Diário, uma tal de Adriana Dias, que é antropóloga (o que faz uma antropóloga, pesquisa de antros, tipo boate da rua Aurora?), descobriu que os nazistas brasileiros já me apoiam desde 2004.
É que ela viu publicações a meu favor em três sites nazistas diferentes.
Era essa mensagem bonita aqui, ó: “Ao término de mais um ano de trabalho, dirijo-me aos prezados internautas com o propósito de desejar-lhes felicidades por ocasião das datas festivas que se aproximam”.
Mas e daí, pô!? Qual o problema de desejar feliz natal pra nazista? Eles também gostam dessa festa. Só não gostam muito de Jesus, que era judeu, e acho que iam colocar fogo na manjedoura. Mas, tirando isso, tudo bem.
E, depois, na mensagem eu ainda dizia: “Todo retorno que tenho dos comunicados se transforma em estímulo ao meu trabalho. Vocês são a razão da existência do meu mandato”. Bonito, né?
Pra completar, tem uma foto minha fardado (os caras adoram uma farda) e uma propagandinha a favor das armas, que é o meu lobby meu desde sempre.
O tal do Intercept fez o maior bafafá com isso daí. Mas qual é a novidade? Tem que ser muito burro pra não saber que os nazistas me apoiam. Será que não lembram que eu disse que o holocausto podia ser perdoado? Será que esqueceram que o Alvim, meu ex-secretário de Cultura, deu uma plagiada no discurso do Goebbels? Será que esqueceram que o Filipe Martins, meu assessor especial, foi pego fazendo gesto de white power no Senado?
E, mesmo que tenham esquecido tudo isso, era só ver a minha cara na semana passada, quando recebi a Beatrix von Storch, deputada por um partido alemão de extrema direita e neta do ministro das Finanças do Hitler. Fiquei até com dor no maxilar.
Tá na cara que o Adolf é uma inspiração pra mim. É só ver meu cabelo, meu jeito de ficar nervoso e o meu gesto de fazer arminha (que é até mais bacana que aquele braço esticado dele).
Olha, Diário, o meu patriota é o ariano do Hitler. É o cara que se sente superior, o cara que sabe a verdadeira verdade (tipo cloroquina).
Só não vê quem não quer.
Diário do Bolso
Diário, hic, a esquerdalha está se, hic, divertindo com meu, hic, soluço.
Sadicomunistas!
Teve um sujeito que, hic, disse que o Lira tinha que botar o, hic, pedido de impitimem em pauta, que aí o susto, hic, ia me curar. E outro respondeu que melhor ainda seria dizer que, hic, tinham recuperado as, hic, mensagens do celular do Dominghetti.
A maldade dos comiquistas (mistura de cômico com comunista) é tanta que, hic, tem uma turma que até fez um bolão pra ver quem acerta a causa do meu, hic, soluço. Eles apostam que deve ser falta de máscara, hic, ou excesso de cloroquina, hic, ou pegar muito ar pela boca nas motociatas, ou, hic, a pior de todas: jato de ozônio foi muito forte. Hic!
Um sujeito me mandou ver aquela série Greys Anatomy, hic, porque a cura para o soluço estaria no episódio 23 da, hic, terceira temporada. Aí eu fui ver e o que acontece nesse capítulo é que, hic, uma pessoa morre de soluço. Perversocialista!
Aliás, Diário, um canhotopata escreveu que, se eu morrer de soluço, o soluço vira solução. Hic!
PS: Dizem que cada mentira que a gente fala vira um, hic, soluço. Pô, se for assim, hic, eu vou ficar trinta anos com esse “hic”!