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A miséria humana de um reality show em meio a um genocídio




Gustavo Conde

Um tanto chocado com as pessoas supostamente 'progressistas' assistindo o BBB.

É uma solidão muito grande.

Assistir sociologicamente é uma coisa. Fazer isso com o Jornal Nacional, por exemplo, me parece digno. Mas torcer publicamente por um reality show subdesenvolvido? Elogiar? Sofrer?

É um mico muito grande, me desculpem os que assistem.

Alguns, a gente entende.

Por exemplo, Felipe Neto. É muito contrato de publicidade. É muita grana envolvida. E é um ganha-ganha danado. Neto promove o programa e atiça as redes com engajamento (que a Globo não tem) e a Globo devolve a Neto o tráfego digital conquistado com o milionário marketing do programa.

"Jornalistas-subestrelas-de-redes" que transitam no meio-fio da história também oferecem sua cota de colaboração para o sucesso financeiro do produto global. Pablo Vilaça, Leandro Demori e mais uns tantos parecem viver para o BBB. Torcem, se emocionam, gritam, se animam, comemoram.

Enquanto isso, mais 4 mil pessoas morrem no país.

"Ah, mas que chatice ficar pegando no pé dessas pessoas legais!"

Eu não vivo num concurso de beleza, caras-pálidas. Tenho até medo de agradar - porque se eu "agradar", num país como esse, é porque alguma coisa estará errada comigo.

Para completar a miséria do momento, o engajamento anônimo pelo BBB invade as raias do constrangimento cognitivo.

O usuário de rede vai lá e comenta sobre o programa como se fosse uma subcelebridade do subjornalismo digital. É como tentar participar de uma festa para a qual você nunca foi e nunca será convidado.

"Fulano foi eliminado, yes!". "Que aula de cidadania do Leifert!". "Fulana vai ganhar um milhão, viva!"

É uma incomensurabilidade de clichês.

E para quê tudo isso, do ponto de vista psiquiátrico - com todo o respeito? Para se obter um sentimento de "pertença", para se sentir importante comentando uma coisa que todo mundo comenta porque todo mundo comenta.

Comentar BBB nas redes sociais é o processo cognitivo mais degradante e asqueroso que a tristeza e o azar do testemunho trágico podem oferecer neste momento. É pior que ser bolsonarista.

"Ah, mas você está comentando".

Sim, eu desci ao esgoto para manifestar minha repulsa a esse teatro dos horrores e a toda engrenagem que o permite subsistir.

O programa fetichiza (não "denuncia") todas as chagas contemporâneas da desumanização aplicada: racismo, homofobia, misoginia, machismo e todas as demais fobias trágicas de um tempo trágico.

O BBB é a expressão máxima do bolsonarismo. É um dos vetores midiáticos que permitiu a ascensão de Bolsonaro. É a matriz do cancelamento, a fonte da breguice, a arena das bestialidades, do ódio, da dissimulação.

Muito intelectual nesse país vibra com o BBB - eis a chave para entender porque temos duas cepas de intelectuais: uns que produzem a melhor ciência e a melhor crítica do mundo (pergunte se Miguel Nicolelis assiste ao BBB) e outros que são pura fachada (em geral, os colunistas da Folha, que participam de um clube privê de publicações e favores).

O Brasil já está massacrado demais por essa elite branca da Rede Globo e por esse governo catastrófico de Bolsonaro. O estrago cognitivo que já é imenso, com o BBB ganha ares de dramaticidade tenebrosa.

Seria demais pedir que as pessoas verdadeiramente progressistas largassem um pouco a Globo e olhassem mais para o próprio umbigo e para o próprio país?

Enfim, pedir não custa nada.




Nota

O querido Gustavo Conde, apenas, externou toda a indignação e revolta que, também, nós estamos sentindo com as 340 mil vidas perdidas e a volta da fome, consequências diretas do governo Bolsonaro. A globo e programas como o bbb levam à desinformação, à alienação e às fake news, que resultaram na eleição desta " pessoa " que é presidente do país. ( Rosa Maria - editora do blog )






A miséria humana de um reality show em meio a um genocídio




Gustavo Conde

Um tanto chocado com as pessoas supostamente 'progressistas' assistindo o BBB.

É uma solidão muito grande.

Assistir sociologicamente é uma coisa. Fazer isso com o Jornal Nacional, por exemplo, me parece digno. Mas torcer publicamente por um reality show subdesenvolvido? Elogiar? Sofrer?

É um mico muito grande, me desculpem os que assistem.

Alguns, a gente entende.

Por exemplo, Felipe Neto. É muito contrato de publicidade. É muita grana envolvida. E é um ganha-ganha danado. Neto promove o programa e atiça as redes com engajamento (que a Globo não tem) e a Globo devolve a Neto o tráfego digital conquistado com o milionário marketing do programa.

"Jornalistas-subestrelas-de-redes" que transitam no meio-fio da história também oferecem sua cota de colaboração para o sucesso financeiro do produto global. Pablo Vilaça, Leandro Demori e mais uns tantos parecem viver para o BBB. Torcem, se emocionam, gritam, se animam, comemoram.

Enquanto isso, mais 4 mil pessoas morrem no país.

A história do Big Brother


 




A história do Big Brother


 




BBB 21 não foge à regra dos últimos anos : incentiva a polêmica não saudável para ter audiência



Lucas Penteado no BBB 21 - TV Globo sofre bullying moral


O egoísmo une os covardes

Fabrício Carpinejar

Algo que absorvi desde cedo: esteja ao lado do mais fraco. Esteja ao lado do mais vulnerável. Esteja ao lado de quem não vem sendo entendido.

O único jeito de ganhar alguém para sempre é não deixá-lo perdendo sozinho.

Amizade é resgate, é socorro, é trazer alguém de volta dos seus pensamentos solitários e mórbidos. É quando a paciência combate o preconceito, é quando o ouvido estende a mão imaginária contra a desistência e o desespero.

É se aproximar e dizer: “eu sei o que você vem sofrendo, conte comigo”. Só se tira alguém do sofrimento dando atenção, respeitando as suas palavras.

Não seguir o rebanho indica personalidade: aguentar ser diferente no momento em que todos se copiam.

Juntar-se a quem tem poder e fama, por sua vez, é interesse, oportunismo, afinidades do autoritarismo. Busca-se o privilégio da imunidade. Você não quer se sentir ameaçado e agride em grupo para não estar no lugar de quem é debochado.

É a pior escolha da vida. Não obedece à voz da consciência por aquilo que é mais cômodo. Foge de se expor, foge da luta, foge de defender o que é justo e certo. Para não sofrer represálias, para também não ser boicotado, para não ser encaminhado ao paredão.

Sabe que está errado, mas prefere não correr o risco de se tornar a próxima vítima. Aceita rir de quem não merece a ser zombado. O egoísmo une os covardes.

Na escola, os meus melhores amigos não eram os mais populares, os mais bonitos, mas os que ficavam excluídos e escanteados pela turma. O bullying foi o cupido de grandes cumplicidades.

São meus amigos até hoje, porque nos escolhemos pela verdade, não pela aparência. Ao nos aceitarmos, acabávamos com a rejeição. As adversidades em comum fortaleciam nossas conversas pelo recreio.

A dor partilhada é o elo mais indestrutível da confiança. Mais do que a alegria. Mais do que a festa. Mais do que a aventura.

Os afetos humilhados serão exaltados pelo tempo.






BBB 21 não foge à regra dos últimos anos : incentiva a polêmica não saudável para ter audiência



Lucas Penteado no BBB 21 - TV Globo sofre bullying moral


O egoísmo une os covardes

Fabrício Carpinejar

Algo que absorvi desde cedo: esteja ao lado do mais fraco. Esteja ao lado do mais vulnerável. Esteja ao lado de quem não vem sendo entendido.

O único jeito de ganhar alguém para sempre é não deixá-lo perdendo sozinho.

Amizade é resgate, é socorro, é trazer alguém de volta dos seus pensamentos solitários e mórbidos. É quando a paciência combate o preconceito, é quando o ouvido estende a mão imaginária contra a desistência e o desespero.

É se aproximar e dizer: “eu sei o que você vem sofrendo, conte comigo”. Só se tira alguém do sofrimento dando atenção, respeitando as suas palavras.

Não seguir o rebanho indica personalidade: aguentar ser diferente no momento em que todos se copiam.

Bruno Gagliasso enviou mensagem a Thelma, vencedora do BBB, junto com o clique emocionante dos filhos






"REPRESENTATIVIDADE IMPORTA SIM"- veja como a família de Bruno comemorou a vitória da mulher que, na tv, fez diferença na vida de seus filhos.


No último dia 28, após a vitória de Thelma, no Big Brother Brasil, o ator Bruno Gagliasso, conhecido tanto por seu trabalho como ator e modelo, como marido de Giovanna Ewbank como também como pai de Titi e Bless, enviou uma mensagem emocionante para a campeã dizendo da importância de sua vitória:

Leiam:
“Doutora Thelma Regina! @thelminhaassis talvez você já me conheça de alguma maneira, mas depois de passar 3 meses contigo na minha casa, permita-me uma apresentação mais cheia de carinho. Eu sou o pai da amiga da Manu, lembra? A menina Chissomo, também conhecida por Títi. Ela tem muita coisa parecida com você e por isso não pude deixar de te procurar pelas câmeras desde o comecinho do jogo. E de te chamar de INTACTA! (Kkk) em um jogo tão complexo e cheio de obstáculos. Como é importante essa vitória! Como ela é mais que a sua vitória! Estou falando de identidade, de representatividade, de exemplo”.
E continuou:
“Não entenda isso como um peso, mas saiba que muitos Brunos, pais e mães de muitas Chissomos, estão vibrando com as suas conquistas de toda a vida, mas também pela nossa sociedade ter te enxergado vencedora. Por conseguir se provar para você mesma, a ponto de nos iluminar… Eu sei que isso tudo é um pinguinho em um oceano de transformações que precisamos fazer, eu sei. Mas sou pai… e como pai, sou um otimista! Um entusiasta do futuro… então permita-me também te agradecer. Obrigado e muito prazer! Eu sou Bruno Gagliasso Marques, o pai da Títi. E do Bless!”.
Giovanna Ewbank, também comentou e complementou: “Que lindo amor! REPRESENTATIVIDADE IMPORTA SIM !!”













Olhos Coloridos

Os meus olhos coloridos

Me fazem refletir
Eu estou sempre na minha
E não posso mais fugir
Meu cabelo enrolado

Todos querem imitar
Eles estão baratinados
Também querem enrolar
Você ri da minha roupa

Você ri do meu cabelo
Você ri da minha pele
Você ri do meu sorriso
A verdade é que você

Tem sangue crioulo
Tem cabelo duro
Sarará crioulo
Sarará crioulo (sarará crioulo)
Sarará crioulo (sarará crioulo)
Sarará crioulo (sarará crioulo)
Sarará crioulo (sarará crioulo)
Os meus olhos coloridos

Me fazem refletir
Que eu estou sempre na minha
Ah e não posso mais fugir
Meu cabelo enrolado

Todos querem imitar
Eles estão baratinados
Também querem enrolar
Você ri da minha roupa (ri da minha roupa)

Você ri do meu cabelo (ri do meu cabelo)
Você ri da




Bruno Gagliasso enviou mensagem a Thelma, vencedora do BBB, junto com o clique emocionante dos filhos






"REPRESENTATIVIDADE IMPORTA SIM"- veja como a família de Bruno comemorou a vitória da mulher que, na tv, fez diferença na vida de seus filhos.


No último dia 28, após a vitória de Thelma, no Big Brother Brasil, o ator Bruno Gagliasso, conhecido tanto por seu trabalho como ator e modelo, como marido de Giovanna Ewbank como também como pai de Titi e Bless, enviou uma mensagem emocionante para a campeã dizendo da importância de sua vitória:

Leiam:
“Doutora Thelma Regina! @thelminhaassis talvez você já me conheça de alguma maneira, mas depois de passar 3 meses contigo na minha casa, permita-me uma apresentação mais cheia de carinho. Eu sou o pai da amiga da Manu, lembra? A menina Chissomo, também conhecida por Títi. Ela tem muita coisa parecida com você e por isso não pude deixar de te procurar pelas câmeras desde o comecinho do jogo. E de te chamar de INTACTA! (Kkk) em um jogo tão complexo e cheio de obstáculos. Como é importante essa vitória! Como ela é mais que a sua vitória! Estou falando de identidade, de representatividade, de exemplo”.
E continuou:
“Não entenda isso como um peso, mas saiba que muitos Brunos, pais e mães de muitas Chissomos, estão vibrando com as suas conquistas de toda a vida, mas também pela nossa sociedade ter te enxergado vencedora. Por conseguir se provar para você mesma, a ponto de nos iluminar… Eu sei que isso tudo é um pinguinho em um oceano de transformações que precisamos fazer, eu sei. Mas sou pai… e como pai, sou um otimista! Um entusiasta do futuro… então permita-me também te agradecer. Obrigado e muito prazer! Eu sou Bruno Gagliasso Marques, o pai da Títi. E do Bless!”.
Giovanna Ewbank, também comentou e complementou: “Que lindo amor! REPRESENTATIVIDADE IMPORTA SIM !!”













Olhos Coloridos

Os meus olhos coloridos

Me fazem refletir
Eu estou sempre na minha
E não posso mais fugir
Meu cabelo enrolado

Todos querem imitar
Eles estão baratinados
Também querem enrolar
Você ri da minha roupa

Você ri do meu cabelo
Você ri da minha pele
Você ri do meu sorriso
A verdade é que você

Tem sangue crioulo
Tem cabelo duro
Sarará crioulo
Sarará crioulo (sarará crioulo)
Sarará crioulo (sarará crioulo)
Sarará crioulo (sarará crioulo)
Sarará crioulo (sarará crioulo)
Os meus olhos coloridos

Me fazem refletir
Que eu estou sempre na minha
Ah e não posso mais fugir
Meu cabelo enrolado

Todos querem imitar
Eles estão baratinados
Também querem enrolar
Você ri da minha roupa (ri da minha roupa)

Você ri do meu cabelo (ri do meu cabelo)
Você ri da




" BeBeBes Heróis? "





Menino entra em casa em chamas para salvar irmã


Antoine Burks salvou a irmã Trinity depois que o incêndio se espalhou pela casa

Antoine Burks (esq.) salvou a irmã Trinity (dir.) do incêndio causado pela própria menina, que usou um spray de limpeza de sapatos perto de uma lâmpada



Um garoto de 10 anos de idade voltou para sua casa em chamas para salvar a irmã mais nova, de seis anos de idade. O caso ocorreu em Louisville, Kentuky, Estados Unidos.

Segundo sites americanos, Antoine Burks salvou a irmã Trinity depois que o incêndio se espalhou pela casa, causado pela própria menina, que usou um spray de limpeza de sapatos perto de uma lâmpada.

"Não sabia aonde ir porque o fogo estava ao meu redor. Eu não podia ir a lugar algum", disse Trinity, segundo o site da Wave 3 TV.
A menina afirmou que jamais vai esquecer a forte explosão que escutou no domingo à noite. A mãe deles, Stacey Holloway, disse que a criança estava em outro quarto limpando os sapatos quando o acidente ocorreu.

"Não imaginei que algo pudesse acontecer se eu limpasse meus sapatos e, quando o spray atingiu a lâmpada, o fogo começou", contou a menina.

Em pânico, a família correu para fora da casa. Neste momento, irmão mais velho, Antoine, decidiu ignorar o fogo, voltar à casa em chamas e salvar a irmã.

"Queimei a perna e foi aí que percebi, quando corri para fora da casa, que minha irmã precisava de ajuda", disse Antoine. "E pensei que, se algo ruim acontecesse a ela, seria minha culpa, porque sou o irmão mais velho", acrescentou o pequeno herói.

Mãe e crianças foram para o hospital, mas receberam alta e passam bem. A menina teve queimaduras na face, pernas e braços. A casa, porém, ficou totalmente destruída.

Postado no Portal R7.com em 23/03/2012

As lições do BBB 12




Quem disse que a edição brasileira da franquia holandesa Big Brother não serve para nada? Certamente é inútil do ponto de vista cultural, sociológico, antropológico ou do mais tênue bom gosto. Não serve nem como lazer porque induz a exacerbação de sentimentos negativos, incompatíveis com a descontração e a alegria que caracterizam – ou deveriam caracterizar – o entretenimento. Mas serve como exemplo do que não presta na televisão brasileira.
Sim, o Big Brother Brasil tem lições a ensinar que vão desde como não expor comportamento e linguajar inadequados na tevê até o limiar da criminalidade, seja em termos sexuais, “raciais” ou de agressão à formação de crianças e adolescentes ou do próprio direito de pais e responsáveis de lhes imporem o ritmo que bem entenderem até poderem vivenciar ou conhecer o que poderíamos chamar de “fatos da vida”, por assim dizer.
Em primeiro plano ficou a hipótese repugnante de uma garota de idade análoga à de minhas filhas ter sido obrigada a ir “até o fim” em um namorico regado a uma substância que lhe entorpeceu a razão e que vem sendo alvo de iniciativas legais de lhe proibir a publicidade nos meios de comunicação de massa assim como ocorreu com o tabaco, pois os efeitos nefastos do álcool – e do estímulo ao consumo – dispensam apresentações.
Em plano igualmente grave, ainda que menos focado, está hipótese de racismo contra alguém que na estréia do Big Brother respondeu negativamente à pergunta do apresentador Pedro Bial sobre se via “necessidade de cotas para negros no BBB”, pergunta que lhe foi feita por ser o único negro do programa. Se o rapaz “estuprou”, não se sabe, mas sabe-se que, a partir de agora, o programa não terá negro nenhum e os de sempre dirão o que já ouvi, ou seja, que de “gente assim” não se poderia “esperar outra coisa”.
O plano mais importante, porém, é o que está em terceiro lugar. E a cena que o ilustra é bem eloquente: duas meninas de 10 anos e um garoto de 9 debatem, acaloradamente, tudo o que os adultos estão debatendo sobre o caso, porém ainda sem saber direito o que seria o tal “estrupo” de que tanto falam, ainda que especulem sobre o que cabeças, corpos e membros do casal de “brothers” faziam sob o edredon.
Em benefício dos mais sensíveis, o leitor será poupado dos detalhes do diálogo.
Há, ainda, uma quarta lição que a atração da Rede Globo e a própria deixam ao país: os interesses empresariais e econômicos dos detentores de concessões públicas de rádio e televisão, sejam eles quem forem, não se sobrepõem à formação moral de crianças e adolescentes e aos direitos civis dos próprios integrantes voluntários desse programa ou similares, direitos que não podem ser violados nem sob anuência de seus detentores.
O saldo desse episódio envolve uma imensa lição, quase uma grade curricular, portanto.
O casal de “brothers” foi exposto da pior forma possível. A moça está tendo sua honra posta em dúvida de forma indelével e permanente, o rapaz corre o risco de ter sua vida destruída, pois ninguém quer empregar ou ter ligações com um estuprador independentemente do que realmente tenha acontecido sob o edredon, e crianças estão tendo que encarar precocemente o lado mais cru dos fatos da vida, queiram seus pais e responsáveis ou não.
Já o Estado brasileiro corre o risco de deixar claro que não serve para nada ao permitir que empresários inescrupulosos joguem com as vidas de tantos atores – dezenas de milhões deles, não nos esqueçamos – sem que qualquer autoridade diga um A, pois a única autoridade que se manifestou agiu em defesa do lado que está longe de ser o mais vulnerável, não obstante o seu direito inquestionável de proteção contra eventual abuso que possa ter sofrido.
Viu quanta coisa aprendemos com o “BBB”, leitor?
Postado por Eduardo Guimarães no Blog Cidadania em 17/01/2012

Teló, BBB e os conceitos sobre cultura



Por Sylvio Micelli em 10/01/2012 
Os assuntos mais discutidos na primeira semana de 2012, ao menos nas redes sociais (que hoje pautam muita coisa), versam sobre a capa da revista semanal Época com o cantor (?) Michel Teló e sobre o início de mais uma edição do Big Brother Brasil transmitido pela Rede Globo de Televisão. Por sinal, apenas para constar, Época e Globo pertencem à mesma organização.
O paranaense Teló foi parar na capa da publicação por ser o “cantor, compositor, multiinstrumentista” que mais tocou nas rádios em 2011. Sua música (?) “Ai Se Eu Te Pego” vendeu horrores. Ele fez centenas de shows, ganhou um bom dinheiro e a segunda revista semanal mais vendida do Brasil achou por bem colocá-lo na primeira capa do ano. Mais que isso: destinou 12 páginas, isso mesmo, 12 longas páginas, e o apresentou como a tradução de “valores da cultura popular para os brasileiros de todas as classes”. Teló está na dele. Não tem culpa nenhuma.
Big Brother Brasil, por sua vez, completa 10 anos de transmissão e chega à sua 12ª edição. A temática é mesma de sempre, em que pese a produção do programa tentar dar uma reciclada. Trancafia pessoas dentro de uma casa. Elas deverão viver e conviver com as diferenças ao longo das semanas. O jogo vai se desenrolando. As máscaras caem e o mais forte, ou o mais popular, ou o que der mais retorno de mídia, sagra-se o campeão. Tem gente que fez carreira artística e até política no jogo.
Para o paredão
Vamos, enfim, aos fatos.
Inicialmente, fico numa enorme sinuca de bico. Porque se eu elevar Teló e o BBB à condição de “cultura” irei contra tudo aquilo que suponho ser cultura e estarei a nivelar, por baixo, o que efetivamente entendo que seja cultura. Se eu chamar o músico e atração global de subcultura, os patrulheiros de plantão (e eles sempre estão presentes) vão me chamar de preconceituoso, quiçá burguês, e de desrespeitar a cultura, que eles assim entendem, diversificada e multifacetada do meu país. Então sobram duas óticas: Teló e BBB são estratégias de marketing para ganhar dinheiro. E muito dinheiro. Simples assim.
No caso do cantor, você pega um rapaz do interior do Paraná, jovem e simpático, que cai no gosto de jovens iguais a ele. Cria uma música (?) de pouquíssimos versos e de letra paupérrima, põe uma pegajosa melodia e usa de todos os métodos para que isso vire um hit. O resultado é infalível. Não é a primeira vez que acontece e também (infelizmente) não será a última. O Brasil passará por Teló, como já passou pelo Tchan, Créu, dancinha da garrafa e tantas coisas efêmeras que depois apodrecem nos sebos da vida.
BBB é a catarse humana em versão compacta. Da mesma forma que se coloca uma dúzia ou mais pessoas dentro de uma casa, para que se suportem – mas no fundo sendo todos inimigos e buscando o prêmio ou fama (ou ambos) – também em nosso dia-a-dia lidamos com diversas pessoas que adoraríamos mandar para o paredão (e vice-versa), mas que a santa hipocrisia social nos (os) impede.
Três questões
Há, ainda, uma outra ótica. Essa muito mais perigosa e é dela que devemos (ou deveríamos) nos reguardar. Teló e BBB são braços fortes da grande mídia, em busca da hegemonia na comunicação, como nos ensina o mestre Vito Giannotti do Núcleo Piratininga de Comunicação. Quando a Época decreta que Teló traduz “valores da cultura popular para os brasileiros de todas as classes”, ela quer dar hegemonia ao Brasil. Dizer que somos todos felizes como os smurfs e que a música de Teló, que faz sucesso com a doméstica e com o empresário, acaba por aproximar todos nós. Olha que lindo! Um país sem preconceitos, onde todos somos rigorosamente iguais.
Por outro lado, o BBB, que (lembrando) pertence ao mesmo grupo de Época, mostra que, sob confinamento, vence o mais forte ou o que cai no gosto da população. Dessa mesma população hegemônica que discutirá nas próximas semanas quem deve ir para o paredão e ficará a bisbilhotar se um novo casal é feito na casa (e, certamente, dois são desfeitos fora). Então, todas as terças à noite, o mercador de ilusões Pedro Bial, de forma histriônica, unirá um país de norte a sul porque todos estarão (assim eles querem que seja) interessados em descobrir quem se dará mal naquela semana.
Essa hegemonia, meus caros, é o nosso grande problema. O Brasil deveria buscar a discussão de assuntos de mais importância. Claro que devemos ter lazer. Claro que o lúdico, mesmo de gosto duvidoso, é importante. E aqui não reside nenhum preconceito da minha parte. É que a hegemonia faz com que boa parte dos cidadãos acredite que tratar de temas polêmicos não lhes pertence. Mas pertence, sim. Só nesta semana posso destacar três: as questões que envolvem o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a tentativa de abertura do Poder Judiciário, as chuvas que voltam sempre em janeiro (a natureza é perfeita) e o pouco que se fez desde a desgraça do ano anterior e as eleições de 2012 que chegam logo, e há muito que mudar.
Conceitos de cultura
Enquanto deveríamos gastar nosso tempo com isso, e reitero que não se trata de discussão de elites, a mídia hegemônica nos impõe coisas “desimportantes”. E isso também não é novidade. É o “velho e bom” panis et circenses com que a Roma Antiga brindava seu povo. A única diferença é que os gladiadores de hoje não derramam uma gota de sangue sequer.
Ao final de tudo, mantenho a esperança de que dias melhores virão. Sempre acredito que o Brasil, enquanto sociedade, ainda é novo e devemos passar por tudo isso para que possamos amadurecer e chegar, um dia, aos conceitos de cultura de países nem tão longínquos daqui como a Argentina ou o Chile.
Já estaria feliz.
***
[Sylvio Micelli é jornalista]
Postado no Blog Observatório da Imprensa


O Big Brother e a degradação da realidade




Não adianta fugir.
A partir de hoje o Big Brother vai invadir sua casa e sua vida.
Ao contrário do que se poderia imaginar, não será a curiosidade que te fará manter a atenção para dentro daquela casa. É justamente o inverso.
A sua realidade será invadida por este reality show.
Nos próximos dias, quando você abrir o site de sua preferência, ainda que não queira, surgirão janelas lhe informado sobre a noite de fulana com fulano embaixo do edredom.
Ao ler o jornal, seu colunista preferido irá fazer uma análise sócio-psicológica de algum acontecimento no programa.
No ônibus ou no Metrô, você será surpreendido às sete horas da manhã por um debate empolgado sobre a festa do cowboy, ou dos anos 60, ou do cabide, ou do bunda le le ocorrida na noite anterior que você fez questão de não assistir, mas mesmo assim, involuntariamente, estará devidamente informado, memorizando todos os nomes dos personagens deste verdadeiro show de horror.
A promessa até parece ser interessante. Observar tudo o que acontece numa casa durante 24 horas por dia.
Mas o que poderia ser o deleite dos voyeurs é na verdade um culto à mediocridade.
Os personagens são providos de personalidades histéricas e desinteressantes.
As regras do “jogo” provocam o elenco de arrivistas a se enfrentarem em intrigas sórdidas e pequenas.
O vencedor não é aquele que aposta no cooperativismo dentro da casa, mas o que elimina os seus brothers um a um, dando vazão à fantasia infantil de eliminar seus irmãos para conquistar a atenção exclusiva da mamãe.
Aliás, os gritos, lágrimas e risos forçados são recursos infantilóides para prender a atenção e conquistar apoio do público.
Crônicas pobres e vulgares são recitadas para narrar o dia-a-dia dos confinados, a fim de emprestar uma pseudo sofisticação à degradação crua que vemos a olhos nus.
E esta degradação da realidade é a face mais sórdida deste programa.
Ao estigmatizar os jovens como seres egoístas, estúpidos, fúteis e dissimulados, o programa que se autodenomina show de realidade constrói um arquétipo e forja a geração desejada pela classe dominante. Ou seja, pessoas preocupadas exclusivamente com suas ancas, tendo as paredes de uma casa como horizonte mais amplo de aspiração, abrindo mão da vocação transformadora da juventude.
Até então, acreditávamos que a vida imitava a arte.
Agora, uma nova “realidade”, absolutamente alienada e pronta para consumir é fabricada nos estúdios de tevê.
A arte já não basta.
Não cabe mais ao artista interpretar o mundo em sua obra.
As fórmulas já estão todas prontas.

Postado no Blog do Rafael Castilho em 09/01/2012


Querendo ou não, semana que vem o BBB entra em sua vida


Todo mês de janeiro, o Brasil tem ao menos duas certezas: a primeira é a de que incontáveis cidades se transformarão em piscinas infectas por conta das chuvas, e a segunda é a de que as pessoas só conseguirão se esconder do Big Brother Brasil saindo do país e abolindo qualquer contato com parentes, amigos, colegas de trabalho e com o noticiário.
Essa invasão irrefreável de sua vida se deve à inabalável persistência da Globo em um programa que, além de só piorar a cada edição, jamais muda de formato. Aliás, esse talvez seja o pior defeito – entre muitos a escolher – não só do BBB, mas das telenovelas: a insuportável repetição de enredos.
Novelas têm enredos, mas o Big Brother deveria ser a antítese delas devido à suposta imprevisibilidade do que poderiam fazer os “brothers”, ou seja, os jovens – alguns nem tanto – confinados à “Casa” – a multimilionária instalação cenográfica que, pelo 12º ano, abrigará a atração global.  Todavia, devido à repetição do perfil dos participantes, as situações acabam sendo sempre as mesmas, como nas telenovelas.
Sempre digo que a única coisa que o BBB já produziu de útil para o país foi Jean Willys, o único ex “brother” que teve a generosidade e o espírito público de usar a fama e o dinheiro conquistados para se dedicar à sociedade – Willys se elegeu deputado federal pelo PSOL fluminense e, desde então, vem se expondo à fúria homofóbica em suas mais distintas versões, inclusive na inexplicável versão parlamentar em pleno Congresso Nacional.
O ex “Brother” assumidamente homossexual poderia ter se resguardado da homofobia deixando-se cair no meio artístico, onde o preconceito a orientação sexual é impossível. Se tivesse optado pelo estrelato, sua orientação e a defesa dos direitos dos homossexuais não o exporiam a dementes como seu par no Congresso Jair Bolsonaro, do PP do Rio.
Esse baiano de Alagoinhas que tanto superou na vida e que dedicou ao país o que auferiu deixa ver como o BBB poderia ser útil se priorizasse o talento e a inteligência em vez de apenas o físico e os níveis de mediocridade. Infelizmente, só nas primeiras edições do programa não havia o veto tácito que foi sendo imposto pela Globo a qualquer forma de vida inteligente.
Contudo, pessoas dotadas de conteúdo intelectual não são as melhores para protagonizar as “baladas” nas quais aquela juventude se entrega ao alcoolismo, ao ridículo e ao comportamento vulgar sobretudo das garotas, muitas das quais se exibem para o país de forma intensamente degradante –  trôpegas, embriagadas e lascivas.
Nada contra a sensualidade, aliás. Estamos em pleno século XXI. Todos gostam de ver pessoas bonitas, desde que o conceito de beleza não exclua certas etnias dos participantes. Além disso, o envolvimento sensual que o clima de confinamento necessariamente acaba exacerbando em jovens com hormônios em ebulição, é inevitável.
Todavia, o BBB foi se transformando em uma atração em que o sexo é a viga-mestra. Aliás, a versão brasileira da franquia televisiva da holandesa Endemol é de longe a que mais se escora no voyeurismo, o que torna inevitável a erotização precoce das crianças porque elas não conseguem escapar do programa mesmo se os seus pais quiserem que escapem – e muitos não querem, até pela filosofia educacional que adotam.
Mesmo que as crianças não possam assistir ao BBB em casa, assistem em celulares e computadores de outras crianças na escola ou nas casas dos colegas, ao visitá-los. Para os responsáveis por crianças que não querem ver assistindo a cenas degradantes de embriaguês ou de sexo, não há forma de impedi-las.
É fato incontestável, portanto, que não há forma de impedir que, ano após ano, o BBB vá erotizando precocemente as nossas crianças. E um sintoma dessa erotização é a produção que está surgindo de sutiãs para garotas de oito ou dez anos que crescem vendo “exemplos” de moças esculturais caindo de bêbadas e sendo “traçadas” ao vivo e em rede nacional.
Em países em que a comunicação tem regras, como nos Estados Unidos ou na Europa, não se permite essa erotização compulsória da infância e da juventude. O BBB, portanto, apesar de também ser inevitável em outras partes do mundo devido à tecnologia e à inserção social, nesses países não as envolve nessa teia de mediocridade, luxúria e burrice.
O que se permite à Globo pôr na televisão aberta durante as edições do BBB, não se permite a tevê alguma em países em que crianças e adolescentes são considerados patrimônio da nação em vez de, apenas, consumidores.
Dessa maneira, prepare-se: converse muito com seus filhos e netos pequenos durante os próximos dois ou três meses. Explique que nem sempre o que se vê na televisão deve ser imitado. Critique, com serenidade e didatismo, a situação das moças que hipotecam a própria dignidade, o uso indiscriminado de álcool e outros comportamentos reprováveis.
Tente saber o que as crianças sabem dessa “atração” nefasta. Descubra o que viram e tente dirimir suas inevitáveis dúvidas, mostrando o que há de ruim em certos comportamentos. Não deixe de fazer isso porque, querendo ou não, semana que vem o BBB entra em sua vida e na de seus filhos, netos etc. Sob as barbas das autoridades.
Postado por Eduardo Guimarães no Blog Cidadania em 05/01/2012