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Vídeo : Reitor da UFSM responde Heinze e lamenta que a universidade não consegue ensinar “ caráter ”





Caique Lima 


Paulo Burmann, reitor da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), respondeu o senador Luiz Carlos Heinze, que havia dito que sentia “vergonha” de ter estudado na instituição:

“Tem coisas que nós não conseguimos ensinar na universidade, o caráter é uma delas. A ética a gente ainda consegue trabalhar, um pouco, mas o caráter nós não conseguimos. As pessoas têm ou não tem, elas aperfeiçoam com o tempo, mas têm que ter uma semente forte disso”.

A fala ocorreu durante reunião do Conselho Universitário (CONSU) da instituição nesta sexta (25).

O reitor ainda lembrou que o curso feito pelo senador na década de 1970, agronomia, é ainda hoje um dos melhores do país.

“Eu estudei em Santa Maria nos anos 70. Tenho vergonha da minha escola. Dos cursos de Agronomia mais renomados, hoje perde para Lavras do Sul e Piracicaba, outras escolas, porque não tem ideologia lá. E na minha escola, onde eu me formei, tem ideologia”, disse o senador durante o depoimento de Pedro Hallal, nesta quinta (24).

“Felizmente nós temos a democracia, alguma coisa do que resta dela precisa ser preservada nesta universidade”, respondeu o reitor.






Abaixo o senador, da base governista, apoiador do genocida:
















Vídeo : Reitor da UFSM responde Heinze e lamenta que a universidade não consegue ensinar “ caráter ”





Caique Lima 


Paulo Burmann, reitor da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), respondeu o senador Luiz Carlos Heinze, que havia dito que sentia “vergonha” de ter estudado na instituição:

“Tem coisas que nós não conseguimos ensinar na universidade, o caráter é uma delas. A ética a gente ainda consegue trabalhar, um pouco, mas o caráter nós não conseguimos. As pessoas têm ou não tem, elas aperfeiçoam com o tempo, mas têm que ter uma semente forte disso”.

A fala ocorreu durante reunião do Conselho Universitário (CONSU) da instituição nesta sexta (25).

O reitor ainda lembrou que o curso feito pelo senador na década de 1970, agronomia, é ainda hoje um dos melhores do país.

Os gurus digitais criam os filhos sem telas



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No Vale do Silício proliferam escolas sem tablets nem computadores e jardins da infância onde o celular é proibido por contrato



Pablo Guimón  

Palo Alto ( Califórnia, EUA )



A professora, armada com giz colorido, acrescenta frações no grande quadro-negro, emoldurado em madeira rústica, que cobre a parede frontal da classe. As crianças da quarta série, 9 e 10 anos, fazem suas contas nas carteiras com lápis e cartelas. A sala de aula é revestida de papéis: mensagens, horários, trabalhos dos alunos. Nenhum saiu de uma impressora. Nada, nem mesmo os livros didáticos, que as próprias crianças elaboram à mão, foi feito por computador. Não há nenhum detalhe nesta aula que possa estar fora de sintonia com as memórias escolares de um adulto que frequentou a escola no século passado. Mas estamos em Palo Alto. O coração do Vale do Silício. Epicentro da economia digital. Habitat daqueles que pensam, produzem e vendem a tecnologia que transforma a sociedade do século XXI.

Escolas de todo o mundo se esforçam para introduzir computadores, tablets, quadros interativos e outros prodígios tecnológicos. Mas aqui, no Waldorf of Peninsula, uma escola particular onde são educados os filhos de administradores da Apple, Google e outros gigantes tecnológicos que rodeiam esta antiga fazenda na Baía de São Francisco, as telas só entram quando eles chegam ao secundário (o ensino médio).

"Não acreditamos na caixa preta, na ideia de que você coloca algo em uma máquina e sai um resultado sem que se compreenda o que acontece lá dentro. Se você faz um círculo perfeito com um computador, deixa de ter o ser humano tentando alcançar essa perfeição. O que desencadeia o aprendizado é a emoção, e são os seres humanos que produzem essa emoção, não as máquinas. Criatividade é algo essencialmente humano. Se você coloca uma tela diante de uma criança pequena, você limita suas habilidades motoras, sua tendência a se expandir, sua capacidade de concentração. Não há muitas certezas em tudo isso. Teremos as respostas daqui a 15 anos, quando essas crianças forem adultas. Mas queremos correr o risco? ", pergunta Pierre Laurent, pai de três filhos, engenheiro de computação que trabalhou na Microsoft, na Intel e em várias startups, e agora preside o conselho da escola.

Suas palavras ilustram o que está começando a ser um consenso entre as elites do Vale do Silício. Os adultos que melhor entendem a tecnologia dos celulares e dos aplicativos querem que seus filhos se afastem dela. Os benefícios das telas na educação infantil são limitados, argumentam, enquanto o risco de dependência é alto.

USO DE CELULARES EM MENORES NOS ESTADOS UNIDOS

Famílias onde há pelo menos uma criança menor de oito anos

Fonte: Common Sense Media. EL PAÍS


Os pioneiros tinham isso claro desde o início. Bill Gates, criador da Microsoft, limitou o tempo de tela de seus filhos. "Não temos telefones na mesa quando estamos comendo e só lhes demos celulares quando completaram 14 anos", disse ele em 2017. "Em casa, limitamos o uso de tecnologia para nossos filhos", explicou Steve Jobs, criador da Apple, em uma entrevista ao The New York Times em 2010, na qual disse que proibia os filhos de usarem o recém-criado iPad. "Na escala entre doces e crack, isso está mais próximo do crack", declarou Chris Anderson, ex-diretor da revista Wired, bíblia da cultura digital, também ao The New York Times.

Laurent, que só deu um celular ao filho mais novo quando ele estava no último ano do ensino básico (14 ou 15 anos), alerta para uma mudança perigosíssima no modelo de negócios, do qual foi testemunha em sua vida profissional. "Qualquer um que faz um aplicativo quer que seja fácil de usar", explica. "É assim desde o começo. Mas antes queríamos que o usuário ficasse feliz em comprar o produto. Agora, com smartphones e tablets, o modelo de negócios é diferente: o produto é gratuito, mas são coletados dados e colocados anúncios. Portanto, o objetivo hoje é que o usuário passe mais tempo no aplicativo, a fim de coletarem mais dados ou colocarem mais anúncios. Ou seja, a razão de ser do aplicativo é que o usuário gaste o máximo de tempo possível diante da tela. Eles são projetados para isso."

“NÃO PODIA CHECAR O TELEFONE EM TODO O MEU DIA DE TRABALHO E AS CRIANÇAS NÃO PODIAM OLHAR PARA AS TELAS DURANTE O TEMPO EM QUE ESTAVAM COMIGO. É UMA LOUCURA” JANIE MARTÍNEZ, BABÁ DE FAMÍLIA DE EXECUTIVO

O problema da relação das crianças com a tecnologia é que o ritmo vertiginoso em que se transforma dificulta a reflexão e o estudo. Uma pesquisa da Common Sense Media, organização sem fins lucrativos, “dedicada a ajudar as crianças a se desenvolverem em um mundo de mídia e tecnologia”, dá uma ideia da velocidade das mudanças: as crianças norte-americanas de zero a oito anos passavam em 2017 uma média de 48 minutos por dia no celular, três vezes mais que em 2013 e 10 vezes mais que em 2011. "Quando teve início todo esse furor pelos smartphones?", se pergunta María Álvarez, vice-presidenta da organização. "Não tem mais que 12 ou 13 anos. E os primeiros tablets ainda menos. É preciso ainda muitas pesquisas para determinar qual é o impacto que essa exposição pode ter nas crianças pequenas. Mas há alguns estudos que começam a ver uma relação entre essa tecnologia e certos marcos na educação. Eles oferecem indicações que os pais precisam levar em conta.”

Um estudo publicado em janeiro deste ano na revista médica JAMA Pediatrics revelou que um tempo maior diante da tela aos dois e três anos está associado com atrasos das crianças em atingir marcos do desenvolvimento dois anos depois. Outros estudos relacionam o uso excessivo de telefones celulares por adolescentes com falta de sono, risco de depressão e até suicídios. A Academia de Pediatras dos Estados Unidos publicou algumas recomendações em 2016: evitar o uso de telas para crianças menores de 18 meses; apenas conteúdo de qualidade e visualizações na companhia de pais, para crianças entre 18 e 24 meses; uma hora por dia de conteúdo de qualidade para crianças entre dois e cinco anos de idade; e, a partir dos seis anos, limites coerentes no tempo de uso e conteúdo.

Acontece que definir limites não é fácil para os pais que trabalham. E isso leva a uma redefinição do que significa a brecha digital. Até recentemente, a preocupação era que as crianças mais ricas levassem vantagem por acessar a Internet antes. Hoje, segundo a Common Sense Media, 98% dos domicílios com filhos nos EUA possuem celulares, ante 52% em 2011. Quando a tecnologia se generalizou, o problema é o contrário: as famílias com elevado poder aquisitivo têm mais facilidade para impedir que seus filhos passem o dia na frente de celulares. Enquanto os filhos das elites do Vale do Silício são criados entre lousas e brinquedos de madeira, os das classes baixa e média crescem colados em telas.

Adolescentes de famílias de baixa renda, de acordo com um estudo da Common Sense Media, gastam duas horas e 45 minutos por dia a mais nas telas do que aqueles de famílias de alta renda. Outros estudos indicam que crianças brancas são significativamente menos expostas a telas do que negras ou hispânicas. A lacuna é vista até mesmo dentro do Vale do Silício. Dirigindo 15 minutos para o norte, partindo do Waldorf of Peninsula, instituição cuja matrícula é de cerca de 30.000 dólares por ano (117.000 reais), chega-se à escola pública Hillview. A primeira só introduz as telas no secundário. A segunda anuncia um programa pelo qual cada aluno tem um iPad. Na primeira, o visitante é recebido por um espantalho rústico, colocado em uma horta que os alunos cultivam. Na segunda, por uma tela de LED que expõe os comunicados do dia.

"Quantas famílias trabalhadoras podem se dar ao luxo de deixar seus filhos completamente longe das telas?", pergunta Álvarez, da Common Sense Media. "Não acho que isso seja algo realista para a maioria das famílias. Tenho um filho de 12 e outro de 6. Não sei quantas vezes eles se jogaram no chão gritando como loucos se eu lhes tirava o tablet. Estive nessa posição como mãe e sei que não é fácil.”

Funcionários das grandes empresas de tecnologia se reuniram no ano passado em uma iniciativa chamada A Verdade Sobre a Tecnologia. Seu objetivo é convencer as empresas da necessidade de introduzir parâmetros éticos na concepção de ferramentas utilizadas diariamente por bilhões de pessoas, incluindo crianças. "A engenharia da computação foi por muito tempo algo muito técnico, não havia uma ideia clara do impacto que isso teria nas pessoas, e menos ainda nas crianças", explica Pierre Laurent. "Não havia a consciência de que tínhamos que lidar com a ética. Algo que acontece, por exemplo, se você trabalha na indústria médica. Na tecnologia nunca houve um código ético claro.”

É uma luta desigual. Pais superatarefados contra equipes de engenheiros e psicólogos que projetam tecnologia para manter seus filhos viciados. Mas algo está começando a mudar. Os gigantes tecnológicos, cada vez mais questionados em suas políticas comerciais e de privacidade, começam a introduzir mudanças em seus produtos, exceções tímidas ao sacrossanto princípio de captar mais atenção.

“QUANTAS FAMÍLIAS TRABALHADORAS PODEM SE DAR AO LUXO DE AFASTAR COMPLETAMENTE SEUS FILHOS DAS TELAS?" MARÍA ÁLVAREZ, COMMON SENSE MEDIA

No ano passado, dois grandes investidores da Apple, a Jana Partners ea CalSTRS (fundo de aposentadoria de professores da Califórnia), detentores em conjunto de cerca de 2 bilhões de dólares em ações (7,8 bilhões de reais), enviaram uma carta aberta aos chefes da empresa de Cupertino, pedindo que tomem mais medidas contra o vício das crianças nos celulares. "Analisamos as evidências e acreditamos que há uma clara necessidade da Apple de oferecer aos pais mais opções e ferramentas para ajudá-los a garantir que os jovens consumidores usem seus produtos da melhor forma", escreveram eles.

A Apple respondeu apresentando o Screen Time, uma nova ferramenta que ajuda a controlar e limitar o uso de dispositivos móveis. O Google incorporou uma ferramenta semelhante, a Digital Wellbeing. Para os críticos, são apenas remendos que não atacam o problema subjacente: a natureza viciante dos produtos. Até que isso seja abordado, os pais serão responsáveis por orientar seus filhos neste mundo de potencial incerto.

Plantas, móveis de madeira, lápis e uma lousa se destacam na sala de aula no colégio Waldorf of Peninsula do Vale do Silício P. L.


"Nós incentivamos os pais a serem mais proativos quando se trata de procurar conteúdo", conclui Álvarez. "A chave é como aprendemos a equilibrar, a tirar proveito, a limitar o uso e a saber que, para sua saúde física e mental, é preciso haver momentos na família em que nada disso seja usado. Temos uma campanha que convida as pessoas a comer e jantar sem celulares, sem um dispositivo constantemente interrompendo com notificações. Recomendamos também o uso compartilhado dos dispositivos e conversar com as crianças sobre o que elas veem. E é importante que sejamos um modelo para os nossos filhos. Se estamos olhando compulsivamente para o celular, justificando que é para o trabalho, que mensagem estamos passando?"

SOBRE ESTE PROJETO

Esta reportagem é a primeira parte do Crescer Conectados, uma série de artigos que explora a vida de crianças e adolescentes em um mundo digital. Os códigos mudaram, as crianças aprendem, brincam e interagem através de redes e telas, cercadas por algoritmos e big data, de modo natural em ambientes em que adultos se movimentam com desconforto. O Crescer Conectados reflete sobre os desafios que enfrentam e as possibilidades que se abrem para estas gerações. O que as crianças e adolescentes fazem, onde estão e como usam a tecnologia? Têm entre 3 e 18 anos: elas serão nossos guias.

O CELULAR DAS BABÁS, PROIBIDO POR CONTRATO


Uma sala de aula no colégio Waldorf of Peninsula do Vale do Silício
 PIERRE LAURENT

P. G.

A obsessão no Vale do Silício por afastar as crianças da tecnologia transcende as paredes da sala de aula. Quando as crianças saem da escola, tentam fazer com que continuem sem tocar ou ver as telas. A prática de exigir que as babás assinem "contratos sem uso do telefone celular" está se generalizando nas famílias de altos executivos de empresas de tecnologia no Vale.

"Trabalhei em casas em que tinha de deixar o telefone na guarita da residência toda vez que entrava", disse Janie Martínez, que passou 15 anos como babá na região. "Eu não podia olhar o telefone durante todo o meu dia de trabalho, e as crianças não podiam ver telas durante o tempo que estavam comigo. É uma loucura."

Martínez trabalhou para famílias "de alto perfil" no mundo da tecnologia, incluindo a de Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, afirma. Trabalhos que, nos casos mais extremos, podem ser remunerados com até 100.000 dólares por ano (390.000 reais). "Quanto maior o perfil das famílias, mais se preocupavam com essa questão", diz ela. "Não queriam que seus filhos olhassem para uma tela e, por contrato, impediam que eu usasse o telefone. Isso era frustrante para mim. Como cuidadoras, precisamos do telefone para uma emergência. Não só para que os pais das crianças nos localizem, mas também para nossas próprias famílias.”

Syma Latif, diretora da agência de babás Bay Area Sitters, que coloca 200 cuidadoras na região do Vale do Silício, confirma essa tendência. "Há cada vez mais famílias que incluem essas cláusulas nos contratos. Sem dúvida é algo muito comum", diz. "Quando falamos sobre tempo de tela e babás, há dois aspectos a considerar: seu próprio tempo de tela e o da criança. Os contratos normalmente incluem algo relacionado a ambos. Mas uma coisa é dizer: 'Este é meu filho e o tempo de tela só é permitido em determinadas horas'. Tudo bem, porque você trabalha para essa pessoa. A zona cinzenta começa quando o seu tempo de tela é determinado. O empregador tem o direito de te dizer que você não pode estar no telefone? E se você tiver um filho na escola e necessitar de acesso ao telefone, caso precise ser localizado, ou um pai ou um mãe em casa que precisem de ajuda?”

Alguns pais vão ainda mais longe. Eles se dedicam a passear pelos parques em busca de babás que estão de olho em seus celulares enquanto cuidam dos filhos dos outros. Quando acreditam ter encontrado alguma, fotografam e as denunciam em grupos de mães na Internet. São os "espiões das babás". Existem sites como Eu Vi a Sua Babá em que essas fotos são compartilhadas.

"Acontece muito nos parques", explica Anita Castro, com 10 anos de experiência como cuidadora de crianças na região. "Eles nem sequer nos conhecem, tiram uma foto, colocam nas redes sociais e perguntam: 'Essa é sua babá?'. Mas não sabem que podemos estar nos comunicando com os pais. E nem se eu sou a babá ou uma parente. É uma invasão da privacidade. Em alguns trabalhos eu me sentia observada. Percebi que tinham câmeras na casa. E até as crianças me vigiavam: olhava a hora e elas me perguntaram se eu estava enviando mensagens e para quem. Então, eu sabia que haviam tido essa conversa com seus pais, que pediram para lhes contar se eu estivesse no telefone”.





Eles estão lutando pela Educação e pela Democracia com Coração de Estudante



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Lula visitou o Campus de Lagoa do Sino da Ufscar : Ao lado do escritor Raduan Nassar, o ex-presidente foi ao interior de SP para receber homenagem




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PSDB uniu Lula a Raduan Nassar


Tucano não quis, mas o ministro Haddad quis!


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ao município de Buri (263 km de São Paulo) nesta terça-feira. Ele foi recebido no campus da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos). Lá, junto com o escritor Raduan Nassar, descobriu a placa do novo Laboratório de Agricultura Familiar, do Centro de Ciências da Terra da universidade. Mas por que Lula e Raduan tiveram a honra de inaugurar o laboratório da instituição federal?

O que hoje é o campus Lagoa do Sino da Ufscar, na cidade de Buri, já foi uma fazenda particular de 640 hectares, propriedade da família de Raduan. Em 2007, o escritor – vencedor do Prêmio Camões de Literatura – decidiu doar suas terras à Universidade de São Paulo, instituição pública estadual.

Ele mesmo conta: “Eu tentei doar. Fiquei três anos enfrentando a burocracia do governo estadual para que minha fazenda se tornasse parte da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP). Mas não consegui”.

Tamanha foi a dificuldade e falta de interesse do Estado de São Paulo com o potencial doador, que ele desistiu. Desistiu de doar para a USP, mas não da ideia de tornar sua propriedade uma ferramenta em prol da pesquisa e do ensino público e gratuito.

Raduan foi, então, à Presidência da República, conforme explica: “Em 2009, eu falei com [a escritora] Marilene Felinto, que por sua vez conversou com Gilberto Carvalho [então trabalhando na Presidência da República]. Eu disse que queria doar, mas disse também que se a burocracia levasse mais de três meses, eu então desistiria de vez, e iria vender a fazenda.”

O assunto logo chegou ao conhecimento do então presidente Lula, que falou com seu ministro da Educação da época, Fernando Haddad. O ex-presidente explica como foi: “Eu disse pro Raduan, 'se São Paulo não quer, pode deixar que nós queremos'. Falei com o ministro Haddad, e em menos de duas semanas a fazenda passou a fazer parte da Ufscar, dentro do plano de expansão das univeridades federais, que estávamos pondo em prática”.

Hoje, o campus Lagoa do Sino tem 500 alunos e abriga cinco cursos de engenharia, com especial vocação e direcionamento para as áreas de segurança alimentar e agricultura familiar.

O atual governo federal, no entanto, não mostra interesse em seguir desenvolvendo o projeto original do campus. Professores e alunos temem o sucateamento do espaço público, a redução no número de vagas e cursos e, finalmente, a privatização do campus, única instituição pública de ensino superior atendendo as cidades da região.

É neste contexto de retrocesso que Lula e Raduan foram recebidos nesta terça-feira para inaugurar o Laboratório de Agricultura Familiar. Foram recebidos com festa e homenagens, sob aplausos e gritos de luta e resistência. Como disse Lula: “Os mesmos que hoje reduzem os investimentos da educação pública já defenderam que somente ricos pudessem ter acesso ao ensino superior. Mas não vamos deixar de lutar, os estudantes e todo o povo brasileiro sabem defender suas conquistas”. Que assim seja. 



Postado em Conversa Afiada em 02/11/2016 











Professores e alunos repudiam comentário racista exibido na Globo







Redação Pragmatismo em 15/01/2016

Comunidade acadêmica e alunos e professores de escola pública repudiam comentário racista de Alexandre Garcia, exibido na Globo-DF. 

Jornalista afirmou que os cotistas que entram na Universidade de Brasília (UnB) não possuem méritos e estão lá por "pistolão", muito embora estudos comprovem que os cotistas vêm tendo desempenho melhor do que os não cotistas


Um comentário do jornalista Alexandre Garcia, ex-porta-voz da ditadura militar, num noticiário local da Globo em Brasília provocou imensa revolta entre alunos e professores da rede pública, bem como na comunidade acadêmica.

Garcia afirmou que os alunos cotistas da Universidade de Brasília entrariam pelas costas na universidade pública, sem ter, na sua avaliação, mérito para estudar nas instituições federais de ensino superior. Estariam lá por “pistolão”, segundo disse o jornalista.

No entanto, diversos estudos do Ministério da Educação já comprovam que os alunos cotistas vêm tendo desempenho acadêmico superior ao de não-cotistas.

“Temos que pensar na qualidade do ensino. Aqui no Brasil ele é todo assim por pistolão, empurrãozinho, ajuda. A tradução disso é cota. Aí põe lá um monte de gente… só 67%, você viu aí, passaram por mérito. Estão aprendendo como é a vida, a concorrência, sem nenhuma humilhação de receber empurrãozinho. O mérito é a base”, disse o jornalista.

No passado, Garcia já havia causado polêmica, ao dizer que o Brasil não era racista até inventarem a Lei de Cotas (relembre aqui). Ele seguia o raciocínio de Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo, que escreveu o livro “Não somos racistas”, para tentar evitar que o Brasil adotasse políticas de ação afirmativa, que existem nos Estados Unidos há mais de 50 anos.

Pela tese de Garcia, atrizes da própria Globo, como Thais Araújo e Sheron Menezzes, só sofreram ataques racistas recentemente porque “inventaram” a Lei de Cotas.

O comentário de Garcia provocou indignação e revolta na professora Flávia Helen, que atua na rede pública do Distrito Federal e prepara alunos para o vestibular.


Confira, abaixo, seu desabafo:






Leia, ainda, o artigo do estudante João Marcelo, que estuda na UnB:

A abominação ética em Alexandre Garcia

João Marcelo

Os comentários de Alexandre Garcia nos telejornais da TV Globo são sempre um festival de impropérios, invariavelmente de cunho elitista. Porém, sua declaração recente em que acusa os alunos ingressos à UnB pelo sistema de cotas de “não possuírem méritos para ingressar na Universidade” revela em sua personalidade um pendor de senhor de escravo, um calejamento próprio de uma classe dominante infecunda e profundamente perversa.

A Lei de Cotas nas universidades completou três anos no ano passado. Fruto da mobilização dos movimentos sociais, logrou colaborar no ingresso de mais de 111 mil alunos negros. Ao contrário do propalado pelos intelectuais da Casa Grande, sua efetivação não precarizou o ensino superior público: segundo dados científicos apurados na avaliação dos 10 anos da implementação do sistema de cotas na UnB, o rendimento dos estudantes cotistas é igual ou superior ao registrado pelos alunos do sistema universal. Outras análises, em dezenas de instituições como Uerj e UFG, coadunam com o diagnóstico.

Os argumentos contrários ao sistema de cotas carregam o signo de uma ideologia que fez com que o País vivesse o colonialismo, a escravidão e a própria ditadura. Está no DNA da classe dominante brasileira buscar impedir à emancipação dos oprimidos, por esses constituírem ameaça ao seu domínio. Para esse fim, ocultam os saqueios e opressões que os povos colonizados foram e são submetidos, ao mesmo tempo em que procuram domesticar o imaginário dos oprimidos a partir de mentiras repetidas à exaustão nos meios de comunicação em massa.

Darcy Ribeiro, fundador da UnB e um dos maiores antropólogos brasileiros, teve ocasião de asseverar que o maior problema do Brasil é sua elite. Segundo ele, as elites brasileiras se apropriam unicamente do poder para usurpar à riqueza nacional, condenando seu povo ao atraso e a penúria (ver O livro dos CIEPS, 1986:98). Por isso, carregamos a inglória posição de terceiro país mais desigual do mundo.

Alexandre Garcia é um conhecido bajulador das hostes oficias. Foi aliado de Ernesto Geisel e porta-voz do ditador João Batista Figueiredo. Foi exonerado após posar seminu numa revista masculina. Apoiou a candidatura de Maluf no Colégio Eleitoral. Foi um dos artífices da cobertura global que favoreceu a ascensão de Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. É, pois, co-participe da tragédia social, política, econômica e ideológica da sociedade brasileira.

A TV Globo, que abriga essa triste figura, é a principal aliada de todas as causas abomináveis patrocinadas pela elite contra o povo brasileiro. Sustentou o golpe de 1964, franqueou amplo apoio ao regime militar, deu sustentação aos governos conservadores após a redemocratização. Seu jornalismo sempre perseguiu os movimentos sociais e lideranças populares, cuja expressão mais retumbante foi o herói da pátria Leonel de Moura Brizola.

Quando insulta os alunos da rede pública egressos pelo sistema de cotas, o jornalista vê nisso paternalismo e esmola. É compressível. Quem ascendeu na carreira com favores e migalhas dos plutocratas só pode enxergar nos outros os vícios que carrega. 

Felizmente, o povo brasileiro não permitirá que a direita apátrida coloque suas mãos sujas de sangue em seus direitos mais caros, para a tristeza do jornalista e seus correligionários.


Postado no Pragmatismo Político em 15/01/2016