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É preciso falar do "fim do mundo"



Não temos um segundo planeta para onde fugir

Espero que você não tenha fritado os miolos no calor infernal dos últimos dias, na maior parte do Brasil, e leia esse artigo até o fim. Sim, eu sei, ninguém gosta de falar do “fim do mundo”. Ondas de calor, incêndios incontroláveis, fome e seca, aumento do nível do mar, cidades litorâneas varridas do mapa, lixo nos oceanos… Quem quer saber de catástrofe? Logo agora que mal saímos da pandemia e nos livramos de uma praga de proporções bíblicas (hoje, felizmente, inelegível)?

Não dá para adiar essa conversa? Lamento dizer: não dá. O tal do “fim do mundo” já chegou. A catástrofe climática já está acontecendo. Não vai haver um dia do juízo final, um evento súbito e inesperado como o choque do asteroide contra a Terra que extinguiu os dinossauros e 75% das espécies vivas do planeta 65 milhões de anos atrás. O desastre climático já é a soma, dia após dia, de enchentes, inundações, tempestades e incêndios que ocupam o noticiário com seus efeitos devastadores: perda de vidas, prejuízos materiais, emocionais e mentais incalculáveis.

Os fins do Mundo

 



Os fins do Mundo

 



Astrônomos flagram quatro fins do mundo

Astrofísicos flagram quatro fins do mundo

Durante bilhões de anos, tudo o que havia era um tranquilo sistema planetário. [Imagem: Mark A. Garlick/University of Warwick]


Sol Vermelho

Astrônomos flagraram quatro estrelas anãs brancas destruindo seus próprios planetas.
O fenômeno pode ser um exemplo do que acontecerá com o próprio Sistema Solar.
Conforme estrelas como o nosso Sol se aproximam do final de suas vidas, elas se tornam gigantes vermelhas, expandindo-se para muito além de suas dimensões usuais.
Embora ainda não esteja claro se nosso futuro "Sol Vermelho" será capaz de engolir a Terra, é certo que isso acontecerá com Vênus e Mercúrio.
Pode ser que a Terra saia "ilesa", apenas com sua superfície totalmente tostada - sem vida e sem água, certamente.

Astrofísicos flagram quatro fins do mundo

Com o esgotamento do hidrogênio da estrela, ela tornou-se uma anã vermelha, engolindo seus  planetas mais próximos e provocando turbulências que podem ter levado outros a se entrechocarem. [Imagem: Mark A. Garlick/University of Warwick]


Restos do fim do mundo

Não foi o que aconteceu com as estrelas agora observadas por uma equipe da Universidade de Warwick, no Reino Unido.
Eles identificaram quatro anãs brancas cercadas por poeira produzida por corpos planetários despedaçados.
O mais interessante é que essa poeira tem muitas semelhanças com a composição da Terra.
Os elementos mais abundantes na poeira em torno dessas quatro anãs brancas são oxigênio, magnésio, ferro e silício - quatro elementos que compõem cerca de 93% da Terra.
Uma observação ainda mais significativa é a de que este material também contém uma proporção extremamente baixa de carbono, muito semelhante à Terra e outros planetas rochosos que orbitam mais perto do nosso Sol.

Astrofísicos flagram quatro fins do mundo
Este é o quadro que os astrofísicos observaram agora, um autêntico resto do fim do mundo, com uma poeira com composição muito similar à da Terra. [Imagem: Mark A. Garlick/University of Warwick]





Fim de quatro mundos

Esta é a primeira vez que proporções tão baixas de carbono foram detectadas nas atmosferas de anãs brancas poluídas por detritos.
Isto é um indício muito claro de que essas estrelas tinham pelo menos um exoplaneta rochoso, destruído por elas próprias.
Ou seja, o que os astrofísicos encontraram são os restos do fim de pelo menos quatro mundos.

Bibliografia:

The chemical diversity of exo-terrestrial planetary debris around white dwarfs
B.T. Gaensicke, D. Koester, J. Farihi, J. Girven, S.G. Parsons, E. Breedt
arXiv
http://arxiv.org/abs/1205.0167


Postado no blog Inovação Tecnológica em 05/05/2012


"Vovô, o mundo vai acabar mesmo?", perguntou-me bastante preocupada a neta mais velha, de oito anos, enquanto a gente fazia compras num mercadinho na praia de Paúba, em São Sebastião.
Sempre interessada em tudo o que acontece à sua volta, ela estava prestando atenção na televisão junto ao caixa e ouviu alguma coisa a respeito.
Foi um custo convencê-la de que isto é bobagem, o mundo não vai acabar coisa nenhuma, pode ficar tranquila. Desconfiada, volta e meia ela vinha de novo com o assunto, querendo saber porque estavam falando aquilo na televisão.
Nem deve ter dormido direito naquela noite. Laura já lê jornal e revista, adora livros, navega na internet e quer saber o por quê de tudo. As crianças de hoje, ao contrário do que muita gente pensa, são muito sabidas e curiosas.
Tentei lhe explicar que isso é coisa de um tal de calendário maia que anuncia para dezembro deste ano o fim do mundo. Não é a primeira vez. Já tivemos muitos fins de mundo anunciados e não cumpridos. Pelo menos até o momento em que escrevo este texto, nosso planetinha ainda não acabou.
Naqueles dias da semana passada, tinha acabado de ler todas as retrospectivas e perspectivas publicadas pelos nossos urubólogos e futurólogos de plantão _ e, de fato, fiquei com a sensação de que estávamos mesmo caminhando para o final dos tempos. Em resumo, o mundo foi uma desgraça só em 2011, e pode piorar mais um pouco em 2012.
A ser verdade tudo o que meus colegas previram de problemas, crises e impasses em 2012, no Brasil e no mundo, pode ser mesmo que os maias tenham alguma razão.
Para completar, alguns portais publicaram as previsões apocalípticas do resistente Fidel Castro, que voltou a escrever um artigo depois de andar sumido nos últimos meses. Aos 85 anos, ele adverte que não temos muito futuro por causa das mudanças climáticas e da ameaça de conflitos nucelares. Para o articulista Fidel, o mundo corre perigo.
As primeiras notícias do ano também não ajudaram a acalmar a minha neta. O de sempre: tragédia das águas, mortos e desabrigados, malfeitos em geral na Justiça, ministro balançando e se explicando, o PSDB esperando uma definição de José Serra, cracolândia em pé de guerra e até um prédio implodido com 800 quilos de dinamite que permaneceu em pé.
De fato, o começo do ano não foi dos mais animadores, mas tenho esperanças de que ainda vamos comer peru neste Natal e, quem sabe, nos próximos. Para dormir tranquila, Laurinha só deve evitar aqueles noticiários que não fazem bem para a saúde das crianças.
Sejam todos bem-vindos a 2012. E seja o que Deus quiser... Vida que segue.

Postado no Blog Balaio do Kotscho em 10/12/2012