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Saber esperar não é fraqueza, mas coragem

 


Saber esperar… Esperar o tempo necessário para as sementes germinarem, para que os sentimentos apareçam e os fatos forneçam sinais. Tudo tem o seu tempo, os seus próprios ritmos, mesmo que nos recusemos a aceitar.
Se fizermos uma pausa e olharmos ao nosso redor, perceberemos que tudo está em movimento de uma forma ou de outra. É o fluxo da vida, o impulso criativo da mudança, aquilo que se alimenta de tudo o que acontece para cultivar resultados.

A espera é a hora do tédio, da preguiça, da impaciência; mas é também a sala de espera que nos abriga, a arte da paciência e o caminho do aprendizado. Muitas vezes voluntário e às vezes quase impensável.

Podemos até dizer que a espera é o tempo de duração daquele desejo que esperamos que germine, dê frutos, mas com a força da calma em vez da aceleração.
“Um homem que é um mestre da paciência é o mestre de todo o resto”.  – George Savile –
O caos de "viver acelerado"

Byung-Chul Hal, filosófico especialista em estudos culturais e professor na Universidade das Artes em Berlim, diz em seu livro ‘A Sociedade da Fadiga’ que a sociedade do século 21 não é mais uma sociedade de disciplina, mas sim de rendimento, na qual se destaca o poder fazer sem limites.

Atualmente, todos nós queremos fazer mais em menos tempo. Vivemos acelerados e pressionados em um mundo de excesso de estímulos, mais preocupados com os resultados do que com o caminho.

O problema é que ignorar os passos que damos e a forma como caminhamos nos leva ao esgotamento físico, mental e ocupacional.

Além disso, a nossa percepção está fragmentada por tanto estímulo. Agora somos multitarefa, fazemos tudo e nada ao mesmo tempo.

De acordo com Byung-Chul Hal, a multitarefa não é progresso, mas sim uma regressão, porque impede a contemplação e a atenção profunda. Vivemos acima, na ponta dos pés, sem nos submergirmos nas experiências e com um ritmo de vida desenfreado.


Não gostamos mais de esperar, é difícil ter paciência porque queremos tudo instantaneamente, de forma imediata e impulsiva, sem estarmos atentos às consequências…

Estresse, ansiedade, depressão, tédio ou até mesmo viver incomodado no tempo de descanso. Estamos desconfortáveis por não termos nada para fazer, porque nos enfrentamos e não estamos preparados para isso.

O tédio é um inimigo e imediatamente procuramos uma tarefa, algo que ocupe o nosso tempo. E em meio a esse tumulto, esquecemos que a agitação pura não gera nada de novo e, por sua vez, perdemos o ‘dom de ouvir’, como afirma o filósofo Walter Benjamin.

Em suma, nos perdemos em uma espiral de hiperatividade, estresse e inquietação.

O prazer da espera

O que aconteceria se parássemos? Descobriríamos algo se desacelerássemos a nossa marcha? Como nos sentiríamos? Parar e interromper a nossa agitação, a princípio, nos assusta. Nós não podemos negar isso. Pode até doer, já que estamos acostumados ao imediatismo.

A paciência é uma arte que deve ser aprendida com base no treinamento e na tolerância em relação à ignorância e à incerteza. Entramos em pânico, achamos insuportável não saber o que acontecerá e pensamos que as coisas vão escapar do nosso controle.

Mas é claro que, em certos momentos, é impossível evitar isso. Não nos esqueçamos de que a paciência tem a ver com o ser, e o seu oposto, a impaciência, com o ter.

Pense por um momento em como você se sente quando está em uma situação que não está sob a sua responsabilidade, mas que o incomoda. Reflita sobre os momentos em que você discutiu com alguém que ama. É desconfortável, não? Como você se sente quando alguém te faz esperar no trabalho, na vida amorosa ou familiar?

Esperar é um desafio… E mais ainda se tivermos em mente que ser paciente é visto como uma fraqueza, já que na maioria das vezes é confundido com resignação ou ser apático.

No entanto, a paciência com consciência não tem nada a ver com isso, é mais coragem e valentia, esperança e visão de longo prazo. É rebelar-se contra a dificuldade, mas de uma forma com a qual não estamos acostumados.


Saber esperar

Saber esperar é se proteger da eventualidade do imediato e ser capaz de passar por situações adversas sem desmoronar. Quem tem a paciência como amiga conhece bem as armadilhas da impulsividade e as suas consequências. Dessa forma, domará as suas paixões, a sua tendência para a busca incessante de prazer e a necessidade imediata.

A espera nos ensina que ter tudo sob controle é impossível e perigoso. Refletir para entender e priorizar são atitudes importantes, assim como dedicar um tempo a nós mesmos, indagar o que queremos e para onde vamos, observar o caminho em perspectiva.

Isso só é possível através da prática da paciência, essa capacidade de avaliar com cuidado, estar calmo e não ser obscurecido pelo barulho da necessidade e do prazeroso.

Ser paciente não é se deixar levar pelas circunstâncias, mas saber agir no momento certo, escolher e renunciar com calma, e aprender através do ritmo da vida.

“A velocidade é a forma de êxtase que a revolução técnica deu ao homem […] Por que o prazer da morosidade desapareceu?”– Kundera –

Bibliografia

Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.

Byung-Chul Han. (2012) La sociedad del cansancio. Barcelona: Herder.

Kundera, Milan (2001). La lentitud. Barcelona: Tustquets.

Schweizer, Harold (2010). La espera. Melodías de la duración. Madrid: Sequitur.

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.






A tendência slow : quanto mais lento melhor



Esta é uma das novas tendências culturais, que como tantas outras, foi implementada pelos jovens. Até pouco tempo atrás, o objetivo de todos era fazer tudo o mais rápido possível. Isso trouxe grandes benefícios, mas também deixou muitos seres humanos à beira de um ataque de nervos.

A tendência de exaltar a lentidão está ganhando força. As pessoas perceberam que é ótimo ir de um país para o outro em poucas horas, mas também entenderam que fazer amor em dois minutos, ou almoçar em três, não é uma boa ideia.
“O homem que caminha mais lentamente, que não perde de vista o seu propósito, caminha sempre mais rápido do que aquele que não persegue um ponto fixo”.
– Gotthold Efhraim Lessing –
Viver as experiências com rapidez, muitas vezes, equivale a não vivê-las. Além disso, a pressa aumenta o estresse, a ansiedade, e dá lugar a uma tonelada de problemas. Finalmente, não alcançamos o objetivo de viver mais tempo, mas acontece o oposto: diminuímos o tempo de vida quando a vivemos em um ritmo frenético.

7 tipos de emoções tranquilas e como alcançá-las



Calma, serenidade, equilíbrio... No tecido de nossas emoções, aquelas que nos fornecem tranqulidade costumam ser as mais enriquecedoras e também as mais curadoras. São o nosso melhor antídoto contra a ansiedade. Você gostaria de saber como alcançá-las?

Um pouco de emoção no nosso dia a dia é sempre bom. Ter esse ponto de ativação certo e adequado nos permite aumentar a motivação, aumentar a capacidade de realização e aumentar a capacidade de enfrentar as dificuldades. No entanto, o verdadeiro bem-estar físico e psicológico encontra-se neste estado dominado pela calma e pelo equilíbrio.

A vida adquire maior significado e transcendência através de uma mente sossegada. Por isso, as emoções tranquilas orquestram, promovem e facilitam aquela harmonia a partir da qual a ansiedade não nos atormenta. É aquele refúgio sereno de onde olhar o mundo com uma perspectiva mais aberta, mais focada e relaxada.

Embora seja verdade que nossas mentes evoluíram para facilitar a sobrevivência e que a preocupação é o mecanismo que nos permite reagir aos perigos, tudo tem um limite. Somos aqueles seres que, quase sem saber como, acabam vendo ameaças onde não há. Antecipamos fatalidades e cada vez nos sentimos mais exaustos, mais angustiados.

E se mudarmos essa dinâmica? Que tal aprendermos novas abordagens mentais para reduzir aquela hipervigilância e estresse constante para abraçar a calma e a tranquilidade? Vamos ver como alcançar isso.
“Vá com calma, porque se você começar a levar muito a sério, elas acabam.”   - Jack Kerouac -

A mente calma se sente mais apta a estar no verdadeiro controle
de sua vida.

Tipos de emoções tranquilas e como promovê-las em sua vida

“Calma”. Só de pronunciar essa palavra algo se acende em nós. Nesta realidade muitas vezes caótica, hiperconectada e exigente, nos acostumamos a viver com excesso de barulho. Tanto externo quanto interno. Notificações, e-mails e infinitas metas a cumprir juntam-se ao peso da incerteza e do medo de não saber o que vai acontecer amanhã.

Uma mente calma não evita esses tipos de realidades. É uma abordagem psicológica que lida com a efervescência diária com melhores ferramentas. É deixar de sentir que está andando na corda bamba, perceber que está usando um bastão, que avança com mais segurança sem o peso excessivo da ansiedade, daquelas preocupações que nos fazem tremer e aumentam o risco de queda.

Uma maneira de alcançar essa calma interior é por meio de um tipo muito específico de estado mental. As emoções tranquilas são aquelas que os especialistas definem como “de baixa energia”, que proporcionam calma física e mental. São também elas que nos distanciam da turbulência da angústia. Assim, um estudo da Universidade de Michigan, por exemplo, destaca algo importante.

Emoções com valência positiva ampliam e aprimoram nossos repertórios cognitivos e comportamentais. Assim, no caso de atingir esse ponto ideal de serenidade interna, os pensamentos acelerados e a reatividade física seriam reduzidos para nos permitir ter maior controle sobre nós mesmos e sobre o que nos rodeia. Aqui estão alguns exemplos desse tipo de estado.
Tenha em mente o seguinte mantra para o seu dia a dia: “Eu expiro a tensão, o medo e a preocupação, e inspiro o ar calmo e curador”.
1. Serenidade, aceitar o que você não pode controlar

A serenidade é um estado emocional poderoso. Essa sensação nos dá quietude, satisfação e conexão. A pessoa que age com serenidade é aquela que vê as coisas com maior clareza, aceitação e calma, sabendo o que quer. É exatamente o oposto de uma mente ansiosa e acelerada e o melhor antídoto para o medo da incerteza.

A maneira de alcançar essa emoção é através do autoconhecimento e do autocontrole. Quando você souber quem você é, quais são seus objetivos e assumir que nem tudo está sob seu controle, você alcançará a serenidade adequada.

2. Elevação emocional, quando você aprecia a beleza da vida

Entre as emoções tranquilas mais importantes está o conceito de elevação. Embora seja verdade que tem uma componente que se integra no espiritual, não deixa de definir uma experiência que todos podemos alcançar. Define aquele sentimento em que algo gera uma combinação mágica entre admiração, fascínio e satisfação. É encontrar algo que nos dê sentido e transcendência.Para alcançar a elevação emocional, você deve buscar cenários ou práticas que o façam se sentir realizado. Você pode tocar esse sentimento assistindo a um nascer do sol no mar. Também passear, trabalhando pelos seus sonhos ou compartilhando o tempo com as pessoas que você ama.

3. Calma, mais que uma emoção, uma atitude

Ter calma, desenvolver uma visão mais calma do mundo, treinar nosso corpo para reduzir a tensão e o nervosismo. Não seria esse tipo de experiência a mais adequada para alcançar o bem-estar?

Isso mesmo, a calma emocional é acima de tudo uma atitude perante a vida, aquela que nos permite ver a nossa realidade a partir de um filtro mais relaxado, racional e ajustável.Para alcançar a calma devemos treinar o diálogo interno negativo, aquele que nos traz tempestades, ansiedade e pensamentos catastróficos. Vamos aceitar que nem tudo pode estar sob nosso controle.
"A bondade é a mais elevada e satisfatória das emoções tranquilas, aquela que deve guiar nossas vidas."
4. Alívio, o fim da angústia

O alívio é uma daquelas emoções silenciosas nas quais devemos trabalhar todos os dias. Apenas define aquele sentimento que nos abraça quando resolvemos algo que nos preocupa, que nos preocupa e ofusca o nosso equilíbrio pessoal.

Atenuar o sofrimento é uma estratégia que, em grande medida, depende das nossas capacidades. Basta saber responder às dificuldades com estratégias inovadoras e corajosas.Todos nós podemos alcançar alívio emocional por meio de estratégias adequadas de resolução de problemas. Também com técnicas para regular nossas emoções desconfortáveis, aquelas que aumentam a angústia e nos impedem de tomar boas decisões.

5. Confiança, uma emoção curadora

A confiança é a emoção favorita do cérebro, aquela que permite fortalecer melhor os relacionamentos e olhar para o futuro sem medo. Pensemos que o oposto da confiança é o medo e que nesse túnel a luz mal entra. Portanto, poucos estados psicoemocionais são tão catárticos e necessários quanto este conceito.Para desenvolver a confiança emocional devemos entender que mesmo que não tenhamos controle sobre o destino e sobre as pessoas, é bom acreditar que o que elas podem nos dar será bom e enriquecedor. Estamos diante de um ato de fé, diante de uma abordagem mental que exige abertura, tranquilidade e segurança.

As emoções tranquilas são a chave para o bem-estar físico e psicológico.

6. Gratidão, a arte do reconhecimento

Entre a mais bela gama de emoções tranquilas está, sem dúvida, a capacidade de sentir gratidão. Aqueles que não se conectam com esse estado, aqueles que não experimentam essa sensação, a única coisa que percebem é um sentimento de vazio e falta. Também frustração. Porque a gratidão é a capacidade de valorizar aqueles aspectos não materialistas da vida e do ser humano capazes de nos trazer bem-estar.Quem quer treinar essa emoção deve retirar camadas de egoísmo, retirar o peso do superficial para ficar na essência das coisas. Estamos diante de um sentimento de valorização que exige, por sua vez, um adequado sistema de valores éticos.

7. Bondade, a mais elevada das emoções

A bondade é uma emoção calma, mas poderosa. A capacidade de guiar nosso comportamento pelo prisma da bondade não apenas tem impacto em nosso bem-estar, mas também pode mudar o mundo. Isso porque outras emoções igualmente brilhantes e maravilhosas estão integradas a ela, como a compaixão, a ternura e a bondade.Como ser mais bondoso? Mais uma vez, é preciso arrancar de nossos padrões todo indício de egoísmo, esse vírus que tudo adoece e contamina. Está em nossas mãos sermos mais sensíveis às realidades alheias, mais atentos às necessidades do mundo e mais proativos em facilitar a ajuda que qualquer ser requer.

Para concluir, as emoções tranquilas descritas aqui são um meio para um fim. O do bem-estar, o da harmonia social e até o da felicidade. Por que não trabalhar nelas?


Bibliografia

Fredrickson BL. The role of positive emotions in positive psychology. The broaden-and-build theory of positive emotions. Am Psychol. 2001 Mar;56(3):218-26. doi: 10.1037//0003-066x.56.3.218. PMID: 11315248; PMCID: PMC3122271.

Fredrickson, B. L. (1998). What good are positive emotions? Rev. Gen. Psychol. 2, 300–319. doi: 10.1037/1089-2680.2.3.300









Juliana Goes : 5 atitudes transformadoras


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Postado em Juliana Goes 



Calma, muita calma. Paz é aquilo que faz bem à alma





Quando perguntei a minha sobrinha Veridiana em qual lugar se sentia mais em paz, ela não pestanejou: “ Dançando na discoteca, tio ”. É claro, Veridiana era roqueira e tinha na época apenas 16 anos. Um surfista diria: “ Sobre uma prancha, correndo na crista das ondas ”. Minha mãe, de bom sangue italiano, encontra a paz fazendo nhoque para o almoço do domingo. E eu, desde que entrei nos anos “ enta ”, não consigo imaginar nada mais apaziguador do que caminhar numa praia deserta ao entardecer, bem ali onde o mar encontra a areia. Donde se conclui que todas as pessoas não encontram a paz no mesmo lugar, nem do mesmo jeito.

Luis Pellegrini 


É difícil definir paz. Ela certamente tem a ver com o estar bem consigo mesmo e com o mundo. Uns encontram esse contentamento na ação e no movimento, outros na imobilidade quieta e silenciosa; alguns no trabalho criativo, outros na meditação passiva. Mas todos concordam que paz é um sentimento diretamente ligado à alma humana. Alma apaziguada, alma feliz. Por isso, uma colocação que talvez agrade a gregos e troianos é: Paz é aquilo que faz bem à alma.

Os antigos gregos, por sinal, já diziam que tudo aquilo que em nós é sagrado e glorioso emana da alma; e tudo aquilo que nos avilta e degrada vem do corpo.

Parece exagerado, já que o corpo também tem as suas vantagens. Mas Platão acreditava na superioridade da alma, e escreveu: “ Se quisermos conquistar o conhecimento claro de todas as coisas, devemos nos livrar do corpo e contemplar as coisas apenas com os olhos da alma ”. Um bom conselho, mas duro de seguir. De qualquer forma, não há como dissociar o valor da paz dos valores da alma.

Nosso mundo moderno, obcecado pela tecnologia, pela produtividade e pelo consumismo de bens materiais, privilegia os valores da matéria e do corpo em detrimento dos valores da alma. Por isso é um mundo onde existe pouca ou nenhuma paz.

A escassez de paz, que a linguagem moderna traduz muitas vezes por estresse, é um perigo que compromete a saúde – física, psicológica e mental – e acarreta uma boa parte das doenças contemporâneas. A vida mecanizada de hoje, particularmente nos grandes centros urbanos, tende a levar todas as coisas num ritmo frenético. Exige que se corra sempre mais para se chegar não se sabe onde, a se atirar de cabeça de encontro aos obstáculos, para não ficar atrás e deixar-se ultrapassar. Tudo é admitido, desde que a pessoa não fique parada à beira da estrada, ao mesmo tempo em que os outros passam em disparada, sem sequer olhar para aquele que ficou parado. A ansiedade do corre-corre amarra e atemoriza nossa alma, roubando-lhe a paz.

Consequências? A primeira delas, o descontentamento. Perdemos o prazer do descanso e o gozo que dele deriva. Sempre a correr, vemos tudo superficialmente; pensamos sempre no amanhã, nunca no hoje; apenas roçamos as coisas, mas não olhamos para elas; somos pessoas informadas, mas, na verdade, não conhecemos nada. A segunda conseqüência é a ansiedade patológica – que deve ser distinguida da ansiedade sadia. Sempre que enfrentamos uma dificuldade precisamos da força necessária para superá-la. Alguma coisa, então, se move dentro de nós, uma ansiedade estimulante. Essa ansiedade é normal e benéfica, pois desperta energias, provoca o despertar positivo da vontade, excita o vigor, produz atividade. Mas existe também uma ansiedade que é pura agitação e urgência: o afanar-se da vida de hoje. Esta é negativa. Quem se deixa tomar por ela afunda cada vez mais num processo angustioso de agitação. “ Uma pessoa inquieta e agitada é como um porco-espinho enovelado às avessas, que se tortura com os próprios espinhos ”, diz o italiano Amadeus Voldben, autor de Um caminho seguro para a paz interior. A agitação – antítese da paz – é um tormento de caráter psíquico, com repercussões no corpo. Seus efeitos são ressentidos em todo o ser.

Advertências contra os perigos de um estado d’alma sempre agitado e preocupado foram feitas por cabeças sábias de ontem e de hoje. O escritor A. J. Cronin foi explícito: “ Milhões de pessoas são atormentadas por um inimigo secreto que por si só provoca mais infortúnios e sofrimentos do que qualquer outra desgraça: a preocupação. Esta, como o sabem os médicos, pode induzir a um estado patológico, consome nossas energias, compromete a saúde, torna a vida um tormento intolerável e abrevia-lhe os anos ”. O chinês Confúcio não deixou por menos: “ O sábio é livre e sereno; a pessoa medíocre, afobada e preocupada ”.

A sabedoria popular também sabe das coisas. Quem não se lembra do dito bem brasileiro, “ o afobadinho come cru ”? Um provérbio birmanês aconselha: “ Trabalha sem te cansares, e pensa que, quando estiveres cansado, não poderás trabalhar ”. Um outro, hindu, ensina a fórmula secreta da paz: “ Quando correres, pensa: devo andar mais devagar; quando andares mais devagar, pensa: devo parar; quando estiveres parado, pensa: devo deitar-me; e então uma grande paz se apossará de ti ”.

Claro, tais ensinamentos não devem ser interpretados ao pé da letra – se todos resolvessem passar todo o tempo pacificamente deitados, o mundo pararia – mas sim a partir do seu significado alegórico e simbólico. O que eles querem realmente dizer é que a calma deve ser a regra no agir. Basta usar a natureza como espelho: o ritmo da natureza não conhece pressa, mas uma sucessão regular de eventos. A planta descansa no inverno, cresce e floresce na primavera, frutifica no verão, perde as folhas no outono. Calma não é lentidão, mas ordem na sucessão dos fatos. Existe uma grande calma até no girar dos planetas ao redor do sol. Seu movimento é regular e harmônico, ele se desenvolve no ritmo natural que é a calma suprema.

Portanto: calma, muita calma, se desejarmos encontrar a paz. Calma nos nossos atos, emoções e sentimentos e, sobretudo, calma nos pensamentos. Dizem os especialistas, por sinal, que aprender a dominar e acalmar os pensamentos é a coisa mais importante. Uma mente tranqüila tenderá a impregnar todos os demais aspectos da pessoa com tranqüilidade. Da mesma forma, uma mente sempre agitada irá desequilibrar todas as demais partes que nos compõem.

Ao longo das eras, cada grande civilização desenvolveu métodos e técnicas para o desenvolvimento da alma e o desabrochar do espírito. Mas todos são assentados sobre a plataforma básica da pacificação do indivíduo em todos os seus níveis – físico, emocional, mental.


Nas tradições orientais, como o budismo tibetano, a meditação conduz à paz interior.


A meditação, hoje muito na moda em todas as suas variedades, é um desses métodos. Existem muitas definições de meditação. Uma das mais simples diz que “meditação é uma disciplina que objetiva o domínio da própria mente, de modo a transformá-la num eficiente, dócil e bem treinado instrumento pensante”. Há duas formas principais de meditação: a) meditações estáticas; b) meditações dinâmicas. Nas primeiras, o meditador permanece quieto, parado, sem nenhum movimento corporal; apenas a sua mente se move, como uma flecha que um bom arqueiro dispara e que voa certeira em direção ao alvo. Nas segundas, as meditações dinâmicas, o meditador não precisa bloquear os movimentos corporais. Exemplos dessas meditações são certas artes marciais como o tai-chi-chuan, certos programas de exercícios físicos como os da hatha-ioga, danças sagradas como as danças rituais do nosso candomblé e umbanda. Cada um escolhe o seu próprio método de meditação por um critério de afinidade. O importante é saber que em todos eles o objetivo é chegar a um estado de relaxamento profundo – quase que uma suspensão do corpo e da mente.

Para se chegar à paz interior pode-se também recorrer à moderna tecnologia. Técnicas como a cromoterapia e a audioterapia podem ser de grande ajuda. A ciência moderna, em coro com as sabedorias antigas, descobriu que o ser humano é muito sensível a estímulos como o das cores e o dos sons. Quando entramos em contato com eles, podemos reagir das formas mais diferentes. Há cores e sons que irritam e induzem à agitação, e há outros que relaxam e apaziguam.

Em casos de emergência, quando é preciso recobrar rapidamente a paz interior, pode-se lançar mãos de técnicas respiratórias que costumam dar bons resultados. O terapeuta americano Hilton Gregory descreve uma delas: “Descobri a enorme diferença que faz uma mudança de ritmo aplicada à respiração. Dei-me conta de que, quando estou cansado e nervoso, posso acalmar-me e até adormecer, inspirando intencionalmente com mais lentidão e expirando mais a fundo. Isso não só me proporciona um bem-estar físico imediato, mas também me dá uma sensação de domínio sobre mim mesmo. Experimentem fazê-lo e verificarão que o fato de tornar mais lento o ritmo da respiração para distender os nervos ou de apressá-lo para tonificá-los, estimula um grupo inteiro de músculos e de sensações que nunca entram em ação se deixarmos que a respiração seja apenas um ato inconsciente”.

Outro recurso fácil que diminui a tensão e nos coloca no caminho do apaziguamento é simplesmente trocar de ambiente: viajar; renovar o próprio aspecto mudando a indumentária; sair para um passeio ao ar livre ou, melhor ainda, no campo ou na praia; ir ao cinema ou ao supermercado. Com o mesmo objetivo, alguns recorrem à boa literatura; contam piadas; ouvem música; cultivam passatempos. E existem aqueles para quem a oração é o refúgio mais adequado.


Deixe sua agitação se dissolver no mar da tranquilidade.


Escolha o seu método, ou crie o seu próprio método. Mas, não importa qual ele seja, comece sempre por aquilo que faz quem encontrou o caminho da sabedoria e da paz: 1) Observe as coisas e os fatos da vida com olhos serenos; 2) Olhe sempre para a parte boa que todas as coisas têm em si mesmas. Lembre-se que tudo na vida e no mundo é como medalha de duas faces, uma escura, a outra luminosa; prefira sempre o lado da luz; 3) Tenha sempre um repertório de pensamentos serenos nos quais é possível fixar a mente.

O importante é levar paz à alma, tornando-a feliz.



Postado em Brasil 247 / Oásis em 29/05/2017








Ser paciente em um dia de raiva pode evitar cem dias de tristeza




Valéria Amado

Ser paciente não é ser frágil nem covarde. Às vezes é muito melhor guardar silêncio e aquietar a raiva do que perder tudo em um momento de ira descontrolada. Porque a paciência é a virtude dos corações tranquilos, capazes de entender que ser prudente em um dia de raiva pode evitar cem dias de tristeza.

Todos já experimentamos momentos assim. De fato, às vezes habitamos o “epicentro” de entornos muito exigentes que colocam à prova a nossa capacidade de resistência e essa habilidade que devemos ter como bons gestores emocionais. A ira é como um gatilho que dispara quando perdemos o controle e que, longe de descarregar nossas emoções, costuma trazer efeitos secundários que ninguém deseja.

Aprenda a ser paciente, a acalmar a raiva, a amarrar a ira ao laço do entendimento e da compreensão para perceber que a raiva não soluciona nada, porque podemos perder tudo.

Na hora de falar dessas duas virtudes, que são o silêncio e a paciência, parece que estas dimensões se associam mais à passividade, a quem é incapaz de reagir. Não devemos vê-lo assim. O silêncio sábio que não agride e é paciente permite acalmar a mente para agir com maior equilíbrio, com mais assertividade e moderação.

Os bons gestores emocionais aprendem cedo que dois dos inimigos mais complexos com os quais devem lidar são sem dúvida a ira e a raiva. Além disso, eles se relacionam com diversas mudanças fisiológicas que intensificam ainda mais a sensação negativa e de ameaça. Por isso, na hora de controlar um inimigo, a melhor coisa é conhecê-lo.

Conhecendo um inimigo comum, a ira

Existem pessoas que se zangam com mais ou menos freqüência. A razão dessas diferenças individuais poderia ser explicada por um tolerância menor à frustração, ou inclusive por determinados indicadores genéticos.

A ira surge no nosso cérebro por causa de um leve desequilíbrio entre a serotonina, a dopamina e o óxido nitroso. Tudo isso pode fazer com que existam pessoas com maior tendência a explosões de ira e raiva.

Segundo um interessante artigo publicado no “The New York Times“ pelo psiquiatra Richard Friedman, a ira pode se mostrar também como resultado de uma depressão encoberta.

Uma revolta não controlada, que não é racionalizada ou administrada de forma adequada, pode derivar em frustração e mal-estar. Quando a ira inunda o cérebro por causa do efeito dessa química neuronal acontecem diversas mudanças fisiológicas que vão incrementar ainda mais a emoção negativa. A raiva galopa de forma descontrolada.

Não devemos esconder a revolta, e nem deixar que se transforme em um ataque de raiva. É preciso compreendê-la e canalizá-la de forma adequada para que não asfixie, para que não machuque nem procure vítimas sobres as quais projetar a raiva.

Paciência, calma e conduta assertiva para tratar os aborrecimentos

Desconfie de alguém que diga que “ele ou ela não fica bravo nunca”. Todos passamos por injustiças, ouvimos palavras tolas e comentários tão injustos quanto ofensivos. Agora, antes de deixar que a irritação atue como o isqueiro que acende o fogo da raiva, é preciso refletir alguns momentos sobre estas dimensões.
  • Dê um nome ao que o aborrece. Não fique só com as sensações, com esse desconforto que fica virando o estômago e trava a sua mente. Descreva em palavras concretas o que o incomoda.
  • Procure a calma por alguns instantes, feche-se no seu “palácio de pensar”. É um espaço tranqüilo e sereno que só pertence a você, visualize um lugar onde você deixe de fora a raiva e as emoções negativas para se trancar com “a razão”. Pense agora qual é a melhor opção diante da aquilo que o incomoda.
  • Expresse de forma assertiva a razão da sua chateação. De nada serve “engolir” aquilo que nos prejudica, porque os aborrecimentos não se guardam sob a cama, se expressam em forma de palavras respeitosas para evidenciar com clareza o que nos fere, o que não queremos.
  • Controle, reestruture e mude de cenário. Uma das melhores formas de administrar a revolta e a raiva é controlar aspectos como a respiração ou inclusive os processos mentais capazes de potencializar ainda mais a emoção negativa. Não procure culpados, desligue o ruído mental e os pensamentos irracionais.
Às vezes uma coisa tão simples como caminhar, respirar fundo e procurar um ponto visual no horizonte para descansar a mente e desligar o interruptor da irritação pode nos salvar de todos esses alfinetes externos que tanto abundam no dia a dia. 

É preciso se lançar no mundo com o coração tranquilo, conhecendo os próprios limites, e sabendo que haverá momentos ruins, sem dúvida, mas os bons momentos abundam mais e são a nossa razão de ser…


Postado em Conti Outra







A arte de fazer nada




Carla Gonzalez

Quando foi a última vez que você se encontrou fazendo NADA?

Não a última vez que você procrastinou trabalho vendo o Facebook ou assistiu Netflix depois de um longo dia de trabalho. (Ver TV não conta como fazer nada)

Quero dizer, quando foi a última vez que você esteve por si mesmo, sem fazer nada?

Sim, eu não me lembro da última vez que eu fiz isso também. Na verdade , é quase uma sugestão estranha, dada as prioridades das quais a nossa cultura parece orgulhar-se :

“Trabalhe mais rápido; trabalhe mais tempo”

Trabalho, trabalho, trabalho! Há sempre algo que temos que fazer para permanecer “competitivos” ou para ficar “em cima” das coisas. 


Mas esse sistema está funcionando? Será que alguém realmente está gostando disso? Está trazendo felicidade?


Na verdade, não fazer nada parece sugerir preguiça, passividade e ociosidade. Não é de se admirar que você não consiga se lembrar da última vez que você não fez nada? E o fluxo constante de tecnologia com a qual convivemos não é exatamente de ajuda.

Você sabia que fazer nada é bom para sua saúde? 

E se eu lhe dissesse que pode energizá-lo e adicionar foco na sua vida? 

Aqui estão algumas razões para provar ainda mais por que não fazer nada é benéfico e como exatamente você pode adicionar mais ócio produtivo na sua vida:


Aproveite o momento presente 

Desligue o telefone. A próxima vez que você estiver almoçando, coloque o celular ou tablet do lado e tente simplesmente se concentrar em comer. Apreciar tudo o que está ao seu redor, especialmente coisas simples.

Ouça música. Saia para dar uma corridinha. Saia pra natureza. Faça o que você precisa fazer para se lembrar da importância de estar presente .

Desligue-se

Desligue o telefone e saia do Twitter já! Claro, pode se sentir estranho no começo, mas desfrutar da companhia de você mesmo é um grande presente. Torne-se confortável com o silêncio.

Saiba que não há problema em ficar dentro de casa e passar uma noite tranquila num final de semana. Você não tem que sempre estar em movimento, planejamento e acrescentando à sua lista de afazeres. Respire fundo. Só isto.

Priorize

Tenho certeza que sua agenda está preenchida com atividades, mas essas atividades são mesmo significativas? Descubra se o seu coração e alma estão ambos realmente engajados nos vários grupos e atividades em que você está envolvido ou se você está somente reforçando o seu currículo.

Seja honesto com você mesmo 

Concentre-se no que realmente gosta de fazer. Se você não está realmente animado quando pensa na atividade, livre-se dela. Use seu tempo e energia com sabedoria e invista em atividades que realmente são importantes para você.

Parece um conselho de livro de auto-ajuda, mas realmente já me encontrei em situações de difícil decisão, onde é o coração que tem que falar, não o dinheiro ou o status social, ou as aparências.

Recarregue suas baterias 

Estar rodeado de pessoas constantemente requer muito trabalho. Adicione em cima o fluxo constante de trabalho, casa, familiares, esportes, hobbies, leitura… só de pensar nisso meio que cansa! 

Tente pelo menos um final de semana por mês, não ter planos. Veja o que acontece. Aprecie não fazer nada, pode acontecer coisas impressionantes dentro de ti.


Não faça planejamento sempre

Ah, talvez esta seja a mais dura tarefa de todas. Desde a vida de estudante, começam a nos treinar a pensar no futuro firmemente… Será que vou ter um emprego? Devo mesmo ir para a escola? Isso é apenas a ponta do iceberg… Outros planejamentos pra frente seguem…

Permita-se fazer uma pausa a partir do planejamento constante. O universo tem muitas coisas preparadas para você, independentemente de seus pequenos planejamentos.

Assim aconteceu na minha vida… Há 6 anos conheci o meu amor nas últimas horas que ele esteve no México depois ele ter ficado 6 meses lá, até agora, estamos felizmente juntos; esse instante, o universo transformou minha vida, mudei pro Brasil, casei, etc… 

Nada disso estava nem de longe em meus planos, nem imaginava as possibilidades ocultas do universo. 


Tenha fé – pelo menos momentaneamente – no universo. Qual é a lógica pensar exageradamente no futuro que provavelmente não irá acontecer ?

Acalme-se. E mantenha o foco no aqui e agora.


Postado no Yogui.Co


Bem-aventurados os mansos, pois eles herdarão a Terra





Morel Felipe Wilkon

Você é do tipo que não leva desaforo pra casa? Você reage impetuosamente quando se sente desrespeitado ou ofendido? Certamente você conhece a lei mosaica, que diz “olho por olho, dente por dente”. Muitas pessoas seguem à risca esse princípio. Devolvem tudo na mesma moeda.

Esse é o comportamento ditado pelo orgulho. O grande mal da humanidade, o defeito por excelência, que nos mantém presos à Terra, purgando reencarnação após reencarnação os males provocados por sua prática. A prática do orgulho é que nos faz agir impetuosamente quando nos sentimos atingidos em nosso ego.

Por nosso grau evolutivo, pelos costumes arraigados em nossa sociedade, a mansidão de comportamento é confundida com ingenuidade. No entanto, a mansidão é uma das bem-aventuranças citadas por Jesus no Sermão da Montanha. É que o mau observador pensa que o manso é fraco, sem atitude.

Você já viu um cavalo xucro, que não foi domado? É a imagem viva da bravura, da intrepidez. É uma força desgovernada. Depois de domado, o cavalo fica manso. Perde ele suas qualidades de força, vigor, bravura, agilidade, coragem? Não! Só que então essas qualidades podem ser direcionadas. Sua força está sob o controle do cavaleiro. Isso é a qualidade de ser manso. Aliás, a palavra mansidão vem do latim e quer dizer exatamente isso: estar acostumado à mão; se referindo aos animais domesticados pela mão do homem.

Isso é ser manso. Ter o domínio da sua própria força. Ter o controle das suas emoções. Quem é manso tem suas reações plenamente controladas diante das pessoas. Quem é manso tem a capacidade de escolher a reação mais adequada para cada circunstância. Você conhece qualidade mais forte? Conhece prova mais evidente de grandeza interior, de autodomínio? Você acha que pode confundir mansidão com fraqueza ou ingenuidade?

Como qualquer outro traço de caráter, só vamos interiorizar a mansidão depois de muito praticá-la. E podemos fazer isso no dia-a-dia. Cada vez que você perde a paciência com uma injustiça, real ou imaginária, você está agindo por impulso. É o seu orgulho animal que está no comando. Ser manso não é sofrer injustiças calado. É ter frieza de ânimo para buscar a melhor solução. Se você calcular o custo/benefício de todas as vezes em que você se vê confrontado com situações antagônicas, vai chegar à conclusão de que quase sempre vale mais a pena ficar calado.

É o mau atendimento no restaurante, é alguém furando a fila no banco, é o preço errado no produto do supermercado, é o motorista que fecha a sua frente, é o colega preguiçoso, é o vizinho barulhento, é o filho, marido, mãe, cunhada, que interpreta mal alguma coisa que você fez ou disse. Tudo isso são coisas que fazem com que você se sinta injustiçado e queira colocar as coisas no seu lugar. Você quer ter os seus direitos respeitados.

Você pode discordar disso tudo sem se exasperar, sem cometer mais injustiças, sem tomar atitudes precipitadas que o levem a se arrepender depois. Se amanse! Aprenda a dominar sua força, aprenda a controlar suas emoções! 


Espere três ou quatro segundos antes de reagir a uma situação que o desagrada, antes de responder a alguma coisa que não soou bem aos seus ouvidos. Não se precipite! 

Você vai passar por bobo algumas vezes, vão pensar que você é ingênuo, ou fraco de caráter, ou que raciocina devagar. Mas você cometerá menos injustiças, magoará menos pessoas, comprará menos brigas, arranjará menos confusões. 

E o principal: Você vai se acostumando, pouco a pouco, a ter atitudes mais equilibradas, a discordar agradavelmente, a ter disposição para aprender. 

Jesus era manso. No entanto, era enérgico, forte, falava o que era preciso falar e fazia o que devia ser feito. Nunca foi bobo de ninguém. Mas não perdia a paciência, não perdia o domínio de si mesmo, não ficava histérico. Você é espírito imortal, como Jesus. 

A reforma íntima consiste em interiorizarmos essas qualidades tão evidentes na figura de Jesus. Só existe um modo de conseguir isso: através da tentativa. Sem tentar, você não consegue nada. 

“Bem-aventurados os mansos, pois eles herdarão a Terra…”


Postado no site Espírito Imortal


Espiritualidade - calma e quietude espiritual




Marcos Porto

Ironicamente, em uma época em que podemos assistir a um filme no computador, baixar músicas, conversar instantaneamente com parentes ou amigos residindo em países distantes ou encomendar refeições com apenas alguns cliques do 'mouse' ou toques na tela do 'smartphone' ou 'tablet', não conseguimos a mesma facilidade em acessar nossa calma e quietude interior. 

No entanto, não colocamos dúvidas que ambas calma e quietude espiritual são mais importantes para a nossa saúde física, mental e espiritual do que quase qualquer coisa.

Vamos, então, refletir sobre o tema?

Médicos, pregadores, psicólogos e professores da maioria das tradições religiosas concordam que a busca regular de controle do ruído, tanto exterior como interior são essenciais para a nossa saúde humana e para a felicidade. 

Por quê? Tudo se resume na palavra: estresse - que se acredita seja fator de grande influência em todas as doenças modernas, sejam físicas ou mentais.

O estresse não vem apenas de excesso de trabalho e do descontrole no barulho, mas também na submissão ao bombardeio constante de estimulações diárias: e-mails, ligações telefônicas e celulares, todos os tipos de entretenimento sonoro e distração descontrolada nos 'joguinhos' eletrônicos. 

O melhor antídoto é o mais barato, é o mais difícil de encontrarmos. No entanto, os benefícios de estarmos apenas sentados, respirando, ignorando nossos pensamentos e preocupações, mesmo por algum período de tempo no dia, na prática do silêncio criativo poderá aumentar nosso sistema imunológico, provocando mudanças de atitudes, o suficiente para alavancarmos a autotransformação e mudança de nosso estilo de vida.

A prática do silêncio criativo não é apenas na ausência de som. 

Tranquilidade é um estado de calma e quietude espiritual, que é restaurador em comparação com os efeitos estressantes da atenção sustentada na vida atribulada do nosso cotidiano. Faz sentido?

Sabemos que o estresse mesmo em baixo nível de ruído quando crônico e constante aumenta a irritabilidade, diminuindo nossa cooperação espontânea. 

A prática do silêncio criativo, por outro lado, é a porta de entrada para a tranquilidade, cura e restauração, oferecendo benefícios reais sejam físicos, mentais e espirituais, induzindo-nos a uma conexão corpo-mente-Alma que tem sido demonstrada como elixir na diminuição de nossas ansiedades e sofrimentos, aumentando nosso senso global de controle sobre nós mesmos e bem estar mental e espiritual. 

Todas as disciplinas espirituais abraçam a calma e quietude espiritual como caminho para o Divino, através da elevação dos nossos níveis de consciência na prática do silêncio criativo.

Como permanecermos quietos em silêncio com nosso interior?

Toda a poluição sonora externa de carros, ônibus, aviões, sirenes e construções, combinado com a ruidosa programação de TV e rádio da nossa era da informação, é fator preponderante. 

Entretanto, podemos aprender a 'desligar', substituindo hábitos auto-estressantes antigos por novos de saúde mental e espiritual.

No início, é preciso intenção e esforço, o que a persistência da nossa livre vontade dará conta, não é verdade? 

Comportamentos indutores de distração estimulam nosso cérebro a produzir adrenalina o qual é hormônio estimulante. Correto? 

Acrescentemos os aspectos psicológicos da incerteza e do medo, como fatores de impedimento de cessar o barulho dentro de nós. 

Ainda então nos deparamos com todo o tipo de desculpas críveis de evitarmos a prática do silêncio criativo do tipo: "Minha agenda é muito cheia"; "Eu poderia perder meu controle"; "Eu fico entediado quando não tenho nada para fazer"; "Tranquilidade me faz sentir solitário", entre outras.

Felizmente, existem maneiras de retardar este processo, desligando e ajustando nosso interior, sendo tão singelas como simplesmente sentar e nos concentrarmos na prática do silêncio criativo.

O resultado é uma calma e quietude de espírito, acrescido de profundo senso de prontidão para nos encontrarmos com o Ser Maior Criador Deus. 

Será o oposto das razões que estão acelerando nossos hábitos, tais como, acessar o celular, ligar TV ou rádio, ler jornal, tomar café. 

Na maneira simples de começarmos nossos dias, podemos configurá-los como sendo 'de guerra ou de paz' - a escolha será de cada um de nós!

Nesta reflexão, não é nossa intenção diminuir a relevância do desenvolvimento tecnológico, mas é importante focar nossa necessidade de calma, de silêncio, em períodos onde possamos desfrutar a elevação dos nossos níveis de consciência, realizando nossa unicidade com o Ser Maior Criador Deus. Está claro?

Aprendermos a estar e permanecer na presença do Ser Maior Criador Deus é uma arte, uma forma de dom que é preciso prática e determinação espiritual; contudo, as recompensas valem a pena!

A Beata Teresa de Calcutá (1910-1997) carinhosamente conhecida como Madre Teresa foi uma religiosa católica e missionária de origem albanesa, que viveu a maior parte de sua vida na Índia de onde, desde 1948, passou a ser cidadã hindu, certa vez escreveu:

"Deus está sempre à nossa espera em silêncio. No silêncio, Ele nos ouve. É lá que Ele fala com a Alma. E lá, ouvimos a Sua voz ... No silêncio, encontramos uma nova energia e uma unidade real ... Há unidade de nossos pensamentos com Seus pensamentos, unidade das nossas orações com Suas bênçãos, unidade de nossas ações com Sua vontade, unidade de nossa vida com a Sua eternidade".

O silêncio da calma e quietude espiritual é a linguagem que nos une com a Paz do Ser Maior Criador Deus, no aconchego do Seu Reino.


Postado no site Somos Todos Um