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Empresa argentina cria tênis a partir de pneus velhos e emprega somente mães solo




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Redação Hypeness

Basta notar a quantidade de carros nas ruas de uma grande cidade, fazer um cálculo rápido sobre quantas vezes cada carro troca de pneu – e, assim, quantos pneus são jogados fora – ou simplesmente olhar de fato uma pilha de pneus em qualquer ferro velho ou lixão por aí, para se ter uma mínima noção do tamanho do problema que somente esse nada discreto item traz para a natureza. 

Somente na Argentina, mais de 100 mil pneus são dispensados anualmente, com a vasta maioria sendo queimada. Foi pensando nesse estrago que três empreendedores argentinos, quando foram criar um negócio, decidiram por criar tênis, mochilas e bonés a partir de pneus jogados fora. 

Para os sócios Alejandro Malgor, Ezequiel Gatti e Nazareno El Hom, pensar somente no meio ambiente foi pouco – era preciso também pensar diretamente nas pessoas. E por isso, quando fundaram a Xinca, além de utilizar os pneus como matéria prima para seus produtos, eles decidiram focar também na questão do desemprego, e contratar especialmente mães solo* para formar o quadro de funcionários da empresa.A empresa fabrica uma média de 1500 sapatos por mês, e todo o material para a feitura dos sapatos, incluindo tecidos, é reutilizado.


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Alejandro, um dos sócios da Xinca


Atualmente a empresa emprega 25 mulheres de áreas rurais da Argentina, onde a maior parte da produção é realizada. Assim, do lixo produzido que se tornaria somente mais um problema nos muitos que assolam o país, a Xinca o transforma em trabalho, renda e empoderamento para essa mulheres, tão importantes em uma sociedade.


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“As mulheres que empregamos querem seguir em frente, melhorar a qualidade de suas vidas e de suas crianças. Nós geramos oportunidades econômicas e sociais para que elas possam fazer isso”, afirma Alejandro, mostrando que o problema nem sempre está no que se produz, mas sim em como – e em quem. 


Postado em Hypeness



* Porque dizer “mãe solo” e não “mãe solteira”


A tarefa de ser mãe não tem nada a ver com um estado civil: entenda porque ter empatia pelas super mulheres que a encaram sozinhas é importante.


Alguém aí já ouviu um pai ser chamado de “pai solteiro”? Não? Mas o termo “mãe solo” resiste, o que desagrada a muitas mamães. Afinal de contas, a maternidade não é um estado civil, certo?

Além disso, a expressão carrega uma conotação negativa por remeter aos tempos em que ter um filho sem ser casada era um motivo para desvalorizar a mulher e causava vergonha. Elas, que se desdobram para dar conta das necessidades do pequeno e de suas próprias vidas, merecem empatia e respeito !


A maternidade implica no laço entre mãe e filho, não em um estado civil 


Ser mãe solo não impede que mulheres no mundo todo criem seus filhos em lares felizes e estáveis. Embora assumir a missão sem a participação dos pais seja uma tarefa difícil, é possível ajudar o seu filho a se desenvolver sem contar com esse apoio.

O que é ser “mãe solo”?

A mulher que assume as responsabilidades pela criança, sejam financeiras ou por disponibilidade de tempo, é mãe solo. Não tem nada a ver com ser casada, solteira ou divorciada. Existem muitas mamães casadas que também se veem frente ao papel principal na educação dos pequenos.

“É preciso uma aldeia para educar uma criança”

Ter filho é um aprendizado mútuo e pode ter certeza que as mães solo não se arrependem! Ainda assim, os papais devem estar presentes para assumir essa nova vida.

Ainda assim, quando há empatia e auxílio dos amigos e familiares tudo fica mais fácil. Por isso, ajude, apoie e acolha mães e filhos, dos locais de trabalho aos de lazer. Faz toda a diferença! E se você é uma mãe solo, não tenha medo de pedir ajuda!

É essencial para toda a sociedade entender o papel de mãe como uma escolha cheia de amor e, acima de tudo, trabalho.

Que tal começar com uma pequena mudança de hábito? Substitua o antiquado “mãe solteira” pela expressão “mãe solo”. Aos pouquinhos grandes mudanças podem ser feitas!


Postado em Blog Tricae 










Índia planta algodão orgânico e faz Monsanto perder milhões



Agricultores e governo na Índia se unem para plantar algodão orgânico e fazem Monsanto perder milhões




Redação Hypeness

A Monsanto, empresa multinacional do ramo de agricultura e biotecnologia, líder mundial em produção de sementes geneticamente modificadas e inimigo mortal de 10 entre 10 ativistas, é uma gigante em todos os mercados do mundo, mas na Índia vem perdendo milhões com a produção de algodão.

Depois de ser acusada de manipular e quebrar leis de mercado no país, e dos mais de 300 mil suicídios de agricultores atribuídos a ganância e ao domínio de mercado pela empresa, o governo enfim começa a promover a utilização de sementes locais orgânicas, e a empurrar a empresa para a fora do país.




Só este ano, a Monsanto já perdeu em torno de 75 milhões de dólares em royalties na Índia, que é o maior produtor de algodão do mundo. Sua produção tradicional, porém, caiu 50% desde que as marcas de moda passaram a preferir alternativas verdes (o cultivo de algodão é altamente poluente), como o Better Cotton Iniciative (BCI), também geneticamente modificado, mas cultivado com menos consumo de água e produtos químicos.


Produção geneticamente modificada da Monsanto


O algodão orgânico tende a ser melhor do que o convencional, e não conta com a utilização de agrotóxicos e pesticidas químicos, ainda que seu preço seja mais elevado que o BCI. O objetivo do governo indiano agora é demonstrar os benefícios da produção de BCI e orgânico, reduzir o impacto do cultivo no meio ambiente, promover relações justas de trabalho para comunidades agrícolas e estimular a troca de informação global para produções algodoeiras sustentáveis.




Em comparação, os números da produção orgânica são imbatíveis: redução de 46% no impacto sobre o aquecimento global, 70% menor acidificação, 26% menos erosão de solo e 91% de redução de consumo de água.

Há de chegar o dia em que todos entendam que lucro de verdade é manter o planeta saudável.






Recentemente o Hypeness mostrou um vídeo que a Monsanto não gostaria que se tornasse viral. Reveja.



Postado em Hypeness 



O pó de fadas da Amazônia



Antonio Nobre

O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Antonio Nobre, revela os cinco segredos da floresta amazônica e alerta sobre o perigo de seu desmatamento


Ramiro Escobar

Ele foi o primeiro a falar no III Encontro Panamazônico realizado em Lima (Peru), nos dias 6 e 7 de agosto. 

Tem um discurso apaixonado e uma qualidade um tanto rara para um cientista: sabe combinar dados com histórias, explicação com emoção, Antonio Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), conta nesta conversa qual é a mágica da Amazônia, em que consistem seus segredos e por que as mudanças climáticas e o desmatamento a ameaçam seriamente...

- Já estamos no ‘Dia depois de amanhã’ das mudanças climáticas?

- Estamos em uma situação bastante grave. A ponto de a comunidade científica, que não costuma concordar entre si, ter formado um bloco com uma convicção homogênea sobre o assunto. As mudanças climáticas não são mais só uma projeção.

- E como essa situação de gravidade se manifesta na Amazônia?

- No desmatamento, que remove a capacidade de a floresta se manter. Ela conseguiu se manter por milhões de anos, em condições adversas. Mas hoje sua capacidade está reduzida. Antes havia duas estações na Amazônia, a úmida e a mais úmida.

- Que eram facilmente reconhecíveis. 

- Agora temos uma estação úmida moderada e uma estação seca. E a seca tem um efeito muito perverso. Porque quando não chove as árvores se tornam inflamáveis. O fogo entra e já não existe mais uma floresta tropical.


Os jatos verticais e o pó de fadas

- Apesar de tudo, a Amazônia ainda guarda cinco segredos. É algo que os povos indígenas sempre souberam e que a nossa civilização não percebeu. Mas, nos últimos 30 anos, a Ciência revelou esses cinco segredos. O primeiro é como a floresta Amazônia mantém a atmosfera úmida mesmo estando a 3.000 quilômetros do oceano... 




- E aos Andes, por 3.000 ou quase 4.000 quilômetros. Outras partes do mundo que estão longe do oceano, como o deserto do Saara, não recebem água. Mas na América do Sul não há esse problema, e isso se deve ao primeiro segredo: os jatos de água verticais.

- E qual é o segredo desse segredo? 

- É que as árvores da Amazônia são bombas que lançam no ar 1.000 litros de água por dia. Elas a retiram do solo, a evaporam e a transferem para a atmosfera. A floresta amazônica inteira coloca 20 bilhões de toneladas de água na atmosfera a cada dia. O rio Amazonas, o mais volumoso do mundo, joga no Atlântico 17 bilhões de toneladas de água doce no mesmo intervalo de tempo.

- É incrível. Como isso foi descoberto? 

- Fazendo medições. Com torres de estudo, com satélites que detectavam esse transporte de vapor d’água, que é um vapor invisível.

- Produzido pelas árvores quase que por magia. 

- A magia vem no segundo segredo. Como é possível que caia tanta chuva, se o ar da Amazônia é tão limpo, já que o tapete verde cobre o solo? O oceano também ter um ar limpo, mas não chove muito sobre ele. Nós, cientistas, desvendamos um mistério.

-  Qual?

- Para formar uma nuvem de chuva, que são gotas de água em suspensão, é preciso transformar o vapor baixando a temperatura. Mas se você não tem uma superfície de partículas, sólida ou líquida, para gerar essas nuvens, o processo não começa.

- Então o que é que a floresta faz?

- Produz o que chamamos de pó de fadas. São gases que saem das árvores e que se oxidam na atmosfera úmida para precipitar um pó finíssimo que é muito eficiente para formar chuva.


“A floresta amazônica coloca 20.000 milhões de toneladas de água na atmosfera por dia”

- Parece uma fábula.

- É que a floresta manipula a atmosfera constantemente e produz chuvas para si própria, uma coisa quase mágica. Os gases saem das árvores. São como perfumes e se volatilizam.

- Uma espécie de grande fragrância sustentável. É um oceano verde, diferente do azul. O azul não tem esse mecanismo porque carece de árvores. Tem as algas, que produzem um pouco, mas não como o verde.

A bomba natural e os rios voadores

- Vamos ao terceiro segredo. 

- Vamos. Na Amazônia, o ar que vem do hemisfério norte cruza do Equador, entra e vai até a Patagônia. Até lá chega esse ar úmido, que vem do Atlântico equatorial.

- Com os ventos alísios. 

- Sim, com os ventos alísios que trouxeram as caravelas dos europeus, há 500 anos. Mas os alísios do oceano sul sopram para o norte. O que faz esses ventos irem contra a tendência de circulação global? Dois físicos russos com quem eu colaboro responderam a essa pergunta ao estudar o efeito do vapor dos jorros verticais amazônicos.

- Mais uma vez os jatos verticais. 

- Eles descobriram que, pela física fundamental dos gases, essas condensações de vapor puxam o ar dos oceanos para dentro do continente e criam uma espécie de buraco de água. É como uma bomba natural. A floresta traz sua própria umidade do oceano.

- E ainda tem mais... O quarto segredo é a transferência dessa umidade amazônica para outras regiões: os Andes no Peru, os páramos da Colômbia... Se você olhar o mapa do mundo, vai descobrir que existe um cinturão úmido que passa pelo Equador, pela África e pelo sudeste asiático.

- É a linha do Equador.

- Sim, mas é na linha dos trópicos, o de Câncer ao norte e o de Capricórnio, ao sul, que estão todos os desertos. O do Atacama, no Chile, o da Namíbia, na África. Mas essa área que concentra 70% do PIB da América do Sul - que vai de Cuiabá a Buenos Aires, de São Paulo aos Andes – é úmida! Apesar de estar na linha dos desertos.

- E qual o mistério dessa área? 


- Chama-se rios voadores. É uma grande massa de ar úmido bombeada pela Amazônia contra os Andes, que são uma parede de mais de 6.000 metros de altura. É assim que essa massa chega a áreas onde deveria haver deserto. Por isso chove na Bolívia e no Paraguai.

“Onde há florestas não há seca, nem excesso de água, nem furacões, nem tornados. É como uma apólice de seguros”



- Falta, finalmente, o quinto segredo. 

- O quinto segredo é que, se você colocar em um gráfico todos os furacões que já aconteceram na história – e a NASA já fez isso – na região das florestas equatoriais não há nenhum deles. E essa região é a que tem mais energia porque a radiação solar é muito intensa.

- Deveria haver ciclones, como na Índia e no Paquistão. 

- Eles não existem porque o topo da floresta, onde estão as copas das árvores, é áspero e faz com que os ventos sejam obrigados a dissipar sua energia, o que acalma a atmosfera.

- Mas ocorrem tempestades.

- Claro, mas elas não costumam ser destruidoras. Onde há florestas não há secas, nem excesso de água, nem furacões, nem tornados. É como uma apólice de seguros contra os fenômenos atmosféricos extremos.

A guerra contra a ignorância

- Agora esses cinco segredos estão em risco... 

- O problema se chama desmatamento. Se tirarem a metade do fígado de um bêbado, vai ser difícil para ele lidar com o álcool. É isso o que está acontecendo com a Amazônia. Estamos retirando um órgão do sistema terrestre.

- Então a Amazônia não é o pulmão, mas sim o fígado do planeta? 

- É o pulmão, o fígado, o coração... É tudo! Essa bomba natural da qual falei é um coração que pulsa constantemente. O pó de fadas também funciona como uma vassoura química contra substâncias poluentes, como o óxido de enxofre. O melhor ar é o da Amazônia.


"O sistema terrestre é um organismo e está muito doente"

- E, apesar disso, continuamos destruindo a floresta. 

- Se você chega com uma motosserra, com um trator ou com fogo, a Amazônia não pode se defender. As intervenções do homem podem ser benéficas, como na medicina, mas também terríveis, como a motosserra. Por isso eu proponho um esforço de guerra.

- No que consistiria esse esforço?

- Seria uma concentração de forças para resolver um problema que ameaça tudo. Hoje a ciência nos permite saber que a situação é gravíssima. E o que eu proponho é lutar contra a ignorância, o principal motivo da destruição da floresta amazônica.

- Parece que as prioridades mundiais são outras.

- Em 2008, os bancos foram salvos em 15 dias. Foram gastos trilhões de dólares nisso. A crise financeira não é nada comparada à crise ambiental.

“A ciência hoje nos permite saber que a situação é gravíssima. Temos que lutar contra a ignorância”



- O que está acontecendo? Estamos embriagados com a civilização?

- É uma embriaguez primitiva. Quando você vai ao médico e ele diz que você tem uma doença em estágio avançado, o que você faz? Continua fumando? O sistema terrestre é um organismo e está muito doente. A parte contaminante é a parte mais degenerada do ser humano.

- Podemos curar a Amazônia dessa doença? 

- Eu acredito que se tivermos uma capacidade semelhante à que tivemos para salvar os bancos, sim. Porque a floresta tem um poder de regeneração impressionante.

- E, além disso, ela deveria ser importante para todo o mundo. 

- A atmosfera tem uma coisa chamada teleconexões. Um modelo climático pode demonstrar que as mudanças na Amazônia vão afetar os ciclones na Indonésia.

- Então, o maior segredo é acordar...

- E saber que o que fazemos agora é determinante. As gerações posteriores vão sofrer com as más escolhas de hoje. A geração que está na Terra hoje tem nas mãos os comandos de um trem que pode ir para o abismo ou uma oportunidade para se viver muito mais.


Postado no El País em Lima 23 AGO 2014 - 14:50 BRT








































Em defesa da Hidrelétrica de Belo Monte



Caio Botelho

O Brasil é uma nação riquíssima — uma das mais privilegiadas do mundo do ponto de vista da existência de recursos naturais. Aqui, encontramos riquezas suficientes que, se forem bem distribuídas, são capazes de garantir aos mais de 190 milhões de brasileiros uma vida decente.

Entretanto, o que fazer com tantos recursos sempre dividiu opiniões e produziu importantes polêmicas. As mais recentes foram as discussões sobre o novo Código Florestal e a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

Ao longo de cinco séculos essas riquezas foram saqueados sem que fosse garantido ao povo brasileiro contrapartida de espécie alguma. O maior inimigo da natureza, sem dúvidas, é a desenfreada sanha dos capitalistas de plantão pelo lucro, prontos para destruir, em nome do saldo positivo no próximo balanço, tudo o que veem pela frente, sem nenhum critério ou controle.

Mas, por outro lado, existem aqueles que defendem que todos esses recursos devem permanecer intocáveis, e que qualquer ação humana deve ser interpretada como uma grave agressão ao futuro da própria humanidade. Em regra, os defensores desse ponto de vista são pessoas de classe média e moradores das grandes cidades, que parecem ignorar o fato de que, em regiões como a floresta Amazônica, vivem milhões de brasileiros que tem tanto direito à saúde, educação, moradia e vida decente quanto eles.

É muito fácil, por exemplo, ser contra a construção de uma estrada quando não somos nós quem temos que passar dias e noites em um barco para chegar em um hospital mais próximo. É simples se opor à construção de uma Usina Hidrelétrica quando nós temos, em nossas casas, energia suficiente para assistir confortavelmente um bom jogo de futebol ou os últimos capítulos da nossa novela preferida.

Mas os dois posicionamentos mencionados, embora diametralmente opostos, tem uma coisa em comum: ambos não levam em conta a necessidade de desenvolver o país e, consequentemente, melhorar a vida do nosso povo. Desconsideram o fato de que é possível explorar de forma responsável a natureza, evitando a sua destruição, que indubitavelmente traria consequências desastrosas para todos nós.

E é nessa seara que se encontra a polêmica sobre a construção da Usina Hidroelétrica de Belo Monte, no estado do Pará, que será a terceira maior do mundo, atrás apenas de Três Gargantas (China) e Itaipu (Brasil/Paraguai). Pronta, terá a capacidade de produzir algo em torno de 10% da demanda nacional de energia elétrica.

Entretanto, uma verdadeira campanha de desinformação tem sido feita contra a construção de Belo Monte, baseada em frases ocas (embora bonitas) e em informações falsas. Utilizam de artifícios mesquinhos, valendo-se muito mais do apelo emocional do que em dados concretos.

Recentemente, até um vídeo com atores do primeiro escalão do elenco global foi produzido e difundido nas redes sociais. Provavelmente, os pobres coitados, na ânsia de se apresentarem ao grande público como "politicamente corretos", apressaram-se em ler um roteiro pronto sem se dar conta da coleção de mentiras que falavam.

Mas o pior é que muitas pessoas boas - embora ingênuas - acabam caindo nesse conto do vigário e defendendo algo que sequer conhecem a fundo. Afinal, basta uma pesquisada sobre Belo Monte para termos acesso a um conjunto de informações que desmentem os "profetas do apocalipse".

É mentira, por exemplo, o fato de que as comunidades indígenas teriam suas aldeias alagadas ou que a construção da Usina traria prejuízos ao Parque Nacional do Xingu.

No caso dos indígenas, nenhum - repito, nenhum - dos oito grupos étnicos que vivem nas regiões próximas à futura Hidroelétrica (a saber, os kayapós, araras, arareutes, apidereulas, jurunas, maracanãs e munducurus) serão obrigadas a mudar-se e nem terão suas aldeias inundadas. Alguns, inclusive, são favoráveis à construção da Usina.

E sobre o Parque Nacional do Xingu, um dos nossos maiores patrimônios e que deve ser preservado a todo custo, uma rápida olhada no mapa é o suficiente para percebermos o quanto é risível a alegação de que esse tesouro nacional seria ameaçado por Belo Monte: o Parque fica no estado do Mato Grosso, a mais de 1.300 quilômetros da Usina, longe, portanto, de qualquer efeito por ela produzido.

Mas porquê não investir em outras fontes de energia limpas, mais baratas e eficientes, como a eólica e a solar, por exemplo?

Simples. Porque, além da energia gerada por uma Hidrelétrica ser igualmente limpa, essa estória de que energia eólica e solar seriam mais baratas e eficientes não passa de um belo conto da carochinha. Para produzir a quantidade de energia de Belo Monte, seriam necessários investimentos duas vezes maiores em energia eólica e sete vezes maiores em energia solar, sem contar que essas fontes energéticas são instáveis e suscetíveis às variações climáticas.

Além do mais, cada região do nosso vasto país possui condições geográficas distintas, e esse é um dos principais elementos definidores do potencial energético de cada local. Investir em energia eólica ou solar na região amazônica seria tão inteligente quanto temperar o feijão com açúcar. Ao mesmo tempo, o Norte do Brasil abriga a maior Bacia Hidrográfica do planeta. Logo, não é difícil deduzir qual a forma de exploração energética é mais viável para a região.

Claro que impactos ambientais serão causados pela construção de Belo Monte. Entretanto, o simples ato de existir já faz com que a raça humana, com suas ações, cotidianamente produza transformações na natureza. O que se deve fazer, nesses casos, é avaliar se a contrapartida à sociedade faz essa iniciativa valer a pena.

O fato é que o Brasil, pela primeira vez na história, está conseguindo crescer e distribuir renda ao mesmo tempo. E é claro que esse desenvolvimento e a ascensão social de dezenas de milhões de brasileiros aumentou radicalmente a demanda energética, que continuará a crescer nos próximos anos.

Sempre é bom lembrar que foi a ausência de investimentos no setor que causou uma grave crise de energia entre 2001 e 2002, responsável pelo desaquecimento da economia, aumento da conta de luz, apagões e prejuízos incalculáveis ao país. Sem Belo Monte, em pouco tempo poderemos novamente nos deparar com uma situação semelhante.

É preciso também combater setores e personalidades irresponsáveis, que tentam se promover à custa de discussões tão caras ao nosso povo. Enquanto a eco-capitalista Marina Silva discutia o assunto em um debate promovido por FHC em São Paulo, ou enquanto o cineasta James Cameron e a atriz Sigourney Weaver participavam de um ato contra Belo Monte em um Hotel cinco estrelas de Manaus, o governo brasileiro fazia mais de 30 audiências públicas com as comunidades afetadas. Fruto dessas discussões, firmou-se o pacto de que quase R$ 4 bilhões serão investidos em ações sócio-ambientais na região.

É conveniente fazer um discurso fácil e ignorar a opinião de milhares de moradores que serão deslocados das palafitas onde moram atualmente para casas decentes. Deixar passar, como um simples detalhe, os mais de 20 mil empregos diretos e indiretos gerados pela Usina, todos na região, uma das mais que mais sofrem com o desemprego e a pobreza no país. Além do mais, Belo Monte nem de longe ameaça a biodiversidade da floresta Amazônica, como levianamente afirmam alguns.

O ambientalismo é, sem sobra de dúvidas, um dos mais belos, necessários e agregadores movimentos. Mas ele só se torna de fato interessante quando deixa de lado as frases prontas e os apelos emocionais para discutir, com profundidade, a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável para o Brasil. E isso certamente não será feito por ONG's estrangeiras, supostamente tão preocupadas com o meio ambiente das nações em desenvolvimento mas geralmente prontas para ignorar os graves crimes ambientais cometidos pelos países ricos, de onde vem seus vultosos financiamentos.

Depois de séculos de exploração, o povo brasileiro merece desfrutar de um virtuoso ciclo de crescimento e diminuição da pobreza e das desigualdades. Mas para a consecução desse novo projeto nacional de desenvolvimento, é fundamental que sejam feitos fortes investimentos em nossa matriz energética sem, no entanto, diminuirmos a atenção para a necessidade de preservar a natureza, garantindo, às próximas gerações, o direito de desfrutar o que de bom ela oferece.

Postado no blog Contraponto em 05/11/2012


Nota

A quem interessa a estagnação da Amazônia Brasileira


É uma pena que as pessoas estejam se deixando levar por propaganda enganosa da mídia manipuladora. 

A Hidrelétrica de Belo Monte não trará os prejuízos que estão alardeando,pelo contrário,trará desenvolvimento sustentável para toda aquela região e para seu povo miserável, uma vez que o acesso à energia é o começo de tudo que vem como consequência para gerar desenvolvimento, por exemplo, luz, água encanada, saneamento básico, empregos, etc. 

A direita e a elite brasileira são contra por muitos motivos, entre eles, defendem os interesses das multinacionais farmacêuticas que querem continuar roubando nossa flora e fauna para seus medicamentos. 

Outros querem continuar roubando nossa madeira e nossos metais preciosos, como o Nióbio, que é o metal usado na indústria aeronáutica e espacial americana, na indústria da informática, em tecnologia nuclear e o Brasil detém 98% da reserva mundial e está sendo extraído sem controle. 

Somadas já há uma grande extensão de terras, nesta região que não é mais nossa, foram adquiridas por americanos e de forma ilegal. 

E, por último, o grande interesse na maior reserva de água do mundo, que, em um futuro não muito distante, será um bem disputadíssimo e caro que significará a sobrevivência do homem na Terra. 

Rosa Maria Feijó  (administradora deste blog)


Desenvolvimento aliado à sustentabilidade


De fato, não poderemos pensar em desenvolvimento, sem pensar na sustentabilidade. Não podemos colocar lucro acima de tudo, passando por cima de qualquer coisa.

Fábio Valentim


Desde o princípio, a partir do dia em que o homem deixou de viver nas cavernas, para se tornar um homem social, ele tinha uma questão de evoluir. Ele passou a usar a sua inteligência para superar as dificuldades da natureza, e até mesmo para facilitar o seu dia a dia, como caçar, se alimentar e até mesmo construir sua moradia, longe das cavernas. Ele passou a visar o seu conforto, e foi a partir daí que ele passou a se desenvolver. O homem deixou de ser uma criatura dominado pela natureza, deixou de ser uma criatura dependente da natureza, e passou a ser dominador da natureza. Hoje somos praticamente responsáveis por todo o clima e a biomassa do planeta, causando benefícios e malefícios para a humanidade e para o planeta em si.

Não podemos negar que os dois últimos séculos anteriores, além do atual, foram os tempos em que o ser humano mais evoluiu tecnologicamente, e até mesmo moralmente, mas com objeções. É nesta época que vivemos, que se tornou mais acentuada, a ganância e o consumismo. Deixamos de dar importância para o ser, dando mais importância para o ser. Passamos a ser uma máquina de consumo, e por consequência disso, acabamos a causar danos ao nosso planeta, seja através dos desmatamentos das florestas, seja através de poluição do ar, da água, do solo. Acabamos afetando drasticamente a nossa biomassa, correndo a pôr em extinção várias especiarias importantes para a nossa alimentação, para a nossa sobrevivência. Como resultado disso, acabamos gerando fome e miséria também em toda a humanidade.

E se continuarmos como consumidores vorazes, chegará o dia em que não sobrará nada para consumirmos e chegará à nossa fatídica extinção. Não será preciso cometas, meteoros saraivadas. Quem vai destruir o nosso planeta, vai ser nós mesmos, com essa ganância toda, pois estamos agindo exatamente como vírus causadores de doenças. Mas ainda há como reverter o quadro e eliminar essa possibilidade. Pode parecer impossível, para muitos, mas com o trabalho constante, é possível mudar as mentes poderosas. É preciso portanto promover um consumo com qualidade e aliado a sustentabilidade, para garantir a estabilidade da biomassa, que já é instável naturalmente, se tornando ainda mais instável, com as ações do homem.

Promover um desenvolvimento aliado à sustentabilidade é a melhor forma para o desenvolvimento de um planeta como todo. Claro que continuaríamos da mesma forma, influenciando na biomassa e no clima do planeta, mas deixaremos de ser vírus causadores de doenças, em vírus essenciais para o organismo vivo. Uma das melhores formas é a tecnologia de reuso de recursos renováveis, como água, plástico, alumínio, reaproveitando tudo, sem causar impactos ao meio ambiente, sem poluir os rios e o ar, tendo mais recursos naturais a nossa disposição por longos séculos. A sociedade precisa se reorganizar para que a distribuição do alimento seja mais justa e que a natureza seja beneficiada como todo, não somente o ser humano em si.

Postado no blog Baú do Valentim em 19/09/2012

Tabaré Vázquez: “Política, filosofia e cultura devem primar sobre a economia”



"Para uns, semear medo traz benefícios eleitorais; para outros, é um bom negócio. O resultado é uma sociedade que esteriliza o espaço público” | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Felipe Prestes

A uma plateia de médicos, o colega de profissão e ex-presidente do Uruguai Tabaré Vázquez constatou que vivemos em um tempo “fronteiriço”, ainda impossível de ser compreendido, chamado por muitos de pós-modernidade, o qual gera novas patologias, como a sensação de vazios, a obsessão por segurança e por saúde, o consumo massificado e o individualismo exagerado. “Incerteza, insegurança e desproteção deveriam figurar entre as patologias das grandes cidades em nosso tempo. Para uns, semear medo traz benefícios eleitorais; para outros, é um bom negócio. O resultado é uma sociedade que esteriliza o espaço público”, disse em sua participação no 7º Fórum Político da Unimed-RS, nesta sexta-feira (22), no Teatro do Bourbon Contry, em Porto Alegre.
Para Tabaré, neste tempo a reflexão deve predominar sobre questões técnicas. “A política, a filosofia, a cultura devem primar neste tempo. Não podemos nos submeter à economia”. Citando o escritor francês do século XV François Rabelais, complementou: “A ciência sem consciência é a ruína da alma”.
Ele disse ainda que a sociedades devem ser encaradas como seres vivos, que também sofrem patologias. Além disto, considera que o “imobilismo social” e o “apego ao passado” devem ser considerados enfermidades. Por outro lado, Vázquez ressaltou que as utopias já são parte deste passado. “Se algo está claro neste tempo é que as utopias épicas e os relatos heroicos já saíram de moda”.
"Utopias épicas e relatos heroicos já saíram de moda", disse Tabaré Vázquez durante evento em Porto Alegre | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Sobre o individualismo, o ex-presidente exemplificou mostrando que boa parte dos líderes de maio de 68 esqueceram das velhas ideologias e foram buscar a salvação pessoal por meio da yoga, do tai chi chuan, etc. “Onde ficou a revolução? O homem novo? O socialismo”, questionou.
América do Sul é a região que pior distribui riqueza, diz ex-presidente
Tabaré Vázquez começou sua palestra falando mostrando dados que mostram a situação precária em que ainda vive boa parte dos moradores de grandes cidades no mundo e, em especial, na América Latina. “Nosso subcontinente não é a região mais pobre do mundo, pelo contrário, temos muitas riquezas naturais. Mas somos a que pior distribui entre seus habitantes”, disse.
Ele defendeu o desenvolvimento sustentável, mas, principalmente, que as sociedades se desenvolvam homegeneamente, que todos os cidadãos sejam beneficiados pelo desenvolvimento. “O desenvolvimento sustentável é a única alternativa”, disse. Tabaré afirmou que um dos meios para efetuar a justiça social é a questão tributária, tirando mais de quem tem mais e distribuindo, por meio da seguridade social e de investimentos sociais.
Saúde e educação são eixos principais para melhora da qualidade de vida, argumentou Tabaré Vázquez | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Vázquez defendeu que os dois eixos principais para melhorar a qualidade de vida e dos serviços públicos devem ser saúde e educação. Em seu governo no Uruguai, ele relatou que sistematizou a saúde pública e privada, de modo que se complementem. “A sociedade não acaba no Estado”, afirmou.
No campo da educação, fez defesa veemente do Plan Ceibal, pelo qual o Uruguai deu um computador a cada aluno da escola pública do país e a cada professor. “Quando resolvemos dar um computador para cada criança, apareceram uns fenômenos para criticar”. Vázquez acredita que planos como este são um modo de dar igualdade de condições. “Esta talvez seja uma das melhores formas de distribuir a riqueza”.

Postado no blog Sul21 em 25/06/2012