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A esperança vencerá e o esgoto que se prepare




"O engano dos que pensam que a história está consumada é achar que os oprimidos não se levantam. É desacreditar da capacidade de resistência dos que sofrem", escreve o advogado Marcelo Uchôa


Marcelo Uchôa

A esperança nunca morre. Pode dormitar, mas morrer não morre. Os últimos anos têm sido de catástrofes. Trilhões gerados por especulação, riqueza abjeta que caminha a quilômetros de distância do desenvolvimento econômico e da inclusão social. A pandemia que apareceu de supetão para lembrar à humanidade que se ela não mudar, será extinta. Totalitarismos voltando à tona num mundo cada vez mais cambaleante e órfão de exemplos de amor e generosidade.

No Brasil, o caos completo. Um imoral com faixa de presidente pensando que tudo pode, inclusive tripudiar da dor e do sofrimento de seu povo que voltou a passar fome e ser humilhado como esmoleu na aridez do sertão e nas esquinas sujas e infernizantes das grandes cidades.

Mas a esperança nunca morre. Pode dormitar, mas morrer não morre. O engano dos que pensam que a história está consumada é achar que os oprimidos não se levantam. É desacreditar da capacidade de resistência dos que sofrem. Os infames chegaram ao poder, mas quem disse que levaram junto a obstinação de quem quer viver num mundo fraterno e digno para a maioria das pessoas?

Falta pouco para a malandragem sucumbir. Instituições se movimentam, massas se organizam, de Norte a Sul uma indignação que nem que se tente muito será aplacada com promessas oportunistas, bravatas, ameaças que sejam, chavões para meia dúzia de toscos desmiolados.

O final do enredo é impossível prever. Sócrates, Kant, Hegel, se vivos fossem, não enxergariam saídas para os problemas da humanidade. No Brasil, porém, o cenário parece estar mais claro. Do presidente da República ao presidente do Flamengo voltarão todos para as fossas de onde saíram. A esperança vencerá e o esgoto que se prepare.


Marcelo Uchôa   Advogado e professor de Direito






A esperança vencerá e o esgoto que se prepare




"O engano dos que pensam que a história está consumada é achar que os oprimidos não se levantam. É desacreditar da capacidade de resistência dos que sofrem", escreve o advogado Marcelo Uchôa


Marcelo Uchôa

A esperança nunca morre. Pode dormitar, mas morrer não morre. Os últimos anos têm sido de catástrofes. Trilhões gerados por especulação, riqueza abjeta que caminha a quilômetros de distância do desenvolvimento econômico e da inclusão social. A pandemia que apareceu de supetão para lembrar à humanidade que se ela não mudar, será extinta. Totalitarismos voltando à tona num mundo cada vez mais cambaleante e órfão de exemplos de amor e generosidade.

No Brasil, o caos completo. Um imoral com faixa de presidente pensando que tudo pode, inclusive tripudiar da dor e do sofrimento de seu povo que voltou a passar fome e ser humilhado como esmoleu na aridez do sertão e nas esquinas sujas e infernizantes das grandes cidades.

O emocionante discurso de Glenn Close em homenagem a sua mãe


 

A sociedade espera que sejamos mães, esposas ou companheiras perfeitas. No entanto, as mulheres precisam de mais. Nós temos o direito de lutar pelos nossos sonhos. A mensagem de Glenn Close na premiação do Globo de Ouro continua sendo inesquecível.

“Quando minha mãe completou 80 anos, me disse que tinha a sensação de não ter conquistado nada na vida”. Esta foi uma das frases contundentes e emocionantes que Glenn Close compartilhou com o público em seu discurso quando ganhou o Globo de Ouro pela atuação no filme A Esposa. Ao agradecer pelo prêmio, ela fez uma profunda reflexão sobre a maternidade e a necessidade de realizar os sonhos pessoais.

Poderíamos dizer que esta atriz é, nos dias de hoje, uma das mais admiradas pelo público. É uma verdadeira dama de mil caras, que encarnou mulheres de todos os tipos nas telonas.

Ela despertou em nós, por exemplo, uma mistura de terror absoluto e fascínio com seu papel em Atração Fatal. Aquela necessidade de matar Michael Douglas, um homem casado com quem teve uma relação e que acabou deixando-a, se tornou parte da história do cinema.

Ela também foi inesquecível em O Mundo Segundo Garp, um de seus primeiros papéis em que interpretou uma feminista de convicções firmes. Nos encantou em Albert Nobbs, quando teve que se vestir de homem. Também foram memoráveis seus trabalhos como Cruella de Vil e seu papel em O Reencontro (1984).

Dramas, comédias, aventuras, ficção científica e suspenses: Glenn Close assume qualquer personagem com a paixão e a excelência dos grandes artistas. Adota cada um dos seus papéis a partir da profundidade das emoções, daquele local privilegiado que só está presente nos grandes artistas. Além disso, as suas mensagens se destacam, como a que estava presente no seu discurso no Globo de Ouro.
“Toda forma de arte provém de um sentimento de profunda indignação”.   - Glenn Close -


A esposa, a mulher escondida por trás do homem

A Esposa começa nos apresentando uma personagem vivaz com um enorme potencial. Em sua juventude, a mulher interpretada por Glenn Close é ambiciosa e cheia de talento, vive na costa leste dos Estados Unidos e deseja ser escritora.

Resistiremos . . .


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Resistirei - Duo Dinamico



Quando eu perder todas as partidas

Quando a solidão dormir comigo

Quando me encontrar sem saída

E a noite não me deixar em paz


Quando eu sentir medo do silencio

Quando for difícil ficar de pé

Quando as lembranças se rebelarem

E me colocarem contra a parede

Resistirei, erguido diante de tudo

Me tornarei de ferro para endurecer a pele

Mesmo que os ventos da vida soprem forte


Sou como o junco que se dobra

Mas sempre segue em pé

Resistirei, para seguir vivendo

Suportarei os golpes e jamais me renderei

Mesmo que meus sonhos se despedacem


Resistirei, resistirei

Quando o mundo perder toda a magia

Quando meu inimigo seja eu

Quando for apunhalado pela saudade

E não reconheça nem a minha voz


Quando a loucura me ameaçar

Quando minha moeda der cara

Quando o diabo quiser acertar as contas

Ou se alguma vez você falhar comigo

Resistirei

Resistirei, erguido diante tudo

Me tornarei de ferro para endurecer a pele

Mesmo que os ventos da vida soprem forte


Sou como o junco que se dobra

Mas sempre segue em pé

Resistirei, para seguir vivendo

Suportarei os golpes e jamais me renderei

Mesmo que meus sonhos se despedacem

Resistirei, resistirei



Não nos mande flores



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Liana Cirne Lins

Dia da Mulher não é dia de flores e bombons. Não é dia de parabéns.

Porque o Dia da Mulher é dia de luta até no nome: Dia Internacional de Luta das Mulheres, principal data da agenda feminista mundial.

Com mulheres no plural, porque o feminismo não se realiza se não for para todas as mulheres, médica, juíza, empresária, faxineira, balconista. E o feminismo tem que dar as mãos principalmente para as mulheres que estão na base da sociedade, pretas e periféricas.

Não queremos bombom. Queremos o fim da divisão sexual do trabalho, a exploração não remunerada do nosso tempo de trabalho dedicado aos serviços domésticos, administração da casa, organização do lar.

Queremos o fim da exploração do nosso tempo de trabalho para criação e educação dos filhos e filhas.

Educar exige tempo, além de amor e dedicação. E esse tempo precisa ser dividido de modo justo e equânime entre mães e pais.

Não é natural que homens cumpram menos atividades relativas aos filhos e filhas porque estão fazendo inglês, ou pós-graduação, ou viajando a trabalho, ou trabalhando para concluir um relatório, enquanto a mulher não pode fazer uma pós-graduação, aprender outra língua, viajar a trabalho e receber uma promoção porque tem boa parte do seu tempo dedicado a cumprir, sozinha, as tarefas que deveriam ser divididas equanimemente entre os dois.

Não é natural.

Então não nos mande flores.

Porque as flores nós temos usado para velar as mulheres que foram assassinadas pelos companheiros ou ex-companheiros, cujos corpos servem de estatística para o Brasil ser o quinto país no ranking mundial do feminicídio.

A cada uma hora e meia uma mulher é vítima de violência doméstica. E não temos estatísticas sobre a violência moral.

O homem que dá o bombom é o mesmo que diz que a mulher está gorda, feia, velha, que olha para outras mulheres como forma de acinte, para que sua companheira se sinta diminuída e tenho seu ego destruído a cada golpe de palavra.

E enquanto você está lendo esse texto, mais uma mulher foi estuprada, nesse relógio doentio que registra um estupro a cada onze minutos.

Não nos mande flores.

Se você acha que a esquerda tem que se unir em torno de figuras machistas e racistas, insensíveis ao feminismo antirracista, e que a "esquerda identitária" (sic) é o novo fascismo (sic). Se você não entende que nada une mais a direita e a esquerda do que o racismo e o machismo, não nos mande flores.

A gente não quer essas flores, nem estar nesse tipo de ex-querda que aceita nos ver mortas, estupradas, exploradas e submissas.

Não nos mande flores.

Nos ouça mais, não nos interrompa, não se aproprie de nossas ideias, respeite que não é não, entenda que não ser desejado por uma mulher faz parte da vida, divida com justiça o tempo de educação dos filhos e da casa, não minimize a importância da nossa luta política e venha fazer parte desta luta, respeitando nosso protagonismo.

Estamos nas ruas, marchando por transformação. E as flores que cabem nessa marcha somos nós, que somos a própria primavera feminista.


     

Liana Cirne Lins   Professora da Faculdade de Direito da UFPE





Elas nunca fraquejaram

Fernando Brito 

Um sujeito que se refere à filha mais nova como resultado de “uma fraquejada” não precisa e mais nada para sublinhar sua misoginia.

Mais que ninguém, porém, as mulheres provaram o quanto são fortes, sendo sempre a maior resistência àquele que pregava o ódio e a intolerância. 

É bom lembrar que as últimas pesquisas de 2018, mesmo com toda a “onda” bolsonarista, indicavam que as mulheres rejeitavam mais que aprovavam o candidato.

Portanto, se ele está lá, a culpa é nossa, os homens, entre os quais a maioria tolerou – quando não apoiou – um homem que odeia as mulheres.

A luta feminina pela igualdade de direitos – na educação, no trabalho, na vida social, na liberdade, na escolha política (o voto feminino nem 100 anos tem aqui) – e por ser soberana sobre seu próprio corpo vem de longe e não terminará tão cedo.

Até mesmo no direito à vida, porque há dois anos tergiversam sobre quem matou e manou matar uma delas, Marielle Franco.

Mas hoje são as mulheres que precisam que os homens que de uma delas vieram não deem nenhuma fraquejada – sem aspas – e se somem à resistência contra o assédio indevido, a opressão e a agressão às mulheres, patrocinadas por esta gente que assaltou o poder em nosso país.















O povo unido jamais será vencido. Viva a América Latina que se ergue !


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Manuela D´Ávila : Quando a maternidade e o afeto subvertem as regras da política tradicional






PUBLICADO NO PORTAL BRASIL DE FATO

POR ANELIZE MOREIRA


Homem, branco, casado, com 48 anos e ensino superior completo. Esse foi o retrato dos candidatos que disputaram as eleições de 2018, de acordo com Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foi nesse cenário eleitoral que uma mãe subverteu as regras da política tradicional, majoritariamente masculina, lançando-se ao desafio da corrida presidencial.

Manuela d’Ávila foi pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, em 2017 e, em 2018, formou chapa como candidata a vice-presidente do Brasil, junto com Fernando Haddad (PT). Ela tinha uma única condição: continuar a maternar a sua filha Laura, na época com 2 anos.

Em um pleito permeado por discursos de ódio e fake news, a sororidade, o afeto, e a maternidade questionam as formas de ocupar os espaços de poder. Laura se acostumou com a dinâmica da campanha eleitoral, sem rotina, em hotéis, entre colos de amigos e militantes e as viagens que fez por 19 estados brasileiros.

Dos registros feitos em bilhetes, redes sociais e crônicas escritas por Manuela nasceu o livro “Revolução Laura”, uma narrativa de como a maternidade pode ser revolucionária.

“Quando a gente muda a nossa cultura vai achar estranho o pai que nunca está com os filhos. Alguém está. Esse alguém é a mãe. Isso tem relação com as mulheres não ocuparem o espaço público. É fácil, fácil para o homem. Quando desfila com o filho, vira mito.” Essa é a primeira ideia, já na orelha do livro sobre o que se trata a publicação que já vendeu mais de 15 mil cópias desde 8 de março.

A autora é gaúcha, jornalista, feminista e mestra em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Na política foi vereadora, deputada federal e estadual. O Brasil de Fato conversou com Manuela d’Ávila sobre maternidade, política, infância, eleições, projeto de país, amor, Lula, ocupação de espaços e pautas das mulheres no governo Bolsonaro.

Confira a entrevista feita durante o lançamento no Armazém do Campo, em São Paulo, na última terça-feira (6).

Brasil de fato: Como surgiu a ideia do livro?

Manuela d’Ávila: Quando acabou a eleição no ano passado, uma amiga que é editora desse livro, a Cris Lisboa, que também foi minha colega de faculdade, pediu que eu me fizesse uma pergunta: se existia outra mulher amamentando minha filha enquanto concorreria a presidência e a vice-presidência do Brasil. Se a resposta fosse sim, era inexpressivo escrever, mas se fosse não, talvez fosse importante escrever.

Apesar de não ter a menor condição de assumir esse desafio, porque estava pra defender meu mestrado, decidi escrever. Como militante marxista, entendo que precisamos compreender o peso do trabalho reprodutivo, do trabalho não remunerado, como se dá a construção da opressão das mulheres na nossa sociedade e o impacto disso na participação das mulheres em espaços públicos.

O livro não é teórico, aliás, esse foi um dos grandes receios meus em escrevê-lo. O mais importante foi jogar luz sobre o assunto e mostrar que é muito difícil para as mulheres ocuparem esses espaços porque os homens exercem o poder, mesmo os de esquerda, com parâmetros absolutamente privilegiados que é a invisibilidade daquilo que nós fazemos.

Esse processo [descrito no livro] foi o que me salvou nessas eleições de tanto ódio, de tanta mentira. Se de um lado eu vivi a eleição mais violenta de todas, e fui o principal alvo de fake news, de outro viajei o Brasil inteiro, a maior parte do tempo junto com a Laura, embora não fossem todos os dias, porque sempre compartilhei com o meu companheiro os cuidados dela.

Diante de tanto ódio eu vi um levante de mulheres em torno do meu direito de estar com ela. Esse levante foi o que blindou os questionamentos todos da política tradicional em relação a minha militância vivendo a maternidade. Foi lindo.

O que é ser mãe em plena campanha eleitoral? Como foi ocupar um espaço tão machista e misógino?

A gente vive num país que acha razoável e até exige a presença de uma figura de primeira dama, mas faz questionamentos como: ‘seu marido não tem vontade de se envolver?’ Sim, é graças a nossa parceria que eu posso eu viver a minha vida em toda a sua potência, diferente da maior parte das mulheres.

As mesmas pessoas perguntavam assim: ‘a menina vai junto? tu não tem uma babá?’. Eu não tinha essas respostas, mas foi a maternidade, o meu espaço de viver a vida da forma mais coerente com o que eu acredito, não terceirizando cuidados, por exemplo. A Laura vai para creche desde um ano meio, mas além da creche eu decidi não terceirizar, ou seja, não tinha uma babá que andava comigo, isso não traria à tona a invisibilidade do trabalho das mães e dos pais.

Eu só tinha dois caminhos quando o PCdoB me perguntou se concorreria a presidência: não aceitar ou construir um caminho com a Laura. Nunca quis reproduzir um exercício de poder masculino. Quando falamos do poder nós estamos falando de uma lógica marcada por privilégios e o privilegio não é só ser homem branco. É ser um homem branco que utiliza do trabalho invisível das mulheres.

Se nós mulheres exercemos esse poder da mesma maneira, em última instância, estamos quase defendendo o feminismo liberal, que é a meritocracia. É difícil chegar aqui e eu estou nesse lugar dos homens desde os 22 anos. Não estou pra ser igual a eles, mas pra desvendar ou pra tornar claro quais são os mecanismos de exercício de poder deles.

Você traz no livro que a política é masculina e machista e não tem espaço para a ingenuidade e para a alegria das crianças: “Levar Laura comigo, tornou-se sem que eu percebesse uma forma de resistência a política que desumaniza”. Quais cobranças você teve por ser mãe e querer estar no trabalho com Laura? Como foi ocupar o Congresso com uma criança?

As pessoas no Brasil tratam as crianças como seres inaptos. Existe uma espécie de separação entre assunto de criança e assunto de adulto. Não existe isso, exceto assuntos como sexo, bebidas alcoólicas e coisas que pactuamos conscientemente que podem ser feitas por maiores de idade, o restante, todos os assuntos, são de todo mundo: a saúde, a doença, a morte, a vida. O que interessa é a forma como você vai conversar com alguém que está em outra etapa do desenvolvimento.

As pessoas não estimulam as crianças, elas são apartadas e protegidas depois são largadas nessa mesma sociedade. Em países com altos índices de desenvolvimento cientifico, tecnológico e humano há formas como licença dos pais e mães, a jornada de trabalho…enfim, porque isso impacta em tudo, na ideia de Previdência, nos serviços públicos, em tudo.

Se existem menos escolas e as mulheres vão ao trabalho, nos lugares que se tem mais redes de assistência às crianças, as mulheres são mais emancipadas, existe mais igualdade e as mulheres contribuem mais pra economia. Eu vivi todas as situações em que as pessoas expressavam que nenhum lugar era de criança, que lugar de criança é só onde tem brinquedo colorido de plástico, no Brasil.

Aqui [Armazém do Campo] não é lugar de criança? Porque não é lugar de criança? Minha filha sabe que a comida vem da terra desde sempre e vai desde que nasceu na feira. Feira é lugar de criança? Quem disse o que é e o que não é? A gente acaba criando um ambiente de não estimulo, de não cidadania para as crianças e isso tem um impacto grande no desenvolvimento delas e no desenvolvimento do nosso país.

O projeto de Brasil proposto por você e por Fernando Haddad era completamente distinto do que está acontecendo com governo Bolsonaro. O que seria diferente se vocês tivessem ganhado as eleições?

Seria completamente diferente. Primeiro porque a gente tem um sonho e eles constroem um pesadelo. A gente tem um sonho de um Brasil. Minha filha tem tudo em todos os aspectos, materiais, afetivos, em um mundo em que maior parte das crianças não tem nada. Nós somos aqueles que não nos conformamos que a minha filha tenha e os filhos dos outros não tenham. Eles são aqueles que os filhos têm, e [não se importam] se da porta pra fora tenha um legião de crianças sem. Isso não é uma diferença qualquer.

As razões pelas quais nós fazemos política são opostas às deles. Nós defendemos o Brasil, eles um nacionalismo fake. Nós amamos o Brasil e o nosso povo, eles odeiam o povo. Como podem ter um amor pelo Brasil se não amam o povo? Se não gostam de mulher, negros e a população LGBT, sobra quem? Quem são os normais do presidente Bolsonaro, eles próprios?

Se tivéssemos vencido as eleições seria absolutamente diferente. Estaríamos lutando para o Brasil gerar empregos. O desemprego do Brasil é avassalador. São quase 15 milhões de pessoas. A explicação para uma parte grande do sofrimento do nosso povo é essa, como se conformar? Qual a política de geração de emprego do governo Bolsonaro? São ações só pra retirar direitos, corta recursos do ensino fundamental e superior. Como ter perspectivas desenvolvimento sem educação no mundo de hoje?

O projeto deles é da morte dos sonhos. É o necrocapitalismo que administra quem vai viver e quem vai morrer e só vão viver os iguais à eles. Nós queremos que vivam todos e com diversidade, liberdade, direitos garantidos e dignidade.

Você esteve sempre ao lado do ex-presidente de Lula durante o julgamento e durante a prisão. Como você avalia esse processo de prisão política?

O significado da prisão é muito maior que a prisão de uma pessoa inocente. Lula é um inocente preso, mas o Brasil tem 40% da sua população carcerária sem julgamento, porque ele não é mais um dos inocentes presos? Porque a prisão do Lula faz parte de um plano de prisão do Brasil, a não possibilidade de liberdade para o nosso país construir um país soberano para o seu desenvolvimento.

A prisão do Lula é a prisão do Brasil aos EUA, esse modelo de capitalismo quebrado que eles pregam pra gente, embora desempenhem nas suas fronteiras. Esse Brasil que negocia liberdade das mulheres, dos LGBTs, e tem um governador (Wilson Witzel/PSC) que sobe em um helicóptero e atira em pobre? Em negros quem vivem em comunidades do Rio de Janeiro.

É essa a agressividade da prisão de Lula. É muito maior do que seria a condenação de um inocente sem nenhuma prova, é o esforço pra prender o nosso projeto de um Brasil livre e soberano.

Quem é a Manuela, mãe, mulher, política depois das eleições?

Se fosse uma equação matemática, sou alguém muito realizada de ter podido viver essa experiência de concorrer à vice-presidência do Brasil com 36 anos de idade.

Desde 17 anos, quando militava no movimento estudantil, viajei o país todo e tive possibilidade de viver esse Brasil de muitas formas mais intensas e apaixonantes. Tive a possibilidade de minha família também se apaixonar por esse Brasil que tem cores, sabores, que têm contradições gigantescas; os mares mais lindos do mundo e pessoas morando na rua.

Esse Brasil de contrastes é o país mais desigual do mundo, mas também é apaixonante. No saldo de gols, sinto que apesar de tanto ódio, as pessoas e a minha filha me salvaram. Me salvaram emocionalmente. Não foi uma eleição qualquer. É piegas, é brega, mas a força do afeto, do amor é muito mais transformadora do que a do ódio. E eu vivi isso na pele e sou testemunha disso. O amor é muito maior, isso o que nos diferencia e isso que pode nos mover. Nós temos amor, solidariedade e empatia e [sabemos] que a gente pode construir um mundo em que todas possam viver com dignidade. Essa foi a transformação na Manuela.

Tudo isso já existia em mim, mas cresceu. E, além disso, era jovem e fiquei grisalha após as eleições (risos).

Você falou nas redes sociais que já está escrevendo seu próximo livro. Qual o tema?

Vou entregar ele a daqui a 50 dias. Será sobre feminismo, suas razões, lutas, trazendo temas e conceitos de alguns debates atuais sobre a luta das mulheres.


Título: Revolução Laura: Reflexões sobre maternidade e resistência

Editora: Belas-Letras; Edição: 1st (4 de março de 2019) 

Capa comum: 192 páginas






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Bebel, 12 anos : “ precisamos lutar cada um fazendo sua parte para trazer nosso Brasil de volta ”



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Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho e para o Jornalistas pela Democracia

Terça-feira, 11 da noite, chega mais um zap da minha neta Bebel, de 12 anos:

“ Vovô : tive vontade de escrever esse texto e estou enviando pra você."

Eu já estava dormindo, só fui ler agora de manhã.

A gente tinha acabado de ter uma longa conversa no WhatsApp sobre a situação do país e a decisão da Justiça de proibir a ida de Lula ao enterro do irmão Vavá.

No primeiro zap, às 10 da noite, ela me fez uma pergunta:

“ Oi, vô, tudo bem? Coitado do Lula. Eu estou preocupada. Você acha que vão deixar ele ir no velório?”

Naquele horário ainda não dava para saber direito.

Quase não acreditei no que li ao abrir o celular nesta manhã de quarta, e até perguntei pra ela: “Você que escreveu esse maravilhoso texto, Bel?”

Resposta dela, objetiva como sempre: “ Sim .

E me autorizou a publicá-lo, como segue abaixo, na íntegra, com a grafia original:

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

“ Esse não é o Brasil: sem amor, sem respeito, sem compaixão.

Cadê nossa cultura, cadê nossa história. Acabou?

Nosso Brasil nunca será mais o mesmo?

Ainda bem que temos um bom passado recente, de luta democrática, pois o futuro já está quase destruído.

Por isso, precisamos lutar cada um fazendo sua parte para trazer nosso Brasil de volta, aquele com amor e respeito.

Basta termos fé e responsabilidade que vamos conseguir.

Faz 30 dias que o Bolsonaro começou na presidência e nada melhorou como alguns achavam que ia acontecer, aliás, só piorou.

O que parecia óbvio que ia acontecer, já que nas primeiras 24 horas no poder ele já havia tirado os direitos do LGBTs e reduzido o reajuste do salário mínimo.

Durante 28 anos como deputado ele não fez nada! O que ele pretende fazer nos próximos 4 anos, sendo que nas primeiras 24 horas já foram tantas coisas ruins?

Não consigo nem imaginar o que pode acontecer.

Só sei que devemos seguir em frente lutando a cada dia e cada vez mais.

Basta acreditar que vamos conseguir e que estamos todos juntos nessa.

Beijos, Bebel ”.

***

Diante desse retrato de indignação, esperança e luta de uma criança de 12 anos, o que mais eu poderia acrescentar?

Logo, logo, espero que Bebel poderá estar ocupando este espaço do Balaio, e eu irei finalmente descansar em paz, com a sensação de missão cumprida.

Vida que segue.


Postado em Brasil 247



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Bella Ciao : hino de luta e resistência por ideais libertários !




Bella Ciao é uma canção popular da Resistência italiana na Segunda Guerra Mundial. A música foi hino da resistência contra o fascismo de Benito Mussolini e das tropas nazistas durante o período da Guerra.






Versão para " Bella Ciao " do Movimento Mulheres Contra Bolsonaro





Luta por Lula e por Democracia em Porto Alegre : em imagens





























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Dia da Consciência : “ Nossa pele preta é o nosso manto de coragem e resistência ”



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Thais Folego


Da Revista AzMina 

A Revista AzMina perguntou pra seis mulheres negras incríveis: Por que precisamos do Dia da Consciência Negra?

" Nossa pele preta é o nosso manto de coragem e resistência ”, cravou a performer e cantora de funk, Linn da Quebrada, à pergunta “ Por que precisamos do Dia da Consciência Negra? ”, que fizemos para seis mulheres negras referências em suas áreas de atuação.

“ O 20 de novembro é uma data pautada por esses movimentos em contraponto a uma narrativa do 13 de maio que coloca a princesa Isabel como redentora de uma raça. Acho que a data quer dizer que nós temos vozes e temos poucos ouvintes para essas vozes e para nossas narrativas. É uma tomada de posição da história nos nossos próprios termos de participação ”, explica Giovana Xavier, doutora em História e professora da UFRJ.

O dia da Consciência Negra foi escolhido por ser atribuído à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, líder de um dos maiores quilombos da história do Brasil. Desde 2011 se tornou feriado nacional, mas de adoção optativa pelos municípios. Somente mil cidades em todo o país adotam o feriado.

A escritora Miriam Alves nos contou que a instituição da data em São Paulo faz com que ela receba até cinco convites para participar de eventos simultâneos e demanda que esses convites existam o ano todo. “ A gente é preto de janeiro a janeiro, então a discussão precisa ser feita de janeiro a janeiro ”, diz.
Leia os depoimentos:

Cida Bento, coordenadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e eleita pela revista “The Economist” em 2015 uma das 50 profissionais mais influentes do mundo no campo da diversidade

“ Precisamos do Dia da Consciência Negra pra nos apropriarmos do nosso poder enquanto maioria da população do Brasil e utilizarmos pra dar um basta na bandalheira que estamos vivenciando em nosso país. Podemos dizer BASTA! por meio do nosso voto em 2018. Todos os partidos e candidatos que votaram a favor de medidas e projetos de reforma e mudanças que prejudicam a população negra devem ser riscados de nossas listas.

Os que votaram a favor da reforma de congelamento de gastos públicos, da reforma trabalhista, os que querem dificultar o acesso de indígenas e quilombolas às suas terras, os que apoiam normativas que favorecem a violência contra as religiões de matriz africana, que impedem as discussões sobre gênero estão contra a população mais vulnerabilizada do Brasil, mas vão disputar nossos votos, pois somos a maioria do povo brasileiro. Vamos apostar na análise da história e da ação destes partidos e candidatos e não nos seus discursos mentirosos.”

Linn da Quebrada, performer e cantora de funk

“ Nossa pele preta é o nosso manto de coragem e resistência. Nosso terreiro e quilombo de celebração. Nossa ciência, fonte de saberes ancestrais. Ancestralidade viva e presente. Não é mito, é história. É memória de um rebanho de ovelhas negras, sem pastor. De Viúvas negras sem luto, mas em luta.”

Giovana Xavier, doutora em História, professora da UFRJ e coordenadora do grupo Intelectuais Negras

“ É interessante pensar a ideia de participação em oposição a de contribuição. Na narrativa de história oficial do negro assim como das pessoas indígenas somos sempre pensadas como pessoas que contribuíram para a formação e para a história do Brasil. Se a gente pensasse do ponto de vista de quem participa da história do país, visto esses dois grupos como participantes, e particularmente o grupo negro pelo protagonismo que desempenha, a gente não precisaria de um Dia da Consciência Negra, porque esse dia seriam todos os dias do ano.

Nesse sentido, eu acho importantíssimo ter o 20 de novembro no sentido de pensar datas comemorativas como calendários de luta, de luta por visibilidade, por respeito, por protagonismo, por humanização das nossas histórias, das nossas condições no mercado de trabalho, na mídia, de respeito ao conteúdo que a gente produz. Isso justifica a importância dessa data que inclusive é para se pensar do por que não é um feriado nacional.

O 20 de novembro é uma data pautada por esses movimentos em contraponto a uma narrativa do 13 de maio que coloca a princesa Isabel como redentora de uma raça. Acho que a data quer dizer que nós temos vozes e temos poucos ouvintes para essas vozes e para nossas narrativas. É uma tomada de posição da história nos nossos próprios termos de participação."

Miriam Alves, escritora e poeta com produção publicada nos Cadernos Negros

“ Eu sou sexagenária e lembro que, em 1978, o escritor Oliveira Silveira, lá do Rio Grande do Sul, que fez parte do movimento literário negro, falava que era importante que tivéssemos um dia para fazer essa marca, um contraponto a todos esses feriados e datas nacionais que existiam de referência aos escravizadores e assassinos de índios e de negros, aos estupradores de mulheres indígenas e negras. A única data que se referenciava aos negros era o 13 de Maio, que tem com protagonista uma mulher branca e que trabalha com uma folclorização da história em que foi em uma ‘penada’ que tudo se resolveu. Então o 20 de Novembro carrega pelo menos uns 40 anos de luta por essa data, em que todo o movimento negro brigou e construiu, incluindo escritores, políticos, artistas e mães de santo.

Precisa de um Dia da Consciência Negra? Na verdade não precisaria. Era só um dia, que passamos a comemorar uma semana e agora comemoramos o mês todo como sendo da Consciência Negra. O que espero é que eventos que discutem a temática – em que recebo cinco convites para participar em um único dia – não aconteçam só em novembro. A gente é preto de janeiro a janeiro, então a discussão precisa ser feita de janeiro a janeiro.”

Renata Éssis, backing vocal de Liniker e Os Caramelows

“ Ainda precisamos do Dia da Consciência Negra porque vivemos em uma sociedade na qual pessoas negras são tratadas como cidadãos de segunda classe. Na qual ofensas graves a pessoas negras são levadas como piadas ou amenidades. Na qual a completa inexistência de oportunidades é vista como falta de mérito. Esse dia existe para mostrar que há uma dívida histórica com a população negra que deve ser reparada – não só no Brasil mas no mundo todo.

Chegamos num momento da sociedade no qual os privilégios históricos dados a cada etnia são muito claros. Assim como é claro como isso mina a vida das pessoas todos os dias.

Essa sociedade muito doente na qual estamos é tomada como normal. O Dia da Consciência Negra vem para colocar uma perspectiva na vida das pessoas para que, um dia, ele já não seja mais necessário. Para termos consciência de que a humanidade tem de andar junta independentemente de cor. Isso vale tanto para Dia da Consciência Negra quanto pra o Dia do Índio e das Mulheres. São partes de uma sociedade levadas, até hoje, por uma falta enorme de oportunidades.”

MC Lola, integrante do grupo de rap Melanina MCs

“ O dia da Consciência Negra marca coisas que não deveríamos esquecer em dia nenhum. Toda a luta que nossos ancestrais tiveram para que hoje estivéssemos numa situação mais ‘estável’, mas ainda assim longe do ideal. Temos que lutar pelos espaços que deveríamos ter direito como os brancos, como acesso à faculdade e ao mercado de trabalho. O dia vale para que a gente se conscientize e para que a população tire pelo menos um dia para refletir sobre isso. As vezes a gente não se considera uma pessoa preconceituosa, mas uma atitude ou outra, uma coisa que já fez ou já falou pode dizer o contrário. Vale a pena parar e prestar atenção nas movimentações desse dia.

Para nós, artistas, vale nos utilizarmos dessa brecha para influenciar ainda mais o público a olhar para as questões raciais. Nós, que somos envolvidos com a arte e a cultura, temos vários meios de expor isso. Vale usar essa data para atrair as pessoas que se identificam com a nossa música a pensar sobre isso, a se conscientizar, atrair outras pessoas para a causa, tentar mudar de alguma forma o que acontece dentro de casa, no trabalho ou na escola.”



Postado em Luis Nassif Online em 20/11/2017




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