps Branquial

Este exercício é para a parte anterior do braço. Fixe o meio do elástico no pé. Em seguida, dobre o cotovelo e volte com ele esticado. Para dar mais resistência, segure as duas alças com apenas uma das mãos e intensifique a força do seu músculo. 


Tríceps branquial 

Já este movimento trabalha o músculo do “tchauzinho”. Prenda o elástico no pé. Comece com o cotovelo dobrado na altura do pescoço e depois estique o braço acima da cabeça. 


Ombro 

Firme o elástico no pé. Abra e feche os braços até a altura dos ombros para evitar lesões.


Costas

Apoie o elástico em um poste ou em outra pessoa. Faça o movimento de remada com os cotovelos levemente abertos.


Outra maneira de desenvolver as costas

Pise no elástico, incline seu tronco à frente e estique-o para trás do corpo. 


Peitoral I

Fique de costas para o poste ou para a outra pessoa. Estique os cotovelos até suas mãos se encontrarem à frente da cabeça.


Peitoral II

Realize o mesmo movimento do exercício anterior, mas com os cotovelos esticados, abrindo e fechando os braços à frente do queixo

Para sua maior segurança, peça ajuda a um profissional de Educação Física. Isso evitará eventuais lesões e melhorará a periodização do seu treino.

Monte seu elástico!

- 1 cano de PVC
- 1 par de punhos de bicicleta
- 1 rolo de tecido rígido
- 4 argolas de metal
- 2 metros de tubo de látex

Divida o tubo de PVC em 2 partes de 15 cm e coloque os punhos de bicicleta neles. Corte aproximadamente 40 cm do tecido rígido e passe pelo cano. Ponha a argola de metal e costure para dar firmeza. Para fazer o meio, corte 35 cm de tecido rígido e costure duas argolas de metal nas extremidades. Dê um nó nos elásticos com as argolas de metal. Seu elástico está pronto. Bom treino!

Caio Vicentini - Prof. de Educação Física e Fisioterapeuta 

Postado no blog Uma Mulher em 26/07/2012