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Emancipação do pensamento e a liberdade integral



Patricia Tavares

Quão gratos deveríamos ficar com quem explana seu ponto de vista de forma clara, verdadeira e sem rodeios.

A verdade, a realidade dos fatos: “dos tempos”, da política, da sociedade, do mundo, e também pessoal, nem sempre é fácil de lidar, de assimilar, de elaborar uma verdade importante de ser dita e de ser ouvida, mas sempre é infinitamente melhor do que a hipocrisia: essa psicose instalada como meio de sobrevivência, articulação e um meio de manobra social, mundial, política e pessoal…

Abrir o jogo e dar opção de escolha ao outro, aos outros, é algo ético e grandioso, e de uma ordem genuína.

Cada um tem o seu direito – inegavelmente -, mas articulações, manobra de argumentações baseadas em fatos inventados, ou em partes escondidas, é algo vil e corriqueiro.

Olhar para quem tem “coragem” de assumir suas próprias verdades – de forma clara, para si mesmo e para os outros-, mesmo sabendo que pode perder aliados, colaboradores, dinheiro, amigos, amores… em comparação com quem é totalmente degradante, desonesto, podemos compreender que: quem se presta ao papel de defender ideais, projetos por meios desonestos, apenas para convencer o outro e vender o seu “peixe”, para que os outros entendam que a sua forma de ser, de viver, ou de garantir suas verdades nada verdadeiras, para convencer seja no setor público ou íntimo, caracteriza-se como algo ínfimo. É absurdo querer catequizar, principalmente, com uma cartilha que, nem de longe, funciona para o próprio, muito menos para o setor público…

Mas é claro que é preciso também definir a palavra funcionar, porque coisas completamente vis podem funcionar muito bem para uma pessoa, situação, relação, estado, país … Vai depender do tipo de organização – ou desorganização – e o que pode ser aceito por um ou por muitos. O que está intitulado como “adequado”, mas é totalmente inaceitável, e nada saudável ou construtor.

Definição da palavra funcionar:

funcionar

verbo

1.

intransitivo

exercer sua função, estar em exercício; trabalhar, servir.

2.

intransitivo

estar em atividade.

Funcionar para quê? Funcionar para quem?

É possível observar o Brasil, a sociedade, o “Ser humano”; as relações, “acordos”, “desacordos”, por um viés totalmente psicológico, da ordem dos distúrbios mais complexos que fazem a pessoa sofrer, mas não a deixam parar de funcionar… Proporcionam a sua degradação humana, contudo, não privam de funcionar a qualquer preço…

Como é preciso entender de que “verdade”, de qual “hipocrisia” estamos falando. Porque se algo que é uma articulação vil, porém funciona muito bem para se obter o que se quer; para obter a qualquer custo acordos, posições, destaques, aliados, amigos, um amor tão desejado… pode se tornar algo corriqueiro, aceitável, até bom e sinônimo de força, “inteligência”, “esperteza”. E isso, claro, desde que o mundo é mundo.

Não é fácil ser solitário, não é fácil defender pontos de vistas que são mais sensatos, que ultrapassem o ultrajante, e seguir fiel ao que se acredita, seguir leal a você em detrimento de tudo e todos que não comungam com tais formas de viver, escolher, pensar, relacionar, inserir, e seguir pertencendo a si mesmo.

Não é nada fácil não pertencer, não é fácil a solidão do pensamento, não é fácil ser incomum, não é fácil defender pontos de vistas que são particulares; é sim, um exercício de muita coragem, de certa lucidez em meio a tantas “desbaratinagens”, mesmo que cada um tenha a sua, porque se for para ser imaturo, ao menos não imite ninguém…

A construção de alguém é algo particular, nascemos e morremos sozinhos, o outro é um meio importante de experienciarmos muitas coisas diferentes, a sociedade tem muita importância na nossa própria construção e do mundo a nossa volta, mas a unicidade do próprio “ser” é o que existe de maior valor para cada um. E é fundamental atribuir total valor a quem realmente você é, basear sua vida principalmente por isso, e aperfeiçoar aspectos de sua personalidade, de tudo que o compõe para não ser pego sempre pelas “redes”, pelas “teias” do outro, de um mundo que não se importa com nada disso – ao contrário – estimula a descaracterização de si mesmo para poder roubá-lo de si mesmo, sempre que for conveniente.

Esteja atento, o processo individual é construído, é consolidado dia a dia, não se desanime diante da multidão, diante das avalanches do caminho.

Quando você já consegue ver diferente, percebendo melhor você sem deixar ser arrastado pelo convencimento apelativo e manobrista, você pode se sentir sozinho mas cada dia mais será muito mais você. E isso terá um valor inestimável e só quem conseguir sentir saberá a sensação….

A conquista é sua e de mais ninguém.









A atitude é contagiante : vamos nos cercar daqueles que despertam o melhor de nós



A atitude é contagiante: vamos nos cercar daqueles que despertam o ...

Nossa atitude tem um enorme peso em nossa capacidade de influenciar o que acontece conosco. Portanto, não permita que tomem o que há de melhor em você.

A atitude é o elemento mais importante que mostramos aos outros, por isso é bom ter cuidado para que ninguém ridicularize suas intenções, que ninguém considere suas forças e esperanças “impossíveis”. Não os deixe desencadear suas ansiedades, fazendo você acreditar que “você não vale nada, você não é capaz ou você não merece isso”.

Nossa atitude tem um enorme peso em nossa capacidade de influenciar o que acontece conosco. Portanto, não permita que tomem o que há de melhor em você.

Um aspecto assumido por muitos livros de auto-ajuda é a tentativa de nos orientarmos para o sucesso, em direção àquele triunfo externo que nos permite ser reconhecidos pelos outros pela nossa coragem, por nossas competência e capacidade. Precisamos esclarecer: em vez de um “sucesso externo”, o que devemos alcançar é uma calma interior.
“ Uma pessoa feliz não é uma pessoa em determinada situação, e sim uma pessoa com certas atitudes.”  - Hugh Downs -
 As habilidades contam, não há dúvidas. Provar que somos capazes de concluir uma tarefa é certamente muito gratificante. No entanto, o que realmente importa são as nossas atitudes, porque elas marcam a diferença entre um dia lindo e um dia ruim. Elas sempre nos dão otimismo quando tudo dá errado, elas nos permitem acreditar em nós mesmos.

Viver exige coragem



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Marcel Camargo

Rasteiras, decepções, doenças, desemprego, traição, morte, a vida tem dessas coisas. Existem momentos maravilhosos que marcam as vidas de cada um de nós. E há aqueles períodos em que a gente só quer sumir. Gangorra, instabilidade, imprevisibilidade, caos, beleza, amor, prazer, tudo junto e misturado nesse trem em que embarcamos assim que nascemos.

Talvez soframos por sermos esperançosos e sonhadores demais, porque o ser humano é cheio de planos e de projetos, desejos e afetos, mas nem tudo se realiza. A gente se frustra o tempo todo, com os momentos, com as pessoas, com o que vem na contramão e nos derruba. A gente enfrenta rejeição, gosta da pessoa errada, escolhe o que deveria ficar longe.

A gente acorda, na maioria das manhãs, com o propósito de vencer e de ser feliz. Mas a gente depende do que está lá fora e de quem caminha conosco, para que a felicidade resida completa na gente. E então o chefe acorda azedo e desconta na gente. E então o filho desiste da faculdade e volta para trás. E então um irmão adoece, o cachorro fica cego, um amigo se vai para sempre.

A gente planeja que as coisas durem, que as amizades sejam fiéis, que os amores sejam recíprocos, que nosso trabalho dê certo. A gente espera uma notícia boa, uma promoção no trabalho, o reconhecimento de alguém. E lá vem o contrário disso tudo, e lá vêm as colheitas amargas de nosso passado imaturo. E tudo de novo parece desandar, e nada mais parece ter sentido.

Daí a gente se agarra a alguma coisa que nos salve dessa escuridão que machuca: a gente ouve aquela música, lê aquele livro, dedilha uma peça de Bach esquecida, escreve, come sorvete, deita e dorme, ou vai andar na esteira. Daí a gente tem que se virar com o que sobra dentro do peito, com o que contorna a essência de nossa alma, dando as mãos a quem nos ama, abrindo-nos a quem nos escuta, orando no fervor de nossas crenças. Porque o tanto que a fé ajuda nessas horas é indescritível.

E então a gente se levanta e se reergue e se reencontra com tudo o que há de mais bonito em nossas vidas, com tudo aquilo que a gente teima em deixar de enxergar quando a vida dói. O colo dos pais, o abraço do amigo, o olhar de quem nos ama, uma lembrança que acalenta, um Salmo que conforta, uma oração que ilumina. Há tanta coisa boa também, há tanta gente especial, tantas memórias mágicas. Ah, como a vida é bonita!

É. Às vezes, a gente acha que não pode ficar pior, mas fica. Acha que algo não vai acontecer, mas acontece. A gente fica sem ar, sem chão, sem esperança. A gente se revolta e chora muito, mas a gente não desiste. Somos muito mais fortes do que pensamos. A gente sobrevive e volta a sorrir, porque somos corajosos. A vida exige que sejamos assim, como fortalezas. E a gente é. E a gente continua. E começa tudo de novo. Vivamos!









Coragem civil, qualidade rara nos dias de crise que vivemos



Professora enfrenta os policiais




Por Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça


“ Mut auf dem Schlachtfelde ist bei uns Gemeingut, aber Sie werden nicht selten finden, dass es ganz achtbaren Leuten an Zivilcourage fehlt.“ (Otto v. Bismarck, citado por Robert v. Keudel, 1901).
[trad. “ Coragem no campo de batalha é entre nós parte do patrimônio comum, mas não raro se constata, que falta coragem civil a pessoas mui respeitáveis.”]

Épocas de crise política são uma oportunidade de recobrar virtudes perdidas ou nunca antes valorizadas. As crises são desencadeadas por destruição de consensos e, para reconstruí-los, é preciso o reforço daquilo que todos prezam porque para si o exigem, mesmo que neguem aos outros.

Virtudes não se encontram no dia a dia “dando sopa” na sarjeta. Ainda que delas falemos de boca cheia como se as possuíssemos em abundância, são preciosidades raras, principalmente quando a polarização moralista torna hábito olhar para o rabo alheio quando se senta sobre o próprio.

O Brasil se encontra numa dessas encruzilhadas da história em que dependerá muito de se acertar em escolhas dramáticas para não cair no abismo. E todos parecem saber o melhor rumo, mas ninguém o quer desbravar. O abismo é o outro, a quem se quer eliminar, mal enxergando que, a cada impulso exterminador, aproxima-se mais a borda do precipício que pode a todos engolir.

Virtudes são o freio ao ímpeto destrutivo e precisamos cultivá-las. Mas, para assim fazermos, temos que nos vestir de coragem civil. Esta consiste sobretudo em não ter medo de fazer o que, no íntimo, ouvido nosso Eu histórico, sabemos que é certo, pouco nos importando com as furiosas críticas que advirão para afetar nossa autoestima e nos fazer vacilar.

Ter opinião e atitude em tempos de polarização exige determinação e não impressionar-se com os maus olhares, as broncas e as maledicências daqueles que, por oportunismo, por fraqueza ou por comodidade, preferem seguir a manada no seu estouro picada afora.

Ter opinião e atitude implica receber crítica e causar desconforto. Quem, nestes tempos, opta por dizer o que pensa pode ter a certeza de que vai arrumar muitos inimigos, mas vai também receber apoios, encontrar aliados e companheiros de caminhada, imprescindíveis para a superação da crise que afeta a cada um de nós.

Há carência de verdades indisfarçadas e apresentadas de forma simples e direta; verdades amplamente assimiláveis e mobilizadoras. Portanto, tê-las e externá-las, por mais bronca que atraia, encontra eco imediato por atender a enorme demanda.

Já a covardia de não querer tomar partido fortalece o dos celerados, dos narcisistas e dos mal intencionados. Querer estar de bem com todos é buscar desconfianças contra si e leva fatalmente ao isolamento e à solidão do insignificante na manada.

Coragem civil é dar a cara à tapa, mas também é dar impulso às transformações necessárias para um tempo melhor. Faz mais sentido do que se esconder na turba, como uma avestruz a enterrar sua cabeça na terra.

É preciso dizer hoje em alto e bom tom que nossas instituições fracassaram no cumprimento de seu papel constitucional. O Congresso, por ambição e cobiça, deu, com a ampla maioria de gente sem caráter e contaminada pelo ódio político e de classe, sustentação a um bando de corruptos sem princípios, que se apossaram do governo na traição ao eleitorado e à sociedade.

Permitiu-se vender a preço de banana os ativos estratégicos do País, destruir o parque tecnológico, rifar direitos conquistados a duras penas ao longo de décadas de história sofrida e sanguinolenta e tirar do Brasil sua invejável posição de respeito e altivez no concerto das nações.

O judiciário e o ministério público foram mais que coniventes, foram co-autores na empreitada. Portaram-se mal e escolheram o lado do golpe contra a democracia. Reforçaram, com discurso moralista barato e tom exaltado de falsa indignação, a polarização política. Jogaram para a plateia. Quiseram-se bonitos e cheirosos, à busca narcisista de aplauso.

Esqueceram-se convenientemente do seu dever de defesa do Estado de Direito e da democracia. Traíram repetidamente a letra da Constituição. No auge da crise por eles sustentada pediram aumento de seus ganhos, indiferentes com a gravidade do momento: repetiram a saga dos soldados romanos a jogarem dados na disputa pela túnica de Jesus ao pé do crucifixo.

Desprezaram a segurança jurídica, aniquilaram o devido processo legal, o julgamento justo, a presunção de inocência, o direito à imagem, o direito à esfera privada. Entregaram seus investigados e seus réus à ira pública. Como Pilatos, soltaram Barrabás e crucificaram Jesus: protegeram Temer e Aécio e expõem Lula e os seus à exigência de lustração de falsa moral.

Usaram o tal “Combate à corrupção” como arma seletiva para inviabilizar o governo popular e devolver o País a sua aristocracia cleptomaníaca. Com esta festejam seu poder, seu prestígio e seu bem-estar, às custas das massas desempregadas e desabrigadas.

Ter coragem civil é dizer não a isso tudo, é exigir a devolução do poder à verdadeira soberania popular, aquela que consagrou Dilma Presidenta constitucional do Brasil. Ter coragem civil é assumir a defesa dos injustiçados, pouco ligando para os “Antagonistas” da vida, que sempre vomitarão ódio e falsa indignação.

É acolher com dignidade os que tiveram sua reputação destruída e ajudá-los a recupera-la. É abraçar José Dirceu. É reconhecer a brutalidade de que Ângelo Goulart e Willer Tomás foram vítimas por perseguição corporativa. É exigir respeito a Lula. É estar em luto por Luis Carlos Cancellier. É lutar pela volta de Dilma. É ir às ruas contra o roubo de direitos e contra a entrega aviltada dos ativos nacionais.

Quem quiser ficar em casa, que fique, mas que não pretenda ser tratado com honras dos heróis. Que não queira reconhecimento que se dá aos lutadores. Que se contente com sua insignificante existência covarde e deixe os bravos lutarem! Que não reclame mais tarde, se tudo estiver perdido. Coragem civil é mais que necessária agora. Já!



Postado em Diário do Centro do Mundo em 20/10/2017



O mundo é dos corajosos



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Quem são os corajosos? Eu acredito que corajosa é aquela pessoa que se levanta todos os dias e dá o melhor de si mesma. Que apesar de tudo continua sorrindo e superando o que acontece na sua vida. É alguém que não espera por uma ocasião especial para mostrar o seu valor e sair para conquistar o mundo; continua confiante mesmo depois de ter falhado.

Eles continuam sendo corajosos quando reconhecem e enfrentam os seus medos, quando percebem que a atitude a adotar pode multiplicar ou dividir as suas forças. Eles são corajosos e o mundo é deles, porque a cada dia buscam descobrir algo novo.

São corajosos e seguem em frente, com milhares de invejosos por perto, recebendo milhares de “nãos”. Mas… você sabe o que é o melhor de tudo? Eles podem arrastá-lo para este mundo perigoso, porque eles têm a força e o desejo que tudo contagia. Isto pode ser bom, às vezes ruim, mas nos incentivam a seguir em frente e desejar conquistar o mundo também.

Eu gosto das pessoas que se atrevem e vivem, mas não das pessoas que acreditam que “o que tiver que ser será”. Gosto das pessoas que dizem e fazem. Cada dia é único e elas têm a coragem de vivê-lo como ele se apresenta.

A resiliência como um estilo de vida

A resiliência é a capacidade que as pessoas têm para superar as adversidades e continuar com suas vidas apesar das circunstâncias adversas. Esta poderia ser uma definição correta e apropriada para resiliência, embora um pouco pobre se parássemos por aqui, se não falássemos do sucesso alcançado apesar dos medos, das dúvidas, das promessas não cumpridas. As pessoas com essa capacidade foram corajosas e continuam sendo pela vida afora.

Quando falamos de resiliência, falamos de pessoas que se apropriam do mundo ao seu redor, que sabem falar da sua dor para que ela se cure, da mesma forma que acontece quando desinfetamos uma ferida. Elas sabem o que é o “fundo do poço” porque já estiveram lá muitas vezes, mas em todas elas conseguiram voltar para a superfície. O mundo é dos corajosos e ousados: eles modificam a realidade constantemente.

Resiliência é apenas um nome geral, uma definição formal, mas cada um tem a sua história e sabe que não é fácil. No entanto, vale a pena continuar, vale a pena encontrar a alegria de viver.

O que podemos fazer para sermos corajosos?

O medo sempre vai nos proteger e fazer com que pensemos duas vezes antes de agir. É claro que devemos ouvi-lo, mas também precisamos entender que por trás da nossa “zona de conforto” podemos encontrar algo melhor. Se você não abrir a porta, nunca saberá o que existe do outro lado.

Não espere o final de semana, vista-se todos os dias com a sua melhor roupa. Não espere a aposentadoria ou que a situação se estabilize para viajar ou assumir riscos. Não espere ter mais tempo para aprender a dançar, para caminhar ou beber com os seus amigos. O importante na vida não é o ponto de partida, nem a chegada, mas sim a caminhada. Viva: o tempo é seu, a vida é sua.

Perder as oportunidades é como ficar na estação olhando o trem passar sem embarcar em nenhum deles. Eu espero que você não perca as oportunidades: beije, abrace e aceite a vida como ela se apresenta. Faça uma lista dos seus sonhos e comece a caminhar, a errar e acertar. Esta é a atitude dos corajosos, das pessoas que são donas do mundo.





  

Estudantes, coragem !


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Ódio, o sentimento que inebria 




Ele chega aos poucos e, sem que notemos, vai tomando conta de tudo. Depois de dominar os pensamentos e as reflexões, ele passa a comandar nossas atitudes as quais se apresentarão, muitas vezes, sob o fogo cruel do nosso julgamento. Contudo, ressalta-se que, se esse julgamento está comprometido por falsos juízos a priori, a sentença será equivocada, pois a cegueira do ódio entorpece a consciência.

Assim, nessa nação moribunda, nós estamos caminhando e nos contaminando com esse patógeno letal - o ódio disseminado. São comuns as legiões de "moralistas" que julgam os outros. Por eles, são julgados os estudantes das escolas ocupadas, os movimentos sociais e as minorias, todavia os referidos moralistas realizam seus pareceres sob a roupagem tenebrosa do aniquilamento do contraditório. Eles são incapazes de aceitar o outro, sobretudo se a essência desse outro for diferente. Então, para justificar o ódio, abrem-se as cortinas das agressões cujo fel do perverso se apresenta em julgamentos excludentes. A sentença desse juízo aparecerá de várias formas, mas uma coisa é certa - o contraditório nunca será respeitado.

A consequência imediata disso será o surgimento de estratificações onde se propagará a idéia de que existem dois lados: os que "estão certos" e os que "estão errados". Lembremos da camisa com os seguintes dizeres: "eu não tive culpa, votei no Aécio". Dois lados antagônicos - os que votaram "certo" cutucando os que, supostamente, votaram "errado". Talvez, hoje, depois das inúmeras denúncias, o "certo" era mais uma bravata do que uma verdade.

Essas falsas-verdades corrompem o ser e o reflexo pode ser bem cruel. Agredir e excluir, pejorativamente, o diferente transforma-nos em seres embrutecidos. Você não deve abdicar do seu pensamento e daquilo que você acha certo, mas você precisa entender que o seu pensamento não sobrepuja o do outro. Na verdade, nunca sobrepujará. Não há hierarquia no que tange visão de mundo e conceituação filosófica de vida.

O pensar de cada um é soberano. Ele é inteligível em todas as esferas. Ele é único e verdadeiro. Ele é seu e pertence a ti. Não cabe nenhum ataque a ele. Ninguém pode neutralizá-lo ou impor outra vontade que corrompa seus valores. Pode-se discordar do que você pensa, mas nenhuma pessoa poderá te achincalhar em face disso. Essa situação é uma das válvulas de escape desse ódio inebriante. De forma perversa, tudo aquilo e todo aquele que se posiciona diferente são atacados.

Entendam que todo movimento social é bem vindo e deve ser aceito. Desde que pautado numa construção ética e pacífica, quaisquer construções coletivas são bem vindas. Desse modo, se a coletividade dos estudantes quer e se organiza para ocupar escolas, não há equívoco no valor dessa atitude. Talvez, o ódio apareça na não aceitação bitolada do achar que tal evento nacional é somente por política. Ou melhor, que um coletivo pensante não é capaz de pensar, visto que, são contaminados por "patógenos de esquerda".

Pergunto-vos, quais outras forças estão alimentando uma discussão nacional sobre a PEC 241? A resposta é simples: basicamente nenhuma.

Em face disso, seguremos esse ódio e analisemos os nossos ataques. Não é possível gozar de prazer ao ver truculências de autoridades policiais contra estudantes. Não validem a brutalidade pela tela do ódio ideológico do qual você discorda. Sejamos maiores e melhores, mesmo que a nossa visão de mundo seja diferente.

Aos estudantes, coragem e meu sincero respeito!


Dr. Régis Eric Maia Barros

Médico Psiquiatra

Mestre e doutor em Saúde Mental pela FMRP-USP



Postado em Conversa Afiada em 17/11/2016



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