Quando Marcelo Crivella (PRB-RJ) foi empossado como ministro da Pesca e disse que não sabia "colocar minhoca em anzol", parte da imprensa fez piada e outra parte constatou de forma pragmática que indicação política é isso aí mesmo, afinal Dilma estava barganhando com os evangélicos.
Mas a coisa não precisa ser dessa forma. O que se constata do episódio é que, no Brasil, um ministro de Estado não passa de uma marionete política sem nenhum conhecimento do ministério que vai gerir. Nesse exato momento há um profissional de ponta em algum lugar do país com especialização em Hidrologia, mestrado em Oceanografia, doutorado em Ictiologia (ramo da zoologia que estuda os peixes) e pós-doutorado em Geopolítica Contemporânea dos Recursos Hídricos.
No entanto, o ministro da Pesca é um cantor gospel. Há algo de errado nisso. Ao escolher um evangélico pra ministro da Pesca, Dilma deve estar achando que é por milagre que os peixes se multiplicam.
Posso estar enganado, mas creio que um chefe de Executivo tem que ser um cara que executa. Que manda. E pra mandar tem que saber no que está mandando. Estar atualizado. Ter visão sistêmica. Saber agregar os melhores profissionais da área, montar um time de craques e especialistas. Ser proativo e bolar parcerias com a iniciativa privada que resultem em benefícios pra sociedade.
Em suma, um ministro de Estado tem que ser um cara que bate o olho no projeto e já sabe de antemão se ele é ou não viável, como fazer pra minimizar os custos. Um ministro que não entende nada disso e só manda a papelada pra sala do lado não acrescenta uma migalha ao desenvolvimento ao país.
Acho engraçado que na iminência da Copa do Mundo e das Olimpíadas o ministro do Esporte é um comunista. Agora, me digam: o que comunismo tem a ver com Copa do Mundo? Como a teoria de Karl Marx pode otimizar o desempenho do esporte no Brasil, é o que me pergunto.
Josep Guardiola, que transformou o Barcelona numa máquina de jogar bola, já disse publicamente que topa treinar a seleção brasileira. Será que foi alguém da CBF pelo menos tomar um cafezinho com ele e sondar se não era bravata? Ou será que estão muito melindrados pra dar a notícia a Mano, um homem daquele tamanho e com aquele salário? Mas, sabem como é, não se mexe em time que está perdendo.
Evaldo José é um narrador mil vezes mais criativo que Galvão Bueno. Imagine se um dos Marinho tem um dia essa iluminação e chama Galvão pra uma conversa. "Não precisamos mais dos seus serviços" diria, vendo todos os músculos da face de dele se comprimirem num esgar de perplexidade. Um momento Mastercad, sem dúvida.
Dilma também podia botar pra trabalhar muita gente que está esquentando o banco. O que é curioso, pois a própria se gaba do seu perfil técnico, da sua atuação como super ministra e super gestora, que sabe interpretar todo tipo de tabelas e de gráficos. Por que ela fica dando bronca e passando pito em ministro incompetente ao invés de simplesmente escolher outro? Gosta de dar piti, é isso?
O Brasil fica aí falando que vai ser potência, que quer entrar no Conselho de Segurança da ONU, mas devia se lembrar de fazer o dever de casa e no mínimo escolher gestores qualificados ao invés de caciques políticos.
Todos os ministros que aí estão devem ser pessoas maravilhosas, mas os brasileiros querem ver mandando na pasta um cara bom mesmo, que tenha vários artigos publicados, tenha trabalhado em outros países e conhecido um monte de ideias novas, enfim, um pica-grossa no assunto.
Marcelo Crivella, Aldo Rebelo, Mano Menezes, Galvão Bueno... melhor parar por aqui, antes que me suba o Mussolini à cabeça e eu vá até a esquina demitir o camelô ou o quitandeiro.
E o leitor? Se pudesse exercer por um dia o poder de sair cortando cabeças, quem iria ser degolado? Já adianto aos engraçadinhos que não podem sugerir que eu é que seja demitido, pois sou mero colaborador e no 247 a liberdade de opinião é cláusula pétrea!
Postado no blog Brasil 247 em 20/06/2012
Obs.: Imagem inserida por mim.
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