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A maconha e você
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Encontraram maconha nos cachimbos usados por William Shakespeare 400 anos atrás
A notícia não é exatamente nova, mas o debate ao redor do tema se renova a cada semana: a onda de legalização da maconha em países diversos e estados dos EUA vem revelando não só o imenso negócio que é a cannabis, como os benefícios que seu uso controlado pode trazer. Os artistas sabem há muito tempo, porém, que para a criatividade o uso da maconha pode ser revolucionário – e coloca tempo nisso: há mais de quatro séculos, o maior dramaturgo e um dos maiores escritores em todos os tempos já usava a maconha. Sim, William Shakespeare era um usuário.
Detalhe de pintura retratando William Shakespeare
A descoberta foi realizada por cientistas sul-africanos, que encontraram resíduos de maconha em cachimbos, supostamente utilizados para o tabaco, escavados dos jardins de Shakespeare. Os cachimbos foram encontrados em 24 fragmentos em Stratford-Upon-Avon, onde o bardo vivia, na Inglaterra. Traços de maconha do início do século XVII foram encontrados em 8 desses fragmentos – 4 deles encontrados nos jardins shakesperianos. A influência da maconha na obra de Shakespeare, porém, pode ser vista para além da evidente imensa criatividade de uma das mais brilhantes mentes da história da literatura. Na Inglaterra elisabetana, a maconha era a segunda planta mais cultivada do país, atrás somente do trigo.
Acima, alguns dos cachimbos encontrados; abaixo, outros cachimbos de Shakespeare
Em seu célebre Soneto 76, Shakespeare se refere à “invenção de uma erva notável” – sugerindo que seu ato de escrever pode ter sido turbinado pelo uso da maconha.
A casa onde Shakespeare nasceu e viveu, em Stratford-Upon-Avon
Não é possível comprovar objetivamente que os cachimbos pertenceram de fato ao autor de clássicos como Hamlet, Rei Lear, Macbeth,Romeu & Julieta e tantas outras, e é claro que o uso da maconha de forma alguma é capaz de criar ou mesmo determinar o surgimento de um gênio como tal. Mas a descoberta sugere que, por sobre a genialidade infinita de Shakespeare, a cannabis pode sim ter sido uma influência na mais brilhante escrita da história da humanidade.
Vitor Paiva Escritor, jornalista e músico, doutorando em literatura pela PUC-Rio, publica artigos, ensaios e reportagens. É autor dos livros Tudo Que Não é Cavalo, Boca Aberta, Só o Sol Sabe Sair de Cena e Dólar e outros amores.
Mitos e verdades sobre o uso da maconha
O uso da maconha ou cannabis sativa se tornou ainda mais popular na última década. Apesar de ser uma das drogas mais consumidas, até hoje muitas pessoas têm informações incorretas sobre os benefícios e possíveis danos do uso da mesma. Ou seja, seu consumo foi ampliado, mas o tipo de informação que se conhece sobre os efeitos da maconha não foi melhorado. Além disso, os mitos que giram em torno dela são tão numerosos quanto perigosos.
Portanto, neste artigo vamos explicar os principais mitos e verdades sobre o uso da maconha. Veremos algumas das ideias mais comuns sobre o uso da maconha, como seus possíveis efeitos terapêuticos, se é ou não uma droga que vicia e se ajuda na concentração e na criatividade.
Efeitos terapêuticos do uso da maconha, eles realmente existem?
A maconha, em termos gerais, tem vários tipos de canabinoides (compostos de maconha), pouco mais de 100. Embora os efeitos psicoativos da maconha sejam em grande parte devido ao canabinoide THC, o mais poderoso potencial médico terapêutico é o do canabinoide CBD. A maconha para uso terapêutico deve ser consumida por via oral e não fumada, uma vez que o dano pulmonar gerado pelo fumo pode não compensar os efeitos terapêuticos.
Ou seja, ao consumir maconha, vários tipos de canabinoides são ingeridos; o mais conhecido e procurado pelos usuários da maconha é o Delta-9-Tetraidrocanabinol (THC), embora os efeitos terapêuticos sejam obtidos do canabidiol (CBD). Este, quando tem indicações terapêuticas, pode ser consumido apenas por cápsulas, óleos ou soluções contendo CBD. Não é necessário nem saudável buscar os efeitos terapêuticos do CBD através do consumo da maconha.
“As drogas são inimigas do futuro e da esperança, e quando lutamos contra elas, lutamos pelo futuro”. - Bob Riley -
O CBD em si tem demonstrado, através de estudos científicos, ter benefícios terapêuticos. Entre os benefícios do CBD estão: anti-inflamatório, antiemético, anticonvulsivante, ansiolítico e antitumoral. Todos eles são os efeitos terapêuticos mais conhecidos do CBD, sendo que não é essencial obter o CBD através do consumo de maconha, pois existem preparados especiais para obter os benefícios terapêuticos desse tipo de canabinoide.
O uso da maconha gera dependência? Você pode se tornar viciado em maconha?
A resposta para estas duas perguntas é sim. O consumo da maconha gera dependência, porque é uma substância psicoativa que modifica o funcionamento das vias de reforço cerebral (área tegmental ventral e núcleo accumbens). Mesmo que a interrupção do uso da maconha não tenha uma síndrome de abstinência com sinais importantes e sintomas físicos, não significa que não gere dependência. A maconha em si é uma droga viciante.
Da mesma forma, até o momento, os sinais e sintomas que compõem a síndrome de abstinência da maconha foram estudados e identificados. Os critérios diagnósticos para esta síndrome de abstinência, de acordo com o manual do DSM 5, são os seguintes:
A. Interrupção abrupta do consumo da maconha, que tenha sido intenso e prolongado (por exemplo, consumo diário ou quase diário, durante um período de vários meses, pelo menos).
B. Ocorrência de três (ou mais) dos seguintes sinais e sintomas aproximadamente dentro de uma semana após o Critério A:
- Irritabilidade, raiva ou agressividade.
- Nervosismo ou ansiedade.
- Dificuldades para dormir (isto é, insônia, pesadelos).
- Perda de apetite ou peso.
- Inquietação.
- Desânimo.
- Pelo menos um dos seguintes sintomas físicos que causam desconforto significativo: dor abdominal, espasmos e tremores, sudorese, febre, calafrios ou dor de cabeça.
C. Os sinais ou sintomas do Critério B causam sofrimento significativo ou prejuízo nas áreas de relacionamento social, no trabalho ou outras áreas importantes de funcionamento.
D. Os sinais ou sintomas não podem ser atribuídos a qualquer outra condição médica e não são melhor explicados por outro transtorno mental, incluindo intoxicação ou abstinência de outra substância.
Assim, se uma pessoa sente estes sintomas após a interrupção do consumo de THC, estamos diante de um caso de síndrome de abstinência de maconha, e este é o resultado de mudanças no cérebro provocadas pelo uso desta droga a longo prazo. Em suma, a verdade é que a maconha é uma droga que vicia e, sim, causa abstinência. Embora seja legal em alguns países, não significa que não seja viciante.
A maconha é uma substância natural e, portanto, seu consumo não causa danos significativos ao nosso corpo. Isso é verdade?
Este é o mito mais difundido e mais refutado pela pesquisa científica. As principais consequências negativas do uso da maconha são observadas no funcionamento cognitivo de nosso cérebro (memória, atenção, raciocínio) e no sistema imunológico (as defesas do nosso corpo). Portanto, falamos de dois efeitos nocivos: problemas neuropsicológicos e problemas no sistema imunológico.
Desta forma, o consumo de maconha provoca um pior desempenho na memória, tanto a curto quanto a longo prazo. Também foi demonstrado que o THC, a longo prazo, causa dificuldades significativas na retenção de novas informações e na concentração. E tudo isso é observado quando se compara um grupo de pessoas que consomem maconha com relação a outro grupo que não consome, da mesma idade, sexo, cultura e nível educacional.
“ Eu gostaria que os fãs fizessem meditação em vez de usar drogas.” - Ringo Starr -
Além disso, a nível do sistema imunológico, o uso da maconha faz com que este sistema trabalhe menos e com menos eficiência. Tecnicamente falando, o THC “deprime” o sistema imunológico, o que, a longo prazo, nos torna mais propensos a doenças de todos os tipos, e principalmente a doenças autoimunes ou carcinogênicas. Também devemos ter em mente que entre os efeitos do consumo da maconha muitas vezes se encontram o nervosismo e a ansiedade. Essas duas experiências também prejudicam o sistema imunológico, pois estão intimamente relacionadas às nossas experiências emocionais.
Portanto, mesmo que seja uma substância natural, tem efeitos prejudiciais para o organismo e, além disso, quando consumido pela via pulmonar, ao fumar, as consequências negativas da combustão e do monóxido de carbono são obtidas. Nesse caso, natural não é igual a inofensivo.
Existe alguma relação entre o uso da maconha e uma maior criatividade?
A relação entre a maconha e a criatividade é complicada de entender. Por um lado, é verdade que inibir o lobo frontal – e as limitações sociais que nele existem – nos ajuda a sermos mais criativos. No entanto, para melhorar a criatividade há maneiras muito mais eficazes (e menos perigosas) do que consumir maconha. O estudo aprofundado da área artística em que trabalhamos (pintura, fotografia, cinema, música, etc.), juntamente com a exposição a estímulos artísticos e novos, favorece notavelmente a criatividade.
A maconha pode deixá-lo mais criativo, mas apenas a curto prazo, apenas sob os efeitos do THC, e por outro lado, não ajudará em um aspecto fundamental se você quiser que a criatividade dê frutos: a perseverança. O uso da maconha pode aumentar a criatividade, mas ao mesmo tempo, atrapalhar sua capacidade de ser constante. A maconha pode fornecer muitas ideias novas, mas em contrapartida, ela vai atrapalhar o processo necessário para realizá-las.
Finalmente, se uma pessoa decide consumir maconha apesar dos efeitos nocivos, é muito importante levar em conta as diretrizes para o consumo responsável, como: ter informações exatas sobre o que está sendo fumado (tipo de planta, quantidade de THC, pesticidas, toxinas adicionadas), manter hábitos alimentares saudáveis, praticar exercícios físicos e evitar usar maconha para conseguir dormir. Lembre-se de que um psicólogo especializado em vícios pode ajudá-lo a reduzir seu consumo e fazê-lo de maneira responsável ou a abandonar completamente esse hábito viciante.
Postado em A Mente é Maravilhosa em 16/04/2018
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Legalização da maconha no Uruguai
A noite do dia 10/12/2013 é histórica – o nosso vizinho Uruguai se tornou o primeiro país a legalizar totalmente a maconha, com um modelo inédito no mundo no qual o Estado irá regulamentar a produção, distribuição e venda da cannabis.
Parabéns ao Uruguai e parabéns ao Pepe Mujica pela atitude corajosa. Assim como leis e imposições do governos foram sendo percebidas como injustificáveis anos depois, como o Muro de Berlim ou Apartheid, com o tempo cada vez mais pessoas vão enxergando o absurdo e a hipocrisia por trás de algumas regras. Que fique o exemplo para o Brasil e para os outros países do mundo!
Clicando no site abaixo poderá ler o artigo completo.
Postado no site Hypeness
Menina de 6 anos tratada com maconha caminha pela 1ª vez
( Foto : Daily Mail )
Uma criança britânica que sofria milhares de convulsões toda semana está enfim se recuperando, depois que seus pais iniciaram um controverso tratamento com maconha medicinal.
Médicos disseram a Paige e Matt Figi que sua filha, Charlotte, não teria muito tempo de vida depois de ser diagnosticada com uma condição rara de epilepsia.
Depois de anos pesquisando uma forma de curar a doença, eles passaram a alimentá-la com doses controladas de cannabis sativa – parte de um procedimento que ainda não conta com ampla aceitação médica. As informações são do Daily Mail.
Os pais relatam que poucos meses depois de dar início ao tratamento, Charlotte começou a caminhar e falar pela primeira vez, e suas convulsões praticamente pararam. “Tentamos todo o possível, e os doutores continuavam nos dizendo que ela iria morrer. Quando Matt me falou sobre o tratamento, fiquei horrorizada, mas estávamos tão desesperados que decidimos tentar”, informou a mãe da menina.
Charlotte, hoje com seis anos, teve as primeiras convulsões aos três meses de idade. Dentro de uma semana, ela começou a ter crises diversas vezes por dia. Ela foi diagnosticada com síndrome de Dravet – ou epilepsia mioclônica severa da infância - uma forma rara de epilepsia que começa nos primeiros meses de vida.
Crianças com essa condição costumam se desenvolver normalmente enquanto bebês, porém seu crescimento começa a estagnar por volta dos dois anos de vida. Pacientes com essa condição registram maior incidência de morte súbita inesperada em epilepsia.
Ainda não há cura para essa síndrome, e as opções de tratamento são limitadas, mas envolvem principalmente o uso de antiepilépticos para combater as convulsões.
O tratamento com maconha medicinal envolve o aproveitamento do óleo extraído da folha da cannabis, que é então diluído até atingir uma dose precisa.
Esse procedimento não é totalmente aprovado, porém recebe apoio de algumas entidades – especialmente das famílias de pacientes com epilepsia, esclerose múltipla e mal de Parkinson.
Postado no site Pragmatismo Político em 14/08/2013
Novos estudos sobre a maconha que os conservadores escondem de você
Cynara Menezes
Quando se trata de maconha, tudo que a mídia e os políticos conservadores mostram são estudos científicos contrários a seu uso.
O uso terapêutico da cannabis, então, é totalmente ignorado no Brasil, enquanto em outros países, como os EUA, já teve eficácia comprovada e foi liberado.
Mas você sabia que existem vários estudos recentes positivos sobre a maconha?
É todo um mundo de informações novas, científicas, que simplesmente não chega ao cidadão para que ele possa se informar corretamente – além de deixar milhares de pessoas enfermas sem a possibilidade de acesso a terapias mais eficazes fora dos remédios convencionais, que rendem fortunas aos grandes laboratórios. Não será, aliás, por isso mesmo?
Por Paul Armentano, do AlterNet (os links para os estudos estão destacados no texto):
– Usuários frequentes de cannabis não têm maior chance de adquirir câncer do que fumantes ocasionais de maconha ou não-fumantes
De acordo com dados apresentados em abril durante o encontro anual da Academia Americana para a Pesquisa do Câncer, quem fuma maconha regularmente não possui maiores chances de ter câncer do que quem fuma de vez em quando ou não fuma.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia analisaram mais de 5 mil pessoas em todo o mundo entre 1999 e 2012 e confirmam: “Nossos resultados não mostram uma associação significativa entre intensidade, duração e consumo cumulativo de maconha e o risco de câncer”.
Outros estudos já haviam falhado em associar a cannabis ao câncer de cabeça e pescoço ou ao câncer do aparelho digestivo superior. No entanto, o DEA (organismo que controla as drogas nos EUA) continua a dizer que “fumar maconha aumenta o risco de câncer da cabeça, pescoço, pulmões e aparelho respiratório”.
– Uso frequente de cannabis é associado à redução dos fatores de risco para o diabetes tipo 2
A maconha terá algum dia um papel importante em evitar a crescente epidemia de diabetes tipo 2?
Novos estudos indicam que é possível. De acordo com dados publicados este mês pelo American Journal of Medicine, pessoas que consomem cannabis regularmente possuem indicadores favoráveis relacionados ao controle do diabetes comparados a usuários ocasionais ou não usuários.
Pesquisadores do Beth Israel Deaconess Medical Centre, em Boston, perguntaram a 5 mil adultos diabéticos se eles fumavam ou haviam fumado maconha alguma vez. Os que usavam regularmente tiveram níveis de insulina 16% mais baixos em jejum e resistência menor à insulina comparados aos que nunca tinham usado. Já os não usuários possuíam maior gordura abdominal e menor nível de colesterol “bom” (HDL) – ambos são fatores de risco para o diabetes tipo 2.
Benefícios similares foram reportados em usuários eventuais, apesar de serem menos importantes, “sugerindo que o impacto do uso da maconha sobre a insulina e a resistência à insulina existe durante períodos de uso recente”.
As novas descobertas confirmam os estudos de 2012 de uma equipe de pesquisadores da UCLA, publicados no British Medical Journal, segundo o qual adultos com histórico de uso de maconha são menos afetados pelo diabetes do tipo 2 e possuem um menor risco de contrair a doença do que aqueles que nunca fumaram, mesmo após os pesquisadores ajustarem as variáveis sociais (etnia, nível de atividade física etc.).
Conclui o estudo: “(Esta) análise de adultos entre 20-59 anos… mostrou que os participantes que usaram maconha foram menos afetados pela DM (Diabetes Mellitus) e por problemas associados à DM do que não usuários”.
O diabetes é a terceira causa de morte nos EUA após doenças do coração e câncer (no Brasil, o diabetes mata mais do que a Aids e os acidentes de trânsito).
– Fumar maconha reduz dramaticamente os sintomas da doença de Crohn
Fumar maconha duas vezes ao dia reduz significativamente os sintomas da doença de Crohn, uma doença crônica inflamatória intestinal que atinge cerca de meio milhão de americanos (atualmente está se investigando o número de portadores no Brasil). É o que diz o primeiro estudo já feito relacionando o uso de cannabis à doença, publicado online este mês na revista científica Clinical Gastroenterology and Hepatology.
Pesquisadores do Departamento de Gastroenterologia e Hepatologia do Meir Medical Center, em Israel, asseguraram a eficácia de fumar cannabis versus placebo em 21 pacientes com a doença de Crohn que não respondiam ao tratamento convencional. Onze participantes fumaram baseados contendo 23% de THC e 0,5% de canabidiol – um canabinóide não-psicotrópico conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias – duas vezes ao dia durante oito semanas. Os outros dez fumaram cigarros contendo placebo.
Os pesquisadores dizem que “os estudos mostraram que o tratamento de 8 semanas com a cannabis contendo THC enriquecido foi associada a um significativo decréscimo de 100 pontos no CDAI (Índice de Atividade da Doença de Crohn)”. Cinco dos 11 pacientes no grupo estudado reportaram remissão da doença (definida como uma redução no escore CDAI do paciente em mais de 150 pontos). Participantes que fumaram maconha reportaram diminuição da dor, aumento do apetite e melhor sono comparado aos demais. “Nenhum efeito colateral significativo” associado ao uso da cannabis foi reportado.
Os resultados clínicos dão razão a décadas de relatos pessoais de pacientes de Crohn sobre usar cannabis para aplacar os sintomas da doença.
– Maconha sintética detém infecção por HIV em células brancas
A administração de THC vem sendo associada à queda na mortalidade e à desaceleração da progressão da doença em macacos com o vírus da imunodeficiência símia, uma espécie primata do HIV.
Canabinóides poderiam ter efeito similar em humanos? As descobertas de um estudo recente indicam que a resposta pode ser “sim” e que a substância parece ter ação no combate à doença.
Na edição de maio do Journal of Leukocyte Biology, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Temple, na Filadélfia, informaram que a administração de canabinóides sintéticos limitam a infecção por HIV em macrófagos (células brancas do sangue que ajudam na imunidade do corpo).
Pesquisadores asseguraram o impacto de três tipos de maconha sintética disponíveis no mercado (componentes não-orgânicos que agem sobre o cérebro da mesma forma que a planta) em células macrófagas infectadas pelo HIV.
Depois, os pesquisadores colheram amostras das células periodicamente para medir a atividade da enzima chamada transcriptase, que é essencial para a replicação do HIV. No sétimo dia, a equipe descobriu que os três compostos tiveram sucesso em atenuar a replicação do HIV.
“Os resultados sugerem que o CB2 (receptor canabinóide) poderia ser potencialmente utilizado, em associação com drogas retrovirais existentes, abrindo a porta para a geração de novas terapias para o HIV/Aids”, resumiram os pesquisadores em um comunicado à imprensa da Temple. “Os dados também confirmam a ideia de que o sistema imunológico humano poderia ser fortalecido para combater o HIV”. (Em português meio cifrado aqui.)
– Canabinóides oferecem um tratamento eficaz na terapia para o TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático)
O estresse pós-traumático atinge cerca de 8 milhões de norte-americanos anualmente (com tantas guerras, pudera) e tratamentos eficazes para a síndrome são ainda raros ou desconhecidos. Mas uma pesquisa publicada em maio pela revista Molecular Psychiatry indica que os canabinóides possuem potencial para tratar o transtorno com sucesso.
Pesquisadores da New York School of Medicine informaram que pessoas diagnosticadas com TEPT possuem elevadas quantidades de receptores endógenos de canabinóides em regiões do cérebro associadas ao medo e à ansiedade. Além disso, os cientistas disseram que estas pessoas sofrem de uma produção reduzida de anandamida, um canabinóide endógeno neurotransmissor, resultando em um sistema endocanabinóide desequilibrado. (O sistema receptor de canabinóide endógeno é um sistema regulatório presente em organismos vivos com o propósito de promover homeostase ou estabilidade).
Os autores especularam que aumentar a produção de canabinóides no corpo poderia restaurar a química natural do cérebro e seu equilíbrio psicológico.
Eles afirmam: “Nossas descobertas indicam (…) existir evidências de que canabinóides oriundos de plantas como a maconha podem causar benefícios em indivíduos com TEPT, ajudando a acabar com os pesadelos e outros sintomas.”
Infelizmente, em 2011, o governo norte-americano impediu que os pesquisadores da Universidade do Arizona, em Phoenix, conduzissem um teste clínico para avaliar o uso da cannabis em 50 pacientes com TEPT.
Postado no blog Socialista Morena em 01/06/2013
Nota
Não sou a favor do cigarro de fumo legalizado e tenho um sonho de ver, um dia, todas as lavouras de fumo sendo substituídas por plantações para alimentar o mundo que passa fome.
Sou contra o uso normal e natural do cigarro de maconha e de todas as drogas naturais ou sintéticas que viciam, causam dependência e doenças.
Mas sou, totalmente, a favor do uso da maconha como planta medicinal para fabricação de medicamentos ou na forma de cigarro com seu uso controlado e prescrição médica, para casos específicos, como já é feito em muitos países.
Acho que um bom uso do cigarro de maconha seria, por exemplo, nos casos de pacientes terminais conscientes que estão em casa e, para os quais, a Medicina não tem mais nada a oferecer.
Rosa Maria ( Editora deste Blog )
Maconha estatal é coisa de maluco?
Nós, brasileiros, deveríamos ficar quietinhos e apenas ver no que vai dar a proposta de legalização do comércio "regulado e controlado" de maconha anunciada pelo governo do Uruguai.
Nem se trata de ser a favor ou contra a iniciativa do presidente José "Pepe" Mujica. Até porque não temos nada a ver com isso, e nossa opinião pouco importa. Eles são uruguaios, que se entendam.
Dê certo ou dê errado, seremos observadores privilegiados de uma experiência que será necessariamente pedagógica, tanto por seu ineditismo quanto pela urgência em buscarmos alguma solução para a tragédia absoluta que se tornou o tráfico de entorpecentes.
As consequências do modelo americano de combate aos narcotraficantes nós já conhecemos. A linha dura e a guerra sem fim também não dependem de nossa opinião: simplesmente não funcionam.
O Brasil descriminalizou o porte de maconha, assim como diversos outros países. Mas nossa polícia e o judiciário continuam empilhando usuários em nossas prisões.
Muitos saem delas direto para o crime organizado. Nosso modelo, portanto, também não funciona.
O projeto uruguaio, a ser enviado ao Congresso, prevê a criação de estabelecimentos autorizados a vender a droga e cadastrar os consumidores habilitados a comprá-la.
Não se trata de liberar a venda, portanto. A abordagem é basicamente de saúde pública, voltada para dependentes que ainda não foram destruídos pelo crack.
Caso algum oportunista entre nós pretende incluir o Uruguai em seu roteiro de férias por motivos inconfessáveis, só pode estar viajando.
Se maconha estatal é coisa de maluco, veremos. De camarote.
por Marco Antonio Araújo
Postado no blog O Provocador em 21/06/2012
Obs.; Imagem inserida por mim.
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