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O último dígito do ano de nascimento revela seu destino de acordo com o Budismo

 



A filosofia budista que te convida a não fazer nada e ganhar tudo


Grande parte da filosofia zen tem a ver com a capacidade de manter o silêncio, mas não é tão fácil para todos. Por quê? Quais são as vantagens de manter o silêncio? É sobre isso que vamos falar.

O monge zen Rynan Zenji fez recentemente uma declaração que resume a essência de muitas filosofias orientais: ficar em silêncio muda a vida. Na verdade, permanecer em silêncio é algo que faz parte de quase todas as tradições místicas do mundo, tanto orientais quanto ocidentais.

Por que isso é tão importante? Na Índia, eles usam um símile para enfatizar o significado do silêncio. Eles apontam que, se uma pessoa contemplar um lago, enquanto a lua brilha no firmamento, só conseguirá obter uma imagem nítida quando as águas se acalmarem. Algo semelhante ocorre no espírito humano. O silêncio faz com que a mente se torne como aquele lago sereno , e nessas condições é muito mais fácil enxergar o que está dentro dele.

Dentro da estrutura do Budismo Zen, diz Zenji, ficar em silêncio não é nem mesmo uma prática, mas sim uma atitude perante a vida. O objetivo central é aquietar a mente e conectar-se consigo mesmo com o propósito de viver sem a sensação de perda ou ganho, sucesso ou fracasso. Enfim, experimentar a vida no aqui e agora, sem outra pretensão senão sentir-se.
“O caminho é sempre inativo e, no entanto, nada permanece inacabado.”   -Tao Te Ching-
Ficar quieto e em silêncio

Rynan Zenji diz que a consciência e a iluminação começam a surgir quando uma pessoa é capaz de ficar quieta e silenciosa. A maioria está com medo ou pelo menos apreensiva de ambos. Parece que as duas ações (ou não ações) remetem à ideia de deixar de existir.

Para fazer silêncio é necessário que primeiro a pessoa fique quieta. E ficar parado é literalmente isso: tomar uma posição e não se mover. Em princípio, isso costuma causar nervosismo e por isso não é fácil de fazer. Há uma coceira em algum lugar ou algum tipo de desconforto nos músculos, por exemplo. No entanto, manter-se fisicamente calmo é condição indispensável para que a quietude mental apareça.

O que se segue é o silêncio e, a partir dele, começa a emergir o pensamento meditativo. Pouco a pouco, isso substitui o pensamento calculista, supérfluo ou representacional. Tudo o que você precisa fazer é esperar. Esperar que? Nada. Apenas espere, enquanto há silêncio e movimento é evitado.


Manter a mesma postura sem se movimentar por muito tempo é necessário até que chegue a quietude mental.

O silêncio muda a vida

Embora pareça paradoxal, é muito difícil adotar essa atitude de não fazer nada. O que acontece quando é alcançado? Pouco a pouco aumenta a capacidade de ouvir sua própria voz mais profunda. Os budistas dizem que se você seguir o caminho da voz interior, a gratidão aparecerá. Quando a atenção máxima é dada às suas mensagens, você atinge um estado conhecido como Gelassenheit, que se traduz como serenidade ou equanimidade.

Rynan Zenji apontou que as principais doenças modernas decorrem da incapacidade de ficar quieto. O mundo vive muito rápido. As pessoas estão fartas de desejos e objetivos e isso também as enche de tensões e medos na luta para alcançá-los ou fracassar no esforço.

Ao mesmo tempo, acrescenta Zenji, isso é como um saco cheio de buracos. Assim que um objetivo é alcançado e o que ele oferece não é mais suficiente, você sempre precisa buscar mais. Portanto, é uma corrida eterna, muitas vezes em busca do vazio, porque parece que nada basta.


Ficar em silêncio favorece o autoconhecimento e o encontro com a essência do ser.

A simplicidade da vida

O Zen almeja uma existência simples na qual a pessoa possa ter apenas pensamentos que levem a ações corretas e simples. Por exemplo, não comer demais ou muito pouco; não dormir muito ou pouco; livrar-se do trivial e poder estar com os outros sem ofuscar a nossa essência.

Para esta filosofia, essa vida simples e serena é alcançada a partir de duas ações básicas: ficar em silêncio e ficar quieto. Ambos favorecem o autoconhecimento, mas, sobretudo, o encontro com nossa verdadeira essência.

Ao mesmo tempo, esse processo nos ajuda a nos livrar de tudo o que não precisamos. Inclui ideias, vínculos, objetos e propósitos. Ficar em silêncio muda a vida porque nos permite nos distanciar do frenesi cotidiano e nos conectar com o mais autêntico de nós mesmos. Ajuda a deixar a vida fluir sem pressão e que possamos acompanhá-la, sem oferecer resistência ou alterar o andamento natural do nosso ser.




A comunicação no budismo



Os princípios da comunicação são importantes no budismo, visto que a harmonia em um determinado círculo social depende, em grande medida, do bom uso que se faz das palavras e dos silêncios. Cada um desses princípios se refere à comunicação consigo mesmo e com os outros.

O budismo defende que há quatro princípios da comunicação que devem ser preservados para conseguir a harmonia entre os seres humanos. Em sua abordagem, tais preceitos não são mandamentos propriamente ditos, mas padrões de orientação que só devem ser seguidos quando o que nos motiva é um desejo autêntico de manter boas relações com os outros.

Com os quatro princípios da comunicação, o que se busca é uma maior clareza e respeito em nossa relação com os outros. Os seres humanos usam a fala para expor suas ideias, sentimentos e emoções. Quando fazemos isso corretamente, conseguimos fazer os outros nos compreenderem melhor e elevamos a qualidade das nossas relações.

As leis budistas para a limpeza do karma




 

Limpar o karma significa extinguir de nossas vidas os modelos, visões e ações que nos levam a ficar endividados com o nosso destino. Basicamente, tanto o que é negativo quanto o que é positivo retorna para quem pratica ambos.

O karma é um dos conceitos mais belos do budismo. Concordemos ou não com esta filosofia, a questão do karma sem dúvidas fornece uma orientação interessante para as nossas vidas. Muitas pessoas não sabem que os budistas também se preocupam com as maneiras de limpar o karma. Isso inclui ensinamentos muito bonitos. Para o budismo, a limpeza do karma tem a ver com assumir suas atitudes e realizar ações para compensar os erros e equívocos do passado. Em outras palavras, isso serve para que coloquemos nossas dívidas simbólicas em dia.
De acordo com esta filosofia, o karma é manifestado como uma causalidade negativa. Entretanto, ele não é visto como fruto do “azar”, mas sim como resultado das nossas ações anteriores. O benefício de limpar o karma é, principalmente, o de nos livrarmos do azar aparente que nos traz situações ou experiências difíceis. As doze leis abaixo englobam esse processo.
“A história se repete até aprendermos as lições necessárias para mudarmos o nosso caminho.”    - Anônimo -

A lei essencial e como fazer a limpeza do karma

Em poucas palavras, a lei essencial do karma nos diz que cada um colhe o que planta. Então, o que acontece quando sabemos que o que plantamos não foi o melhor? É uma questão de, simplesmente, compensar os danos que você causou. Assim, você pode fazer a limpeza do karma, mesmo que parcialmente.

Criatividade

Cada um cria uma visão de mundo, e isso é o que determina as experiências que cada um vivencia. Sabendo disso, é preciso criar nossas visões de maneira orientada e construtiva.

Escolha ver o que é bom para que isso te oriente a viver direcionado ao que também é bom.

Humildade : uma das leis para a limpeza do karma

Nada nos pertence. Nem mesmo os objetos ou os bens temporários que adquirimos. Muito menos as pessoas ou os seres vivos com os quais temos contato.

Compreender e agir de acordo com isso nos prepara para lidar com as inevitáveis perdas ou separações.

Responsabilidade

A lei da responsabilidade nos convida a não culpar nada, nem ninguém, pelos eventos negativos que ocorrem conosco. Se algo ruim acontece conosco, devemos assumir a responsabilidade.

É preciso avaliar nossos erros em vez de nos dedicarmos a procurar culpados. Quanto mais responsáveis formos, menos força kármica teremos em nossas vidas.

Conexão

A lei da conexão nos diz que há um vínculo entre tudo aquilo que existe. Para limpar o karma, devemos ser conscientes de que cada uma das nossas palavras e ações possui repercussões nos outros e em nós mesmos.

Devemos pensar nisso quando tivermos a tentação de criticarmos assuntos que, na realidade, não nos dizem respeito, ou sobre os quais não temos informações suficientes.

Desenvolvimento

Toda mudança é uma forma de crescimento. Ao mesmo tempo, tudo muda constantemente. Devemos interpretar cada uma dessas transformações como uma bênção que chega em nossas vidas para permitir a nossa evolução.

Quanto menos resistirmos às mudanças, menor será o karma em nossas vidas.

Focalização

Entramos em sintonia positiva com o karma quando compreendemos que todo objetivo é alcançado uma vez que a antecipação do futuro não tem precedência sobre nossas ações no presente.

É melhor nos concentrarmos no momento presente e conseguirmos, da melhor forma possível, dar passos que correspondem ao aqui e agora. Devemos tentar não abandonar, nem menosprezar, os pequenos sucessos do nosso dia a dia.

Generosidade

É dando que se recebe. Não é uma questão quantitativa, mas qualitativa. Ou seja: dar muito não implica receber a mesma quantidade ou mais do que isso.

Em outras palavras, o retorno do que oferecemos ou compartilhamos está na satisfação de fazer isso. Essa é a variável que, em muitos casos, acaba por ajustar ou reforçar a generosidade das trocas.

Presente

A lei do presente nos convida a valorizar os momentos atuais como sendo os de maior importância. Significa que devemos viver da melhor maneira possível.

O que há de mais valioso é aquilo que está diante de você, no precioso momento do agora. Curiosamente, o resto é ilusão.

Mudança

A lei da mudança ressalta que, se tomarmos sempre as mesmas atitudes e decisões, nossa realidade não mudará.

Se a mudança é o principal objetivo, é preciso modificarmos as ações e decisões que tomamos a respeito das coisas. Se o que queremos é chegar em lugares diferentes, não devemos repetir os mesmos caminhos.

Paciência

A lei da paciência nos diz que toda realidade é formada por processos e que estes processos possuem seu próprio tempo para se desenvolverem.

Para limpar o karma, é preciso aprender a respeitar esses tempos sem a intenção de acelerá-los. Paciência implica confiar que, ao longo do tempo, os processos que iniciamos serão completados.

Inspiração

A lei da inspiração nos convida a estabelecermos um compromisso integral diante de tudo que amamos e desejamos alcançar. O corpo, a mente e o espírito devem estar integrados e focados naquilo que procuramos. Não devemos poupar esforços.

A abordagem budista parte do pressuposto de que, uma vez respeitadas as leis do karma, ocorre uma libertação. Ninguém está isento de cometer erros, mas se formos bem-sucedidos em retomar o caminho da evolução, esses equívocos se diluem e se transformam em fontes de crescimento. Limpar o karma tem a ver com voltar à nossa essência.








Como vencer um inimigo segundo o budismo zen




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As filosofias orientais têm uma ideia do combate muito diferente daquela que existe no Ocidente. Para muitas dessas linhas de pensamento, vencer um inimigo não é anulá-lo, eliminá-lo ou destruí-lo. Para elas, ganhar equivale a neutralizar quem quer nos prejudicar, e se possível, transformá-lo em nosso amigo.

Esta perspectiva pode parecer muito estranha para a nossa cultura. Infelizmente, em geral, a vitória sobre nossos adversários é associada com uma conquista que deve nos deixar felizes.

Isto se deve ao fato de que prevalece a ideia de que os resultados são mais importantes do que os processos, ou de que é mais importante a exaltação pessoal do que o crescimento conjunto.

O problema é que vencer um inimigo anulando-o ou prejudicando-o costuma ser uma vitória temporária e muito relativa. No fundo, estamos alimentando esse inimigo externo e nutrindo a parte mais negativa de nós mesmos.

Talvez possamos obter uma satisfação imediata ou algum bem específico, mas, ao mesmo tempo, teremos fortalecido todos os sentimentos destrutivos em nós mesmos e nos outros.

“A vitória completa ocorre quando o exército não luta, a cidade não é assediada, a destruição não se prolonga durante muito tempo, e em cada caso o inimigo é vencido pelo emprego da estratégia.”
  - Sun Tzu -


Vencer um inimigo interno ou externo?

Os inimigos podem ser externos ou internos. O zen nos diz que os inimigos internos são muito mais perigosos e destrutivos que os inimigos externos.Tais inimigos internos são a raiva, a soberba, o ódio, etc.

Todas essas paixões que são capazes de nos cegar podem nos levar a cometer verdadeiras loucuras, ações que prejudicam completamente nós mesmos.

Os inimigos externos, em contrapartida, têm um poder limitado sobre nós… salvo se lhes concedermos uma presença excessiva em nossas vidas. Eles começam a nos derrotar exatamente quando conseguem ativar nossos inimigos internos.

Sob os estados de fúria e ódio, perdemos a principal ferramenta com a qual contamos: nossa inteligência.

Portanto, os orientais nos ensinam que não é possível vencer o inimigo externo sem ter conquistado primeiro o interno. Se não conseguimos fazer isso, ficamos completamente sujeitos à influência e à determinação de nossos inimigos externos. Em poucas palavras, lhes damos uma primeira vitória.



O verdadeiro inimigo

A filosofia zen também nos convida a analisar qual é o verdadeiro inimigo. Defende que este não é realmente uma pessoa cheia de inveja, egoísmo ou ambição e que quer nos prejudicar.

Na verdade, enfrentamos exatamente a inveja, o egoísmo, a ambição ou qualquer um desses sentimentos destrutivos. E tais sentimentos e paixões estão dentro do outro, mas também podem estar dentro de nós mesmos.

Nesse sentido, vencer o inimigo é vencer esses sentimentos e essas emoções básicas, independentemente de quem seja seu portador ou de quais sejam suas intenções. Para os budistas zen, cada um de nós contribui para criar mais ordem ou mais caos no universo, dependendo de como agimos.

O conflito nos conduz ao caos. E o caos também acaba, cedo ou tarde, nos afetando. Toda ação gera uma reação e as ações de ódio aumentam o ódio. O zen propõe conquistar o inimigo, não vencê-lo. O conflito sempre é desnecessário e desgasta muito. Também traz maior decadência ao mundo.



Vencer o inimigo

Segundo o zen, todas as ações dirigidas a vencer o inimigo devem ser pensadas em prol do objetivo de neutralizá-lo. Isto é, de bloquear suas possibilidades de ação. Vamos analisar um exemplo.

Se uma pessoa faz um comentário ofensivo e você não permite que isso te ofenda, você neutralizou esse inimigo. Se tentam te prejudicar e você impede que isso aconteça através da rejeição, começará a construir um obstáculo para bloqueá-los.

Isto é impossível de conseguir se não trabalharmos suficientemente essa atitude em nós mesmos. Esse trabalho consiste em tomar uma certa distância dessas paixões e desses sentimentos negativos, e também de nos abastecermos de compaixão a fim de sermos capazes de compreender as carências e as limitações daqueles que andam pela vida querendo prejudicar os outros.

Assim como no zen, nas artes marciais também vence quem consegue evitar o combate. Se as duas partes aprendem com o confronto, então podemos falar de vitória.

A estratégia se baseia em conseguir que o inimigo se dê conta de que está gastando suas forças desnecessariamente. Que sua luta é inútil porque seu ódio, no fim, não prejudica o outro, só o leva a desperdiçar sua própria energia.





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As quatro nobres verdades do budismo



As quatro nobres verdades do budismo expressam o caminho da transição para alcançar o nirvana. Entendê-las pode dar lugar a um período de iluminação que eventualmente acaba com o sofrimento e permite viver em um estado pleno de liberdade.

Entender e aplicar corretamente as quatro nobres verdades do budismo permite alcançar a paz integral do ser. O conhecimento adquirido com elas é, por definição, libertador em si mesmo pelo menos em algum nível.

Por sua vez, podemos dizer que elas configuram uma visão libertadora e fazem parte da história de Buda, que pessoalmente passou pela quatro instâncias para chegar até a iluminação.

Precisamente, as verdades adquiriram relevância na tradição Theravada do budismo, aquela que é considerada a escola mais antiga que essa doutrina espiritual possui. Vejamos mais a seguir.

Quais são as quatro nobres verdades do budismo?

As quatro nobres verdades do budismo podem ser resumidas da seguinte maneira:

Dukkah

Essa é a primeira verdade que a doutrina estabelece, e ela diz respeito ao fato de que toda existência, por si mesma, é insatisfatória. Ninguém pode escapar de viver com algum grau de sofrimento.

É como se fosse necessário sofrer às vezes para que o coração bata, pois até mesmo a pessoa com menos problemas eventualmente sofre. Nunca haverá uma felicidade constante e completa, já que o sofrimento costuma estar presente e nos ameaçar.

Se pararmos para pensar, a concepção de uma nova vida pode ser um momento de absoluto gozo, mas ela é, ao mesmo tempo que um começo, o princípio de um final. Desde o momento em que um novo ser nasce, ele já está condenado a perecer.

Então, Dukkah se refere a essa verdade do sofrimento: a maneira imperfeita de ver o mundo que nos rodeia, já que inclusive o amor em seu maior esplendor pode significar sofrimento. Inclusive, viver junto a seres amados pode significar aflição pelo medo da possibilidade de perder esses seres.

" Esta, oh monges, é a Nobre Verdade do Sofrimento. O nascimento é sofrimento, a velhice é sofrimento, a doença é sofrimento, a morte é sofrimento, associar-se com o indesejável é sofrimento, separar-se do desejável é sofrimento, não ter o que você quer é sofrimento." -Buda-

Samudaya

A segunda verdade considera que todo sofrimento provém do apego, da ignorância e do desejo. Tudo que se deseja gerará, em última instância, infelicidade ou insatisfação. O ser deseja e se apega a bens materiais e pessoas, mas, devido à finitude humana, cedo ou tarde isso vai causar dor.

Segundo esse postulado, as paixões humanas e as ações realizadas por vontade própria são a origem de todo o sofrimento. As paixões seriam justamente um estímulo muitíssimo poderoso para gerar comportamentos.

Para o budismo, todo padecer estaria ligado a ignorar que as ações levam ao sofrimento, além de fechar os olhos diante da impermanência e interdependência das coisas. No entanto, entender de onde vem a dor não só tem o poder de reduzir a insatisfação e o desprazer, mas também permitiria abandonar o sofrimento.

“ Esta é, oh monges, a nobre verdade sobre a origem do sofrimento. Ele é o desejo e os cinco venenos – o apego, o ódio, a ignorância, o ego e a inveja. São eles que produzem novos renascimentos.”  - Buda -

Nirodha

Esta nobre verdade estabelece que, se o sofrimento é inerente à existência humana, também é verdade que ele pode ser superado. Desse modo, seria possível vencer a dor eliminando por completo o desejo e o apego inerentes a toda a existência.

Nesse momento, o ideal é realizar um trabalho de introspecção para encontrar a origem de todo o sofrimento. Além disso, é importante suprimir por completo os cinco venenos dos quais Buda fala: o apego, o ódio, a ignorância, o ego e a inveja. Dessa maneira, somando ações virtuosas, criamos um karma positivo.

“ Esta é, oh monges, a nobre verdade sobre a supressão do sofrimento. Essa eliminação é possível cortando nosso desejo, livrando-nos do apego-desejo, abandonando-os para sempre, não lhes dando espaço em nós.”  - Buda -

Marga

O Marga é a última e quarta das quatro nobres verdades do budismo, a qual recebe o nome de nobre caminho óctuplo. Ele estaria representado pelos seguintes oito aspectos:

Compreensão
Pensamento
Palavra
Ação
Ocupação
Esforço
Atenção
Concentração

Todas as ações mencionadas devem ser realizadas do modo correto se você quer alcançar o nirvana. Essa é a maneira de percorrer perfeitamente o conhecido nobre caminho óctuplo, o caminho para alcançar a paz interior.

Definitivamente, as quatro nobres verdades do budismo configuram o único caminho em direção ao nirvana, sendo o caminho que Buda percorreu para alcançá-lo e deixar para trás qualquer tipo de sofrimento relacionado com a existência humana.

“ Esta é, oh monges, a nobre verdade sobre o caminho que conduz à supressão do sofrimento, em direção ao Despertar, ao Nirvana, O caminho dos oito ramos, o caminho óctuplo.”   - Buda -





Altruísmo. Como abdicar do egoísmo e assumir uma existência cooperativa.





O que é o altruísmo? Dito de forma simples, é o desejo de que as outras pessoas sejam felizes. Como diz Matthieu Riccard, filósofo francês, escritor e fotógrafo, e monge budista de linha tibetana, o altruísmo é uma ótima lente para se tomar decisões, tanto no curto quanto no longo prazo, tanto no trabalho quanto na vida. Nesta palestra ele nos explica como e por que fazer com que ele seja o nosso guia.


Vídeo: TED Ideas Worth Spreading

Fotografias: Matthieu Riccard

Tradução: Viviane Ferraz Matos. Revisão: Andrea Mussap



Após estudos de bioquímica no Instituto Pasteur, em Paris, Matthieu Riccard deixou seu trabalho como pesquisador cientista e tomou o rumo dos Himalaias, onde se tornou monge budista. Seu objetivo: buscar a felicidade, tanto no nível humano básico quanto como objeto de investigação. Adquirir o estado de felicidade, acredita ele, requer o mesmo tipo de esforço e de treinamento da mente que qualquer outro projeto existencial sério acarreta.



O Dalai Lama (esquerda) e o monge budista e filósofo francês
 Matthieu Riccard


Suas profundas e cientificamente baseadas reflexões sobre a felicidade e o budismo foram explicadas em uma grande quantidade de livros dos quais é autor, incluindo o best-seller The Quantum and the Lotus: A Journey to the Frontiers Where Science and Buddhism Meet (O quantum e o lótus: Uma jornada às fronteiras onde ciência e budismo se encontram). Ao mesmo tempo, Matthieu Riccard produz magníficas fotografias do seu amado Tibete e da ermida espiritual onde ele vive e trabalha em diversos projetos humanitários.


Vídeo: Altruísmo, com Matthieu Riccard






Tradução integral da palestra:

Nós, humanos, temos um potencial extraordinário para o bem, mas também um imenso poder para fazer o mal. Qualquer instrumento pode ser usado para construir ou destruir. Tudo depende da nossa motivação. Por isso, é ainda mais importante promover uma motivação altruísta em vez de egoísta.

De fato, estamos enfrentando muitos desafios, atualmente. Poderiam ser desafios pessoais. Nossa mente pode ser nossa melhor amiga ou pior inimiga. Existem também desafios sociais: a pobreza em meio a abundância, desigualdades, conflitos, injustiça. E ainda há novos desafios inesperados. Há 10 mil anos, havia cerca de 5 milhões de seres humanos na Terra. Qualquer coisa que eles fizessem, a resiliência da Terra logo remediria a atividade humana. Após as Revoluções Industrial e Tecnológica, não é mais assim. Agora somos o principal agente de impacto na Terra.




Entramos no Antropoceno, a era dos seres humanos. Se disséssemos que precisamos continuar esse crescimento sem fim, esse uso ilimitado de recursos materiais, é como se este homem dissesse — e eu ouvi de um ex-chefe de Estado, não direi quem, dizer — “Há cinco anos, estávamos à beira do precipício. Hoje demos um grande passo adiante.” Portanto, esta fronteira é a mesma que os cientistas definiram como os limites planetários. E dentro desses limites, pode haver um grande número de fatores. Ainda podemos prosperar, a humanidade ainda pode prosperar por 150 mil anos se mantivermos a mesma estabilidade climática como no Holoceno, nos últimos 10 mil anos. Mas isso depende de escolhermos uma simplicidade voluntária, crescer qualitativamente, não quantitativamente.

Em 1900, como podem ver, estávamos bem dentro dos limites de segurança. No entanto, em 1950, veio a grande aceleração. Prendam a respiração, não muito, para imaginar o que vem depois. Agora, devastamos amplamente alguns dos limites planetários. Tomemos como exemplo a biodiversidade: no ritmo atual, até 2050, 30% das espécies terrestres terão desaparecido. Ainda que congelemos seu DNA, isso não será reversível. Por isso estou ali, sentado em frente a uma geleira de 7 mil metros, de 21 mil pés, no Butão. No Terceiro Polo (a cadeia dos Himalaias), 2 mil geleiras estão derretendo mais rápido que o Ártico.




O que podemos fazer nessa situação? Bem, por mais complexa que seja em termos políticos, econômicos, científicos, a questão do meio ambiente simplesmente se reduz a uma questão de altruísmo versus egoísmo. Sou marxista, da tendência Groucho. (Risos) Groucho Marx disse: “Por que devo me importar com as gerações futuras? O que já fizeram por mim?” (Risos) Infelizmente, ouvi o bilionário Steve Forbes, na Fox News, dizendo exatamente o mesmo, mas a sério. Contaram a ele da subida dos níveis dos oceanos, e ele disse: “Acho um absurdo mudar meu comportamento atual por algo que acontecerá em 100 anos”. Então se vocês não se importam com as gerações futuras, vão em frente.

Portanto, um dos maiores desafios atuais é conciliar três escalas de tempo: a economia a curto prazo, as altos e baixas do mercado de valores, o balanço de fim de ano; a qualidade de vida a médio prazo — o que é qualidade de vida em cada momento, a cada 10 anos, 20 anos? — e o meio ambiente a longo prazo. Quando ambientalistas falam com economistas, é como um diálogo esquizofrênico, completamente incoerente. Não falam a mesma língua. Agora, nos últimos dez anos, andei pelo mundo todo, encontrando economistas, cientistas, neurocientistas, ambientalistas, filósofos, pensadores no Himalaia e por todo lugar.




A mim, parece que só há um conceito que pode conciliar essas três escalas de tempo: simplesmente, ter mais consideração pelos outros. Ao ter mais consideração pelos outros, teremos uma economia solidária, em que as finanças estejam a serviço da sociedade e não a sociedade a serviço das finanças. Vocês não jogarão no cassino com os recursos que as pessoas confiaram a vocês. Se vocês têm mais consideração pelos outros, se assegurarão de remediar a desigualdade, de trazer algum tipo de bem-estar para a sociedade, para a educação e local de trabalho. Do contrário, se a nação for a mais poderosa e mais rica, mas todos são pobres, qual o sentido? E se temos mais consideração pelos outros, não prejudicaremos o planeta que temos; e no ritmo atual, não temos três planetas para continuar dessa maneira.

Por isso a pergunta é: tudo bem, o altruísmo é a resposta, isso não é novidade, mas pode ser uma solução real, pragmática? E primeiro, ele existe, o verdadeiro altruísmo, ou somos egoístas demais? Alguns filósofos pensavam que éramos irremediavelmente egoístas. Mas somos realmente todos sacanas? Isso é uma boa notícia, não é? Muitos filósofos, como Hobbes, falaram isso. Mas nem todos parecem sacanas. Ou o homem é como um lobo para o homem? Este cara não parece tão mal. É um dos meus amigos do Tibete. É muito gentil. Agora, nós adoramos cooperação. Não há prazer maior do que trabalhar juntos, certo? E não só os humanos. Então, claro, há a luta pela vida, a sobrevivência do mais apto, o darwinismo social. Mas na evolução, a cooperação — embora a competição exista, claro — a cooperação deve ser bem mais criativa para ir a níveis altos de complexidade. Somos supercooperadores e deveríamos ir mais além.




E agora, no topo disso, a qualidade das relações humanas. A OCDE fez uma pesquisa com dez fatores, incluindo a renda, tudo. O primeiro que as pessoas disseram ser o principal para sua felicidade é a qualidade das relações sociais. Não só dos humanos. Vejam essas bisavós. E a ideia de que se nos aprofundamos em nosso interior, somos irremediavelmente egoístas, isto é ciência fajuta. Não há nenhum estudo sociológico, nem psicológico, que tenha mostrado isso. Ao contrário. Meu amigo, Daniel Batson, passou a vida toda pondo pessoas no laboratório em situações muito complexas. Claro, às vezes somos egoístas, e algumas pessoas mais do que outras. Mas ele descobriu que sistematicamente, independente de tudo, há um número significativo de pessoas que se comportam de maneira altruísta, independentemente de tudo. Se você vê alguém profundamente ferido, sofrendo muito, você pode querer ajudá-lo por angústia empática — você não pode suportar, então é melhor ajudar que continuar olhando essa pessoa. Testamos isso e, ao final, ele diz que claramente podemos ser altruístas. Essa é uma boa notícia. E ainda mais, devemos olhar a banalidade da bondade. Vejam isto. Ao sairmos não diremos: “Isso é tão agradável! Não houve brigas enquanto essa multidão pensava em altruísmo”. Não, isso é esperado, não é? Se houvesse uma briga, falaríamos nisso durante meses. Portanto, a banalidade da bondade é algo que não chama a atenção, mas ela existe!




Vejamos isto. Alguns psicólogos disseram, quando contei que dirijo 140 projetos humanitários no Himalaia, que isso me dá tanta alegria, disseram: “Ah, entendo, você trabalha pelo prazer. Isso não é altruísmo. Simplesmente você se sente bem”. Pensam que este cara, ao saltar na frente do trem, pensou: “Vou me sentir ótimo quando isto acabar”? (Risos) Mas isso não é tudo. Quando o entrevistaram ele disse: “Não tive escolha, tinha que saltar, claro”. Não tinha escolha. Comportamento automático. Não é egoísta nem altruísta. Não teve escolha? Bem, pressupõe-se, esse cara não ia pensar por meia hora: “Deveria dar a mão a ele? Não dar a mão?” Ele o faz. Há escolha, mas é óbvia, imediata. E então, também ali, ele teve uma opção. (Risos)

Há pessoas que tiveram opção, como o pastor André Trocmé e sua esposa, e todo o povo de Le Chambon-sur-Lignon, na França. Em toda a Segunda Guerra Mundial, eles salvaram 3.500 judeus, deram refúgio a eles, levaram todos para a Suíça, contra toda a dificuldade, arriscando suas vidas e as de suas famílias. Portanto, o altruísmo existe.

O que é altruísmo? É o desejo de que o outro seja feliz e encontre a causa da felicidade. A empatia é a ressonância afetiva ou a ressonância cognitiva que nos diz: essa pessoa está feliz, essa pessoa sofre. Mas a empatia por si só não é suficiente. Se você se confronta sempre com o sofrimento, pode sentir angústia empática, estresse, por isso você precisa de um âmbito maior de bondade. Com Tania Singer do Instituto Max Planck, em Leipzig, demonstramos que as redes cerebrais da empatia e da bondade são diferentes. É tudo muito bem feito, então temos isso da evolução, do cuidado materno, do amor dos pais, mas temos que estender isso. Isso pode estender-se inclusive a outras espécies.




Se queremos uma sociedade mais altruísta, precisamos de duas coisas: mudança individual e mudança social. É possível a mudança individual? Dois mil anos de estudo contemplativo disseram que sim, que é possível. E 15 anos de colaboração com a neurociência e a epigenética disseram que sim, que nosso cérebro muda quando se treina o altruísmo. Passei 120 horas numa máquina de ressonância magnética. Essa foi a primeira vez, por duas horas e meia. O resultado foi publicado em muitos trabalhos científicos. Mostra, sem dúvidas, que há uma mudança estrutural e funcional no cérebro, quando se treina o amor altruísta. Só para vocês terem uma ideia: aqui está o meditador em repouso, à esquerda, fazendo meditação de compaixão, vemos toda a atividade, e o grupo de controle em repouso, nada aconteceu, em meditação, nada aconteceu. Eles não foram treinados.

Então são necessárias 50 mil horas de meditação? Não. Quatro semanas, 20 minutos por dia de meditação afetiva, consciente, já gera uma mudança estrutural no cérebro, comparado ao grupo controle. Apenas 20 minutos ao dia, por 4 semanas.




Mesmo com crianças de pré-escola. Richard Davidson fez isso em Madison. Um programa de oito semanas: gratidão, gentileza, cooperação, respiração. Podem dizer: “São só crianças da pré-escola”. Vejam após oito semanas, o comportamento pró-social, nessa linha azul. E a seguir o último teste científico, o teste do adesivo. Antes, você determina para cada criança quem é o melhor amigo da classe, o menos favorito, o desconhecido, e uma criança doente, e eles têm que dar os adesivos. Antes da intervenção, eles dão a maioria dos adesivos para o melhor amigo. Crianças de 4, 5 anos, 20 minutos, 3 vezes por semana. Depois da intervenção, mais nenhuma discriminação: o mesmo número de adesivos ao melhor amigo e à criança menos favorita. Isso é algo que devíamos fazer em todas as escolas do mundo.

Para onde vamos a partir daí?

Quando o Dalai Lama soube, disse a Richard Davidson: “Vá a 10 escolas, 100 escolas, à ONU, ao mundo todo”.

E, para onde vamos a partir daí? A mudança individual é possível. Temos que esperar por um gene altruísta na raça humana? Isso levará 50 mil anos, demais para o meio ambiente. Felizmente, existe a evolução da cultura. As culturas, como especialistas mostram, mudam mais rápido que os genes. Essa é a boa notícia. O comportamento relacionado à guerra mudou drasticamente com o tempo. A mudança individual e cultural se moldam mutuamente, e sim, podemos alcançar uma sociedade mais altruísta.




Para onde vamos a partir daí? Eu voltarei ao Oriente. Agora tratamos 100 mil pacientes ao ano em nossos projetos. Temos 25 mil crianças na escola, 4% a mais. Algumas pessoas dizem: “Isso funciona na prática, mas funciona na teoria?” Sempre há o desvio positivo. Então também voltarei à minha ermida para encontrar os recursos internos para servir melhor aos outros.

Mas a nível mais global, o que podemos fazer? Precisamos de três coisas. Aumentar a cooperação: aprendizagem cooperativa na escola, em vez de aprendizagem competitiva; cooperação incondicional dentro das empresas, pode existir certa competição entre empresas, mas não dentro delas. Precisamos de harmonia sustentável. Adoro esse termo! Nada de crescimento sustentável. Harmonia sustentável significa que agora reduziremos a desigualdade. No futuro, faremos mais com menos, continuaremos crescendo qualitativamente, não quantitativamente. Precisamos da economia solidária. O Homo economicus não pode lidar com a pobreza em meio a abundância, não pode lidar com o problema do bem comum da atmosfera, dos oceanos. Precisamos da economia solidária. Se um diz que a economia deve ser compassiva, dizem: “Não é trabalho nosso.” Mas se você diz que eles não se importam, isso é mal visto. Precisamos de compromisso local, e responsabilidade global. Precisamos estender o altruísmo ao outro 1,6 milhão de espécies. Os seres sencientes são cocidadãos neste mundo. E temos que nos atrever ao altruísmo.

Portanto, vida longa à revolução altruísta! Viva a revolução do altruísmo!

Obrigado.



Postado em Brasil 247 em 08/12/2017



10 Frases budistas que podem mudar sua visão da Vida




O Budismo é uma das religiões mais antigas ainda praticadas e uma que tem mais seguidores, cerca de 200 milhões de pessoas no mundo. Enquanto alguns preferem se referir ao Budismo mais como uma filosofia de vida do que uma religião.

De uma forma ou de outra, o que tem permitido esta filosofia / religião sobreviver ao longo do tempo e continuar ganhando popularidade são suas mensagens simples e cheias de sabedoria que pode realmente melhorar nossas vidas diárias. 

Na verdade, não é necessário abraçar o budismo para colher os benefícios que ele pode nos oferecer. Basta manter uma mente aberta e o coração disposto.

1. A dor é inevitável, o sofrimento é opcional

Nós tendemos a pensar que reagimos aos eventos que trazem consigo a semente de tristeza ou da alegria, mas, na verdade, reagimos ao que os fatos significam para nós. 

Nós só podemos sofrer por aquilo a que demos importância. Portanto, para evitar sofrimento desnecessário, por vezes, apenas um passo para trás, desanexar emocionalmente e ver as coisas de outra perspectiva. É difícil, mas com a prática você aprende. 

Na verdade, uma outra frase budista nos mostra o caminho: “Tudo o que somos é o resultado do que pensamos; é fundado em nossos pensamentos e é feito de nossos pensamentos. “

2. Alegrai-vos porque em toda parte é aqui e tudo é agora

Muitas vezes perdemos a vida enquanto estamos amarrados ao passado ou preocupados com o futuro. No entanto, o budismo nos ensina que temos apenas o aqui e agora. 

Portanto, devemos aprender a estar totalmente presentes, para desfrutar de cada momento como se fosse o primeiro e o último. Não mergulhar no passado ou sonhar com o futuro, se concentrar no momento presente, porque é onde você vai encontrar as chaves para a felicidade.

3. Tenha cuidado com o exterior, bem como seu interior,
porque tudo é um 

Somos uma unidade física e espiritual, mas muitas vezes nos esquecemos. Às vezes nos preocupamos muito sobre como cuidar do corpo e esquecemos a alma, enquanto em outras vezes nos preocupamos muito com nosso equilíbrio psicológico e negligenciamos aspectos importantes, tais como dieta e exercícios. No entanto, para encontrar um estado de bem-estar verdadeiro é imperativo que a mente e o corpo estejam equilibrados. 

4. Melhor usar pantufas do que tentar colocar tapete no mundo 

Às vezes, ou porque superestimamos nossas forças ou porque não estamos cientes da magnitude da situação, estabelecemos metas que vão além de nossas capacidades. Em seguida, geramos um estresse desnecessário. No entanto, para encontrar a paz interior, é importante estar ciente de nossas forças e nossa dose de recursos, e qualquer caminho tem que começar de nós mesmos, antes de mudarmos o que não gostamos no mundo, mudemos o que não gostamos em nós mesmos.

5. Não ferir os outros com o que causa dor a si mesmo 

Esta é uma das máximas do budismo que, se aplicada ao pé da letra, estaríamos praticamente eliminado todas as leis e preceitos morais. No entanto, esta frase budista vai além do clássico “não faça aos outros o que você não quer fazer para você”, pois envolve, acima de tudo, uma profunda compreensão de nós mesmos e, uma grande empatia para outros. 

6. Não é mais rico quem tem mais, mas quem precisa menos 

Apesar de não estarmos conscientes disso, o nosso desejo de mais, seja no material ou emocional, é a principal fonte de nossas preocupações e desapontamentos. 

Quando aprendemos a viver com pouco e aceitando tudo que a vida nos oferece no momento, podemos alcançar uma vida mais equilibrada e reduzir a tensão e stress. Entender que já temos todo necessário para atingir a paz interna e felicidade é um ensinamento que traz tranquilidade na caminhada e evita a ansiedade e desgaste incessante de sempre achar que a felicidade está logo ali na frente, mas nunca aqui. 

7. Para entender tudo, é preciso esquecer tudo 

Quando somos pequenos, estamos abertos à aprendizagem, não temos idéias preconcebidas. No entanto, à medida que crescemos nossa mente está cheia de condicionamentos sociais que nos diz como as coisas devem ser, como devemos nos comportar e até mesmo o que pensar. Estamos tão imbuídos nesse contexto que não percebemos que nossa mente se tornou uma caixa muito estreita que nos aprisiona. 

Então, se você quer mudar e ver as coisas de outra perspectiva, o primeiro passo é se separar das crenças e estereótipos que o mantem amarrado. Neste sentido, uma outra frase budista nos ilumina: “No céu, não há distinção entre o leste e o oeste, são as pessoas que criam essas distinções em sua mente e depois pensam que são verdadeiras“. 

8. O ódio não diminui ódio. O ódio diminui com o amor 

Gerar violência, raiva produz ressentimento. É algo que quase nunca aplicamos quando nos envolvemos em discussões nas quais somos guiados por nossas emoções mais negativas, respondemos às críticas com outro comentário e um ataque ainda mais forte. No entanto, o ódio só gera ódio, a única maneira de contrariar o seu efeito é o de proporcionar amor, respondendo com emoções positivas. Não se apaga fogo com mais fogo. 

9. Dê, mesmo se você tiver muito pouco para dar 

Esta é uma das mais antigas frases budistas, e algumas pesquisas na área da psicologia positiva mostraram que a gratidão e a entrega é um dos caminhos que conduzem à felicidade. Não é sobre dar com intuito de receber algo, mas dar motivado pelo prazer que sente ao ajudar alguém. 

10. Se você pode apreciar o milagre que mantém uma única flor, 
toda sua vida vai mudar 

Nesta frase budista o segredo da mudança está fechado: aprender a valorizar cada coisa e cada pessoa por aquilo que ele é: um milagre único e irrepetível. 

Quando aprendemos a não criticar, mas aceitar e se maravilhar com as menores coisas que nos rodeiam, nossa vida vai mudar porque estamos deixando aberta a gratidão, a curiosidade e a alegria. Pelo contrário, se pensarmos não há nada de especial sobre as pequenas coisas e estamos no topo do mundo, não apenas estamos fechando a beleza, mas também para a aprendizagem e crescimento. 

Se você não pode apreciar o milagre que envolve uma flor, é que você está morrendo por dentro. O que resume bem esse ensinamento é um post que já fizemos aqui sobre a visão da abelha e da mosca

Postado no Yogui.co

No coração da vida


No coração da vida

Acid

Sobre o amor no budismo, e o porque da maioria de nós não estarmos amando verdadeiramente:

"Amor pela esposa, namorada, família e indiferença com os outros não é amor, é só apego, luxúria.
Amor tem de abarcar tudo, por isso é tão difícil amar."

(Monja Jetsunma Tenzin Palmo)



Jetsunma Tenzin Palmo foi educada em Londres, tornando-se budista durante a adolescência. Em 1964, aos 20 anos de idade, decidiu ir para a Índia para prosseguir seu caminho espiritual.

Lá encontrou seu Guru, Khamtrul Rinpoche, um grande Lama da escola Drukpa Kagyu, e tornou-se a segunda mulher ocidental ordenada como monja no Budismo Tibetano.

Tenzin Palmo permaneceu com Khamtrul Rinpoche e sua comunidade em Himachal Pradesh, Norte da Índia, por 6 anos, depois para Lahaul, no Vale dos Himalaias, por vários anos, e depois uma caverna, nas proximidades do mosteiro, onde permaneceu por mais 12 anos, sendo que os três últimos foram em retiro restrito. Ela deixou a Índia em 1988 e foi morar na Itália, onde deu ensinamentos em vários centros de Dharma.

Khamtrul Rinpoche antes de falecer, em 1980, em várias ocasiões pediu para Tenzin Palmo iniciar um convento. Ela preparou-se para isso e, em 2001, a construção do Convento Dongyu Gatsal Ling teve inicio e posteriormente foi abençoado por Dalai Lama. 

Em fevereiro de 2008, Gyalwang Drukpa, o líder espiritual e autoridade máxima da Linhagem Drukpa, concedeu a Tenzin Palmo o raro título de Jetsunma, que significa "Venerável Mestra", em reconhecimento de suas realizações espirituais como monja e de seus esforços em promover o status das praticantes femininas no Budismo Tibetano.

Tenzin Palmo passa a maior parte do ano no Covento Dongyu Gatsal Ling, viajando ocasionalmente para dar ensinamentos e angariar fundos para as necessidades contínuas das monjas e do Convento. Em 2014 ela publicou um livro que se chama "No coração da vida: Sabedoria e compaixão para o cotidiano"

A entrevista abaixo foi feita pela equipe do canal "O lugar" e trata de diversos temas: felicidade genuína, liberação das aflições, sabedoria e compaixão, ansiedade e estresse, transformação e prática no cotidiano, diferença entre budismo e cultura, e como encontrar um(a) professor(a).



Postado no site Somos Todos Um