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CONVOCAÇÃO AO PRÊMIO NOBEL DA PAZ ÀS BRIGADAS MÉDICAS CUBANAS HENRY REEVE




"Juro por Apolo Médico, por Esculápio por Higía por Panaceia e por todos os Deuses e Deusas que acato este juramento e que o procurarei cumprir com todas as minhas forças físicas e intelectual,” Não permitirei que considerações sobre idade, doença ou deficiência, crença religiosa, origem étnica, sexo, nacionalidade, filiação política, raça, orientação sexual, estatuto social ou qualquer outro fator se interponham entre o meu dever e o meu paciente;…” – Hipócrates

O reconhecimento do respeito ao ser humano, a entrega para salvar vida, fizeram dos Médicos Cubanos uma referência internacional de solidariedade

A primeira missão médica humanitária, em 1963, foi na Argélia. Cuba em nome da defesa da humanidade se comprometeu a cuidar das populações pobres do planeta. Nascia a solidariedade internacionalista. As missões humanitárias cubanas se estenderam pelos quatro continentes, e apresentam um caráter único.

Em 31 de maio de 1970, Peru, país á margem do pacifico no continente sul americano foi atingido por um terremoto de 7.9 na escala Richter deixando mais de 80.000 mil mortos e milhares de famílias desabrigadas. Mais de 100.000 mil cidadãos cubanos doaram sangue, e uma das 1.as brigadas entre médicos, e agentes sanitaristas aportaram em Ancash. Vale ressaltar, que o Peru não tinha relações diplomáticas com a República de Cuba.

Durante as décadas que se seguiram, Cuba enviou gratuitamente brigadas médicas a diversos países atingidos por catástrofes naturais. Pisco, em 2007, atenderam a 228 mil consultas e realizaram 2.000 mil cirurgias complexas, solidários com as vitimas do terremoto. A participação dos médicos cubanos no Haiti, na crise da Cólera deixou o mundo envergonhado. A luta contra o Ebola na África, a cegueira na América Latina e Caribe. As brigadas estão presentes em mais de 60 países. O contingente internacional de médicos especializados em desastre e grandes epidemias atuam em vinte e quatro países da América Latina e Caribe. Vinte e sete da África subsaariana , dois no Oriente médio, África setentrional, sete da Ásia Oriental, do Pacífico, incluindo Indonésia, México, Republica do Togo, Catar, Kuwait, China, Argélia, Arábia Saudita e África do Sul.

Nasce em 2005, o Contingente Henry Reeve, um jovem americano, saído do Brooklyn, nos Estados Unidos, aos dezenoves anos para ingressar na causa emancipatória cubana e se tornar um general de brigada do Exército de Libertação. O Contingente recebeu este nome pelo Comandante Fidel Castro, em 19 de setembro de 2005.

No Brasil, na década de 1992, a cidade de Niterói deu inicio ao Programa Médico família aos moldes do “Programa Médico família “de Cuba. O Programa funciona há 28 anos nas comunidades carentes com grande êxito e, uma história fabulosa de atendimento domiciliar e hospitalar.

O Programa Mais médico (Medida Provisória 621 publicada no DO, em 08/07/2013 e regulamentada no mesmo ano pela Lei 12.871, após amplo debate público junto à sociedade endossada pelo Congresso Nacional.

Médicos cubanos trabalharam em lugares de pobreza extrema, de alto risco de vida em lugares como favelas do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Minas Gerais, dando ênfase a 34 reservas indígenas, sobretudo na Amazônia.

Trezentos e cinquenta e nove mil pacientes , tem três mil e seiscentos municípios, totalizando 60 milhões de brasileiros, foram atendidos pelos médicos cubanos.

Amplamente reconhecido pelos governos Federal, Estadual, Municipal e principalmente pela população, segundo estudo realizado pelo Ministério da Saúde do Brasil, e a Universidade Federal de Minas Gerais o grau de aceitação entre a população atinge a noventa e cinco por cento.

Diante da grandeza, desinteresse e solidariedade, salvando vidas como objetivo principal, é que pedimos a que seja concedido o Prêmio Nobel da Paz de 2021 ao Contingente Henry Reeve.

Rio de Janeiro, 21 de junho de 2020

Marilia Guimarães
REDH-BRASIL

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As Brigadas Internacionais


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Covid-19



COMBATE AO COVID-19 NO MUNDO












Ladrões de sonhos. Ladrões de vidas.




"A rebelião ambiental dos jovens deverá se constituir no mais importante evento sócio-político da primeira metade do século XXI e se evidenciará como um fato singular na história da humanidade, pois unirá, pela primeira vez, as jovens gerações em torno de uma causa comum planetária, de uma causa comum de toda a humanidade. Greta Thunberg é o símbolo e a encarnação dessa rebelião", constata Aldo Fornazieri

Aldo Fornazieri

O discurso de Greta Thunberg na ONU, no dia 23 de setembro passado, foi o mais importante, o mais contundente e de maior alcance histórico pronunciamento produzido por alguém nestas duas primeiras décadas do século XXI. Ele expressa a síntese de um grito desesperado e de uma rebelião promovidos por milhões de jovens ao redor do planeta que estão perdendo o direito de sonhar, pois este lhes está sendo roubado por todo um sistema predador do mundo, encabeçado pelas elites políticas e econômicas de todos os países. 

Este grito desesperado não tem sons apenas humanos, mas tem sons de todas as espécies, tem o som da biodiversidade, tem o som de vários ecossistemas que já estão sendo destruídos para sempre. É um grito que traz o desespero da vida que queima na Amazônia, da vida que se esvai no fundo dos mares, da vida que é roubada nas periferias das grandes cidades do mundo. 

A rebelião ambiental dos jovens deverá se constituir no mais importante evento sócio-político da primeira metade do século XXI e se evidenciará como um fato singular na história da humanidade, pois unirá, pela primeira vez, as jovens gerações em torno de uma causa comum planetária, de uma causa comum de toda a humanidade. 

Greta Thunberg é o símbolo e a encarnação dessa rebelião. As suas atitudes poderão dar-lhe o Prêmio Nobel da Paz na próxima sexta-feira. Tanto as suas atitudes, quanto o discurso que ela pronunciou na ONU exprimem a inaudita coragem desta jovem, a sua desmedida ousadia. É um contraste avassalador com a mediocridade, a hipocrisia e a decadência das gerações de líderes políticos que proliferam hoje em todos os países. 

Greta Thunberg percebeu todo o alcance da grande tragédia em que toda a humanidade está se afundando. As metas ambientais das Conferências Internacionais e da ONU não estão sendo cumpridas. Por isso, na ONU, ela teve a ousadia de dizer aos líderes políticos que eles são hipócritas, que eles são ladrões de sonhos, que eles são ladrões de vidas: “Vocês roubaram os meus sonhos e a minha infância com suas palavras vazias... E como se atrevem vir aqui e dizer que estão fazendo o suficiente?... Se vocês realmente entendem o que está acontecendo e continuam falhando em agir, vocês são um mal”. 

Poucos líderes políticos pelo mundo afora se salvam dessa dura advertência, dessa jeremiada de Greta. Não foram apenas criminosos ambientais como Trump e Bolsonaro que foram afrontados pelas suas duras recriminações. Hipócritas como Macron e outros líderes também foram desmascarados. Agora não será apenas Jerusalém que estará sob a ameaça de destruição pelos pecados de um povo. Agora é todo o planeta que está em risco pelos pecados de toda a humanidade. Todos nós precisamos nos sentir culpados para que isto impulsione mudanças em nossas atitudes cotidianas e para que isto estimule a nossa indignação e o nosso engajamento na rebelião dos jovens.

A humanidade, principalmente as grandes empresas, o grande capital, não têm o direito de continuarem a exercer uma relação predatória contra os recursos naturais. O grande capital não tem o direito de continuar destruindo as condições de vida na Terra pela sua busca criminosa e insana de lucros. 

A crise ambiental, é certo, é uma crise do modo de produção predatório orientado por objetivos de uma exploração econômica desmesurada que não considera a sustentabilidade dos recursos naturais e nem as consequências sociais e ambientais de sua ação. Mas ela é fruto também de uma concepção errada e destrutiva da relação do homem com a natureza e da relação dos seres humanos entre si. Ela é produto também de uma apropriação brutalmente desigual dos recursos naturais, que sacramenta tanto a desigualdade entre países, quanto a desigualdade dentro de cada país. 

Em face desse modo de produção predatório, as maiores vítimas da crise ambiental e dos efeitos que ela já produz hoje, são os mais pobres, aqueles que moram nas periferias das grandes cidades. De forma crescente essas populações sentirão os efeitos dos desastres ambientais, dos eventos extremos, como enchentes, tempestades, furacões, secas, falta de água, falta de comida etc.. Estudos de modelos e projeções científicas indicam que nos próximos anos aumentará exponencialmente o número de refugiados ambientais, em sua maioria, pobres.

Desta forma, o enfrentamento da crise ambiental tem duas grandes dimensões, dois grandes vértices: 1) a mudança da atitude da humanidade em face do aquecimento ambiental, da degradação do meio ambiente e da necessidade de sustentabilidade; 2) a mudança do sistema econômico e social e do modo de produção, colocando sob foco da crítica e do ataque o capitalismo predatório. Não haverá uma solução adequada para a crise ambiental sem enfrentar o capitalismo predador e seu modo de produção. Há laços inextrincáveis entre a crise ambiental e a crise social e eles precisam ser evidenciados, fazendo com que as duas lutas andem juntas. A luta ambiental precisa ser também uma luta por justiça social, por igualdade. 

Neste sentido, é forçoso dizer que a maior parte das esquerdas precisa se reposicionar diante da crise ambiental. Se Greta Thunberg foi violentamente atacada pela extrema-direita, ela foi também criticada por parcelas da esquerda e ignorada pela maior parte desta. Greta está na frente do seu tempo porque a maioria dos líderes políticos e dos partidos estão no passado. Se líderes como Trump e Bolsonaro são francamente criminosos e predadores ambientais, se a maioria dos líderes políticos de direita e de centro são hipócritas diante da crise ambiental, a maioria dos líderes de esquerda são indiferentes. Por isso, há uma urgência na atualização da pauta e dos programas dos partidos e movimentos de esquerda para que a crise ambiental ocupe um lugar central das preocupações e das ações. 

Não basta mudar propostas e atualizar programas. É preciso mudar também o modelo de liderança. Os grandes desafios, os grandes dramas e as grandes tragédias da humanidade e da sociedade precisam de líderes com um novo perfil, líderes mais ousados, líderes que saibam assumir o risco da desmedida de suas ações, pois as desmedidas das tragédias assim o exigem. 

Os jovens que estão ingressando hoje no ativismo político e social devem perceber que o modelo de liderança de camisas de punhos de renda não serve mais. A adocicada cordialidade parlamentar e a política meramente declaratória não são capazes de responder aos graves desafios de hoje. A grotesca agressividade da extrema-direita não pode ser enfrentada com a lacrimosa repulsa ao ódio e os com apelos infantilizados à civilidade. O mundo em que vivemos é brutal para a grande maioria das pessoas. Ele precisa ser enfrentado por líderes ousados, com ações de desmedida coragem.


 Aldo Fornazieri   Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política (FESPSP)






Lula candidato oficial ao prêmio Nobel da Paz !







O presidente da Bolívia, Evo Morales, usou o Twitter para comemorar e saudar o ex-presidente Lula pela sua indicação para o prêmio Nobel da Paz. 

Na postagem, reproduzida pelo perfil do ex-presidente Lula na rede social, Morales disse "saudar e apoiar a postulação do irmão @LulaOficial ao prêmio Nobel da Paz por sua incansável luta pela democracia, o diálogo e a inclusão social. Lula é um campeão na luta contra a pobreza e a exclusão, com dignidade".

O pleito de Lula ao prêmio máximo da Academia Sueca foi confirmado esta semana. A candidatura de Lula, que é mantido como preso político em Curitiba, recebeu o apoio de mais de 600 mil pessoas em todo o mundo, desde cidadãos comuns até chefes de Estados e ganhadores do prêmio em edições anteriores.


Postado em Brasil 247 em 24/02/2019





Postado em Gustavo Conde em 22/02/2019



Lula merece o Nobel da Paz




Ricardo Stuckert





Leonardo Attuch



Preso há mais de 300 dias, num processo contestado por juristas do Brasil e do mundo, e que teve como consequência prática a definição do resultado eleitoral no Brasil, o ex-presidente Lula foi privado de um direito que não é negado nas democracias modernas nem aos mais perigosos assassinos: o de velar e enterrar um parente próximo. A operação montada para isso, que envolveu as figuras de sempre do Poder Judiciário, evidenciou aos olhos do mundo, a real condição de Lula: a de um preso político, que não pode aparecer, falar ou ser fotografado. Se fosse possível, Lula já teria sido assassinado e exposto em praça pública, tal qual Tiradentes. Mas como vivemos num mundo supostamente civilizado, a ordem é eliminar qualquer vestígio de sua existência, na vã expectativa de que a memória do povo brasileiro seja também apagada.

Alvo de uma perseguição comparável apenas às que foram movidas contra grandes personagens da história, como o capitão Dreyfus, na França, Mahatma Gandhi, na Índia, Nelson Mandela, na África do Sul, e Pepe Mujica, no Uruguai, Lula tem respondido a todas as agressões que partem dessas nossas "instituições que funcionam" com absoluta serenidade. Sem ódio, mas sem nunca perder a dignidade, como demonstrou neste episódio mais recente, em que a proposta oferecida pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, consistia em levar o caixão de seu irmão Vavá a uma base militar, em que Lula poderia encontrar os parentes numa condição segura para o sistema – ou seja, sem imagens e registros de sua voz. Não, o povo brasileiro não pode saber que Lula está vivo. Esta é a mensagem.

Mas por que tanto medo? Lula está sendo silenciado porque representa a lembrança de um tempo em que o Brasil era respeitado no mundo e os brasileiros sentiam-se confiantes e felizes. É também silenciado pelo gigantesco contraste entre sua figura de luz e o aspecto soturno do bolsonarismo – um regime que exalta a morte, é acusado de ligação com milícias e propõe como saída para a insegurança pública que cada brasileiro tenha quatro armas de fogo. Se não bastasse, temos também um ministro que nega a educação superior como direito fundamental e uma ministra suspeita de sequestrar crianças indígenas. Mas é Lula, no entanto, quem está sequestrado.

O medo, porém, é desnecessário. Lula tem demonstrado, na prisão, que sua verdadeira revolução é a resistência pacífica, que o torna vencedor mesmo nos momentos de aparente derrota. Quando violentam as leis e agridem os direitos mais elementares de um cidadão – justamente aquele que é tido como o melhor presidente da história do Brasil – seus agressores apenas revelam ao mundo suas fraquezas, seu pânico e fazem Lula ainda mais forte – o que torna o Nobel da Paz quase inevitável. A se confirmar esse cenário, o que farão seus carrascos?



Postado em Brasil 247 em 01/02/2019



Clique nos links abaixo para ler :






















Davos Annual Meeting 2007 - Luiz Inacio Lula da Silva ( Nota da Editora do blog : Lula discursa em Davos e dá entrevista coletiva se saindo brilhantemente, enquanto o Presidente Bolsonaro não conseguiu falar mais que 6 minutos, lendo algumas fichinhas, e fugiu da entrevista coletiva. O Brasil não merecia tamanho vexame. ) (vídeo)



Enquanto Lula sempre trabalhou por igualde de condições para ricos e pobres, o governo Bolsonaro trabalha contra o povo e a favor do rico ... Ler abaixo.







Assine para Lula Nobel da Paz !




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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou-se com o indiano Kailash Satyarthi, Prêmio Nobel da Paz em 2014. Segundo o Instituto Lula, o ex-presidente foi convidado para integrar um conselho formado por outros vencedores do Prêmio Nobel e também por outros líderes mundiais.

O objetivo do conselho é discutir a erradicação do trabalho infantil e assegurar a garantia dos direitos das crianças em nível mundial. Segundo Satyarthi, os convites foram feitos a pessoas consideradas "vozes morais" importantes.

"Essa voz moral estaria incompleta sem o senhor", disse o indiano. "Você é mais influente agora do que quando era presidente", completou Satyarthi em referência ao trabalho do ex-presidente no combate à fome.







SOMOS TODOS LULA !

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Entre Vistas - Adolfo Pèrez Esquivel









Postado em Rede TVT em 13/03/2018





Mercedes Sosa e León Gieco ( autor da música ) - Sólo le pido a Dios






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Golpe é parte de um projeto de recolonização da América Latina


Guilherme Santos/Sul21: <p>30/04/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Entrevista com o prêmio Nobel da Paz de 1980, argentino Adolfo Pérez Esquivel. Foto: Guilherme Santos/Sul21</p>


Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz em 1980, afirma em entrevista ao portal Sul 21 que esteve no Brasil "para apoiar a democracia, a continuidade constitucional e evitar a consumação de um golpe de Estado"; "Pelo trabalho que realizo, sempre olho para a realidade de um país da América Latina sob a perspectiva de uma visão continental. Não há casualidades em tudo o que está acontecendo agora contra o governo de Dilma. Isso faz parte de um projeto de recolonização continental", avalia.



Marco Weissheimer, Sul 21


Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz em 1980, precisou falar apenas um minuto no Senado brasileiro para sentir de perto a fúria da oposição que busca derrubar a presidenta Dilma Rousseff

O arquiteto e ativista argentino utilizou a palavra “golpe” para definir o que está acontecendo hoje no Brasil, o que levou a oposição a exigir do senador Paulo Paim (PT-RS), que presidia a sessão, a retirada da palavra dos anais da sessão, demanda que acabou atendida. 

“Não falei mais de um minuto. Eles me pediram para que eu fizesse uma saudação e eu expliquei por que estava aqui no Brasil, para apoiar a democracia, a continuidade constitucional e evitar a consumação de um golpe de Estado”, relata Esquivel em entrevista ao Sul21.

Na entrevista, o arquiteto e ativista argentino chama a atenção para o fato de que o que está acontecendo no Brasil não é um ponto fora da curva, mas sim parte de um projeto de recolonização da América Latina capitaneado pelos Estados Unidos

Para Esquivel, não há acasos em tudo o que está acontecendo agora contra o governo de Dilma. “Isso faz parte de um projeto de recolonização continental. Já houve experiências piloto no continente que devem ser lembradas. A metodologia é a mesma. O que aconteceu em Honduras, com a derrubada de Manuel Zelaya, e depois no Paraguai, contra o governo de Fernando Lugo, foram ensaios de golpes de Estado de um novo tipo”, sustenta.

“Esse projeto”, acrescenta, tem como objetivos estratégicos o controle dos nossos recursos naturais e, como já disse Michel Temer, a privatização das empresas estatais”. “Esse é o objetivo do golpe de Estado. Caso ele se consume, o país terá um governo com essa agenda que não foi eleito pelo povo”.

Sul21: Como o senhor avalia a situação política que o Brasil vive hoje, em especial a tentativa de derrubada do governo da presidente Dilma Rousseff?

Adolfo Pérez Esquivel: Pelo trabalho que realizo, sempre olho para a realidade de um país da América Latina sob a perspectiva de uma visão continental. Não há casualidades em tudo o que está acontecendo agora contra o governo de Dilma. Isso faz parte de um projeto de recolonização continental. Já houve experiências piloto no continente que devem ser lembradas.

A metodologia é a mesma. O que aconteceu em Honduras, com a derrubada de Manuel Zelaya, e depois no Paraguai, contra o governo de Fernando Lugo, foram ensaios de golpes de Estado de um novo tipo. Golpes de Estado que não necessitam dos exércitos. Basta ter os meios de comunicação, alguns juízes e dirigentes políticos da oposição para provocar a desestabilização de um governo.

O que me assombra é que tenham escolhido o Brasil, um país líder no continente, para aplicar esse modelo de golpe. É o mesmo procedimento dos ensaios realizados anteriormente: o uso massivo dos meios de comunicação para alimentar um processo de desprestígio por meio de uma série de acusações, a cumplicidade de alguns juízes, como é o exemplo de Sérgio Moro, que chegou a vazar escutas telefônicas privadas envolvendo o ex-presidente Lula e a própria presidente da República.

O que Dilma fez de errado, afinal, para justificar um impeachment? Ela utilizou procedimentos que outros governos anteriores também aplicaram e não sofreram nenhum tipo de sanção por isso. Contra Dilma, bastou isso para justificar um pedido de impeachment. Isso é, abertamente, um golpe de Estado brando. Há alguns dias, disse isso no Senado brasileiro e houve um escândalo. Não falei mais de um minuto…

Sul21: E pediram para retirar a palavra “golpe” das atas do Senado relativas ao seu pronunciamento…

Adolfo Pérez Esquivel: Sim. Eles me pediram para que eu fizesse uma saudação e eu expliquei por que estava aqui no Brasil, para apoiar a democracia, a continuidade constitucional e evitar a consumação de um golpe de Estado. Bastou isso para provocar uma situação conflitiva. Mas é preciso fazer uma leitura mais profunda sobre o que está acontecendo no Brasil. Essa leitura para além da superfície tem a ver com o projeto em curso de recolonização do continente. Esse projeto tem alguns objetivos estratégicos: o controle dos nossos recursos naturais e, como já disse Michel Temer, a privatização das empresas estatais. Esse é o objetivo do golpe de Estado.

Caso ele se consuma, o país terá um governo que não foi eleito pelo povo, que ficará marginalizado da ação democrática. Como ocorreu em Honduras e no Paraguai, isso terá como consequência uma forte repressão aos movimentos sociais. Essa é a lógica da imposição de uma política regressiva: provocar situações de conflitos sociais e usar a forma repressiva para conter esses conflitos. Já há uma lei antiterrorista aprovada pelo Congresso, como aconteceu em quase todos os países.

Há uma diferença entre o que está acontecendo no Brasil e o que vemos hoje na Argentina, onde a direita chegou ao governo por meio de eleições livres. Ganhou por muito pouco, mas ganhou e está legitimada pelo voto. Nos primeiros quatro meses de governo, Macri levantou impostos que eram cobrados de empresas mineradoras e de latifundiários, entre outras medidas. O Observatório Social da Universidade Católica Argentina registrou que, neste período, o país já tem um milhão e quatrocentos mil de pobres a mais e cem mil desempregados a mais. Isso em quatro meses apenas.

Sul21: Na sua avaliação, esse projeto de recolonização tem os Estados Unidos como centro de origem e de articulação?

Adolfo Pérez Esquivel: Sim, é uma política dos Estados Unidos, que nunca abriu mão de seu objetivo de ter a América Latina como seu quintal. 

A política norte-americana nos golpes em Honduras e no Paraguai ficou muito clara. É preciso ter em mente que os Estados Unidos e também a Europa estão esgotando seus recursos e necessitam dos recursos naturais de nossos países, incluindo recursos minerais estratégicos e os recursos do Aquífero Guarani, uma das grandes reservas mundiais de água, um bem cada vez mais escasso. Então, não são pequenos os interesses dos Estados Unidos na região. Não é por outra razão que eles mantém bases militares na América Latina.

Se olharmos para a história recente da América Latina, houve outras tentativas de golpe de Estado no Equador, na Bolívia e na Venezuela que vive uma situação crítica, onde a posição ganhou o Parlamento e o governo de Nicolas Maduro está muito debilitado, com graves problemas econômicos, fundamentalmente causados pela queda do preço do petróleo, base da economia venezuelana. Então, as tentativas de golpe de Estado na América Latina não terminaram. Houve algumas muito violentas, com muitas mortes, como a que ocorreu no massacre de Pando, na Bolívia. No Equador, tivemos uma tentativa de golpe disfarçada de uma mobilização salarial da polícia. Era uma tentativa de golpe de Estado contra Rafael Correa. Esse é o panorama que temos hoje na região. Teríamos que falar ainda de Haiti, Guatemala, El Salvador e Honduras onde ocorreu uma repressão brutal, com mortes como a de Berta Caceres, uma dirigente do povo Lenca com a qual trabalhamos em Honduras.

Sul21: Voltando um pouco à situação da Argentina, nos primeiros meses do governo Macri houve também um aumento da repressão aos movimentos sociais e um dos principais símbolos disso foi a prisão de Milagro Sala. Qual é o cenário atual desse quadro de repressão e violação de direitos?

Adolfo Pérez Esquivel: Milagro Sala é uma presa política. Ela foi presa por conta de um protesto social organizado por cooperativas e pelo grupo Tupac Amaru. Nós fomos visitá-la na prisão, na província de Jujuy, cerca de 1.500 quilômetros de Buenos Aires. Falamos também com o governador de Jujuy, Ruben Gerardo Morales. Após a prisão de Milagro Sala começaram a surgir uma série de outras acusações contra ela, envolvendo denúncias de corrupção e outras coisas. Mas ela foi condenada antes de ser julgada. Ela é uma presa política já há quatro meses e nós cobramos isso do governador. Houve também uma forte repressão policial em Buenos Aires e em outros lugares contra protestos de trabalhadores.

O governo Macri vai avançando em suas políticas neoliberais. Até agora, não falou abertamente sobre isso, mas planeja a privatização de empresas do Estado.

Macri também está fazendo um acordo com os fundos abutres para o pagamento de uma dívida externa imoral e ilegítima. Aí temos um problema que vem dos governos anteriores que não fizeram uma auditoria para determinar o que é dívida legítima e o que não é. Agora, Macri necessita de recursos para enfrentar a situação do país e está tentando obter empréstimos com altas taxas de juro. Os orçamentos para educação e políticas sociais sofreram grandes cortes e as obras do Estado estão paralisadas. As universidades também sofreram um drástico corte orçamentário. De modo geral, elas têm recursos para pagar os salários do mês de junho e depois não se sabe como será.

Sul21: Diante desse cenário de avanço conservador, qual é, na sua opinião, a capacidade de reação dos movimentos sociais e do movimento sindical na Argentina, no Brasil e em outros países da América Latina? Há força suficiente para resistir a esse projeto de recolonização?

Adolfo Pérez Esquivel: Os movimentos sociais estão muito fragmentados e isso coloca-os em uma forte situação de debilidade. Não há coesão ou força integradora entre eles. 

No caso da Argentina e de outros países da América Latina, a política de direitos humanos também enfrenta sérias dificuldades já há algum tempo. 

Esse projeto de recolonização terá um impacto negativo muito grande para a população, especialmente para os setores mais carentes. Há uma cláusula democrática dentro de organismos regionais como Mercosul e Unasul, que já foi aplicada ao Paraguai por ocasião do golpe contra Lugo. O Paraguai foi suspenso desses blocos regionais. Não sei se isso vai acontecer com o Brasil. Se, do golpe, surgir um governo Temer penso que ele terá o reconhecimento ao menos dos Estados Unidos e da Argentina. Na Argentina, o governo Macri está rechaçando os acordos regionais.

Sul21: Aqui no Brasil, estamos assistindo à emergência de grupos de direita e mesmo de extrema direita, com traços fascistas, que contam inclusive com representação parlamentar como é o caso do deputado Bolsonaro que, recentemente, voltou a fazer apologia de torturadores. Esse fenômeno também está ocorrendo na Argentina ou em outros países da região? Até que ponto, essa emergência preocupa?

Adolfo Pérez Esquivel: Na Argentina, isso não é muito evidente. Houve editoriais apoiando a ditadura, como o publicado pelo jornal La Nación no dia seguinte à posse de Macri, defendendo a libertação de militares condenados por crimes na ditadura. Há grupos de direita, mas, neste momento, como estão praticamente no governo, não se manifestam publicamente. Isso não significa que não existam. 

Aqui no Brasil me chama muito a atenção o fato de um deputado ter feito a defesa de um torturador. Isso é a apologia de um crime, um delito. Não sei como vão tratar isso, pois os deputados têm foro privilegiado. A questão importante é se haverá unidade dos movimentos sociais e populares para enfrentar essa situação.

Sul21: O senhor acompanha a situação dos direitos humanos na América Latina há muitos anos. Após um ciclo de ditaduras houve um período de redemocratização e uma ascensão de governos de esquerda e progressistas na região. Agora, parece que estamos entrando mais uma vez em um período conservador com regressão no campo dos direitos. Parece que parcelas importantes das sociedades latino-americanas abrem mão muito facilmente de direitos. Como avalia a situação atual após um período em que ocorreram importantes avanços na área dos direitos humanos e sociais?

Adolfo Pérez Esquivel: Neste último período, nós acompanhamos com preocupação a situação dos direitos humanos mesmo em governos democráticos. Há governos que não têm políticas repressivas, mas há como que uma base já institucionalizada. 

Em muitos países, as torturas em prisões e delegacias de polícia, por exemplo, continuam até o dia de hoje. Na Argentina, esse problema é tremendo. Nós fizemos um trabalho de monitoramento da situação em prisões e delegacias. No ano passado registramos mais de 100 mil casos de tortura em 50 instituições penitenciárias. Não são políticas de Estado, mas sim mecanismos e práticas que seguiram vivas nas forças de segurança e que seguem vigentes.

Os direitos humanos seguem sendo violados porque há impunidade jurídica. Quem viola os direitos humanos sempre é o Estado. Fora disso, há os delitos que devem ser enquadrados na legislação vigente. A situação dos direitos humanos, considerados em sua integralidade, é preocupante em muitos países. Não estou falando apenas de torturas ou mortes, mas também de problemas ambientais, dos agrotóxicos, do impacto das grandes mineradoras. Há casos como o do Chile, onde a lei antiterrorista foi aplicada contra o povo mapuche.

Direitos humanos e democracia são valores indivisíveis. Se os direitos humanos são violados, a democracia se debilita. Estamos trabalhando para tentar uma mudança de comportamento e de mentalidade, mas há muitas consciências armadas com práticas repressivas.

Antes de vir ao Brasil, estivemos no México, país que tem mais desaparecidos que a Argentina na época da ditadura, com governos constitucionais. Em Cidade Juarez, até sairmos de lá, havia a marca de 1.500 mulheres assassinadas por feminicídios. Estamos falando da fronteira com os Estados Unidos. No estado de Guerrero, temos o caso dos 43 estudantes que desapareceram e sobre os quais não há notícia até hoje. Passou um ano e meio e não se sabe absolutamente nada do paradeiro de 43 estudantes. Não estamos falando de uma ditadura.

No México, nos reunimos com o presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos e ele nos relatou as muitas dificuldades enfrentadas para avançar nas investigações sobre casos de violações de direitos naquele país. Há uma situação de terror muito grande. Tanto é assim que o governo dos Estados Unidos emitiu um comunicado recomendando aos turistas norte-americanos para que não viajem ao estado de Guerrero, em especial para Acapulco. Estivemos em Acapulco e os hotéis estão vazios. Claro que, no caso do México, penetrou com muita força o problema da droga, dos carteis do narcotráfico. 

Uma coisa que nós podemos comprovar na América Latina é que as guerras, hoje, são financiadas com a droga. Isso está acontecendo agora no Oriente Médio também. As guerras têm que ser financiadas de algum modo e estão sendo pelas drogas. Por isso, elas não vão desaparecer tão facilmente assim. O narcotráfico está desempenhando um papel sumamente importante hoje na economia das guerras.

Então, quando falamos da realidade da América Latina hoje supomos que todos os governos são democráticos, mas isso não é assim. Veja o caso da Colômbia também, onde agora está prestes a ser assinado um acordo de paz com as FARC. Mas o problema da Colômbia não se resume à relação entre as FARC e o governo de Santos. São quase 60 anos de guerrilha, mas também de narcotráfico, de grupos paramilitares e parapoliciais. O panorama do continente é muito complexo.

Sul21: O senhor está pessimista em relação ao futuro?

Adolfo Pérez Esquivel: Eu sempre digo que sou um pessimista esperançoso. Eu não penso que não há saída para todos esses problemas. Sempre há saídas e possibilidades de mudança, desde que o povo se una.

Na América Latina, as esquerdas estão divididas. A direita tem dificuldades, mas não está dividida porque tem objetivos claros. Mas as esquerdas estão muito divididas na Argentina, no Brasil, em qualquer país. Assim, é difícil construir frentes que possam oferecer alternativas a essa situação da qual falamos. Se o golpe se consumar aqui no Brasil o que vai ocorrer com a população? Estamos aqui acompanhados de movimentos sociais e de grupos comprometidos com a defesa da democracia, mas qual é a força real que têm?

O que me preocupa, no caso do Brasil, são as possíveis repercussões em todo o continente e no mundo inteiro. O Brasil é um país líder, com uma presença importante não só na América Latina. 

Para mim, com tudo o que escutei nestes dias, me parece que o afastamento de Dilma já é praticamente um fato consumado, a não ser que, de última hora, a situação atual possa ser revertida. Mas não é para se desesperar. Sempre há possibilidades de mudanças. 

O fato é que os Estados Unidos seguem trabalhando pela recolonização da região pois necessitam dos recursos deste continente.

Já devastaram a África, que não é um continente pobre, mas é um continente empobrecido. A África tem grandes recursos que estão sendo explorados por grandes corporações. 

Eu participei de uma comissão de investigação sobre a África do Sul e a Namíbia. Durante os oito meses que durou a comissão creio que não dormi em função do que vi, os indicadores de pobreza, o saqueio sem piedade dos recursos destes países. Levamos o resultado dessa investigação à Assembleia Geral das Nações Unidas, onde foram aprovadas sanções que não foram cumpridas.


Postado no Brasil 247 em 02/05/2016