Um dia da Consciência Negra no 20 de novembro cria enormes possibilidades de combinação com o dia da Consciência Republicana, também conhecido como o 15 de novembro, e nessas o povo foi embora na quarta-feira e não foi mais visto.
Penso que se os meus estimados gaúchos soubessem como São Paulo fica ótima com 3 milhões de habitantes a menos viriam todos para cá, reconstituindo o problema, mas agora com novo sotaque. Sério, eu penso nessas coisas.
E amigos meus estavam hoje debatendo os estádios do Internacional e Grêmio, assunto que se torna mais intenso à medida em que se aproximam os dias finais do nosso velho e estimado Olímpico.
Basicamente o Inter apostou na continuidade, continuando no mesmo lugar e com o mesmo estádio, só que recapado. Já o imortal tricolor sacudiu a poeira, deu a volta por cima e optou por se mandar da Azenha para novos e maiores ares e arenas.
Quem acertou mais, quem errou mais, estimados sulvinteumenses?
Não é por morar em SP e ser pai de um provável futuro corintiano que eu me abstenho de dar opinião furada em um tema dessa relevância. Eu posso ser um ex-morador de Porto Alegre, mas sigo tão gremista quanto era, acho, apesar da memória se tornar traiçoeira com o passar dos séculos.
Pois eu acredito que o Grêmio acertou e o Inter errou, e, ao final do processo, um vai estar no mesmo lugar, apenas com a maquiagem retocada, e o outro vai estar posicionado para ocupar um outro espaço nesse século que inicia.
Um outro espaço começa, necessariamente, por cair fora da Azenha, não lhes parece? Eu posso não morar na cidade e não ir até aquele bairro a pelo menos 15 anos, mas nada aconteceu, acontece ou vai acontecer por ali, não é mesmo? Alguns lugares se especializam em anti-acontecimentos, e vivem bem assim. Teresópolis, Partenon, Glória, Azenha, todos aqueles destinos antigos dos bondes que partiam da praça ali em frente ao Mercado Público. Sair dali só pode fazer bem, é o que me parece.
Já o Inter fincou pé naquela avenida que dá passagem à zona sul e ao território do pessoal que vai ao supermercado de pijama aos domingos, não é mesmo? E insiste em reformar o Beira-Rio, o que me parece um erro. Não existe muito como arrumar coisas mal planejadas e mal construídas, e praticamente tudo que fizemos nos anos 50 e 60 se inclui em ambas categorias. Éramos um país mais pobre e com mania de fazer coisas grandes. Claro que dali não poderia sair muita qualidade, e não saiu mesmo.
Eu tive ótimos momentos olhando o que acontecia no gramado do Olímpico, e acho belíssima a imagem daquela torcida toda em azul.
Mas também lembro de me sentir desrespeitado como torcedor e cidadão, e bastava ir a um bar ou banheiro, duas coisas igualmente construídas no mesmo concreto e com a mesma visão de qualidade nenhuma, para me sentir no que os século 20 tinha de pior para nos oferecer.
Manter essas estruturas, tentar reformá-las, me parece um erro. Não acho que elas tenham muito jeito, como não sei se a Azenha tem muito jeito. Melhor deixar pra lá e mudar de ares, é o que eu penso. E por isso penso que o Grêmio acertou mais, mesmo com aqueles vidros azuis com jeitão de aeroporto da Infraero ou templo da Universal que a nova arena tricolor parece que vai portar.
O novo local vai ficar no meio caminho entre Porto Alegre e suas muitas cidades vizinhas, ampliando o universo de torcedores e o poder de atração do clube e sua marca. Tudo ali parece remeter para o futuro, embora as favelas da região não tenham ainda informado o que pretendem fazer consigo mesmas.
De resto, e como contribuição, deixo uma sugestão de nome para o novo estádio, que vai ser nomeado por um patrocinador, pelo que eu entendo. Se for um nome muito internacional, muito amplo, como Samsung, Santander, Apple, já vejo algum Fagundes protestando.O Banrisul ou a Panvel não vão querer patrocinar apenas um dos lados e a Gerdau não me parece mais tão ligada em assuntos locais.
Portanto, e pelo aspecto de reforço à ideia de buscarmos todos um melhor condicionamento físico, que tal Arena Coscarque?
É nosso, faz bem, e já foi até proibido pela Anvisa. Tem todas as vantagens e poucas desvantagens, excluindo-se o fato de que não deve ser capaz de patrocinar o que quer que seja, e assim o clube pode aguardar o surgimento de um patrocinador de verdade e global e o povo do RS nem vai resistir ao negócio, louco por se livrar de um nome tão horroroso. Vejam quantas vantagens!
Clube de futebol tem que se concentrar no seu negócio principal, que deveria ser o futebol. Gerenciar estádios faz tanto sentido quanto produzir as próprias chuteiras.
Arena Coscarque tem as virtudes de ser, ao mesmo tempo, inigualável e sem sal, nomeando sem desnomear. O time vai ter que se puxar para ficar à altura do seu novo estádio. Que faça isso sem distrações ou concorrência de outros parceiros minimamente à sua altura. Essa é a sugestão, e espero que seja levada a sério pelo Fabio Koff ou quem quer que seja que esteja na presidência do clube.
Fica a dica, e um bom futuro a todos nós.
Postado no blog Sul 21 em 22/11/2012
Nota
Coscarque é um chá emagrecedor.