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“ Fico triste com os protestos. Amanhã, estão todos aqui no hospital ", desabafa enfermeira
Vejo esse pessoal fazendo protesto na rua, dizendo que coronavírus não é nada, que isolamento é besteira, e fico triste. Daqui a pouco, vão estar todos batendo aqui na porta do hospital”.
A frase é de Marly Angélica, 47, chefe da enfermagem da UTI do Instituto Emílio Ribas em São Paulo.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Marly, que trabalha há 22 anos no Emílio Ribas e já passou por várias epidemias – HIV, gripe suína (H1N1) e aviária –, diz que com o coronavírus o risco de se contaminar é muito maior e o volume de doentes é enorme.
“A evolução é muito rápida. A pessoa começa a ter sintomas, vai no médico, piora um pouquinho e três dias depois, chega aqui de Samu e tem que ser intubada”, confirma a enfermeira aos repórteres Patrícia Campos Mello e Eduardo Anizelli.
Ela conta que conhece seis colegas, em vários hospitais, que estão infectados. Dos 80 enfermeiros e técnicos de enfermagem da UTI do instituto, 13 estão afastados, entre doentes e aqueles com suspeita de Covid-19.
A matéria completa, sobre as famílias vivem angústias de vida e de morte atrás dos vidros no Emílio Ribas, pode ser lida aqui.
Coronavírus : Rotina de UTI faz enfermeira trabalhar de fralda para preservar equipamento
Camila com colegas, paramentada para atender pacientes com coronavírus na UTI. Imagem : Arquivo pessoal
Felipe Pereira
Do UOL, em São Paulo 03/04/2020 04h00
Camila Gonçalves Azeredo, 28 anos, é uma das pessoas que tentam curar pacientes de coronavírus. Ela é enfermeira de terapia intensiva do Hospital das Clínicas de Curitiba. Quando escolheu essa especialidade, assinou um contrato tácito de aceitar situações extremas.
Mas a covid-19 ampliou essa condição. Hoje, Camila trabalha de fralda porque ir ao banheiro inutiliza o equipamento de proteção individual.
A enfermeira fez esse relato em uma postagem no Facebook na segunda-feira (30). Nele, cita a renúncia emocional que a pandemia exige de profissionais de saúde. Também mostra os reflexos na vida pessoal e o esgotamento.
Mortes por coronavírus no Brasil
total de mortesmortes por dia
Camila precisa de uma série de autorizações para conceder entrevistas, algo que pre
feriu não fazer. Mas o hospital permitiu a reprodução do texto que foi divulgado na rede social.
O relato abaixo é a postagem:
"Hoje faz uma semana. E tomei coragem para escrever um pouco sobre meus sentimentos. Faz uns dois meses que o medo da COVID-19 começou a tomar conta do meu pensamento e do pensamento dos meus colegas... Aos poucos fomos treinando e presenciando mudanças drásticas na organização do hospital. E o medo foi crescendo.
A partir de duas semanas atrás, eu fui ficando até mais tarde no hospital, sem almoço e cansada. Precisava treinar mais e mais. Há sete dias, o Joaquim foi, ainda meio doentinho, morar com a vovó para ficar mais seguro. Levou todos os brinquedos que já faziam parte da decoração bagunçada da casa.
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