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Ideias para valorizar a solidariedade e impedir que o individualismo competitivo determine nosso futuro



"Esse modelo ultraliberal, sem nenhuma mediação com o futuro do nosso planeta, sem dúvidas, provoca desarranjos nas relações intersubjetivas, estimula o pragmatismo sem limites. Prefiro estimular a solidariedade como base fundamental de organização dos humanos, com todos os seus significados", escreve João Antonio da Silva Filho.

João Antonio da Silva Filho

Não vejo a hora de poder olhar o futuro com normalidade. Na vida é assim: a negação de algo quase sempre é a afirmação de uma expectativa. E quando olhamos o nosso dia a dia de modo criterioso, notamos que os detalhes não podem ser desprezados. Pelo contrário, numa pesquisa séria e rigorosamente projetada, é a soma de detalhes que torna as conclusões mais precisas. Recomenda-se que tenhamos criteriosos olhares para nossa realidade, mesmo sabendo que tal postura exige esforços, pois, na falta de conhecimento aprofundado, nossa tendência é simplificar o complexo para facilitar o nosso viver.

No mundo atual as anormalidades têm ditado a dinâmica do convívio social. E quando se fala de anormalidades, o que salta aos olhos é a desgraça pandêmica causada pelo coronavírus. De fato, as consequências do vírus são um desafio que mobiliza energias, dinheiro e esforços concentrados de estruturas estatais, governos e sociedade. Não poderia ser diferente. Mas, para além da pandemia, outras anormalidades, quase todas por consequência da ação desarrazoada dos ambiciosos, campeiam sem freios, ameaçando o necessário equilíbrio estável nas relações humanas.

E por ser a vida o principal bem do planeta, preservá-la na sua inteireza é o desafio dos sapiens. Todavia, em seus incontroláveis desejos e no afã de impor o seu domínio, estes não conseguem, pela auto-organização, administrar suas ambições. Essa ganância desmedida embrutece as pessoas e faz da competitividade entre si um falso impulso desenvolvimentista e, com ele, amplia as chamas destrutivas da vida nesse nosso planeta azul. Não se trata aqui, de numa atitude conservadora – fazer o tempo parar. Impossível! Trata-se de estimular o equilíbrio das relações entre os humanos e destes com a natureza. Trata-se, portanto, de estimular as medidas necessárias para inibir o imediatismo ambicioso que corrói por dentro as formas horizontais e equânimes de organização das diversas comunidades políticas.

Dessa forma, importa fazer com que as atitudes do presente dialoguem com as necessidades das futuras gerações.

Uma despedida para refletir


Eles são o futuro do Brasil” Correio Brazilense admite erro em ...




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O mundo pós-pandemia


No mundo pós-pandemia, haverá espaço para escritórios não digitais?








10 Tendências para o Mundo Pós-Pandemia


Confira as 10 tendências para o mundo
 pós-pandemia


Consumir por consumir sai de moda, trabalho remoto, atuar mais no coletivo com colegas de empresas, ou vizinhos do bairro. A Covid-19 vai rever valores e mudar hábitos da sociedade.


1. Revisão de crenças e valores

A crise de saúde pública é definida por alguns pesquisadores como um reset, uma espécie de um divisor de águas capaz de provocar mudanças profundas no comportamento das pessoas. “Uma crise como essa pode mudar valores”, diz Pete Lunn, chefe da unidade de pesquisa comportamental da Trinity College Dublin, em entrevista ao Newsday.

“As crises obrigam as comunidades a se unirem e trabalharem mais como equipes, seja nos bairros, entre funcionários de empresas, seja o que for… E isso pode afetar os valores daqueles que vivem nesse período —assim como ocorre com as gerações que viveram guerras”.

Já estamos começando a ver esses sinais no Brasil — e no centro de São Paulo, com vários exemplos de pessoas que se unem para ajudar idosos, por exemplo.

Que Brasil sai das urnas ?








Michio Kaku. “ O nosso mundo está destinado a morrer, deveríamos ir para outros . . ."




O ser humano vai abandonar a terra? Por que não? Responde o físico Michio Kaku em entrevista concedida ao site 52 Insights, de Londres. Para esse importante cientista norte-americano de origem japonesa, podemos estar assistindo ao início de uma mudança civilizatória que irá nos levar às estrelas. A nós, em carne e osso, ou, mais provavelmente, aos nossos duplos digitais. 


Fonte: Site 52 Insights, de Londres


O mundo das unidades de informação quântica produz números que dão vertigem. Ao passar dos kilobits para os petabits, dos l e O para os qubits (a unidade de base dos computadores quânticos), descortina-se um futuro tão imenso e complexo que futuristas famosos – como Ray Kurzweil, Max Tcgmark e também Michio Kaku, cofundador da Teoria das Cordas e autor de vários bestsellers – começam a se preocupar com isso. Kaku é um dos cientistas mais populares dos EUA e um dos poucos investigadores da atualidade capazes de se expressar numa linguagem científica compreensível para a maioria de nós.


O físico norte-americano Michio Kaku


A sua mais recente mensagem nos chega sob a forma de um trabalho prospectivo intitulado The Future of Humanity (O Futuro da Humanidade). Esse livro dá um vislumbre de um futuro em que a ciência e as novas tecnologias nos darão poderes tremendos que nos forçarão a reavaliar o nosso lugar no Universo.

Um futuro em que colônias humanas viverão em Marte, onde não seremos a única forma de vida inteligente, onde a imortalidade deixará de ser uma fantasia inatingível e onde viremos a ter capacidade para colonizar outros universos.

No entanto, como aponta Michio Kaku, isso significa abandonar o que em breve se tornará um planeta inabitável. É aqui que começa a nossa indagação.

52 Insights – O seu trabalho anterior, A Física do Futuro (de 2012) abriu-me os olhos consideravelmente e, desde então, vivo fascinado pela escala de Kardashev (ver Nota de Redação). Você prossegue na mesma linha com este novo livro, onde explica que estamos nos movendo lentamente no sentido de uma civilização de “Tipo 1”. Pode explicar o que isso significa e por que, em breve, poderemos ser forçados a deixar a Terra, para garantir a nossa sobrevivência?

Michio Kaku – Uma civilização de tipo 1 é também chamada planetária, porque controla todas as fontes de energia de um planeta. Controla, por exemplo, toda a luz do sol que atinge o seu planeta, controla a meteorologia. Dentro de apenas 100 anos, chegaremos a esse estágio. É muito fácil calcular a produção total de energia do globo e daí a energia de uma civilização de tipo 1. Ao faze-lo, percebemos que nos tornaremos uma civilização planetária por volta do ano 2100. Depois, quando passarmos a dominar todo o poder energético de uma estrela, teremos uma civilização estelar, ou de tipo 2. Poderemos então brincar com as estrelas. Para dar um exemplo, a série televisiva Star Trek (Jornada nas Estrelas), com a sua Federação dos Planetas Unidos, podia potencialmente formar uma civilização de tipo 2. O próximo passo são as civilizações de tipo 3, semelhantes às de A Guerra das Estrelas. Cada civilização está separada da anterior por um fator de cerca de dez bilhões: tomando a potência energética de uma civilização, multiplica-se esse número por dez bilhões e obtém-se a potência energética da civilização seguinte.




Por que é importante falar sobre isso agora?

Porque estamos prestes a nos tornar uma civilização de tipo 1. A internet é a primeira tecnologia de tipo 1 que tem uma dimensão verdadeiramente planetária, é a primeira a espalhar-se por toda a Terra. Para onde quer que olhemos, observamos culturalmente a prova dessa transição. É por isso que a internet é tão importante. Uma civilização de tipo 0 ainda transmite toda a selvageria ligada à sua recente saída do pântano. A nossa continua marcada pelo nacionalismo, pelo fundamentalismo… Mas quando chegarmos ao estágio de uma civilização de tipo 1, teremos eliminado a maioria desses problemas. Quando chegarmos ao tipo 2, nos tornaremos imortais: nada cientificamente conhecido destruirá uma civilização de tipo 2.

O futuro que descreve no seu livro é vasto e expansivo. Está repleto de ideias audaciosas e possibilita todos os tipos de proezas técnicas e cientificas: naves capazes de adaptar planetas ao modo de vida dos terráqueos, imortalidade, civilização avançada. Mas também é um enorme salto no desconhecido, não é?

Isso mesmo. No entanto, eu sou um cientista, por isso posso começar a quantificar o desconhecido. Se fosse um escritor de ficção científica, apenas poderia fantasiar sobre uma série de tolices contrárias às leis da física. Mas sou um físico, conheço o rendimento energético e os requisitos dessas tecnologias.




Vejamos uma das ideias que menciona, a “laserportação”, por exemplo. Pode explicar o que isso significa, de forma sucinta?

Até ao final do século, vamos ser capazes de nos digitalizarmos. Tudo o que sabemos sobre nós próprios e a nossa personalidade e até mesmo as nossas memórias será convertido em dados digitais. Neste momento, o Human Connectome Project, que o Presidente Obama ajudou a lançar, está trabalhando no mapeamento de todas as conexões internas do cérebro.

Cada um de nós já deixa uma pegada digital. Todas as nossas transações com cartões de crédito, as nossas fotografias no Instagram, os nossos vídeos… Isso já representa uma significativa informação digital. Mas, perto do final do século, será o próprio cérebro que vai deixar a sua marca. Vamos ser capazes de criar uma imagem compósita de quem somos. Vamos poder digitalizar essa imagem, carregá-la num feixe de laser e enviá-la para a Lua. Em um segundo, estaremos na Lua, em vinte minutos chegaremos a Marte, em um dia acercamo-nos de Plutão e em quatro anos estaremos perto das estrelas. Sem termos de nos preocupar com reatores de foguetões, sem risco de acidentes, sem efeitos da falta de peso ou de raios cósmicos. Vou ao ponto de dizer que acho que isto já existe. Que há extraterrestres muito mais avançados do que nós, que não se enlatam em discos voadores. Os discos são muito datados. São mesmo muito do século 20! Não. Eles já se laserportam. É possível que já exista uma autoestrada de laserportação muito perto da Terra, através da qual milhões de seres se laserportam através da galáxia, mas somos demasiado estúpidos para perceber isso.

Isso é por estupidez? Ou simplesmente porque estamos ainda a meio caminho entre os tipos 0 e 1 da escala de Kardashev?

Um pouco dos dois. Há uma certa estupidez da nossa parte, porque somos arrogantes. Achamos que sabemos tudo. Acreditamos que, ouvindo sinais de rádio, podemos determinar se existe vida noutro lugar que não na Terra. Para mim, é uma prova de estupidez. Se encontrarmos uma civilização primitiva, é possível que usem Código Morse; mas ao fim de algum tempo, vão ter de começar inevitavelmente a usar todo o espectro eletromagnético. Partimos do pressuposto de que os alienígenas utilizam o Código Morse, que ainda estão no tipo 1. Imaginamos que talvez estejam cem anos à nossa frente. Partimos do princípio de que usam discos voadores. Mas por quê? Isso é tão século 20! A laserportação através da galáxia é um meio muito mais avançado.




O que acontecerá até 2050 ?



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Futuro próximo. Como será nossa vida dentro de vinte anos



Revista Oásis - Edição #372



Equipe Oásis


Na Itália, curiosos para saber como será nossa existência no futuro próximo, os jornalistas Francesco de Filippo e Maria Frega entrevistaram vários cientistas. As respostas foram reunidas em um livro intitulado “Próximos Humanos” (Prossimi umani), cheio de sugestões que vão da astrofísica à genética, da robótica à demografia. Aqui estão algumas visões futurísticas que a obra nossa descortina para o futuro próximo:




1. Robôs domésticos  “Dentro de vinte anos seremos auxiliados em todos os momentos de nossa vida por robôs domésticos. Teremos também “autômatos de alta potência” destinados a trabalhos pesados ou perigosos. Entre essas máquinas e nós mesmos, estarão funcionando os exoesqueletos: partes de humanoides interconectadas ao corpo humano. No meio tempo, enquanto esperamos os robôs antropomórficos, usaremos uma série de outras máquinas, sensores, equipamentos da Internet das coisas, etc. São palavras de Roberto Cingolani, físico, que desde 2005 dirige o Instituto Italiano de Tecnologia de Gênova. Os inventos mais importantes acontecerão sobretudo em ambientes como a saúde e a medicina de reabilitação: Se a mão mecânica batizada de Softhand já é uma realidade, logo o serão também as pernas bem como sofisticados exoesqueletos para recuperar a mobilidade.




2. O Dna dos superatletas  “Nos últimos três anos – explica Mauro Giacca, diretor geral do Centro Internacional de Engenharia Genética e Biotecnologias – foram desenvolvidas tecnologias que possibilitam não apenas acrescentarmos pedaços de Dna aos genoma, mas também de modificar diretamente a sua sequência. Se possuo um determinado gene “de que não gosto” e desejo modifica-lo, posso fazê-lo. Posso substituir exatamente aquele gene”. E se essas são as possibilidades da genética a curto prazo, o que mais teremos em 2010? “Talvez inclusive projetar em laboratório algumas características das crianças”, completa o cientista”.




3. Novos materiais  Se o futuro terá um material da sua predileção, ele certamente será o grafene: “Trata-se do material que acarretará a mais importante revolução tecnológica dos próximos vinte anos, porque ele mudará toda a nossa vida quotidiana”, explica Valério Rossi Albertini, físico nuclear e primeiro pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas. O grafene é o que existe de mais sutil, composto por uma única camada de átomos coligados entre si como os nós de uma rede de pesca. Tais características o tornam extremamente leve e dobrável, porém esse material é ao mesmo tempo mais tenaz do que o aço.




4. Tecidos com superpoderes  Aprenderemos a imitar capacidades de animais como a lagartixa. O geokotape, por exemplo, é uma fita inspirada nas incríveis capacidades adesivas de suas patas. Nos Estados Unidos, onde ela foi patenteada, “foi criada uma roupa feita de geokotape, destinada às forças militares. Essa roupa permite a quem a usa subir pelas paredes verticais de arranha-céus”, explica Rossi Albertini, pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas.




5. Entre o real e o virtual  Para o neurocientista Piergiorgio Strata, ex-presidente do Instituto Nacional de Neurociência e atual diretor científico do European Brain Research Institute Rita Levi Montalcini, “a vida virtual se reforça em detrimento da vida real,. Assim sendo, poderemos esperar que no futuro próximo aconteça um afastamento comunicativo de tipo vertical entre as gerações, e também se tornará mais aguda a sepação entre indivíduos de uma mesma geração”. A solidão social se tornará um fenômeno cada vez mais importante, e deverá ser monitorado pelas autoridades.




6.  Um mundo superpovoado  Dentro de vinte anos a população do planeta será de cerca 8,5 bilhões de habitantes. A partir daí começará o decrescimento, segundo o demógrafo italiano Giuseppe Roma, secretário geral da Associação para as Cidades Italianas RUR. Na Itália, ao redor do ano 2030, a população terá aumentado de cerca 3 milhões de indivíduos, com um consequente grave desequilíbrio. Com efeito, estima-se que existirão cerca de 4 milhões de idosos a mais, e um milhão de jovens a menos.




7.  Uma esperança para a AIDS na África  O geneticista Edoardo Boncinelli é otimista: a tragédia da AIDS poderia chegar ao fim. “O poder que a AIDS possui na África é, sim, devido ao vírus, mas também ao fato de que a doença atinge pessoas que já se encontram gravemente carentes. Mas esse problema poderá ser resolvido dentro em breve com o desenvolvimento de adequadas políticas públicas para a saúde e o uso de novos medicamentos”.




8. A hora e a vez dos OGM (organismos geneticamente modificados)  O mesmo Edoardo Boncinelli, geneticista, prevê a chegada de uma nova geração9 de plantas OGM: “Essas plantas são o futuro, particularmente agora que temos uma nova tecnologia que permite a obtenção de plantas com o genoma modificado para um preciso objetivo, produtivo, econômico, ou econômico ou nutritivo. Para esse cientista, estão equivocados os vários países que disseram não aos OGM.




9. Colonização de Marte? Ainda é cedo. É realmente tão importante e iminente o desembarque de humanos na superfície do Planeta Vermelho? Para Umberto Guidoni, primeiro astronauta europeu a participar de uma missão na Estação Espacial Internacional, “Marte é mesmo a próxima fronteira na exploração do espaço, mas ainda não é possível se prever em que data isso ocorrerá”.




10. No encalço dos asteroides  Roberto Battiston, presidente da Agência Espacial Italiana, não há dúvidas: a próxima fronteira da exploração do espaço exterior são os asteroides. “A Nasa – ele explica – já discute e estuda quais são as técnicas que devem ser implementadas para que possamos coletar pedaços de asteroides ou inclusive agarrar um asteroides inteiro, colocá-lo em órbita ao redor da Lua e em seguida criar nele uma pequena base para perdurações”. Para Battiston o futuro próximo da exploração espacial será caracterizado sobretudo pela “coleta de informações”, experimentando-se em órbita novas tecnologias que nos permitirão de habitar com comodidade esses corpos celestes.





Postado em Brasil 247 em 03/05/2018



Carta para quando eu conseguir





Paulinho Rahs

Peço a todas as minhas versões intermediárias que colocarem as mãos nesta carta, que não leiam ela até o fim. Vocês sabem que estou escrevendo diretamente a uma única pessoa que vai estar a léguas de distância de todos nós: ela só pode ser aberta pela ‘nossa’ versão que conseguir atingir todos os objetivos pelos quais estamos propostos. Espero que vocês respeitem isso; nós vamos conseguir !

PARA: EU MESMO, NO FUTURO

Saudações !  Tudo bem contigo ?

Se tu sorriu e teus olhos brilharam na hora de responder, saiba que numa outra dimensão estou mega orgulhoso de saber disso. Se tua resposta foi honesta e tudo está realmente bem por aí, isso só pode significar uma coisa: a gente conseguiu !  É, meu velho… Que alegria ! 

Hoje, mais maduro que está, tu tem plena consciência de que não somos mais a mesma pessoa. Por isso não vou te tratar como se eu estivesse falando comigo mesmo; tu és muito mais forte e tem muito mais responsabilidade que eu. Agora é tua vez de traçar novos objetivos, muito mais difíceis, e escrever uma carta como essa para uma outra versão nossa que vai vir lá no futuro. Mas isso é responsabilidade tua, falemos do que eu fiz.

Primeiro de tudo: preciso que tu nunca esqueça, mesmo que seja tentador jogar tudo pro alto e apenas desfrutar do sucesso, de que tudo que passei aqui atrás foi em nome das coisas que eu sabia que te fariam feliz aí na frente. 

Me privei de prazeres, recusei convites de amigos, faltei em ocasiões familiares. Deixei de marcar encontros, dormi menos que deveria, envelheci no dia-a-dia mais que o resto das pessoas que a gente conhece. Tá sendo sofrido, cara. Apenas recordar as coisas quando a gente não está vivendo elas não dá a noção real, mas queria te lembrar que tem horas que dá vontade de desistir. Eu não vou !  E por isso eu sei que você está aí, aliviado, pois valeu a pena.

Não te deslumbra com as facilidades que estão aparecendo, não te deixa levar pelos tapinhas nas costas. Isso é ilusão. Vai ficar cada vez mais apertado o cerco de energias ruins te rondando. Eu já sofro com isso agora. Porém, pode ter certeza: manter a cabeça baixa para trabalhar e erguida para enfrentar é o melhor remédio. Manter a cabeça ocupada é o maior segredo; se em algum momento tu deixar tua cabeça sem nenhuma preocupação, as portas estarão abertas para te confundirem.

Por isso fiz essa carta. Por isso nós conseguimos.

Por isso criei, com muito orgulho e trabalho, essa tua versão de hoje. Por isso tu vai me prometer que vai fazer o mesmo que eu: traçar vários objetivos difíceis, mas que podem ser alcançados; escrever uma carta para tua versão futura e trabalhar todos os dias em prol das coisas que mais te deixam motivado.

Vão surgir um zilhão de imprevistos e ‘coisinhas’ pra te desviar. Sempre, em todas as decisões que tu tomar, desde o momento em que abrires os olhos pela manhã ao momento em que deitares na cama ao fim do dia, escolha o que vai beneficiar teus objetivos principais.

Eu sei, estou repetindo coisas que tu – obviamente – sabe há mais tempo que eu. Contudo vou te lembrar de uma outra coisinha – será que tu segue sendo esquecido como eu ?  Vamos trabalhar pra mudar né !  – que eu não levei em consideração: o diabo está nos detalhes. Eu, tu e todas as nossas versões que já existiram, tem em comum o fato de serem sonhadores natos. 

Só que eu, aqui no passado, já deveria ser tu. Sofremos um atraso, perdemos muito tempo. Perdemos tempo por não levar em consideração que sonhos movem o mundo, sim. Contudo de nada adianta sonhar sem um plano. É caminhar pelo desconhecido sem ao menos ter um mapa.

Li uma vez uma ideia genial que dizia assim: “ Nós somos hoje o resultado daquilo que pensamos e executamos no passado." Por isso eu tô genuinamente orgulhoso de quem tu é aí na frente, pessoa que abriu essa carta. Todavia não ando muito satisfeito com quem sou hoje. Não culpo nosso passado, tu sabe, a gente mal sabia como era a vida; a gente só sonhava !  Que bom que tenha sido assim, pois agora não preciso aprender a sonhar, só preciso aprender a executar no dia-a-dia. Pelo visto funcionou, né ?

Meu velho, já consigo ver teu olhar quando me olho no espelho. Ao mesmo tempo em que fico inquieto para o tempo passar logo e tu finalmente tomar as rédeas da nossa vida, vou dia após dia me despedindo calmamente de quem somos hoje. 

Existe um outro conceito muito importante, esse tá complicado de eu assimilar por aqui. Espero que tu tire de letra enquanto planeja nosso futuro. É que preciso ser menos ansioso para entender que é fundamental dar um passo adiante todos os dias, por menor que esse passo seja. Me parece que a ideia mais concreta para entender isso é imaginar a vida como uma escada e todos os dias antes de dormir ter a certeza de que um passo acima foi dado. Faz sentido aí pra ti? 

De qualquer forma, não quero nunca mais aquela sensação de que estou perdendo tempo. Só consigo pensar em ti, meu irmão. E escrevo como se fosse para outra pessoa porque realmente espero que eu tenha me tornado outra. Melhor, em todos os sentidos. Mais forte, mais responsável, mais humilde, mais realista.

Eu consegui. E quem consegue uma vez, consegue de novo.

Agora, deleta essa carta e não cai na bobagem de ficar admirando os nossos feitos. Baixa a cabeça, traça novos objetivos e escreve uma nova.

Quando terminar, copia essas últimas quatro frases e termina assim:

Eu espero ler isso até o último dia da minha vida, seja lá quem eu for.






Nota do Blog Por Dentro ... Em Rosa :


Mesmo verificando, no decorrer da leitura, que o texto apresenta alguns errinhos de gramática, decidi colocá-lo, no blog, por sua mensagem superinteressante e original. Assim como eu, tomara que os queridos leitores tenham gostado. E que tal, também, escrevermos uma cartinha para o nosso " Eu amanhã " ?  Abraço.



   

Prestem atenção nas sábias palavras da Mônica Medeiros. Os illuminatis sabem das crianças cristais e querem destruir igual fizeram com os índigos.



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Mude hoje o seu amanhã

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[VÍDEO] Faça um novo projeto para a sua vida


Stephanie Gomes


Tudo o que você é e tem hoje foi projetado por você em algum momento do passado. Logo, se você quer algo novo amanhã, a coisa mais importante que tem a fazer é projetar isso hoje.

Essa é mais uma daquelas coisas simples e óbvias que a gente não faz. Mas eu recebi um sinal bem claro de que estava na hora de fazer um novo projeto para a minha vida, e fiz.

Se você está precisando de um empurrão para fazer um novo projeto que vai te levar às realizações que deseja, assista ao vídeo:






Postado em Desassossegada




O que você diria ao seu eu de 10 anos se encontrasse com ele?




O que você diria ao seu eu de 10 anos se encontrasse com ele?


Somente você sabe o que já viveu, mais ninguém. Às vezes as ideias parecem se emaranhar na cabeça, ansiosas por explicações, procurando o sentido de tudo que o seu “eu passado” já viveu. Mas por mais que você tente dar essas explicações, não as encontra, ou as que consegue encontrar geram respostas que fazem você se sentir ainda mais triste.

Todos nós gostaríamos de não ter perdido tempo com coisas que não mereciam, e fazer outras que nos teriam dado mais estabilidade e proveito. Muito mais jovens, mais ingênuos, e quem sabe desperdiçando alguns dos melhores anos da nossa vida.

O nosso “eu”, um pouco mais sábio e também menos ingênuo, nos diria que esses são anos para viver e não pra desperdiçar em atividades, pessoas ou lugares que a longo prazo não trazem qualquer benefício, ou seja, uma absoluta perda do nosso tempo.

O que você diria ao seu eu de 10 anos atrás?

“Se soubesse isso 10 anos atrás”, “Quanto tempo desperdicei a chorar por algo que não valia a pena”, “Quantas coisas não vivi por medo e que hoje sinto falta”. “Sinto falta de recordações do meu passado que foram roubadas pelos medo, pela preguiça, pela tristeza e pela insegurança”.

Tenho saudades desses momentos do passado. Seria apropriado dizer algo mais, aperfeiçoar a memória episódica e semântica e tentar recriar essas recordações do seu “eu”. Não para sonhar com como poderiam ter sido, mas sim para saber se ainda há tempo de vivê-las. Se eu tivesse essa oportunidade, diria:

Desligue a televisão. Aperte o botão OFF com força e determinação. Que continue assim o maior tempo possível, você não vai aprender nada a partir dessa “caixa doida”. Mantenha esse botão bem apertado, pois você tem que guardar sua energia para as verdadeiras experiências ou para procurá-las. Compre um bom computador e contrate um serviço de internet, é um bom investimento a curto, médio e longo prazo se souber como utilizá-lo. Utilize as redes sociais como uma forma de comunicação, mas não exponha muito da sua vida nelas. Não deixe que elas o aprisionem emocionalmente.

Pratique um esporte, caminhe pela natureza. Já sei que você tem muito o que fazer, o meu “eu” também estava sempre muito ocupado, mas olhando para trás, acredite em mim, há sempre tempo para ter contato com a natureza, seja sozinho ou acompanhado. As recordações da natureza e dos animais são as mais agradáveis. 

Você pode duvidar de algumas coisas sobre si, mas nunca duvide de que você pode ser o que quer. Faça tudo o que estiver nas suas mãos para o fazer possível: os medos arrebatam sonhos ou os atrasam demais.

Utilize o seu dinheiro em coisas que façam você se sentir bem, mas que também lhe sejam úteis. O que você gastou em vícios poderia ter trocado por momentos. Trabalhe no que puder e assimile ideias e experiência, mas sem sair muito do caminho que determina a inércia dos seus valores.

Não lute por alguém que não demonstra que quer que você lute. Não force situações, não se angustie, não se deprima se não conseguiu que alguém lhe desse o que você procurava. A vida dá muitas voltas. Se alguém mudar, pense bem se merece uma segunda oportunidade em função de tudo o que viveu.

Você vai perder amigos pelo caminho, não porque lhe tenham feito algum mal, o que também pode acontecer, mas sim porque você vai mudar e os outros também. Quebrar a rotina traz pessoas novas, mais de acordo com a forma que você vive e se sente neste momento. Não faça drama em relação a isso. Tente simplesmente manter uma relação cordial, pois guerras abertas por resolver trazem momentos amargos com elas.

Não se preocupe tanto em relação a tudo. Você irá perceber quais os problemas que têm solução e os que não conseguirá resolver. A maior parte das catástrofes que acontecem nas mentes ansiosas e receosas só acontecem por causa da imaginação.~

Ame os seus e demonstre isso, mesmo que você esteja cansado ou que não tenha tempo. A sua família, amigos e companheiros vão precisar de você. Às vezes eles vão pedir e outras apenas farão com que você veja isso. Um amigo que está presente quando você precisa dele é um amigo que você irá recordar para sempre. Uma filha que sabe voltar para cuidar da sua mãe enche a sua alma com o melhor que há na vida. Tente estar presente nos nascimentos dos novos membros da sua família.

Dê mais abraços, seja mais sincero, porém menos combativo. Sabe por que com o tempo muita gente se torna mais carinhosa? Porque em determinado momento sente um temor de solidão acumulada e aprende que manter uma atitude distante perante os outros apenas provocou distância, e não respeito.

Ame-se e cuide-se. Cuide de si, mime-se, tente se sentir melhor fisicamente, mas não se esqueça de que nada assenta melhor ou realça mais os seus traços do que a segurança e a calma. Mude apenas para conseguir se sentir mais confortável na sua pele, e nunca para agradar aos outros.

Não faça investimentos que não tenha certeza de que consegue pagar. Poupe o que conseguir e não se sujeite a dar mais do que aquilo que pode dispensar.

Não hesite em querer o que realmente quer. Muitas pessoas questionam as suas decisões e a sua forma de viver, mas nunca se arrependa ou dê muitas voltas para fazer algo que realmente quer fazer.

Leia e escreva. Não há melhor sensação do que ler algo que escrevemos há anos, é uma fotografia emocional que nos mostra como fomos em determinado momento da nossa vida.

Deixe de ter medo e desfrute mais do que você faz. Viaje, faça loucuras de vez em quando e cerque-se de pessoas que estão no mesmo barco que você, mesmo que sejam muito diferentes de você em aparência, mas não em valores.

Não existe nada que você não consiga superar, por mais complicado que seja. É o que lhe diz o seu “eu” com mais 10 anos, que continua de pé e a respirar apesar de todos os contratempos. O que você tem que fazer é estabelecer prioridades, organizar bem o seu tempo e respeitar os tempos livres e de trabalho, que não irão interferir em assuntos que são perfeitamente adiáveis. Os frutos do seu futuro exigem muita concentração no seu presente.

O passado que tem cheiro de futuro

Já não se pode alterar nada do passado, já está feito. Por outro lado, pense que o passado é algo que você deve esquecer, mas de onde deve tirar ensinamentos. Esteja na sua cabeça, nas suas lágrimas espontâneas e no caminho que você escolheu, deixando de lado outras opções.

Exercícios experimentais como este nos mostram que aprendemos muito mais do que temos noção e que estamos dispostos a não voltar a cometer os mesmos erros, ou pelo menos tentar. O nosso “eu” do futuro nos trará então novos sonhos e “conselhos” para seguirmos. Você acha que já não pode realizar os sonhos que tinha pendentes do passado? Não se esqueça de que os conselhos do seu “eu passado” são os desejos do seu “eu presente”. O que você diria?






Posso não saber para onde irei, mas sei bem para onde nunca mais voltarei





Marcel Camargo

Não volte aos mesmos erros, ao lar desfeito, aos descaminhos, às promessas quebradas, ao relacionamento fracassado, aos amigos hipócritas, ao emprego desumano. Não abra mão daquilo que você é, daquilo em que acredita, ou ninguém reconhecerá a grandeza que possui dentro de si.

O futuro pode ser planejado, desejado, repleto de metas a serem alcançadas e, ainda assim, sempre será incerto, improvável, impossível de ser previsto com exatidão. No entanto, desejar e lutar por um amanhã melhor e mais feliz nos faz bem, alimentando nossas forças em sempre querer continuar, inesgotavelmente, haja o que houver.

Nessa jornada, devemos estar seguros quanto ao que idealizamos, bem como quanto ao ontem e aos lugares aos quais não poderemos mais voltar, para nossa própria sobrevivência. Há lugares para onde nunca mais devemos voltar. Jamais.

Não volte aos mesmos erros, aos conhecidos descaminhos, mas reaprenda com cada tombo, superando as próprias falhas e lidando saudavelmente com as limitações que todos temos. O ontem deve permanecer lá atrás, ancorado nosso aprendizado contínuo, de forma a redirecionarmos nossas energias em direção a acertos que nos tornarão cada vez mais humanos e mais felizes.

Não volte ao lar que já se desfez, ao colo que não acolhe

Ao vazio solitário de uma companhia dolorida. Devemos ter a coragem de colocar um ponto final em tudo aquilo que nos enfraqueceu e nos diminui, tolhendo-nos a tranquilidade de um respirar livre. O nosso caminho deve ser transparente e leve, sem pesos inúteis que atravancam o nosso ir em frente.

Não volte às promessas quebradas

Ao relacionamento fracassado, que em nada acrescentou na sua vida, ao incessante dar as mãos ao vazio, ao compartilhamento unilateral, ao doar-se sem volta. Todos merecemos nos lançar ao encontro de alguém verdadeiro e que seja repleto de reciprocidade enquanto se dividem os sonhos de vida. Todos temos a chance de encontrar uma pessoa que não retorne menos do que doamos, que não nos faça sentir a frieza da solidão acompanhada.

Não volte aos amigos hipócritas

Às pessoas que se baseiam em interesses escusos para permanecerem ao seu lado. Amizade deve ser soma, gargalhada, brilho nos olhos e ritmo no coração. Caso não nos faça a mínima falta, caso não nos procure sem razão, nenhum relacionamento pode ser tido como verdadeiro. É preciso poder contar com alguém que permaneça ao nosso lado, mesmo após conhecer nossas escuridões, pois é essa sinceridade que sustentará nossos ânimos nas noites frias de nossa alma.

Não volte ao emprego desumano

Que achata os sentidos, não reconhece seu valor, apenas criticando e pedindo sempre mais e mais, sem lhe dar nada em troca. Procure uma ocupação onde os minutos não pareçam uma eternidade, onde obtenha reconhecimento, onde possa atuar como personagem principal da própria vida. Não abra mão daquilo que você é, daquilo em que acredita, ou ninguém reconhecerá a grandeza que possui dentro de si.

Sim, não há como prever o futuro, tampouco controlá-lo. Cabe-nos cuidar do nosso aqui e agora com todo o cuidado que o hoje merece, para que diariamente preparemos, aos poucos, um caminho menos árduo, um amanhã que dê continuidade aos nossos esforços em sermos felizes.

Agirmos refletidamente, enfim, nos poupará de atravessar caminhos tortuosos e solitários, sob lamentações e arrependimentos. Porque, tendo plantado paixão verdadeira, tendo cultivado relacionamentos sinceros, colheremos, certamente, sorrisos e abraços de gente de verdade, gente com a intenção de ser feliz bem juntinho, sempre.





As Forças do Golpe vão tentar segurar Temer até 31 de Dezembro. Após ele será descartado para vir um Parlamentarismo com eleições indiretas. Só o povo pode mudar estes planos, tirando Temer antes de dezembro !




Temer foi usado para um objetivo maior ! 




Isabel Lustosa: Os mesmos que derrubaram Dilma, podem descartar Temer


Isabel Lustosa: Os mesmos que derrubaram Dilma, podem descartar Temer. O impeachment da presidenta Dilma Rousseff não foi o desfecho do golpe e muitas surpresas negativas ainda podem vir por aí. 


A avaliação é da historiadora e doutora em ciências políticas Isabel Lustosa. Para ela, contudo, a reação que surge nas ruas à destruição de conquistas que vêm desde a Constituição de 1988 pode complicar os planos das forças que tomaram o poder. 

Joana Rozowykwiat

“A segunda etapa do golpe é a eliminação do Lula como ator político”, afirma Isabel, em entrevista ao Portal Vermelho, concedida nesta quinta (8).

Ela prevê ainda que, sem popularidade e citado em delações da Lava Jato, o presidente Michel Temer pode ser descartado por seus aliados, após a virada do ano. 

Desta forma, uma eleição indireta poderia levar ao poder alguém que dê ao governo do golpe certa imagem de moralidade e eficiência, com o objetivo de levar adiante o programa de desmonte do Estado brasileiro. 

“Esse é um longo processo, que começa ainda durante a eleição e alcança seu ápice na decisão do Senado. Mas é um processo, não é assim: aconteceu o impeachment. 

Ao longo desse tempo, uma espécie de caldo foi se formando, de circunstâncias políticas e jurídicas, que acabou desembocando nisso, que não é o final da linha ainda. Ao meu ver, ainda há as circunstâncias de consolidação do golpe. Ainda tem muita estrada e as coisas ainda nos surpreenderão negativamente”, diz.

Ruptura radical

De acordo com ela, o impeachment lançou no país em uma situação “dramática”, e a plataforma anunciada pelo novo governo deixa clara a total ruptura com o projeto eleito pelas urnas. Por outro lado, ajuda a desconstruir o discurso dos que tentam igualar políticos e projetos. 

“Muita gente dizia: ‘ah, é a mesma coisa". Mas, mesmo o governo Dilma - com os defeitos que tinha e as tantas concessões feitas ao partido golpista, o PMDB - não se compara ao fosso que se abriu entre a realidade que a gente vivia até abril desse ano e a que se constituiu com as políticas implementadas agora. É uma ruptura radical, que vai se confirmando em práticas inclusive repressivas. 

O retrocesso atinge todas as áreas, das políticas sociais até coisas consolidadas pela Constituição de 1988, a CLT, os recursos para saúde e educação”, enumera.

Questionada sobre o que projeta para o próximo período, Isabel – que também é escritora e trabalha com pesquisadora da Fundação Casa de Rui Barbosa – destacou um aprofundamento da repressão e da investida contra as lideranças de oposição ao impeachment.

“A destruição e o cerceamento das liberdades do ex-presidente Lula são evidentemente um alvo desse conjunto de forças que se organizou para perpetrar o golpe. E acho que o círculo vai se estreitar em torno da repressão. 

E todo o aparelho jurídico e policial que está aí, trabalhando diuturnamente contra as esquerdas e as lideranças que podem, de alguma forma, deter esse processo, não vai parar enquanto não eliminar o risco de que, numa eleição, sejam eleitas pessoas que representem uma oposição a esse projeto que está sendo implementado”, opina. 

Temer, carta fora do baralho

Poucos meses após assumir, o presidente Michel Temer amarga baixos índices de aprovação. Nas cinco capitais de maior população do país, a rejeição (Ruim/Péssimo) ou a indiferença (Regular) ao governo variam entre 77% e 82%, conforme mostrou pesquisa Ibope. 

Temer apoiou o impeachment com o argumento do combate a corrupção e montou um gabinete mergulhado em escândalos e denúncias de irregularidades; defensor do discurso da austeridade, retira direitos da população, mas fez aprovar o maior déficit primário da história do país, que tem lhe permitido distribuir benesses a aliados.

Diante de uma base de apoio fisiológica, várias divergências têm sido externadas no seio do golpe. O próprio PSDB dispara contra a gestão, faz exigências e ameaça abandonar o barco. 

Para Isabel, o vice que virou titular não deve governar por muito tempo. De acordo com ela, as forças por trás do impeachment vão trabalhar – com o apoio da “mídia, tentando apagar todas as burradas que ele fizer” – para mantê-lo no cargo até final do ano, já que, caso saia antes desta data, eleições diretas terão que ser convocadas. 

“A minha impressão é que Temer será descartado logo depois de 31 de dezembro”, afirma.

Segundo a historiadora, os mesmos expedientes que agora são usados contra Lula e lideranças ligadas ao PT podem servir para afastar o aliado que vai se tornando indesejado. 

A ideia é dar ares de legitimidade à gestão – “uma cara de ‘vamos moralizar’” –, para poder “fazer o resto do serviço, terminar o processo de desmonte daquilo que foi construído não apenas nesses 13 anos, mas desde 1988”, crê a pesquisadora.

“Vão descartar esse PMDB corrupto e retomar as rédeas. As forças que estão produzindo esse golpe têm interesse em uma imagem de eficiência, em uma quase legitimidade, que pode ser tentada pela eleição pelo parlamento de um [Henrique] Meirelles da vida, ou de alguma figura que tenha mais carisma e popularidade, e por um parlamentarismo que ponha para andar esses projetos destruidores da Constituição de 1988”, projeta.

A emergência da reação

Colocar em prática esses planos, contudo, não deve ser tão fácil como se esperava. 

Se as ruas andaram silenciosas na reta final do processo de impeachment, desde o afastamento definitivo de Dilma Rousseff, agora estão repletas de gritos de “Fora, Temer”. A frase estampa muros, camisetas. É entoada não só em manifestações organizadas, mas em shows, exposições e familiares festas de formaturas. 

Isabel observa que há toda uma parcela da população que começa agora a se dar conta do que representa essa ruptura de projeto. “(...) A empregada doméstica, os trabalhadores que viram seus filhos entrarem nas universidades, essa juventude. A gente começa a perceber que as coisas vão pesar negativamente contra eles”.

Para ela, depois da pouca reação no curso do impeachment, foi uma surpresa a emergência desse movimento de oposição, que incorpora “um sentimento nacional, que parecia meio amortecido”, diz.

“A gente não sabe que Brasil é esse, que está lá nos grotões, que recebeu médico, de gente que estava na roça e o filho está se formando. A gente não sabe ao certo o que aconteceu, a transformação da qualidade de vida, a água que chegou nas casas, a energia elétrica. 

A reação a esse processo de destruição de tudo isso que foi construído talvez seja mais complicado do que aparentemente os que urdiram esse golpe tenham esperado”, completa.

De acordo com ela, a presença da juventude nas manifestações e as movimentações de Lula pelo país vão, aos poucos, ganhando espaço na disputa de narrativa. 

“Essas coisas se multiplicam de forma mais sutil que um evento convocado por uma grande rede de televisão, por exemplo, mas vai formando um substrato”, defende.

“Fora, Temer”, bandeira de unidade

Isabel avalia que esse “acordar” só agora talvez tenha sido motivado pelo fato de que a bandeira “Fora, Temer” pode ser mais forte que a “Volta, Dilma”. Ela ressalta que havia uma divisão grande da esquerda sobre o governo Dilma, em especial no segundo mandato, quando políticas de ajuste rechaçadas nas urnas foram implementadas pela gestão. 

“É mais fácil unir em torno do combate ao golpe e aos usurpadores – que são pessoas cujos processos jurídicos e criminais já desmoralizam a situação política deles – que em torno da questão um tanto ambígua da posição da Dilma, com relação especialmente ao arrocho, à política econômica neoliberal que ela, pressionada pela oposição e até por alguns aliados, estava adotando após a eleição de 2014”, compara. 

Excessos do golpe podem fortalecer resistência

A historiadora revela a expectativa de que se fortaleça uma resistência em defesa do Brasil, agregando inclusive setores de centro, “que começam a se dar conta da violência que está ocorrendo”. 

“Talvez o golpe tenha ido longe demais. Alguns que tinham certas expectativas podem ter sido surpreendidos pelo excesso. 

As propostas relacionadas a direitos adquiridos devem estar chocando inclusive setores que eram contra o governo petista. Minha expectativa é de uma resistência democrática, que envolva não só a esquerda, mas uma parte do centro, uma parcela de liberais conscientes com vontade de ver o Brasil não mergulhar nesse buraco negro, com a venda do patrimônio nacional, com a liquidação dos direitos dos trabalhadores, quase um estado de anarquia que está se tentando implantar”, afirma. 

Segundo a cientista política, “as coisas podem se tornar muito dramáticas” em um futuro no qual o Sistema Único de Saúde e a Consolidação das Leis de Trabalho, por exemplo, sejam esfacelados. 

“Tenho esperança de que o bom senso pode fazer as pessoas se unirem em defesa do Brasil”. 

Diretas Já

Indagada sobre o movimento por novas eleições diretas, algo que ganha mais adeptos com o passar dos dias, Isabel defende que bandeiras legítimas, voltadas para a valorização do voto e da participação popular, merecem estímulo.

Mas ponderou sobre a viabilidade da proposta: “Não sei, nas condições objetivas, com tantos casuísmos sendo implementados pelo Parlamento, que tipo de armação eleitoral eles vão promover, no sentido de fazer uma eleição nos moldes que eles querem.

A gente já viu que as leis são completamente elásticas. O próprio impeachment é exemplo claro disso, de como a lei pode ser dobrada para atender aos interesses do grupo que está no poder”. 

Por outro lado, ela reconhece que o movimento ganha forças, torce por ele e relembra a primeira campanha pelas Diretas Já. Durante o regime militar, o movimento foi crescendo e, se não conseguiu fazer aprovar a emenda que estabelecia o pleito direto em 1984, teve grande papel na abertura política. 

Contra os retrocessos

Para Isabel, para além do “Fora, Temer”, o ideal seria que as manifestações tivessem como foco os ataques a direitos que o atual governo promove. 

“Há uma série de questões que precisam se constituir como bandeira de luta – é o SUS, a educação gratuita e laica, a questão do petróleo, enfim... e é impressionante como esses temas voltam. 

(...) São causas não só desse momento. É preciso acordar as consciências, para que essas sejam coisas dadas. É como se a gente tivesse que relembrar as bandeiras da revolução francesa – liberdade, igualdade, fraternidade, direitos do homem. São essas coisas que estão ameaçadas”, cita.

Capital financeiro, arrocho e individualismo

Ao se referir a estes temas, pelos quais, depois de tantas lutas, ainda é preciso brigar, Isabel destaca que, por trás dos ataques de ontem e de hoje, estão forças muito bem estabelecidas. 

“É o capital financeiro, hoje, dominando o mundo, que se fortaleceu muito e está destruindo a economia europeia e até americana, com a filosofia do arrocho, a filosofia neoliberal, o corte de direitos”, aponta.

De acordo com ela, trata-se de algo que foi, inclusive, incorporado por parte de forças mais à esquerda no mundo. “Basta ver aí o [presidente francês, François] Hollande, pessoas que vinham de uma origem mais à esquerda e acabaram comprando, porque parecia científico, o discurso neoliberal. 

E isso tudo associado a um tipo de filosofia pós-moderna, de que ‘tudo é igual, nada é melhor’ - como diz o tango -, que acabou destruindo determinados valores de humanidade que haviam se consolidado a partir do século 19”, lamenta, citando ainda o que chama de “individualismo nocivo” e “meritocracia irreal”.

Para ela, de certa maneira, a queda do Muro de Berlim e a revisão da leitura do marxismo, que geraram uma espécie de negação de teorias e de um patrimônio que marcou a formação de consciências jovens no passado, também tem um peso no estado de coisas atual. 

“Hoje você não tem grupos de leitura, para avaliar determinados textos que ajudavam a dar sentido à luta das pessoas. Hoje essa luta acaba sendo um pouco errática, justamente pela ausência de uma base de pensamento que dê o norte”, analisa. 

“A mídia é o centro de tudo”

Estudiosa da imprensa brasileira, com alguns livros lançados sobre o tema, Isabel destaca que as empresas de comunicações tiveram papel decisivo não só no impeachment, como também têm dominado a política brasileira

“A mídia é o centro de tudo. Ela acossou o Supremo [Tribunal Federal] de forma tão definitiva, que eles não se movem mais se não tiverem o aval da mídia. É algo quase monstruoso”, condena. 

Segundo a historiadora, “o esforço de procuradores para aparecerem na televisão e agradarem às empresas de comunicação” é a prova de quanto esse poder se “agigantou” e se tornou “perigoso” para os destinos do país.

“Há uma espécie de ditadura midiática. (...) O Brasil virou refém. Não se faz nada sem agradar os verdadeiros donos do país, que são as grandes empresas de mídia”, diz, lamentando que os governos petistas não enfrentaram tal situação. 

Ditadura policial-jurídico-midiática

Em outro momento da entrevista, ao falar sobre a repressão às manifestações contra Temer, ela voltou a citar o papel da mídia.

“Você tira a visão de um jovem e isso não sai na grande imprensa. Isso não aconteceu. Sua tia não vai saber que isso aconteceu. É uma articulação muito poderosa. A opinião pública não toma conhecimento. E, com isso, vai se formando uma ditadura policial-jurídico-midiática, com a subordinação do parlamento, cada vez mais obediente a essa articulação”.

Ainda sobre o uso da força para conter os protestos, ela se diz preocupada com o quadro atual. 

“Na medida que vemos as imagens, cada vez os policiais que agridem têm menos receio de mostrar a cara. Sabem que estão garantidos pelo governo e pela justiça”, condena, chamando a atenção para o que ela classifica como a criação de uma “casta” dentro do serviço público, alinhada à direita.

“Há aí uma força de direita muito grande - com várias exceções, como o juiz que soltou os jovens [presos antes da manifestação contra Temer no último domingo (4)] -, que é assustadora. São pessoas com salários extraordinários, que formaram uma espécie de casta do serviço público e que são principalmente de direita”, coloca.

Apesar da preocupação em relação à escalada da repressão, ela avaliou que, contra este horizonte de retrocessos, a saída é “a resistência construída pelas novas forças que estão aí, os futuros donos do Brasil”, afirma, referindo-se à juventude. 

“Temos que torcer para que se continue a trabalhar na formação das consciências sobre o que está acontecendo de fato no Brasil. 

Mas agora a bola está com essa misteriosa população que está aparecendo e se manifestando e sobre a qual os formadores de opinião podem, no máximo, dar uma contribuição e vibrar junto com ela”, conclui.



 

Isabel Lustosa - Escritora, Historiadora e Doutora em Ciências Políticas