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“ A máscara em que você vive ”, um documentário necessário para homens e mulheres



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"A máscara em que você vive" é um documentário obrigatório para que revisitemos nosso entendimento sobre a masculinidade. Nada menos do que um dos melhores documentários que eu já vi.


Josie Conti 


Não há nada mais eficiente para incutir e enraizar um pensamento do que a sua repetição. Quanto mais repetimos uma informação, mais ela é entendida como verdadeira. Um mesmo conhecimento - ou comportamento - pode ser algo socialmente estipulado e não genético, mas que foi tido como natural após a sua cristalização ao longo de várias gerações. Pois é isso o que mais acontece na criação dos meninos quando, desde muito jovens, eles crescem ouvindo que devem rejeitar todo e qualquer comportamento e sentimento que demonstre sensibilidade ou remeta ao que pode ser entendido como “feminino”.


Se, na primeira infância, o choro e a sensibilidade dos meninos são tolerados, à medida que crescem frases como “Isso é coisa de menina”, “Homem não chora”, “Você joga como uma menininha”, “Vire homem”, “Quem gosta de boneca é viado” tornam-se cada vez mais comuns. E, embora essas frases possam parecer inofensivas, se prestarmos atenção, veremos que elas renegam a possibilidade do contato com emoções ou mesmo a demonstração de uma possível vulnerabilidade masculina. Ao mesmo tempo, colocam a sensibilidade ligada ao feminino como algo ruim e menor.

Em, “A máscara em que você vive” (The Mask You Live In), documentário disponível na Netflix, a diretora Jennifer Siebel Newsom faz uma leitura da criação dos meninos nos EUA e nos mostra como, entre eles, uma das coisas mais comuns é que eles escondam seus verdadeiros sentimentos para esquivar-se dos julgamentos discriminatórios. Essa anulação do sentir, entretanto, cria uma relação complexa com construção da personalidade de forma inversamente proporcional ao aumento da dor do existir dessas crianças. Ah, e nem preciso falar que podemos generalizar essa leitura americana para muito de nossa cultura, inclusive aqui no Brasil.

Há um medo constante de demonstrar fragilidade, de chorar ou de não ser suficientemente masculino para os esportes ou, depois, para chamar a atenção das meninas. Já na adolescência, os índices de tentativas de acabar com a própria vida sobem exponencialmente e, mesmo entre amigos, os jovens não encontram um espaço adequado para desabafar. Quanto mais “feminino” é um comportamento ou pessoa, maior o medo que ele causa em quem tenta a todo custo mostrar-se como homem. Disso temos, como exemplo, o ódio declarado aos gays ou mesmo as sequelas posteriores relacionadas aos abusos e humilhações contra as mulheres.

Para aliviar essa dor e repressão há um aumento do entorpecimento alavancado com o uso de álcool, desvios de comportamento, problemas com a justiça, uso de drogas ilícitas, entre outras. Somam-se a isso também os sentimentos depressivos e até a ideação suicida.

Através da fala de especialistas e do depoimento de jovens e até mesmo de detentos, o documentário explora a criação das pessoas relacionando-as com as suas posteriores condutas violentas.

O documentário está disponível no Netflix. Abaixo, temos a versão completa, também disponível pelo Youtube.








Unbelievable é uma série necessária e urgente




Assistir Unbelievable é um exercício de constante incômodo emocional. E é assim que deve ser. Porque isso significa que algo dentro de você enxerga na sociedade o machismo na sua raiz e na grande quantidade de injustiças e agressões contra mulheres.

Guilherme Moreira Jr.

Há inúmeros medos encarados diariamente por uma mulher que nós, como homens, somos incapazes de entender. É por isso que séries como Unbelievable são vitais para uma mudança de comportamento, para uma desconstrução de todo esse machismo desenfreado.

Assistir Unbelievable é um exercício de constante incômodo emocional. E é assim que deve ser. Porque isso significa que algo dentro de você enxerga na sociedade o machismo na sua raiz e na grande quantidade de injustiças e agressões contra mulheres. Se você é homem, é inimaginável sequer ficar próximo da linha emocional gerada pelo trauma de um abuso físico. Simplesmente não dá. Mas se você é homem e tem o mínimo de interesse em aprender, em fazer melhor e, principalmente, em começar a trabalhar na desconstrução do seu passado e presente machistas, então assistir Unbelievable é mais do que um exercício. É uma dívida histórica e emocional que você tem a obrigação de pagar.

É inconcebível falar de exageros ou mesmo de gorduras no roteiro da produção. Cada diálogo, cada plano, cada inserção visual, tudo tem um propósito. Se é com o objetivo de criar um desconforto ou apenas de entreter um público mais desavisado, não importa, todos os oito episódios conduzem, de forma honesta e crua, que existe sim a jornada sobre fazer o certo. Infelizmente, muitas vezes nos esquecemos disso. E esse é o problema. É quando deixamos o certo em stand by, ou quando não nos importamos o suficiente, é em momentos assim que surge a maldade, o pior lado do ser humano. E falar sobre desculpas depois do ocorrido, ainda que extremamente importante, faz-se pouco perto das perdas e cicatrizes profundas que ficam para quem sofreu.

Mas este texto não é pra falar da ética e da moral das consequências das nossas escolhas diárias. Pelo menos não dessa forma. O texto é para nós, com o dedo apontado para o “nós homens”, sobre como é essencial ouvirmos mais e acharmos menos. Mulheres estão perdendo a vida dia após dia por causa da herança maldita de um superego tão inflado que acha completamente normal dizer para uma mulher: “você é louca”, “você tem certeza que aconteceu isso com você?”, “você é só minha”, “eu quero você do meu jeito” e vários discursos tóxicos influenciadores de danos emocionais sérios. Sem contar os gestos mais intempestivos, como segurar mãos, empurrá-las e proferindo golpes reais contra elas. Dentro disso tudo, a violação da sua intimidade, da do seu corpo, da sua vida. É impressionante como o abuso físico está se tornando mais banal e mais impressionante ainda é como eles ainda acontecem e o por quê duvidamos deles.

Chegar numa conclusão que passe racionalmente perto do ideal é complicada, além do óbvio isso não pode NUNCA acontecer para qualquer mulher. Esteja ela vestida como for, chapada como for, presente na hora como for. Mas o que produções como Unbelievable podem fazer, é desmitificar essa predisposição que temos em julgar o discurso de uma mulher como se soubéssemos exatamente o que está se passando com ela. Então se uma mulher te contar que algum amigo, conhecido ou desconhecido tentou ou abusou dela, acredite. Não importam as circunstâncias, acredite primeiro.

Interromper o direito de uma mulher dizer NÃO ou qualquer coisa parecida que fira a sua liberdade é arrancar dela afetos que não lhe pertencem. E isso incluiu não ouvi-la e sempre criticá-la. Elas não sou loucas. Mas nós, mais uma vez, homens, somos monstros disfarçados de caras sãos.









Jean Wyllys responde ao presidente


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1. Numa mesma coletiva, o Presidente da República mentiu e propagou uma fake news contra @ggreenwald, @davidmirandario e contra mim, tratando como “aquela menina que está lá fora”. Parece inacreditável, mas a suposta maior autoridade do país fez isso.



2. Ao me tratar de “aquela menina” como forma de me ofender e supondo que eu me ofenderia, o presidente tratou o gênero feminino (todas as mulheres) como algo desprezível, menor, subalterno, ou seja, para ele, é um insulto ser mulher.





3. Eu quero dizer ao presidente da república (dessa republiqueta de bananas em que ele e suas milícias transformaram o Brasil), que eu não me senti ofendido. Ao contrário: toda minha força reside no que as mulheres me deram, começando por minha mãe.





4. E ser tratado como “mulherzinha” por valentões machistas e homofóbicos não é uma novidade na minha vida nem na vida de qualquer gay. Estamos habituados. A diferença é nós aprendemos a encarar o que presidente considera uma ofensa como - e a transformar em - elogio.





5. O fato de o presidente ter se referido a mim como “aquela menina” é a prova cabal de que não há homofobia sem sexismo/misoginia e vice-versa. Todo homofóbico no fundo também odeia as mulheres. Bolsonaro também nunca escondeu que é homofóbico e misógino. Não finjam surpresa.





6. O que Bolsonaro fez, nessa coletiva só encontra paralelo na maneira como os nazistas demonizariam os judeus com mentiras e teorias infames sobre uma suposta conspiração judaica, interpelando assim o antissemitismo social europeu.





7. Bolsonaro basicamente mentiu sobre Gleen, David e eu, inventando que as denúncias de @TheInterceptBr sobre os crimes da Lava Jato são uma conspiração de três gays (dos gays) para derrubar seu governo, interpelando assim a homofobia social e incentivando a violência contra nós.





8. Enquanto parte da nação assiste a esse descalabro estupefata, e as elites ligam e desligam as instituições ao sabor de seus interesses, permitindo que esse sujeito seja presidente da república, eu aviso a este que eu tenho o maior orgulho de ser menina! De verdade!





8. Aprendi a lutar como uma menina. E mais: aprendi a lutar como uma menina baiana, e toda menina baiana tem um santo que Deus dá. O meu Oxóssi. Lutar como uma menina me trouxe aqui, presidente, e faz, de mim, o cuspe em sua cara que lhe incomoda e que nenhum tempo vai enxugar.







Eduardo Guimarães : Glenn é mais homem do que os homofóbicos que nos governam





Eduardo Guimarães: Glenn é mais homem do que os homofóbicos que nos governam




"Sabem o que é mais irônico e, ao mesmo tempo, poético na Vaza Jato? Esse bando de homofóbicos patéticos da "republiqueta de curitiba" e do governo fascista do Brasil estão sendo demolidos por um homossexual que é muito mais homem que todos eles juntos", escreveu o jornalista Eduardo Guimarães, editor do Blog da Cidadania