Precisamos multar os que respiram fumaça de automóveis!



motor Precisamos multar os que respiram fumaça de automóveis!


Especialistas da Organização Mundial de Saúde chegaram à conclusão que fumaça de escapamentos de automóveis movidos a diesel causa câncer! Estou chocado. Tamanha revelação foi, provavelmente, fruto de anos e anos de pesquisa.

Mais algumas décadas e esses mesmos cientistas talvez concluam que as outras fumaças (expelidas por carros, ônibus e caminhões, além das chaminés de indústrias) também são cancerígenas. É só um humilde palpite meu.

Fico perplexo porque minha vida toda fui constrangido, à base de uma violenta propaganda oficial, a acreditar que o cigarro é o grande vilão das estatísticas sobre câncer de pulmão e doenças respiratórias. Nunca, jamais li um artigo ou uma reportagem que apontasse o quanto a poluição do ar é nociva a ponto de merecer fazer parte das ações públicas de saúde.

Sempre me pareceu que nossas autoridades, as médicas inclusive, estavam satisfeitas em centrar todos os esforços contra o tabagismo. Afinal, daria muito trabalho e seria loucura eleger como inimigo público, a ser implacavelmente combatido, o império da indústria automobilística. Covardes.

Claro que cigarro faz mal à saúde. Mas sempre me causou indignação a forma como a sociedade resolveu demonizar o fumante de uns anos para cá. É um movimento internacional que se baseia em um discurso autoritário, invasivo, higienista e claramente contra alguns fundamentos dos direitos individuais. Mas ninguém dá valor a essa argumentação. Coisa de viciados, sussurram os iluminados.

Mas as mortes por doenças por câncer, em escala epidêmica, eram todas confortavelmente computadas na conta das bitucas e afins. Sem nenhum protesto da comunidade científica.

Só encontrava uma explicação para essa campanha histérica: outra tendência mundial, a de os governantes transferirem responsabilidades para os cidadãos, numa escaramuça bastante hipócrita, já que nossos líderes têm se mostrado incapazes de atender às demandas mínimas da sociedade.

Como não conseguem oferecer segurança, saúde, trabalho e vida digna aos cidadãos, ficam por aí inventando leis inócuas e criando bodes expiatórios para camuflar a falência do Estado moderno. E agora? Quais serão as urgentes medidas a serem tomadas pelos ministérios da Saúde espalhados pelo mundo?

Como a ciência enfim reconheceu o óbvio, não me surpreenderia se o Geraldo Alckmin decidir criar uma lei proibindo motores à base de diesel. Obviamente, as montadoras terão uns 20 anos para se preparar, com direito a anistias e polpudas indenizações. E nada será dito sobre os malefícios da fumaça de gasolina, mesmo que neste instante milhares de pessoas estejam sendo envenenadas por ela.

Uma certeza eu tenho: se der tempo, o prefeito Kassab vai enviar um projeto à Câmara Municipal criando multas implacáveis para os irresponsáveis que insistirem em cheirar fumaça de automóvel em lugares públicos. Com apoio da população. Não duvidem.

Postado no blog O Provocador em 14/06/2012

232,7˚ Celsius



Rodolfo Borges


"FAHRENHEIT 451, A TEMPERATURA EM QUE O PAPEL DO LIVRO PEGA FOGO E QUEIMA", ESCREVEU RAY BRADBURY. POR AQUI, SERIAM 232,7 GRAUS CELSIUS, FOSSE PRECISO QUEIMÁ-LOS PARA EVITAR A LEITURA.

A morte de Ray Bradbury (1920-2012) recuperou em mim um cafona, incômodo e ao mesmo tempo agradável sentimento fraternal em relação aos livros. Fui ler o "Fahrenheit 451" pra ver se a coisa passava, e ela piorou. É esse o roteiro que me trouxe, mais uma vez, à patética e ingrata missão autoimposta de tentar convencer os outros a ler.
Você não vai parar de respirar se deixar de abrir um livro. Provavelmente não vai ganhar mais dinheiro se ler com regularidade. Mas – e isso eu posso garantir – você vai se sentir tão bem. Tão livre. Tão forte. Vai expandir seu mundo, perceber que existem outras pessoas, outras formas de viver, outras formas de pensar e, assim, se dar conta de que a agressividade com que trata os outros não faz sentido.
"Como você se tornou tão vazio?", questiona-se Guy Montag, o bombeiro do "Fahrenheit 451" que, por profissão, queima livros. Apesar de viver nesse futurístico apocalipse literário, por obra do acaso ele percebe que "é preciso ser incomodado de verdade de vez em quando". Para fora das séries de tevê, para fora da interminável e superficial internet, para dentro de si mesmo.
Apenas metade da população brasileira tentou algo parecido no ano passado, de acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. A média de quatro livros por ano vai se mantendo há décadas e você ainda se pergunta por que o país segue na mesma, ou pior: acredita que as coisas estão melhorando só porque é possível consumir mais.
O psicanalista francês Pierre Bayard escreveu um livro chamado "Como falar dos livros que não lemos" na tentativa de dessacralizar a literatura e, assim, incentivar a leitura. A obra desempenha bem seu papel (o argumento faz sentido), mas prefiro o reverso da psicologia reversa. Tem um pessoal por aí sentindo, pensando, entendendo, existindo. Quando você começa?

Postado no blog Brasil 247 em 16/06/2012


Com estas imagens deliciosas não te dá vontade de ler?

Atropelamentos, punições e política de transportes




Editorial

Leitor e comentador assíduo deste site, o internauta que se identifica como Felipe X em geral não concorda com as abordagens das matérias e as posições assumidas pelo Sul21. As críticas que posta mais de uma vez ao dia como comentários em nossas páginas são, por vezes, ferozes e, quase sempre, vão em direção oposta ao ponto de vista do jornal.

Hoje (15), entretanto, Felipe X postou um comentário em perfeita sintonia com a posição do  Sul21 e que, por sua clareza e capacidade de síntese, merece ser transcrito aqui. A respeito da decisão da juíza da 1ª Vara do Júri de Porto Alegre, que determinou que o atropelador dos ciclistas da pedalada promovida pela Massa Crítica na noite de 25 de fevereiro de 2011 seja julgado por júri popular, respondendo pela acusação de 17 tentativas de homicídio qualificado, Felipe X postou, ao final da matéria do Sul21, o seguinte comentário:

“A decisão faz sentido, mas o que me chateia é que a vontade por sangue é maior do que a discussão sobre soluções. Este motorista deveria ter perdido sua carteira de habilitação há muito tempo! Já tinha sido multado até por andar em cima da calçada. Está na hora da CNH ser vista realmente como uma licença e não como um direito básico. O governo tem parte de culpa neste crime.”.

Sem que se minimize a gravidade dos atropelamentos em pauta, merecem reflexão as afirmações implícitas na postagem de Felipe X de que 1) a indignação pública se apega ao fato em si e exige punição de quem o praticou, mas 2) parece não se indignar com a leniência das punições sobre as faltas aparentemente menos graves cometidas diuturnamente por centenas de motoristas.

Se os condutores de veículos motorizados que cometem abusos e exibem comportamento agressivo ao dirigir fossem punidos com mais rigor e suas Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH) recolhidas tão logo eles atingissem o limite de pontuação tolerado por infrações e, ainda, se os motoristas que atropelam e matam quando dirigem embriagados, na contramão e/ou em excesso de velocidade, fossem punidos com rigor, certamente as infrações diminuiriam e as morte e atropelamentos no trânsito teriam redução significativa.

No Japão, para se citar um exemplo extremo, quem comete faltas no trânsito e é multado por isto é considerado um indivíduo antissocial e seu comportamento repreendido pela maioria, pois se entende que sua atitude coloca em risco a vida e o bem-estar de toda a comunidade.

Indo mais além das punições, no entanto, é chegado o momento de o poder público, de todos os níveis, rever a prioridade que vem dando desde os anos 50 do século passado ao transporte rodoviário e à locomoção por meio de veículo motorizado individual e particular. Hoje, as vias públicas estão abarrotadas e, em decorrência da melhoria dos rendimentos das famílias e das facilidades de financiamento de veículos, tendem a se tornar cada vez mais intrafegáveis. Os deslocamentos tornam-se cada vez mais lentos e os motoristas cada vez mais estressados.

Sem que se analise aqui a irracionalidade da política de transporte de cargas adotada ainda hoje no Brasil e tratando apenas do transporte de passageiros, bastam alguns cálculos aritméticos simples para se perceber quão absurda é a política de incentivo ao consumo de veículos motorizados para o transporte de pessoas no país. Em média, os carros de passeio pesam entre 700 kg e 900 kg e transportam 1 e ½ passageiro por veículo, que pesam, em conjunto, cerca de 105 kg e se deslocam, nas grandes cidades, a uma velocidade média de 10 a 12 km horários. Considerando-se que um ônibus urbano e um vagão de metrô transportam 60 passageiros, o primeiro, e 75 passageiros, o segundo, são necessários 90 ou 112 carros para transportar o que apenas um ônibus urbano ou um vagão de metrô transportam consumindo muito menos combustível e, no caso do metrô, a uma velocidade média três ou quatro vezes maior e, o que é ainda melhor, agredindo muito menos o meio ambiente.

Para que ocorra a mudança da política de transporte de passageiros atualmente existente no Brasil, é preciso que cresça não apenas a Massa Crítica e os demais movimentos de incentivo ao uso de bicicletas e de veículos de transporte coletivo, mas é fundamental que cresça também, e muito, a capacidade de gestão dos governantes e a consciência crítica do conjunto da população. A realidade do trânsito das grandes cidades do Brasil, hoje, exige uma legislação mais rigorosa e sua efetiva aplicação, mas exige também uma mudança radical na política de transportes vigente no país.

Postado no blog Sul21 em 15/06/2012
Obs.: Imagem inserida por mim.


A linguiça de John Malkovich



Um comercial da Apple deixou os norte-americanos curiosos com a palavra "linguiça", assim mesmo, em português.

No vídeo, o ator americano John Malkovich aparece conversando com o Siri, aplicativo que (supostamente) responde a qualquer questão feita pelo dono no iPhone.

Quando o ator diz a palavra "linguiça", Siri responde que encontrou cinco restaurantes, alguns deles brasileiros, onde é possível comer a iguaria perto de onde ele está.



Postado no blog O Esquerdopata em 15/06/2012

Para se roubar um coração






Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto, não se alcança o coração de alguém com pressa. 

Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado. 
Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente. 
Conquistar um coração de verdade dá trabalho, requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança. 
É necessário que seja com destreza, com vontade, com encanto, carinho e sinceridade. 
Para se conquistar um coração definitivamente tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos. 
Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes, que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago. 
...E então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele, vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco. 
Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração. 
Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria. 
Baterá descompassado muitas vezes e sabe por que? 
Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós. 
Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava. 
... E é assim que se rouba um coração, fácil não? 
Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então! 
E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a fora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... é simples... 
É porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.

Luís Fernando Veríssimo


Os 50 anos das sandálias Havaianas



por Florestan Fernandes Jr.
Não deformam, não soltam as tiras e não tem cheiro. Este era o texto de uma das primeiras propagandas das sandálias Havaianas. Lançada em 14 de junho de 1962, a sandália de borracha não demorou muito para ser uma unanimidade nacional. Por c...onta do preço popular e da durabilidade a Havaiana pode ser considerada hoje o pisante do brasileiro. 
Democraticamente ela calça os pés de ricos e pobres, no campo e na cidade. Ao completar 50 anos a sandalia pode comemorar um outro feito, a comquista do mundo. Virou moda na Europa e nos Estados Unidos, onde um par chega a custar, acredite, US$1.500,00. 
No ano passado, vi uma multidão querendo entrar numa loja das Havaianas em Barcelona. Andando pelo bairro asiático da cidade catalã topei com imitações perfeitas não fosse pelo nome: Las Baianas, las legitimas brasileñas. 


Postado no blog Luis Nassif Online em 14/06/2012
Obs.: Imagens inseridas por mim