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O impacto das redes sociais na saúde mental

 

Ao adotar uma abordagem consciente e equilibrada nas redes sociais, podemos promover um maior bem-estar emocional e viver uma vida mais plena e satisfatória.

Vivemos numa era moderna na qual as redes sociais se tornaram um aliado fundamental nas nossas vidas, transformando a forma como comunicamos e interagimos com o mundo que nos rodeia. Porém, por trás das vantagens que essas plataformas oferecem, sua saúde mental pode ficar comprometida.

Quer se trate de uma comparação contínua com outras pessoas ou da exposição a conteúdos negativos, as redes sociais podem desencadear uma variedade de emoções, como ansiedade e depressão. Portanto, reconhecer a influência dessas plataformas é crucial para preservar o bem-estar emocional.

Como as mídias sociais podem afetar sua saúde mental?

Durante as últimas décadas, temos testemunhado o crescimento exponencial das redes sociais e a sua imersão na vida quotidiana humana. Segundo a página de dados do Statista, estima-se que até 2024 haverá 5,17 bilhões de utilizadores em plataformas como Facebook, X, Instagram, TikTok e YouTube. O que representa quase 63% da população mundial.

No entanto, esse fenômeno não está isento de desafios que podem alterar o bem-estar emocional de crianças, adolescentes e adultos. E, além de evitar o uso excessivo das redes, é fundamental se proteger do cyberbullying, um problema que pode ter consequências devastadoras para a saúde mental de quem o vivencia.

Aqui estão algumas maneiras pelas quais a mídia social pode afetar seu bem-estar emocional:

1. Baixa autoestima e alteração da autopercepção


O cyberbullying e os comentários negativos podem levar à baixa autoestima nos adolescentes.

Navegar nas redes sociais é abrir uma porta para um mundo de aparente perfeição, felicidade e padrões de beleza inatingíveis. Cada imagem cuidadosamente editada e atualização de status parecem transmitir uma narrativa de sucesso e realização pessoal. Mas, na maioria dos casos, são realidades distantes da nossa.
"Quando não temos uma boa autoestima, a comparação social prejudicial pode afetar a percepção que temos de nós mesmos. Isso pode levar a sentimentos de inadequação, inveja e insegurança, o que deteriora a autoestima e o bem-estar mental."
Um estudo publicado na revista Addictive Behaviors envolvendo 23.592 pessoas sugeriu que o uso excessivo e viciante das redes sociais está relacionado ao narcisismo e à baixa autoestima. Um problema ligado à necessidade de atenção e validação, e que costuma afetar mais as mulheres jovens e solteiras.

2. Ansiedade e FOMO (Fear of Missing Out)

FOMO, ou o medo de perder, é a preocupação de não estar ciente do conteúdo e das interações on-line. Segundo pesquisa do International Journal of Environmental Research and Public Health, o FOMO pode causar ansiedade, atrapalhar o sono, afetar a concentração e gerar dependência de redes sociais.

Da mesma forma, essa pressão incansável para estarmos sempre conectados e atentos ao que se passa na internet pode levar ao aumento dos níveis de estresse, bem como a dificuldades em desligar-se e relaxar. Além disso, pode levar a comportamentos compulsivos, como verificar obsessivamente as redes sociais.

3. Dependência e vício


É fundamental procurar ajuda profissional quando o uso excessivo das redes sociais afeta o seu dia a dia.

A dependência das redes sociais se manifesta em comportamentos como a necessidade compulsiva de verificar frequentemente as notificações, a dificuldade de permanecer on-line por longos períodos de tempo e a sensação de mal-estar ou ansiedade quando não é possível acessar a internet.
"Essa dependência pode interferir no dia a dia, afetando as relações interpessoais, o desempenho acadêmico ou profissional e a saúde mental geral das pessoas."
Por outro lado, a dependência das redes sociais pode ser ainda mais grave e ter um impacto devastador na saúde mental, aumentando o risco de depressão, ansiedade, solidão e baixa autoestima. Isso se caracteriza pela dedicação excessiva de tempo às redes em detrimento de outras atividades importantes.

4. Isolamento social e desconexão

O uso excessivo das redes sociais pode levar a uma diminuição na quantidade e na qualidade do tempo que passamos com amigos e entes queridos no mundo real. Em vez de interagir com as pessoas ao nosso redor, podemos ficar absortos nas telas, perdendo oportunidades valiosas de conexão genuína e apoio emocional.

O que foi dito acima é muito preocupante, pois, segundo estudo publicado na revista Addictive Behaviors, apenas o apoio na vida real está ligado a sentir-se menos deprimido, ansioso e sozinho. Isso sugere que o contato real é mais importante para a nossa saúde mental do que as interações on-line.

5. Esgotamento e fadiga mental

Quando passamos muito tempo em frente às telas dos nossos dispositivos, nosso cérebro fica sobrecarregado com informações e estímulos constantes. Isso pode nos levar a nos sentir exaustos.

A exaustão mental pode se manifestar como dificuldade de concentração, falta de motivação e sensação geral de cansaço. Por sua vez, a exposição constante às redes sociais pode interferir no nosso sono, agravando ainda mais o cansaço mental e físico.

Use as redes sociais com sabedoria e cuide da sua saúde mental

Seu bem-estar emocional é uma prioridade, e tomar decisões sobre o uso saudável das redes sociais pode fazer uma grande diferença em como você se sente no dia a dia. Portanto, priorize as interações pessoais com seus entes queridos, pratique a desconexão digital, proteja-se do cyberbullying e procure ajuda profissional, se necessário.

Escrito por Pablo Ramírez

Bibliografia

Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.Alutaybi, A., Al-Thani, D., McAlaney, J., & Ali, R. (2020). Combating fear of missing out (FoMO) on social media: The FoMO-R method. International Journal of Environmental Research and Public Health, 17(17), 6128. https://www.mdpi.com/1660-4601/17/17/6128

Andreassen, C. S., Pallesen, S., & Griffiths, M. D. (2017). The relationship between addictive use of social media, narcissism, and self-esteem: Findings from a large national survey. Addictive Behaviors, 64, 287-293. https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0306460316301095

Meshi, D., & Ellithorpe, M. E. (2021). Problematic social media use and social support received in real-life versus on social media: Associations with depression, anxiety and social isolation. Addictive Behaviors, 119, 106949. https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0306460321001349

Rachubińska, K., Cybulska, A. M., & Grochans, E. (2021). The relationship between loneliness, depression, internet and social media addiction among young Polish women. European Review for Medical & Pharmacological Sciences, 25(4). https://www.researchgate.net/profile/Kamila-Rachubinska/publication/349825491_The_relationship_between_loneliness_depression_internet_and_social_media_addiction_among_young_Polish_women/links/605c93cd458515e8346df352/The-relationship-between-loneliness-depression-internet-and-social-media-addiction-among-young-Polish-women.pdf

Statista. Number of social media users worldwide from 2017 to 2027(in billions). Recuperado el 26/02/2024 de: Number of worldwide social network users 2027 | Statista







Nota 

Devemos e podemos achar um melhor aproveitamento do nosso Tempo.

O equilíbrio entre nossa "vida virtual" e nossa Vida Real significa saúde física e mental, vida em família com qualidade, realização dos nossos sonhos, valorização das amizades sinceras e, quem sabe, não termos arrependimentos pelo Tempo perdido.

 E no final deste nosso Tempo, ao olharmos para traz, poderemos dizer :
 
Espalhei Felicidade e Fui Feliz ! 

Rosa Maria - editora do blog




Viver - Marcelo Falcão

Viver é um sonho mutante
Viver é respirar sem culpa
Viver é fazer parte da família
Viver é uma eterna vigília
Viver é manter o coração ereto
Viver é respeitar todas as leis do afeto
Viver é melhor que sonhar

Lá, lalalalala lalalalala lalalalala
Lá, lalalalala lalalalala lalalalala

Viver, viver a vida que eu vivo
Às vezes com emoção
E outras vezes com perigo

Viver, viver até na contramão
Procurando o tempo perdido, o tempo perdido
Que não voltará jamais

Viver, não é fácil não
Tem que ter coração, disposição
É acreditar nos seus sonhos
Senão o castelo cai

Viver (oh viver), viver (oh viver), viver
Viver (oh viver), viver (oh viver), viver (oh lord)

Cada segundo que passa
Toda moda sempre passa
Vou vivendo na raça
Misturando com a massa
É assim que eu sei viver

Cada segundo que passa
Toda moda passa
Vou vivendo na raça
Misturando com a massa
É assim que eu sei viver

Viver, viver, vivera vida que eu vivo
Às vezes com emoção
Outras vezes com perigo

Viver, viver, viver a vida cada um, cada um
Procurando um, procurando um sentido
E é assim que eu sei viver

Viver, viver sem medo eu vou vivendo
Cada segundo aprendendo e
Aprendendo, e assim, eu aprendo mais

Lá, lalalalala lalalalala lalalalala
Lá, lalalalala lalalalala lalalalala

Viver (oh viver), viver (oh viver), viver
Viver (oh viver), viver (oh viver), viver
Cada segundo que passa
Toda moda sempre passa
Vou vivendo na raça
Misturando com a massa
É assim que eu sei viver

Cada segundo que passa
Toda moda passa
Vou vivendo na raça
Misturando com a massa
É assim que eu sei viver
Fonte: LyricFind

Compositores: Luís de França Guilherme de Queiroga Filho / Marcelo Falcao Custodio

10 maneiras para manter a sanidade mental na quarentena




Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o líder mundial de pessoas que sofrem de ansiedade. Tendo em conta os dados fornecidos existem 18,6 milhões de brasileiros, ou seja, cerca de 10% da população convivendo com o transtorno. 

O período de quarentena por pandemia de coronavírus agravou ainda mais o cenário. A incerteza do momento e as preocupações a ele relacionadas tendem a que se verifique um aumento dos níveis de estresse e ansiedade na população. Desta forma, e sendo estados mais ou menos permanentes estes podem fragilizar o sistema imunológico e debilitar o equilíbrio mental.

Se a situação da quarentena já era algo novo para nós, imagina uma quarentena da qual não vemos o seu termino? O filósofo e psicanalista Fabiano de Abreu preocupado com o excesso de pessoas que o procuram e também avaliando o comportamento das pessoas neste atual momento, dedicou-se a criar 10 maneiras para que possa se manter bem mentalmente em plena quarentena. 

“Amigos, clientes, pessoas no mercado e farmácias, muitos estão numa etapa diferente na quarentena. Hoje um dos meus amigos dono de um bar chegou a perder o controle ao falar do estado atual em que nos encontramos.” 

Após este episódio do seu amigo e de outras pessoas que Fabiano vem observando, o filósofo disse que, imediatamente buscou o que ele chama de equilíbrio para encontrar maneiras e ajudar as pessoas que estão em quarentena.

“Precisamos buscar o equilíbrio, chamarei de equilíbrio o ponto essencial para sabermos lidar com esta quarentena. Exatamente por isso decidi elaborar esta listagem.”

1 – Pense positivo – Esta é a primeira das dicas pois é primordial para as outras 9 funcionem. Tudo tem um lado positivo até nas coisas ruins que acontecem. Ser positivo é essencial para que possamos ter a mente tranquila para buscar planos e planejamentos futuros. O caminho para uma mente positiva é ter a propriedade intelectual de buscar pensamentos que o agrade. Seja numa ação presente ou projetar ações futuras. 

2 – Mantenha a sua rotina – Que tal manter a mesma rotina de horários de trabalho e buscar mecanismos para atendimento online ou organizar o seu site e rede social? É um momento também para pesquisar sobre a sua profissão e procurar outras formas para conseguir a remuneração desejada a partir de sua casa. Pode ainda organizar o seu trabalho para quando isso tudo acabar. Busque estratégias, conhecimentos, quem sabe aquele planejamento que não colocou adiante por falta de tempo não possa ser melhor observado agora?

3 – Interatividade – Vá além da mídia social, a claridade da tela em seu rosto e o excesso de informações pode ativar a ansiedade e atrapalhar o seu equilíbrio na quarentena. Tente variar as atividades para a interatividade. Busque brincadeiras com a família ou com o parceiro(a). Tem quem goste de videogame ou uma boa série ou filme. Ver documentários e ler livros contribuem para aumentar o seu conhecimento. Aprender satisfaz, ativa a dopamina, hormônio da recompensa, quando absorvemos algo de novo.

4 – Notícias e mídia social – Temos que nos manter informados, claro, mas isso não quer dizer ficar o dia inteiro lendo notícias e navegando na mídia social. Escolha os sites de notícias que sejam realmente sérios e credíveis para ficar a par dos acontecimentos. É sempre bom ler na parte da manhã pois, ler a noite pode ativar a ansiedade e preocupação atrapalhando o sono. À noite estamos mais relaxados e com a mente mais desocupada, focar na rede social e nas notícias é iniciar um longo período olhando informações que poderão trazer tristeza, ativar a ansiedade e provocar a perda ou sono tardio. 

5 – Exercícios físicos – Mesmo se não tinha o costume de fazê-los, que tal tentar começar? Exercícios físicos não são apenas bons para uma boa forma e melhor saúde física mas também para uma melhor saúde mental. Os exercícios liberam o hormônio da endorfina que dá a sensação de bem-estar, alegria, conforto e bom humor.

6 – Crie metas – Não posso deixar de falar nesses hormônios da felicidade e do bem estar. Quando estão em baixa, podem levar a tristeza e posteriormente à depressão ou outras doenças que prejudicam a saúde mental. Criar metas e conquistá-las ativa o hormônio da dopamina. Quando produzida de forma equilibrada, ela também está associada ao amor, bem-estar, felicidade e ao prazer. Crie metas a curto prazo e também a longo prazo. Seja um jardim a capinar, uma mesa a consertar, um trabalho para concluir, um livro para ler, uma série para assistir, um texto ou planos futuros. Tudo e qualquer coisa, por menor que pareça ser mas que crie como meta, estará não só ativando a dopamina mas também ocupando o seu tempo. 

7 – Hábitos alimentares saudáveis – Uma boa alimentação ajuda não só a ativar os hormônios da felicidade mas também vai manter a sua imunidade alta para se proteger de doenças. É sabido que o Covid-19 mata mais pessoas com imunidade baixa e a alimentação é crucial neste momento. Que tal brincar de ser cozinheiro e distrair-se fazendo uns belos e deliciosos pratos na cozinha. Pode ser a hora também de ensinar os filhos a cozinhar. 

8 – Tarefas de casa – Que tal ocupar o seu tempo organizando a casa? Aquele armário que nunca tem tempo de arrumar ou a horta que sempre quis plantar. Que tal dividir tarefas em casa e deixa-la do jeito que sempre quis. Ambientes renovados, alma renovada. Depois que bagunçar com brincadeiras em família, arrume novamente. Se tiver com preguiça, não se esqueça que arrumar casa também é um exercício físico. 

9 – Organize a sua vida familiar – Aproveite este tempo para interagir mais com a família ou com o seu ou a sua parceira. Para quem tem filhos, seja mais amigo do filho, saiba mais sobre ele, aproveita e recupere todo o tempo perdido neste mundo atribulado que vivemos. Dedica-se mais à família, como eu disse no tópico 1, isso é pensar positivo em algo negativo. A quarentena é negativa mas torna-se positiva quando nos obriga a sermos melhores e mais presentes. 

10 – Curta seu animalzinho – Para quem tem bichinho em casa, este é o momento de se dedicar mais a ele. Recupere toda aquela carência que ele sentia com a sua ausência anterior. Animaizinhos de estimação são ótimos também para o equilíbrio emocional. Saiba que o seu bichinho de estimação faz liberar a ocitocina, o hormônio do amor, o mesmo que liberou ao conhecer o seu parceiro(a). 

11 – Alinhe-se com a natureza – Nós viemos da natureza. Por milhares de anos interagimos com ela e a usamos para nos proteger e nos alimentarmos. Sempre estivemos vinculados a ela de corpo e alma, portanto, vale a pena voltarmos a conversar com ela e buscar um pouco desta energia que está em nosso instinto. Faça um teste, observe uma árvore, folha, flor e pense o quanto ela é importante e familiar e sentirá uma boa energia como recompensa. Cultive bons sentimentos, dê boas ideias em casa, crie harmonia, e tente praticar cada um dos tópicos que aconselho.

Essencialmente temos que focar no melhor de cada um, no melhor de cada coisa, no melhor de cada situação. Se de cada tarefa ou etapa retirarmos um pequeno percentual de felicidade teremos o que nos fazer sorrir ao final do dia.






Um dia de cada vez : contra o adoecimento mental da pandemia


7 dicas para manter a saúde mental durante a pandemia do coronavírus

Alberto Silva 

Mente sã, corpo são. É possível falar de saúde mental e equilíbrio pessoal em tempos de covid 19? Parece ser difícil afastar o espectro do pânico quando o inimigo invisível se instaura entre nós, ameaçando arrancar todas as perspectivas.

As pessoas vão à escola, ao trabalho, à universidade. Consultam-se nos hospitais, fazem compras nos shoppings, bebem nos bares, comem nos restaurantes, divertem-se nos teatros e cinemas. Em diferentes espaços, constituem-se as arenas de sociabilidade, os terrenos onde se exercitam as liberdades de ir e vir e de consumo. O dia-a-dia e a rotina fazem-se dos encontros, das trocas, dos fluxos e contatos.

Os indivíduos são eminentemente interdependentes, se constituem através da linguagem travada com o “outro”. Portanto, são seres das multidões, pois é nelas que criam relações e constituem a sua própria subjetividade. Essas lições básicas da sociologia contemporânea não cessam de ter espaço, ainda mais em um momento em que governos do mundo inteiro realizam um experimento em larga escala de confinamento de populações inteiras. O Leviatã mostra aqui todo o seu poder, em uma tentativa de frear a escalada de casos registrados de morte e contaminação por um vírus até pouco tempo misterioso.

No filme Teorema (1968) de Pier Paolo Pasolini, um clássico do cinema italiano e uma de minhas referências fundamentais, um estranho visitante leva uma família da alta sociedade a mudanças fundamentais. O rapaz, além de seduzir afetivamente a todos os membros do clã, ainda os leva a loucura. Também hoje, um vírus estranho nos visita a partir da China, impressionando por suas capacidades destrutivas e produzindo tensão, ansiedade, incertezas e vertigem.

Nessa conjuntura, o mundo de repente parou, forçando uma mudança radical nas nossas relações. Os amigos ou vizinhos queridos tornaram-se pessoas distantes; passou-se a evitar o contato com parentes, ainda mais se forem idosos ou crianças; dentro de sua própria casa, alguns metros são centrais para a precaução.

São consequências que reverberam nos micro espaços e ao mesmo tempo geram temor e paranoia: não se sabe até quando ficaremos nesse cenário de instabilidades, de paradas. Nele, muitos são os que perdem o emprego e as possibilidades de garantir o sustento para si e os mais próximos. Nele, carecemos de solidez em nossos planejamentos. A sustentação dos horizontes faz-se fluida e gelatinosa. Diante dele, a vontade contemporânea de tudo ser e tudo agarrar mostra-se como na verdade é: vã, inútil, pois nossos esforços conduzem ao ilusionismo.

O marketing corrente do sujeito do desempenho está agora frente a frente com a interrupção mesma da dinâmica do capitalismo. É necessário parar, com todos os custos que disso decorrer, ou senão adoeceremos e quiçá morreremos. Os que podem dão sequência a dinâmica da produtividade das suas casas, graças à tecnologia que hoje permite a extensão da linha de produção para a esfera do “privado” (sic). Outros continuam nos serviços essenciais, pois os nichos relacionados à saúde e ao abastecimento não podem parar.

Mais do que nunca, a intelectualidade e o pensamento crítico não podem fazer desses tempos férias impostas coercitivamente. Há material vivo para a reflexão, a inquietação e a perturbação. E há de se ter cuidado com o verbo “perturbar”. Se o mundo tal como conhecemos desaba, é natural que nem toda a reação seja de tranquilidade ou serenidade. Cresce a angústia com a letargia das pesquisas científicas e a morosidade das administrações. Deteriora-se o estado de saúde mental.

Correm em sites, vídeos, livros e informativos, algumas recomendações para proteger o seu “estado de espírito” durante a crise mundial vivenciada: não ler demasiadamente as informações correntes; cultivar algum hobbie (curso online, desenhar, assistir um filme, ler um livro etc.); e não deixar de fazer exercícios físicos, ainda que em casa. No fundo, o que se indicam são paliativos: modos de não se abalar suficientemente com o choque e a tragédia do horror emergente.

Busquemos o equilíbrio, afinal não somos como Deus, onipotentes. Cabe a nós cuidar de nosso terreno, não manter preocupações infinitas e simultâneas ao mesmo tempo. Tristemente, a realidade é o quadro em que dança a morte, pintado em pandemias passadas. Dificilmente se contém isso com uma dúzia de mãos leigas. Há especialistas, dia e noite, a decifrar o enigma. Em uma analogia com a história da arte, do jardim das delícias de Bosch (o cotidiano sem grandes intempéries) passou-se ao afresco em que os cidadãos europeus enterram os mortos pela peste negra.

Hoje, quando a ciência vive a sua batalha final contra o negacionismo, o casulo no qual muitos de nós fomos metidos repentinamente pode ser a chance de uma metamorfose, de um reencontro ou transformação. Isso é verdade. Mas para a maioria não deixa de ser agonia, aflição. Para quem mostra os sintomas da praga, desespero. Mas voltar-se a si, na tragédia grega (ops… italiana ou brasileira) dos nossos tempos, é da inevitabilidade da sanidade.

Somos tão finitos e passageiros quanto o mundo é perene até decisão contrária. A consciência de que não detemos sequer o controle de nossas próprias vidas vai de encontro à bulimia informacional. Como indivíduos, continuamos suscetíveis a cumprirmos o papel de átomos isolados, de números de estatísticas a serem divulgadas nos telejornais. O “eu”, mesmo provido de grande quantidade de recursos, não se mostra tão importante quanto pensa que é. A ilusão de grandeza é isso: ilusão, como o são também o passado e o futuro pelos quais deitamos em pensamentos e memórias. Procurar ajuda e ser firme ao mesmo tempo, são algumas táticas nas quais podemos nos fiar para resguardar algum tipo de salubridade no interior de nossas cabeças a essa altura.

A globalização que permitiu a circulação de pessoas, bens e capitais como jamais se presenciou na história da humanidade, permite agora a difusão rápida e acelerada de um mal, a partir de: aviões, navios, portos e aeroportos. O ideal do cidadão viajante e cosmopolita e das fronteiras livres e abertas está em cheque. Mais do que nunca, temos um flanco para o fortalecimento da xenofobia e do nacionalismo acrítico, embora a problemática global dependa de esforços globais em sua resolução.

A alteridade ainda é fundamental, mesmo para quem está sozinho em casa. As experiências bem-sucedidas lá fora devem ser adotadas cá dentro. O que ocorrer no alto dos poderes terá reflexos diretos na salvação de muitos (embora não seja possível evitar todas as mortes). E das saídas racionais e informadas haverá um sopro de esperança e sanidade nessa loucura que se abateu e obrigou a muitos de nós cuidados extremos.

A gripe que se abate sobre a humanidade nesse assombroso 2020 tem sido comparada a gripe espanhola (a cuja imagem principal do texto se refere) de meados do século XX que matou aproximadamente 100 milhões de pessoas. Entretanto, no oposto daquele tempo, agora dispomos de muito mais equipamentos hospitalares, remédios, inovações e profissionais qualificados do que naquela época para lidar com a suposta “histeria”. Como declara a OMS na data de 25/03/2020 cabe às lideranças políticas programarem as medidas que minimizem o caos na saúde pública.

Também no plano da psicologia estamos mais armados para lidar com os danos do sofrimento psíquico que já se faz presente na suposta “normalidade” de nossas vidas e se acentua nos últimos dias. Não dispomos de políticas públicas consistentes quanto a isso, mas já há pronto-atendimentos, inclusive por telefone, em parte significativa das cidades brasileiras para ajudar a preservar a vida de pacientes acometidos por problemas emocionais. São serviços que contam com voluntários e profissionais. O cuidado de si, seja pela verbalização da sua própria narrativa seja por medicamentos, nunca foi tão importante. Na pandemia do novo coronavírus, não precisamos lidar com o cansaço mental sozinhos. A grande luta de nossa geração será cumprir o dever de retirar intactos os nossos pulmões e os nossos cérebros.




Um dia de cada vez : contra o adoecimento mental da pandemia


7 dicas para manter a saúde mental durante a pandemia do coronavírus

Alberto Silva 

Mente sã, corpo são. É possível falar de saúde mental e equilíbrio pessoal em tempos de covid 19? Parece ser difícil afastar o espectro do pânico quando o inimigo invisível se instaura entre nós, ameaçando arrancar todas as perspectivas.

As pessoas vão à escola, ao trabalho, à universidade. Consultam-se nos hospitais, fazem compras nos shoppings, bebem nos bares, comem nos restaurantes, divertem-se nos teatros e cinemas. Em diferentes espaços, constituem-se as arenas de sociabilidade, os terrenos onde se exercitam as liberdades de ir e vir e de consumo. O dia-a-dia e a rotina fazem-se dos encontros, das trocas, dos fluxos e contatos.

Os indivíduos são eminentemente interdependentes, se constituem através da linguagem travada com o “outro”. Portanto, são seres das multidões, pois é nelas que criam relações e constituem a sua própria subjetividade. Essas lições básicas da sociologia contemporânea não cessam de ter espaço, ainda mais em um momento em que governos do mundo inteiro realizam um experimento em larga escala de confinamento de populações inteiras. O Leviatã mostra aqui todo o seu poder, em uma tentativa de frear a escalada de casos registrados de morte e contaminação por um vírus até pouco tempo misterioso.

No filme Teorema (1968) de Pier Paolo Pasolini, um clássico do cinema italiano e uma de minhas referências fundamentais, um estranho visitante leva uma família da alta sociedade a mudanças fundamentais. O rapaz, além de seduzir afetivamente a todos os membros do clã, ainda os leva a loucura. Também hoje, um vírus estranho nos visita a partir da China, impressionando por suas capacidades destrutivas e produzindo tensão, ansiedade, incertezas e vertigem.

Nessa conjuntura, o mundo de repente parou, forçando uma mudança radical nas nossas relações. Os amigos ou vizinhos queridos tornaram-se pessoas distantes; passou-se a evitar o contato com parentes, ainda mais se forem idosos ou crianças; dentro de sua própria casa, alguns metros são centrais para a precaução.

São consequências que reverberam nos micro espaços e ao mesmo tempo geram temor e paranoia: não se sabe até quando ficaremos nesse cenário de instabilidades, de paradas. Nele, muitos são os que perdem o emprego e as possibilidades de garantir o sustento para si e os mais próximos. Nele, carecemos de solidez em nossos planejamentos. A sustentação dos horizontes faz-se fluida e gelatinosa. Diante dele, a vontade contemporânea de tudo ser e tudo agarrar mostra-se como na verdade é: vã, inútil, pois nossos esforços conduzem ao ilusionismo.

O marketing corrente do sujeito do desempenho está agora frente a frente com a interrupção mesma da dinâmica do capitalismo. É necessário parar, com todos os custos que disso decorrer, ou senão adoeceremos e quiçá morreremos. Os que podem dão sequência a dinâmica da produtividade das suas casas, graças à tecnologia que hoje permite a extensão da linha de produção para a esfera do “privado” (sic). Outros continuam nos serviços essenciais, pois os nichos relacionados à saúde e ao abastecimento não podem parar.

Por que estamos sempre cansados ?


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Jackson César Buonocore

A resposta seria: a falta de empenho ou tem algo errado com os nossos hábitos e corpo. Mas, não é tão simples assim? É por isso, que recorremos ao pensamento do filósofo sul-coreano Byung-chul Han, autor do livro “Sociedade do Cansaço”, que mostra o excesso de positividade, que culmina nas mais diversas patologias psicológicas.

Han faz a crítica da positividade e da sociedade do desempenho, que são as causadoras dos males da alma, em decorrência dos efeitos colaterais dos discursos motivacionais, nos quais imperam as mensagens de ação produtiva, e que todas as metas são alcançáveis.

Ele afirma que a sociedade do desempenho seria um contraponto à sociedade disciplinar, do século 20, postulada pelo filósofo francês Michel Foucault. A sociedade do desempenho produz deprimidos e perdedores, já que ela nutre o poder de elevar o nível de produtividade, através da técnica disciplinar: “do imperativo do dever”.

Podemos comparar isso ao “animal selvagem”, que devido à necessidade de sobrevivência está focado em várias atividades, mantendo uma visão rasa. Aliás, Han considera que os avanços tecnológicos, a web e as redes sociais criaram as doenças neuronais.

É nesse percurso, que o autor avalia que a era bacteriológica e viral transformou-se na era das doenças neuronais, da mente, que está ligada a subjetividade, na qual a sociedade da positividade traz uma prática de violência, que resulta na superprodução, superdesempenho e supercomunicação.

A sociedade estudada por Foucault gerava loucos e delinquentes. Porém, na sociedade analisada por Han surge à patologia do fracasso do homem pós-moderno, de uma agressão sistêmica que causa pequenos infartos psíquicos, que tomam conta da nossa época: depressão, transtorno de personalidade limítrofe, síndrome de burnout, hiperatividade, etc.

Uma pesquisa realizada pelo Ibope, em 2013, apontou que 98% dos brasileiros sentiam-se cansados mental e fisicamente. Além do cansaço sofremos de um desânimo cruel, pois os mais pobres se acostumaram a ficar sempre em um estado hipervigilância. Por exemplo: de janeiro a julho deste ano a polícia carioca matou 1.075 pessoas, o maior número de mortes cometidas pela polícia em 20 anos.

A saúde mental nas favelas sofre com o transtorno de estresse pós-traumático, porque a cidade do Rio de Janeiro vive um estado de guerra, que afeta a vida dos moradores da periferia. No ano passado uma a cada três escolas no Rio passaram ao menos um dia fechadas em razão da violência, imaginem o cansaço neuronal dos alunos.

Enfim, a sociedade do cansaço nasce da conexão de todos esses fatores, que Han chamou de “infarto da alma”, ou seja, uma fadiga extrema, em que cada pessoa possui seu próprio grau de esgotamento. Contudo, existe uma saída para isso: que é uma vida contemplativa, associada a uma filosofia de resistência aos estímulos hiperativos e opressivos, de uma sociedade consumista, onde mais se vive, mas se sobrevive.

* Jackson César Buonocore é Sociólogo e Psicanalista






7 dicas para não afundar na ‘bad’ em tempos de incerteza, segundo a filosofia


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Bibiana Beck

Em tempos em que medo, ódio e as incertezas sobre o futuro ultrapassam os limites aceitáveis, é normal que muitos de nós busquemos como estratégia o isolamento. Evitar a si e aos outros pode funcionar por um tempo, mas acaba colocando nossa saúde mental em risco. Para continuarmos bem-vivendo mesmo em tempos de profunda crise, torna-se ainda mais importante (ainda que mais difícil) estar-no-mundo, apostar em autocuidado e cultivar os bons encontros.

Considero que uma das melhores coisas em ser ~de humanas~ é ter a possibilidade de encontrar pela vida outras pessoas que também são. Há alguns meses atrás ganhei um presente de um professor, desses, bem de humanas, em uma das disciplinas do curso de Psicologia. O presente era bem singelo. Nada além de uma folha de papel onde se lia: “Regras facultativas para uma arte dos bons encontros”. Algumas das teorias do Baruch Spinoza, um filósofo contemporâneo de Descartes – que infelizmente não teve tanto destaque -, estavam resumidas em alguns poucos tópicos práticos e queridos.

Partindo do princípio que vale mais construir pontes do que muros (alô, Trump), trazemos aqui uma lista cheia de valor para aqueles que precisam se manter sãos e fortes em tempos difíceis. As imagens são meramente ilustrativas:

1. “Elimine as paixões tristes”

Spinoza definiu paixões como o poder que um corpo tem de afetar e modificar sua potência e a sua existência. Paixões tristes são os encontros que enfraquecem a nossa potência. São elas a tristeza, ódio, medo, culpa, ciúme… Você há de convir que não servem para nada, né?


2. “Aprenda prazeres difíceis”

Existem prazeres que devem ser conquistados pouco a pouco, pois não são fáceis de aprender. No entanto, quanto mais a gente pratica, melhor a gente fica e mais prazer a gente sente. Para criar paixões alegres, dedique algum tempo à dança, teatro, tocar um instrumento musical, pintar, praticar yoga, surfar e, segundo o tal professor, tá valendo até o sexo com um aliado ou aliada e amar sem depender.


3. “Não seja escravo dos prazeres fáceis”

Comer, beber, fumar e/ou maratonear aquela série é bom e (quase) todo mundo gosta, né? Como diria o meme: não posso nem ver que eu adoro. Porém, o ideal é que a gente não condicione a nossa felicidade a isso ou a gente pode cair na cilada do excesso e deixar de lado outras coisas importantes válidas para que a gente consiga ter sucesso na missão de se manter de pé.


4. “Seja o governador da sua vida”

Como bem dizia Mário Quintana: “O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada a ver com isso”. Tem coisas que só nós podemos fazer por nós mesmos. Quanto antes a gente pegar nossa vida na mão com muito carinho e assumir a responsabilidade por ela (e pelas decisões que constroem as condições para que ela exista), melhor.


5. “Não queira governar a vida de ninguém”

Sim, tem sido difícil amar as diferenças quando elas parecem tão grandes e perigosas. Porém, tentar fazer os outros serem como a gente é uma gigantesca cilada. O caminho que cada um percorre para chegar até aqui é diferente. As pessoas e suas ações no mundo também vão ser.


6. “Faça exercícios todos os dias – mas só aqueles que seu corpo/alma gosta muito de fazer”

Para Espinosa, corpo e alma (ou mente, se você preferir) são indissociáveis. Por isso, ao cuidar de um você já tá ajudando o outro a se manter saudável. Porém, para ele, cuca fresca vale mais do que bumbum na nuca: de nada adianta aqueles agachamentos na academia se você não tá curtindo fazer.


7. “Respire”

Ainda tão pra inventar algo melhor do que a respiração profunda e consciente para varrer a angústia e desfazer nós. Nenhum tarja preta ajuda você a abraçar o presente tão bem quanto uma respiração profunda e lenta. Você já faz isso o tempo todo, né? É só continuar, só que direcionando mais atenção quando se sentir ansiosa ou ansioso.

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PS: Não tá na obra do Espinosa, mas a gente acredita que fotos de bichinhos também ajudam a resistir à bad. Sinta-se abraçado. 


Postado em Hypeness



Atividade física, alimentação e a saúde mental



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