Entrevista exclusiva de Erundina para Record 21/06/2012


Outro mundo seria possível...



Você está demitido !


André Cunha



INVENTAR SOLUÇÕES PARA A FRASE IMORTALIZADA POR DONALD TRUMP PODE SER UM EXERCÍCIO DE DEMOCRACIA. E O LEITOR? QUEM DEMITIRIA, SE TIVESSE PODER PARA TANTO?


Quando Marcelo Crivella (PRB-RJ) foi empossado como ministro da Pesca e disse que não sabia "colocar minhoca em anzol", parte da imprensa fez piada e outra parte constatou de forma pragmática que indicação política é isso aí mesmo, afinal Dilma estava barganhando com os evangélicos.
Mas a coisa não precisa ser dessa forma. O que se constata do episódio é que, no Brasil, um ministro de Estado não passa de uma marionete política sem nenhum conhecimento do ministério que vai gerir. Nesse exato momento há um profissional de ponta em algum lugar do país com especialização em Hidrologia, mestrado em Oceanografia, doutorado em Ictiologia (ramo da zoologia que estuda os peixes) e pós-doutorado em Geopolítica Contemporânea dos Recursos Hídricos.
No entanto, o ministro da Pesca é um cantor gospel. Há algo de errado nisso. Ao escolher um evangélico pra ministro da Pesca, Dilma deve estar achando que é por milagre que os peixes se multiplicam.
Posso estar enganado, mas creio que um chefe de Executivo tem que ser um cara que executa. Que manda. E pra mandar tem que saber no que está mandando. Estar atualizado. Ter visão sistêmica. Saber agregar os melhores profissionais da área, montar um time de craques e especialistas. Ser proativo e bolar parcerias com a iniciativa privada que resultem em benefícios pra sociedade.

Em suma, um ministro de Estado tem que ser um cara que bate o olho no projeto e já sabe de antemão se ele é ou não viável, como fazer pra minimizar os custos. Um ministro que não entende nada disso e só manda a papelada pra sala do lado não acrescenta uma migalha ao desenvolvimento ao país.

Acho engraçado que na iminência da Copa do Mundo e das Olimpíadas o ministro do Esporte é um comunista. Agora, me digam: o que comunismo tem a ver com Copa do Mundo? Como a teoria de Karl Marx pode otimizar o desempenho do esporte no Brasil, é o que me pergunto.
Josep Guardiola, que transformou o Barcelona numa máquina de jogar bola, já disse publicamente que topa treinar a seleção brasileira. Será que foi alguém da CBF pelo menos tomar um cafezinho com ele e sondar se não era bravata? Ou será que estão muito melindrados pra dar a notícia a Mano, um homem daquele tamanho e com aquele salário? Mas, sabem como é, não se mexe em time que está perdendo.
Evaldo José é um narrador mil vezes mais criativo que Galvão Bueno. Imagine se um dos Marinho tem um dia essa iluminação e chama Galvão pra uma conversa. "Não precisamos mais dos seus serviços" diria, vendo todos os músculos da face de dele se comprimirem num esgar de perplexidade. Um momento Mastercad, sem dúvida.
Dilma também podia botar pra trabalhar muita gente que está esquentando o banco. O que é curioso, pois a própria se gaba do seu perfil técnico, da sua atuação como super ministra e super gestora, que sabe interpretar todo tipo de tabelas e de gráficos. Por que ela fica dando bronca e passando pito em ministro incompetente ao invés de simplesmente escolher outro? Gosta de dar piti, é isso?
O Brasil fica aí falando que vai ser potência, que quer entrar no Conselho de Segurança da ONU, mas devia se lembrar de fazer o dever de casa e no mínimo escolher gestores qualificados ao invés de caciques políticos.
Todos os ministros que aí estão devem ser pessoas maravilhosas, mas os brasileiros querem ver mandando na pasta um cara bom mesmo, que tenha vários artigos publicados, tenha trabalhado em outros países e conhecido um monte de ideias novas, enfim, um pica-grossa no assunto.
Marcelo Crivella, Aldo Rebelo, Mano Menezes, Galvão Bueno... melhor parar por aqui, antes que me suba o Mussolini à cabeça e eu vá até a esquina demitir o camelô ou o quitandeiro.
E o leitor? Se pudesse exercer por um dia o poder de sair cortando cabeças, quem iria ser degolado? Já adianto aos engraçadinhos que não podem sugerir que eu é que seja demitido, pois sou mero colaborador e no 247 a liberdade de opinião é cláusula pétrea!
Postado no blog Brasil 247 em 20/06/2012 
Obs.: Imagem inserida por mim.

Nós, os " puros "




por Leandro Fortes
Deu-se estes dias que chegamos a um encruzilhada inaudita. Assim, os que ousaram se alinhar ao sentimento de Luiza Erundina, de repúdio à ligação do PT e de Lula a Paulo Maluf, passaram a ser chamados de “puros”. Assim mesmo, entre aspas, para que fique claro a conotação de que, uma vez puros, são também tolos, tristes sonhadores, idealistas cuja atitude pueril não só transgride as regras do jogo como, no fim das contas, subverte a ordem de uma guerra santa. Em meio ao jihadismo estabelecido nas eleições paulistanas, de demônios tão nítidos quanto malignos, a atitude de Erundina contra a aliança da esquerda com um bandido procurado pela Interpol, com o cúmplice ativo dos assassinos da ditadura militar, com o construtor da vala comum do cemitério de Perus, com a representação do pior da direita, enfim, tornou-se um ato de traição, de purismo político, de angelical perversão.
Ato contínuo, os mesmos que dias antes haviam comemorado a chegada da deputada do PSB à campanha de Fernando Haddad passaram, de uma hora para outra, a demonizá-la, curiosamente, pelo viés de um purismo atávico e infantil. Erundina, a louca idealista, a tresloucada individualista capaz de destruir os planos de redenção da esquerda por causa de uma foto, uma imagem de nada, um instantâneo sem relevância nem simbolismo, apenas o registro banal de um líder da resistência a se confraternizar com chefe da escória. Ah, os puros, como são tolos! Justo quando deles se exige fortaleza e dedicação, aparecem esses sonhadores cheios de escrúpulos e regramentos éticos.
De toda parte, então, passaram a rugir leões do pragmatismo político, militantes de uma realpolitik feroz, implacável, a pregar a irrelevância dos puros, dos tolos da ética, quando não de sua influência nefasta sobre os jovens e, claro, do enorme desserviço prestado à democracia e ao admirável mundo novo que se anuncia. Os puros, dizem, nunca ganham eleições. E se não o fazem, portanto, que não atrapalhem os que as querem ganhar a qualquer custo. É preciso impedi-los, portanto, de se mostrar em público. É preciso calá-los, desqualificá-los, torná-los ridículos, patéticos em sua fraqueza.
Nem que para isso seja preciso transformar em traidora uma brasileira digna, com 40 anos de vida pública inatacável, uma heroína da resistência, uma política que passou a vida levando assistência a favelas e cortiços, uma parlamentar que dedica seus mandatos a defender a democratização da comunicação e o resgate da memória dos que foram seqüestrados, torturados e mortos pelo regime ao qual serviu Paulo Maluf.
Este mesmo Maluf contra o qual os puros, os tolos e os sonhadores da política, vejam vocês, tem a ousadia de se voltar.

Postado no blog Maria Frô em 21/06/2012
Obs.: Imagem inserida por mim.

" A senhora, o Caixa e o meio ambiente "





Na fila do supermercado, o caixa diz para uma senhora idosa:


- A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis com o ambiente.


A senhora pediu desculpas e disse:



- Não havia essa onda verde no meu tempo.


O empregado respondeu:

- Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso ambiente.

- Você está certo - responde a velha senhora - nossa geração não se preocupou adequadamente com o ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.

Realmente não nos preocupamos com o ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.

Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.

Mas é verdade: não havia preocupação com o ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?

Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo, não plastico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar. Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.

Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos. Canetas: recarregávamos com tinta umas tantas vezes ao invés de comprar uma outra. Afiávamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte.

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

Então, não é risível que a atual geração fale tanto em "meio ambiente", mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?

Autoria desconhecida

Postado no Facebook em 21/06/2012

Velhinha e mocinha, quando mulheres matam

                                   
Tem assuntos que ficam martelando na cabeça da gente. Querem dizer algo. O quê? Dois crimes. A velhinha matou com três tiros um assaltante que invadiu o seu apartamento. A mocinha, ex-garota de programa, matou com um tiro o marido que a traía. Qual a relação entre os dois casos? 
Em princípio, só o fato de que duas mulheres mataram dois homens. A velhinha agiu em legítima defesa. Com três tiros? Não bastaria o primeiro, que acertou o peito do invasor? Argumentos revestidos de sensatez aparecem: ferido, o homem ainda poderia matar a senhora, que estava sob forte emoção e tratou de liquidá-lo para não correr risco. Além disso, se sobrevivesse, o bandido poderia tentar se vingar da velhinha na primeira ocasião.
A mocinha esquartejou friamente o marido. Segundo o laudo pericial, cortou o pescoço do homem com ele ainda vivo. O esquartejamento poderia não ter sido perverso, mas apenas uma maneira de livrar-se do cadáver. A decapitação com o homem vivo já são outros quinhentos. 
Surge uma tese: ela teria agido, num sentido bastante amplo, em legítima defesa, pois era humilhada constantemente. O marido, apesar de jovem e rico, só se relacionava com prostitutas, preferindo pagar por sexo a conquistar. Transformava as mulheres em objetos. É bastante provável que a assassina seja beneficiada no julgamento pelo fato de estar comprovada a infidelidade do esposo. A defesa dirá que ela agiu sob forte emoção.
Mas a premeditação pode atrapalhar essa estratégia de defesa.
A mocinha tem tudo de uma psicopata. A velhinha é uma boa pessoa, que sofre de artrite nas mãos, mas, mesmo assim, foi rápida no gatilho. O crime da mocinha provoca medo em todo mundo. Cada um pensa mais ou menos assim: “Pode acontecer com todo mundo, até comigo”. O crime da velhinha, pelos aplausos arrancados, é um sintoma. De quê? De uma vontade de matar. 
Um desejo cada vez mais explícito de enfrentar o crime com o crime, de eliminar o criminoso de revólver na mão, de atirar uma, duas, três vezes, até vê-lo parar de se mexer. Terá a velhinha, como a mocinha, sob forte emoção, atirado friamente? Terá tido, por um segundo, um sentimento de perversidade ao desferir o terceiro tiro, o tiro de misericórdia? Sei que parecerá maldade comparar os dois casos e fazer perguntas desse tipo sobre a atitude da velha senhora. Por que não?
Cada um se sente ameaçado de um jeito. O monstro de cada um é diferente. A velhinha, que se defendeu legitimamente, pode estar sendo usada pelos defensores dos piores sentimentos, os defensores da pena de morte sem julgamento e da execução sumária. A velhinha não tem culpa. O processo será arquivado. A mocinha terá de pagar. 
Fica, contudo, esta pulga atrás da orelha: tem muita gente querendo transformar a velhinha corajosa em velhinha pistoleira. Gente que a aplaude mais pelo terceiro tiro. Gente que vê nela a negação dos famigerados direitos humanos, tidos como instrumento de favorecimento a bandidos. A velhinha é boa. Muita gente está projetando nela os seus sentimentos de mocinha má.
Postado no blog Juremir Machado da Silva em 20/06/2012
Obs.: Imagens inseridas por mim.