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Entre secas e inundações, Rio Grande do Sul vive eventos extremos com sinais de mudanças climáticas

 


BRASÍLIA (Reuters) - Atingido por duas inundações catastróficas no intervalo de apenas seis meses, depois de ter enfrentado quase três anos de seca inclemente, o Rio Grande do Sul virou o exemplo do que as mudanças climáticas podem fazer com eventos já considerados extremos, mas que vêm atingindo proporções cada vez piores em um mundo que não consegue conter o avanço da temperatura global, avaliam especialistas.

Nos últimos dias, o Estado foi palco de uma confluência infeliz, explicam cientistas ouvidos pela Reuters. De um lado, um El Niño extremamente forte, com todos os oceanos mais quentes, não apenas o Pacífico, como é comum no fenômeno, e uma onda de calor no Sudeste e no Centro-Oeste, que aumentou a umidade no ar e favoreceu a chegada de um ar quente e úmido ao Sul do Brasil.

Do outro lado, vinda da Antártida, uma frente fria com chuva e vendaval, mas sem força para empurrar o ar quente. Junto a isso, com o El Niño, as frentes andam de leste para oeste, em vez de sul para norte, o que faz com que chova mais tempo em um só lugar, explica o pesquisador Marcelo Schneider, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

A combinação de fatores, no entanto, não é totalmente fora do comum, mas sim sua intensidade. Cientistas ouvidos pela Reuters explicam que o Rio Grande do Sul sempre foi o ponto de encontro de sistemas tropicais e sistemas polares, o que criava um padrão que inclui períodos de chuvas intensas e outros de seca. A exacerbação dos fenômenos causados pelas mudanças climáticas, no entanto, aumenta o choque desses sistemas, piora fenômenos com El Niño e La Niña, e deixa o clima imprevisível.

"A mudança climática tem mais impacto do que o El Niño sozinho. Essas características típicas do RS estão se acentuando com a mudança do clima. A rivalidade entre o trópico aquecido e úmido e a Região Sul em direção à Antártida tem favorecido as tempestades severas, as frente frias intensas, os ciclones explosivos, as ressacas mais extensas", explica o pesquisador Francisco Aquino, chefe do centro polar e climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

O El Niño corresponde ao aumento da temperatura das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial, enquanto a La Niña corresponde à diminuição da temperatura dessas águas. No Brasil, o El Niño provoca maiores volumes de chuvas no Sul, enquanto a La Niña diminui os volumes pluviométricos na região.

Até a metade de 2023, o Estado enfrentava uma estiagem histórica, fruto de um período longo de La Niña, que durou por mais de dois anos, com pouquíssimos períodos de chuva. O governo federal chegou a estudar a implantação de um sistema de cisternas em algumas regiões, da mesma forma que fez no Nordeste.

Foram três anos seguidos de quebras de safra agrícola no Estado pela seca, com impacto direto no Produto Interno Bruto (PIB). De uma participação de 6,53% no PIB do país em 2019, para 5,90% em 2023, de acordo com dados do Departamento de Economia e Estatística do governo gaúcho.

Em setembro do ano passado, já sob efeito do El Niño, o Estado ficou debaixo d'água devido à passagem de um ciclone extratropical, em uma inundação que já era considerada histórica, com mais de 50 mortes registradas.

Agora, apenas seis meses depois, novas enchentes quebraram novamente os recordes. Nesse momento, quase metade dos municípios gaúchos foram atingidos pela chuva, em diversas regiões do Estado, com ao menos 31 pessoas mortas e mais de 70 desaparecidas, segundo dados da Defesa Civil estadual.

"Nem todos anos de El Niño temos desastres dessa magnitude. É notável que temos cada vez mas desastres e cada vez piores. O aquecimento global muda padrões do clima e eventos extremos se tornam cada vez mais frequentes. Uma atmosfera mais quente retém mais umidade, assim como um oceano mais quente gera mais energia, mais combustível para tempestades severas. Então fica tudo mais potencializado", resume a pesquisadora Karina Lima, doutoranda em Climatologia pela UFRGS.

Lima explica que não foram feitos ainda os chamados estudos de atribuição, que verificam se um evento extremo foi tornado mais provável e/ou mais intenso devido às mudanças climáticas. "Mas é muito difícil que um evento dessa magnitude não tenha tido influência", afirma.

A secretária de Mudanças Climáticas do MMA, Ana de Toni, ressalta que não há dúvidas que o país já está vivendo uma emergência climática e que casos como do Rio Grande do Sul e a seca extrema na Amazônia, efeitos do El Niño, foram exacerbados pelas mudanças no clima.

"Temos que fazer a adaptação. Claro que não significa que vamos deixar de lado a mitigação, mas ao mesmo tempo tem que fazer a adaptação a um mundo que vai viver com uma temperatura mais elevada", disse.

Toni explica que o Brasil é muito vulnerável às mudanças climáticas, com uma economia agrícola muito forte que depende de padrões climáticos, energia baseada em hidrelétricas e uma grande população que vive em situações vulneráveis.

"A adaptação é muito, muito urgente. O custo da inação é muito maior", diz.

O governo trabalha com planos de adaptação em 15 áreas, que passam por agricultura, infraestrutura, cidades, entre outras. Algumas das medidas, por exemplo, são planos de retirada de moradores de encostas, sempre vulneráveis à chuva; o desenvolvimento de sementes mais resistentes; estudos de infraestrutura para construção de estradas, pontes, etc, que sejam mais resistentes.

"Estamos vivendo essas mudanças climáticas, que estão chegando muito mais rápido e muito mais forte. Precisamos adaptar e mitigar ao mesmo tempo", defendeu.














A verdade revelada no filme Não Olhe Para Cima

 





A verdade revelada no filme Não Olhe Para Cima

 





Sobre as mudanças climáticas

 


   
  

 





Sobre as mudanças climáticas

 


   
  

Nosso Planeta está com temperaturas extremas e você precisa se preparar

 



-15C° Brasil / 50C° EUA - “Ninguém está seguro: os extremos do tempo castigam o mundo rico”. O artigo de Somini Sengupta, repórter de clima do jornal New York Times, é a principal reportagem de capa do jornal norte-americano na sua edição deste domingo.





Nosso Planeta está com temperaturas extremas e você precisa se preparar

 



-15C° Brasil / 50C° EUA - “Ninguém está seguro: os extremos do tempo castigam o mundo rico”. O artigo de Somini Sengupta, repórter de clima do jornal New York Times, é a principal reportagem de capa do jornal norte-americano na sua edição deste domingo.





Tragédias na Amazônia e na Austrália deixam uma certeza : Nossos hábitos estão destruindo o planeta



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Felipe Souza

Há pelo menos três décadas, a comunidade científica vêm tentando alertar o mundo sobre os perigos das mudanças climáticas, mas o assunto só foi virar pauta em todas as rodas de conversa no ano de 2006, quando o diretor de cinema Davis Guggenheim lançou a sua obra mais memorável, o documentário “Uma verdade inconveniente”, que tinha como principal objetivo provocar um “despertar” internacional sobre o aquecimento global. O filme fez barulho e gerou controvérsia. Parte da opinião pública o leu como um “alerta urgente” e outra parte o classificou como fatalista. Mais de treze anos depois, a opinião geral sobre as mudanças climáticas se mistura com as opiniões sobre o documentário de Guggenheim. O aquecimento global é hoje tema caro aos ambientalistas e uma pedra no sapato daqueles que não estão dispostos a mexer no status quo em nome de um bem comum. Mas será que ainda há como ignorar as mudanças climáticas depois das catástrofes ambientais assistidas nos últimos meses?

Mesmo quem vê com cinismo as questões ambientais não conseguiu fechar os olhos para os estragos inestimáveis deixados pelas queimadas na Amazônia em 2019. As chamas consumiram um vasto território, destruindo ecossistemas inteiros e colocando diversas espécies em extinção. Alguns cientistas preveem que a Floresta precisará de mais que cem anos para se recuperar; outros apontam que ela pode nunca mais ser a mesma, porque ainda que parte da sua estrutura retorne, a diversidade de espécies das árvores pode não se restabelecer. O que não se imaginava em agosto de 2019 é que, poucos meses depois, outra catástrofe ambiental sem precedentes assolaria o planeta. Na Austrália, os incêndios já atingiram mais de 6,3 milhões de hectares, vitimando fatalmente ao menos 25 pessoas e 480 milhões de animais.


Origens diferentes, mas nem tanto

No Brasil, a tragédia foi causada pela ação do homem e tem raiz em um conflito tão antigo quanto a história da civilização, a disputa por território. Interessados em desmatar e tomar posse de áreas públicas trouxeram destruição à floresta mais biodiversa do mundo. Já na Austrália, os incêndios são um fenômeno natural , ocorrendo todos os anos entre o final da primavera, no mês de novembro, e início do verão, no mês de dezembro. O problema é que, neste ano, a área devastada é indiscutivelmente maior.

O que une as duas catástrofes, para além do impacto ambiental, é uma relação de causa e efeito. Um dos facilitadores para o rápido alastre das chamas no território australiano foi as altas temperaturas, superando os 44 °C. Um recorde para a região. Registros apontam que os quatro dias mais quentes da história do país aconteceram nos últimos 15 anos, três deles só nos últimos seis. Este cenário é reflexo do tão anunciado e alardeado processo de aumento da temperatura média dos oceanos e da atmosfera da Terra, o famigerado “aquecimento global”, alvo de tantas discussões acaloradas nos últimos anos.


As mudanças climáticas têm origem nas massivas emissões de gases, que intensificam o efeito estufa e são originadas em um sem número de atividades humanas, cuja principal é o desmatamento. Desta forma, o desmate desenfreado na maior floresta tropical do mundo está intimamente ligado às altas temperaturas registradas nos últimos anos, o que por consequência ocasiona tragédias ambientais, como a ocorrida na Austrália.

Destes tristes episódios que ganham as manchetes nos últimos dias, fica um questionamento: Até quando vamos ignorar os perigos trazidos pelo aquecimento global em nome da preservação dos nossos hábitos mais nocivos? É preciso urgentemente repensar a maneira como nos alimentamos deste planeta. Caso contrário, estaremos fadados a continuar chorando inúmeras e inestimáveis perdas.






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Ladrões de sonhos. Ladrões de vidas.




"A rebelião ambiental dos jovens deverá se constituir no mais importante evento sócio-político da primeira metade do século XXI e se evidenciará como um fato singular na história da humanidade, pois unirá, pela primeira vez, as jovens gerações em torno de uma causa comum planetária, de uma causa comum de toda a humanidade. Greta Thunberg é o símbolo e a encarnação dessa rebelião", constata Aldo Fornazieri

Aldo Fornazieri

O discurso de Greta Thunberg na ONU, no dia 23 de setembro passado, foi o mais importante, o mais contundente e de maior alcance histórico pronunciamento produzido por alguém nestas duas primeiras décadas do século XXI. Ele expressa a síntese de um grito desesperado e de uma rebelião promovidos por milhões de jovens ao redor do planeta que estão perdendo o direito de sonhar, pois este lhes está sendo roubado por todo um sistema predador do mundo, encabeçado pelas elites políticas e econômicas de todos os países. 

Este grito desesperado não tem sons apenas humanos, mas tem sons de todas as espécies, tem o som da biodiversidade, tem o som de vários ecossistemas que já estão sendo destruídos para sempre. É um grito que traz o desespero da vida que queima na Amazônia, da vida que se esvai no fundo dos mares, da vida que é roubada nas periferias das grandes cidades do mundo. 

A rebelião ambiental dos jovens deverá se constituir no mais importante evento sócio-político da primeira metade do século XXI e se evidenciará como um fato singular na história da humanidade, pois unirá, pela primeira vez, as jovens gerações em torno de uma causa comum planetária, de uma causa comum de toda a humanidade. 

Greta Thunberg é o símbolo e a encarnação dessa rebelião. As suas atitudes poderão dar-lhe o Prêmio Nobel da Paz na próxima sexta-feira. Tanto as suas atitudes, quanto o discurso que ela pronunciou na ONU exprimem a inaudita coragem desta jovem, a sua desmedida ousadia. É um contraste avassalador com a mediocridade, a hipocrisia e a decadência das gerações de líderes políticos que proliferam hoje em todos os países. 

Greta Thunberg percebeu todo o alcance da grande tragédia em que toda a humanidade está se afundando. As metas ambientais das Conferências Internacionais e da ONU não estão sendo cumpridas. Por isso, na ONU, ela teve a ousadia de dizer aos líderes políticos que eles são hipócritas, que eles são ladrões de sonhos, que eles são ladrões de vidas: “Vocês roubaram os meus sonhos e a minha infância com suas palavras vazias... E como se atrevem vir aqui e dizer que estão fazendo o suficiente?... Se vocês realmente entendem o que está acontecendo e continuam falhando em agir, vocês são um mal”. 

Poucos líderes políticos pelo mundo afora se salvam dessa dura advertência, dessa jeremiada de Greta. Não foram apenas criminosos ambientais como Trump e Bolsonaro que foram afrontados pelas suas duras recriminações. Hipócritas como Macron e outros líderes também foram desmascarados. Agora não será apenas Jerusalém que estará sob a ameaça de destruição pelos pecados de um povo. Agora é todo o planeta que está em risco pelos pecados de toda a humanidade. Todos nós precisamos nos sentir culpados para que isto impulsione mudanças em nossas atitudes cotidianas e para que isto estimule a nossa indignação e o nosso engajamento na rebelião dos jovens.

A humanidade, principalmente as grandes empresas, o grande capital, não têm o direito de continuarem a exercer uma relação predatória contra os recursos naturais. O grande capital não tem o direito de continuar destruindo as condições de vida na Terra pela sua busca criminosa e insana de lucros. 

A crise ambiental, é certo, é uma crise do modo de produção predatório orientado por objetivos de uma exploração econômica desmesurada que não considera a sustentabilidade dos recursos naturais e nem as consequências sociais e ambientais de sua ação. Mas ela é fruto também de uma concepção errada e destrutiva da relação do homem com a natureza e da relação dos seres humanos entre si. Ela é produto também de uma apropriação brutalmente desigual dos recursos naturais, que sacramenta tanto a desigualdade entre países, quanto a desigualdade dentro de cada país. 

Em face desse modo de produção predatório, as maiores vítimas da crise ambiental e dos efeitos que ela já produz hoje, são os mais pobres, aqueles que moram nas periferias das grandes cidades. De forma crescente essas populações sentirão os efeitos dos desastres ambientais, dos eventos extremos, como enchentes, tempestades, furacões, secas, falta de água, falta de comida etc.. Estudos de modelos e projeções científicas indicam que nos próximos anos aumentará exponencialmente o número de refugiados ambientais, em sua maioria, pobres.

Desta forma, o enfrentamento da crise ambiental tem duas grandes dimensões, dois grandes vértices: 1) a mudança da atitude da humanidade em face do aquecimento ambiental, da degradação do meio ambiente e da necessidade de sustentabilidade; 2) a mudança do sistema econômico e social e do modo de produção, colocando sob foco da crítica e do ataque o capitalismo predatório. Não haverá uma solução adequada para a crise ambiental sem enfrentar o capitalismo predador e seu modo de produção. Há laços inextrincáveis entre a crise ambiental e a crise social e eles precisam ser evidenciados, fazendo com que as duas lutas andem juntas. A luta ambiental precisa ser também uma luta por justiça social, por igualdade. 

Neste sentido, é forçoso dizer que a maior parte das esquerdas precisa se reposicionar diante da crise ambiental. Se Greta Thunberg foi violentamente atacada pela extrema-direita, ela foi também criticada por parcelas da esquerda e ignorada pela maior parte desta. Greta está na frente do seu tempo porque a maioria dos líderes políticos e dos partidos estão no passado. Se líderes como Trump e Bolsonaro são francamente criminosos e predadores ambientais, se a maioria dos líderes políticos de direita e de centro são hipócritas diante da crise ambiental, a maioria dos líderes de esquerda são indiferentes. Por isso, há uma urgência na atualização da pauta e dos programas dos partidos e movimentos de esquerda para que a crise ambiental ocupe um lugar central das preocupações e das ações. 

Não basta mudar propostas e atualizar programas. É preciso mudar também o modelo de liderança. Os grandes desafios, os grandes dramas e as grandes tragédias da humanidade e da sociedade precisam de líderes com um novo perfil, líderes mais ousados, líderes que saibam assumir o risco da desmedida de suas ações, pois as desmedidas das tragédias assim o exigem. 

Os jovens que estão ingressando hoje no ativismo político e social devem perceber que o modelo de liderança de camisas de punhos de renda não serve mais. A adocicada cordialidade parlamentar e a política meramente declaratória não são capazes de responder aos graves desafios de hoje. A grotesca agressividade da extrema-direita não pode ser enfrentada com a lacrimosa repulsa ao ódio e os com apelos infantilizados à civilidade. O mundo em que vivemos é brutal para a grande maioria das pessoas. Ele precisa ser enfrentado por líderes ousados, com ações de desmedida coragem.


 Aldo Fornazieri   Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política (FESPSP)






Triste espécie. Pobre coruja de Minerva



Arma anti-aérea na geleira Siachen


Noam Chomsky | Tradução: Tiago Franco


Não é agradável contemplar os pensamentos que devem estar passando pela mente da Coruja de Minerva, que alça voo ao cair do crepúsculo e toma para si a tarefa de interpretar cada era da civilização humana — esta mesma que pode, agora, estar se aproximando de um final inglório. 

Nossa era começou há quase 10 mil anos, na região da Crescente Fértil. Estendeu-se, a partir das terras do Tigre e Eufrates, pela Fenícia, na costa oriental do Mediterrâneo, chegando ao vale do Rio Nilo e de lá para além da Grécia. O que está acontecendo nesta região fornece dolorosas lições sobre o abismo ao qual a espécie humana pode chegar. 

As terras do rios Tigre e Eufrates têm sido palco de horrores indescritíveis nos últimos anos. 

A ofensiva de George W. Bush e Tony Blair em 2003, que muitos iraquianos compararam à invasão mongol do século XIII, foi mais um golpe letal. Destruiu grande parte do que havia sobrevivido às sanções da ONU, dirigidas por Bill Clinton contra o Iraque e condenadas como “genocídio” por ilustres diplomatas como Denis Halliday e Hans von Sponeck, que as administravam antes de renunciarem em protesto. 

Os devastadores relatórios de Halliday e von Sponeck receberam o tratamentos usualmente dispensado a fatos indesejados…

Uma das conseqüências terríveis da invasão estadunidense-britânica é descrita em um “guia visual para a crise no Iraque e na Síria” do New York Times: a radical mudança da Bagdá, que tinha bairros mistos em 2003, para os atuais enclaves sectários — sunitas ou xiitas — aprisionados em ódio amargo. Os conflitos causados pela invasão espalharam-se e estão agora rasgando toda a região em farrapos. 

Boa parte da área do Tigre e Eufrates está dominada pelo ISIS e seu auto-proclamado Estado Islâmico. Uma caricatura sombria da forma mais extremista do Islã radical, que tem sua origem na Arábia Saudita. 

Patrick Cockburn, um correspondente do The Independent no Oriente Médio e um dos mais bem informados analistas do ISIS, descreve-o como “uma organização horrível, fascista em muitos aspectos, muito sectária, que mata qualquer um que não acredite em sua particular e rigorosa imagem do Islã.” 

Cockburn também aponta a contradição na reação ocidental em relação ao aparecimento do ISIS: os esforços para conter o avanço do grupo no Iraque, contrastam com os outros, para minar o principal adversário do ISIS na Síria, o brutal regime de Bashar Assad. Enquanto isso, uma grande barreira para a expansão do ISIS até o Líbano é o Hezbollah, inimigo odiado pelo Estados Unidos e seu aliado israelense. 

E, para complicar ainda mais a situação, os EUA e o Irã partilham agora uma preocupação legítima sobre a ascensão do Estado Islâmico, assim como outros nesta região altamente conflituosa.

O Egito tem mergulhado em alguns de seus dias mais sombrios, sob uma ditadura militar que continua a receber o apoio dos EUA. O destino do país não está escrito nas estrelas. Durante séculos, caminhos alternativos têm sido bastante viáveis e , não raro, uma pesada mão imperial os tem barrado. 

Depois dos renovados horrores das últimas semanas, em Gaza, deve ser desnecessário comentar sobre o que emana de Jerusalém, considerada, em tempos remotos, um centro moral.

Oitenta anos atrás, Martin Heidegger exaltava a Alemanha nazista como sendo provedora da melhor esperança para resgatar a gloriosa civilização grega das mãos dos bárbaros do Leste e do Oeste. Hoje, banqueiros alemães esmagam a Grécia sob um regime econômico projetado para manter sua própria riqueza e poder. 

O provável fim da Era da Civilização é prenunciado em um novo relatório esboçado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) , o principal órgão de monitoramento sobre que está acontecendo no mundo físico. 

O relatório conclui que o risco de aumentar a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa é “severamente grave e terá impactos irreversíveis para os seres humanos e os ecossistemas” nas próximas décadas. 

O mundo está se aproximando de uma temperatura na qual já não será possível conter a perda da vasta camada de gelo sobre a Groenlândia. Juntamente com o derretimento do gelo antártico, que pode elevar o mar a níveis capazes de inundar grandes cidades, assim como planícies costeiras.

A Era da Civilização coincide intimamente com a época geológica do Holoceno, principiada há mais de 11 mil anos. A época anterior, Pleistoceno, durou 2,5 milhões de anos. 

Cientistas hoje sugerem que uma nova época começou há cerca de 250 anos: o Antropoceno, período no qual a atividade humana passou a ter impacto dramático no mundo físico. O ritmo das mudanças de épocas geológicas é difícil de ser ignorado.

Um dos índices do impacto humano, é a extinção das espécies. Estima-se hoje que esteja próxima à taxa de extinção verificada 65 milhões de anos atrás, quando um asteroide atingiu a Terra. Presume-se que tenha sido a causa do fim dos dinossauros, abrindo caminho para a proliferação de pequenos mamíferos e em última instância, dos seres humanos modernos. Hoje, os humanos cumprem o papel do asteroide, condenando grande parte da vida à extinção. 

O relatório do IPCC reitera que “a grande maioria” das reservas de combustíveis hoje conhecidas deve se mantida no solo, para evitar intoleráveis riscos para as gerações futuras. Entretanto, as grandes corporações de energia não se preocupam em esconder seus objetivos de explorar essas reservas e descobrir novas. 

Um dia antes de publicar uma síntese das conclusões do IPCC, o New York Times relatou que um imenso estoque de grãos do Centro-Oeste dos Estados Unidos está apodrecendo, para que os produtos derivados do boom do petróleo da Dakota do Norte possam ser enviados, via ferroviária, para Ásia e Europa. 

Uma das consequências mais temidas do aquecimento global antropocênico é o derretimento das regiões de pergelissolo (tipo de solo encontrado na região do Ártico). 

Um estudo na revista Science adverte que “mesmo temperaturas ligeiramente mais quentes [menos do que o previsto para os próximos anos] poderia começar o derretimento do pergelissolo, que, por sua vez, ameaça desencadear a liberação de grandes quantidades de gases de efeito estufa contidas no gelo,” com possíveis “consequências fatais” para o clima global.

Arundhati Roy sugere que “a mais apropriada metáfora para a insanidade de nossos tempos” é a Geleira de Siachen , onde soldados indianos e paquistaneses mataram uns aos outros no campo de batalha mais alto do mundo.

A geleira agora está derretendo e revelando “milhares de granadas vazias, tambores de combustível vazios, machados para quebrar gelo, botas velhas, tendas e toda sorte de resíduos que milhares de seres humanos em guerra geram”, em um conflito sem sentido.

E, enquanto as geleiras derretem, a Índia e o Paquistão enfrentam um desastre indescritível.




Noam Chomsky é professor emérito do Departamento de Linguística e Filosofia do MIT — Instituto de Tecnologia de Massachussets. Colaborador regular do TomDispatch, é autor de diversas obras políticas de grande repercussão.



Postado no site Outras Palavras em 07/10/2014


Os mitos e fatos da mudança climática






















Programa Canal Livre da TV Bandeirantes que foi ao ar em Janeiro/2010 entrevistando o professor universitário e climatologista Luis Carlos Molion 


Aquecimento global: pai da “hipótese Gaia” se retrata de seu alarmismo


Richard Jakubaszko




James Lovelock, pai da “hipótese Gaia”, se retrata de seu alarmismo.

James Lovelock, criador da hipótese ambientalista segundo a qual a Terra formaria um só organismo “vivo” apelidado “Gaia”, admitiu em entrevista à MSNBC que foi “alarmista” a respeito de “mudança climática”.

À guisa de desencargo de consciência, comentou que também outros ambientalistas famosos, como Al Gore, caíram no mesmo erro.

Um dos pais fundadores do ambientalismo hodierno, Lovelock tem esperança de que a suspirada “mudança climática” ainda aconteça, mas lamentou que não virá tão rápido quanto ele anunciava.

Em 2006, em artigo no jornal inglês “The Independent”, Lovelock escreveu que “antes do fim deste século bilhões de homens terão morrido e os poucos casais que sobrevivam ficarão no Ártico, onde o clima ainda será tolerável”.

Agora, em entrevista telefônica com a MSNBC, reconheceu que estava “extrapolando demais”.

Parafraseando os argumentos dos cientistas objetivos, explicou:

– “O problema é que não sabemos o que é que o clima vai fazer. Há 20 anos nós achávamos que sabíamos. Isso nos levou a escrever alguns livros alarmistas – o meu inclusive – porque parecia evidente, porém não aconteceu”.

– “O clima está fazendo suas trapaças habituais. Em verdade, não há muita coisa acontecendo ainda, quando nós deveríamos estar num mundo a meio caminho da fritura”.

– “O mundo não se aqueceu muito desde o milênio. Doze anos é um tempo razoável ... ela [a temperatura] manteve-se praticamente constante, quando deveria ter ido aumentando”. 

Em 2007, a revista “Time” incluiu Lovelock na lista dos 13 líderes e visionários “Heróis do Meio Ambiente”, onde também figuravam Al Gore, Mikhail Gorbachev e Robert Redford.

Interrogado se agora tinha virado um “cético” do aquecimento global, Lovelock respondeu à MSNBC: “Depende do que o Sr. entende por “cético”. Eu não sou um negacionista”.

Ele explicou que ainda acredita que a mudança climática esteja acontecendo, mas que seus efeitos serão sentidos num futuro mais longínquo do que se acreditava. “Teremos o aquecimento global, mas ficou adiado um pouco”, explicou.

“Eu cometi um erro”

Lovelock esclareceu que não se importava em dizer: “Tudo bem, eu cometi um erro”.

Na entrevista, ele insistiu que não tirava uma só palavra de seu livro base “Gaia: um novo olhar dobre a vida na Terra”, publicado em 1979. Mas reconheceu que no livro “A vingança de Gaia”, de 2006, ele tinha ido longe demais falando da Terra superaquecida no fim do século.

– “Eu deveria ter sido um pouco mais cauteloso, porém, teria estragado o livro”, brincou cinicamente.

Militantes ambientalistas só puderam concordar, embora desanimados, com o mea culpa de Lovelock.

Peter Stott, chefe do monitoramento do clima no Met Office Hadley Centre, da Inglaterra, disse que o guru foi alarmista demais prevendo que os homens seriam obrigados a viver no Ártico por causa do “aquecimento global”. Também concordou que o aquecimento dos últimos anos foi menor do que o previsto pelos modelos climáticos.

Keya Chatterjee, diretor internacional de política climática do grupo ambientalista WWF-EUA, disse em comunicado que estava “difícil não se sentir esmagado e ficar derrotista”, e sublinhou que a conversa alarmista não ajuda a convencer as pessoas.

A credibilidade das hipóteses ambientalistas está efetivamente caindo cada vez mais baixo.


Publicado originalmente no blog:


em 29/04/2012.

COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO:

Ah! É assim, é? "Errei, me adescurpem". 

E quem vai arrumar essa merreca ambientalista toda, espalhada como lixo pelo planeta inteiro? Quem vai indenizar os prejuízos? Vai ficar por isso mesmo? Dever-se-ia iniciar um novo período de inquisição. Inquisição nesses cabras da peste! Às fogueiras com todos eles! Teremos bastante CO2 para alimentar as lavouras do planeta, e produzir alimentos para todos! 

Alguém aí ainda tem dúvidas?


Postado no blog Richard Jakubaszko em 29/04/2012

Obs.: Acho que devemos cuidar do planeta e mudar nossos hábitos ruins para
termos mais verde, água e ar mais puros e assim melhorar nossa qualidade de
vida, bem como estaremos preservando a natureza e os animais.