Mostrando postagens com marcador Juremir Machado da Silva. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Juremir Machado da Silva. Mostrar todas as postagens

Os culpados . . .

 




Os culpados . . .

 




Vereador dá aula de história em Porto Alegre ao se negar a cantar “ hino racista ” do Rio Grande do Sul




A vereadora Comandante Nádia tentou passar uma descompostura em seu colega da bancada negra do PSOL e ouviu uma aula.



O vereador Matheus Gomes, da bancada negra do PSOL de Porto Alegre, deu uma aula de história à sua colega, a vereadora Comandante Nádia, durante a posse, nesta sexta-feira (1º), sobre o conteúdo racista do Hino do Rio Grande do Sul.

A vereadora tentou passar uma descompostura em Matheus e seus colegas de bancada que não se levantaram durante a execução do hino. O vereador pediu uma questão de ordem e afirmou:

“Nós, como bancada negra, pela primeira vez na história da Câmara de Vereadores, talvez a maioria daqui que já exerceram outros mandatos não estejam acostumados com a nossa presença, não temos obrigação nenhuma de cantar um verso que diz: ‘povo que não tem virtude acaba por ser escravo’”, disse.

Matheus disse ainda ser historiador, “faço mestrado na UFRGS, a nossa instituição, a Universidade Federal, é uma das mais importantes do nosso estado, fruto da luta de muitos de nós aqui, já reconhece a não obrigatoriedade das pessoas terem que tocar o hino devido a esse conteúdo racista dele em solenidades oficiais e acho que seria muito importante a Câmara de Porto Alegre também começar a se perguntar sobe esse tema”.

Ao final, o vereador completou: “Nós não temos obrigação disso e nós precisamos fazer um movimento na sociedade pra reverter a existência de uma frase de cunho racista no Hino do Rio Grande do Sul”.











A presença de pessoas negras multiplicou por cinco. Enquanto em 2016, apenas um candidato negro foi eleito, o já falecido Tarciso Flecha Negra, agora em 2020 foram cinco pessoas negras eleitas. Além de Karen Santos (PSOL), conquistaram assento na Câmara o jovem Matheus Gomes (PSOL), Laura Sito (PT), Bruna Rodrigues (PCdoB) e Daiana Santos (PCdoB).





Vereador dá aula de história em Porto Alegre ao se negar a cantar “ hino racista ” do Rio Grande do Sul




A vereadora Comandante Nádia tentou passar uma descompostura em seu colega da bancada negra do PSOL e ouviu uma aula.



O vereador Matheus Gomes, da bancada negra do PSOL de Porto Alegre, deu uma aula de história à sua colega, a vereadora Comandante Nádia, durante a posse, nesta sexta-feira (1º), sobre o conteúdo racista do Hino do Rio Grande do Sul.

Suave é a noite


SUAVE É A NOITE












Suave é a noite


SUAVE É A NOITE












Novo mundo


Viva a vida pós-pandemia! - ANF - Agência de Notícias das Favelas |





Novo mundo


Viva a vida pós-pandemia! - ANF - Agência de Notícias das Favelas |





Quando foi que nos ferramos ?







Quando foi que nos ferramos ?







Derrubai o infame, derrubai o idiota


Estadão, Folha e O Globo apontam possível queda de Bolsonaro ...


Juremir Machado da Silva

O vídeo da reunião ministerial de 22 de abril provou o que já se sabia: um bando de desvairados comanda o país. Talvez nunca um governo tenha reunido tantos mentecaptos numa mesma equipe. Difícil saber quem é o mais destrambelhado. 

Entre palavrões, bravatas, ameaças e projetos devastadores para o país, como o defendido por Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, de “passar a boiada” enquanto a mídia fala do coronavírus, viu-se um filme de horror no qual Paulo Guedes desempenha o papel de vampiro. O governo protagonizou um espetáculo pornô.

Jair Bolsonaro sempre foi uma piada de mau gosto. Despreparado, tosco, pronto a abraçar as piores causas, amigo dos preconceitos, admirador de torturador e de ditadores, ele brilhou pelo obscurantismo ao longo de sete mandatos de mediocridade incontestável. 

Elegeu-se presidente da República por ser o homem errado na hora errada, que é uma forma perversa de oportunidade e de dar certo por um momento, o que lhe possibilitou concentrar o ressentimento mais baixo, a cegueira ideológica, o antipetismo disfarçado de combate à corrupção, o messianismo sob medida da Lava Jato, o lado mais vil do mercado e a desforra dos indignados com políticas de inclusão social, tudo isso embalado numa velha e ridícula fórmula, a luta contra o comunismo.

Passados menos de dois anos, Jair Bolsonaro já faz certamente o pior governo da história do Brasil. 

Entrega a Amazônia aos seus devastadores, ignora os perigos do coronavírus, deseduca a população promovendo aglomerações e deslegitimando o necessário isolamento social para frear a expansão da pandemia no país, mostra a sua imensa ignorância demitindo médicos que, em nome da ciência, discordam das suas panaceias, como o uso da cloroquina, participa de eventos que pregam a ruptura institucional, o fechamento do STF e do Congresso Nacional, tem a família atolada em escândalos como a da “rachadinha” de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, tenta aparelhar instituições, como denunciou o agora ex-ministro Sérgio Moro, coloca interesses pessoais acima dos interesses nacionais, como quando quis nomear o filho fritador de hambúrguer embaixador nos Estados Unidos e não se constrangeu em dizer que daria filé mignon aos seus pimpolhos.

Simplório, Bolsonaro argumenta no estágio pré-lógico. Se lhe dizem que não pode indicar um amigo para um cargo, tendo essa credencial como decisiva, para não ferir o princípio da impessoalidade, pergunta com ar falsamente cândido algo deste gênero: “Tenho então de indicar um inimigo?”

O capitão não tem competência administrativa, não tem cultura política, não possui espírito de liderança, não sabe negociar, agregar ou conduzir pessoas. A sua única qualidade é a capacidade para polarizar e conectar os ressentidos e os oportunistas. Não lhe interessa construir nem pacificar. A sua força vem da destruição.

Na sua lógica tribal, governa para os seus, para a sua família, para os que com ele se propõem a esquartejar a nação. Só uma crise profunda de descrédito na política pode tornar um Bolsonaro presidente de um país. Havia nomes menos piores. Quis-se o extremo.

Como se fosse para ilustrar uma tese, Bolsonaro exemplifica as distorções da democracia. Eleito pelo voto popular, sonha com um autogolpe e povoa o seu ministério com militares ativos e inativos. 

Comete um crime de responsabilidade por semana. Está blindado pelos interesses do mercado. Para não cair, começou a distribuir cargos para o Centrão, reeditando a velha política que dizia combater. 

Morrer abraçado com Bolsonaro é uma loucura que pesquisadores levarão décadas para explicar. 

Só resta implorar, ecoando um grande pensador, polemista e intelectual de todos conhecido: derrubai o infame, derrubai o idiota.




Derrubai o infame, derrubai o idiota


Estadão, Folha e O Globo apontam possível queda de Bolsonaro ...


Juremir Machado da Silva

O vídeo da reunião ministerial de 22 de abril provou o que já se sabia: um bando de desvairados comanda o país. Talvez nunca um governo tenha reunido tantos mentecaptos numa mesma equipe. Difícil saber quem é o mais destrambelhado. 

Entre palavrões, bravatas, ameaças e projetos devastadores para o país, como o defendido por Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, de “passar a boiada” enquanto a mídia fala do coronavírus, viu-se um filme de horror no qual Paulo Guedes desempenha o papel de vampiro. O governo protagonizou um espetáculo pornô.

Jair Bolsonaro sempre foi uma piada de mau gosto. Despreparado, tosco, pronto a abraçar as piores causas, amigo dos preconceitos, admirador de torturador e de ditadores, ele brilhou pelo obscurantismo ao longo de sete mandatos de mediocridade incontestável. 

Elegeu-se presidente da República por ser o homem errado na hora errada, que é uma forma perversa de oportunidade e de dar certo por um momento, o que lhe possibilitou concentrar o ressentimento mais baixo, a cegueira ideológica, o antipetismo disfarçado de combate à corrupção, o messianismo sob medida da Lava Jato, o lado mais vil do mercado e a desforra dos indignados com políticas de inclusão social, tudo isso embalado numa velha e ridícula fórmula, a luta contra o comunismo.

Passados menos de dois anos, Jair Bolsonaro já faz certamente o pior governo da história do Brasil. 

Entrega a Amazônia aos seus devastadores, ignora os perigos do coronavírus, deseduca a população promovendo aglomerações e deslegitimando o necessário isolamento social para frear a expansão da pandemia no país, mostra a sua imensa ignorância demitindo médicos que, em nome da ciência, discordam das suas panaceias, como o uso da cloroquina, participa de eventos que pregam a ruptura institucional, o fechamento do STF e do Congresso Nacional, tem a família atolada em escândalos como a da “rachadinha” de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, tenta aparelhar instituições, como denunciou o agora ex-ministro Sérgio Moro, coloca interesses pessoais acima dos interesses nacionais, como quando quis nomear o filho fritador de hambúrguer embaixador nos Estados Unidos e não se constrangeu em dizer que daria filé mignon aos seus pimpolhos.

Simplório, Bolsonaro argumenta no estágio pré-lógico. Se lhe dizem que não pode indicar um amigo para um cargo, tendo essa credencial como decisiva, para não ferir o princípio da impessoalidade, pergunta com ar falsamente cândido algo deste gênero: “Tenho então de indicar um inimigo?”

O capitão não tem competência administrativa, não tem cultura política, não possui espírito de liderança, não sabe negociar, agregar ou conduzir pessoas. A sua única qualidade é a capacidade para polarizar e conectar os ressentidos e os oportunistas. Não lhe interessa construir nem pacificar. A sua força vem da destruição.

Na sua lógica tribal, governa para os seus, para a sua família, para os que com ele se propõem a esquartejar a nação. Só uma crise profunda de descrédito na política pode tornar um Bolsonaro presidente de um país. Havia nomes menos piores. Quis-se o extremo.

Como se fosse para ilustrar uma tese, Bolsonaro exemplifica as distorções da democracia. Eleito pelo voto popular, sonha com um autogolpe e povoa o seu ministério com militares ativos e inativos. 

Comete um crime de responsabilidade por semana. Está blindado pelos interesses do mercado. Para não cair, começou a distribuir cargos para o Centrão, reeditando a velha política que dizia combater. 

Morrer abraçado com Bolsonaro é uma loucura que pesquisadores levarão décadas para explicar. 

Só resta implorar, ecoando um grande pensador, polemista e intelectual de todos conhecido: derrubai o infame, derrubai o idiota.




Somos solidários ? Crônica e comentário de leitor


Resultado de imagem para solidariedade



Juremir Machado da Silva

Um cachorrinho entrou na ambulância para acompanhar o dono. Um desempregado enfrentou um pitbull para salvar uma criança. Pessoas servem refeições sob os viadutos para moradores em situações de rua. Uma mulher faz protesto solitário contra os bilhões destinados ao fundo eleitoral que alimentará campanhas políticas cheias de truques publicitários. Como é a vida nestes tempos trepidantes e tecnológicos?

Estávamos em Santa Catarina numa linda pequena praia numa zona de proteção ambiental. Ao final da tarde, conseguimos, contra todas as expectativas, um Uber para ir a uma praia vizinha com uma faixa de areia maior para caminhar. O motorista não podia nos esperar para o retorno. Tentamos obter um carro de aplicativo até que os celulares começaram a sinalizar que ficariam sem bateria. Era um bairro fashion de imensas casas, carros poderosos e muita gente nas ruas, mas nada de bares, salvo uma padaria. A estrada de volta para a nossa praia, cheia de curvas, não tinha acostamento. Era um convite para um acidente.

Táxis não havia. A noite caía no último dia do ano. Parou uma camionete. Fui conversar com o motorista. Ele disse que estávamos na mesma pousada, a uns 15 minutos de carro dali, mas que não podia nos levar por ter pressa de chegar a uma festa, a uns 15 minutos na direção contrária, onde passaria a noite. Tratei de mostrar-lhe que entendia perfeitamente a situação. A pousada não tinha carro disponível que soubéssemos. Ainda assim, se nada rolasse, ligaríamos para pedir resgate. Tão perto e tão longe. Meu celular se apagou. O da Cláudia ainda resistia. Surgiu, então, a esposa do homem da camionete. Ela saía da padaria com as últimas encomendas para a festa. Ficou constrangida com a nossa situação. Quando já se preparavam para sair, ela nos acenou com um papel: o telefone de um senhor que fazia corridas na região.

Ligamos. O homem que atendeu nos prometeu aparecer em 40 minutos. Será que viria? Enquanto esperávamos, sentados na calçada, víamos gente passar. Ninguém parecia nos notar. Comecei a me sentir profundamente infeliz. Refletia: eu teria levado aquele homem à pousada se fosse eu a estar de carro e ele a procurar uma saída para a bobagem em que se metera? É fácil acusar o egoísmo alheio quando se está em apuros. Faltando dez minutos, usamos o último restinho de bateria para conferir com Seu Antônio se, de fato, ele viria. Confirmou. No máximo em 20 minutos. Passaria por nós, acenaria, seguiria na direção oposta com passageiros e voltaria para nos pegar. Assim aconteceu. Precisamente.

O nosso problema era tão pequeno. Mesmo assim, desagradável. Como teríamos resolvido se o desconhecido Seu Antônio, fazendo corridas havia apenas 15 dias, não fosse um homem de palavra, que queria, além de tudo, apenas 20 reais pela viagem? Aprendi algumas pequenas coisas: não confiar cegamente na sorte e em aplicativos, ter fé nos homens simples, negociar melhor a volta quando a ida já é duvidosa. Uma coisa ainda não resolvi: eu teria voltado para deixar o outro na pousada?

*

Pelotas, 13 de janeiro 2020.

Caro Juremir, lendo a tua crônica de hoje no Correio do Povo, ao final respondi: - eu teria voltado. Teria mesmo? E nesse momento saltou de um escaninho da memória uma lembrança que estava esquecida. Década de 80, eu, jovem Veterinário, trabalhava na Cooperativa de Lãs de Santa Vitória do Palmar, e quase sempre me deslocava ao interior do município para dar atendimento aos associados nas suas diversas demandas que se relacionavam à área animal. De modo geral, retornava à sede do município ao final da tarde ou ao cair da noite. Nesse dia, de um verão calorento, já de noite, voltava cansado, trabalhara o dia inteiro perto da Ramada, distante uns 40 km da sede municipal, ansiando pela chegada em casa, mas tendo que ainda deixar o carro e meu equipamento veterinário na Cooperativa, vejo na estrada de chão, um carro parado, capô levantado e dois homens debruçados sobre o motor. Instantaneamente paro o meu carro na intenção de oferecer ajuda, repetindo uma ação muitas vezes realizada pelo meu pai. Desço, converso, o carro estava com algum defeito mecânico, o calor era insuportável, uma nuvem de mosquitos famintos nos cercava, olho para o interior do veículo, um chevete, vidros fechados, lá dentro duas mulheres e três crianças, uma de colo, trancadas por causa dos mosquitos, mas sufocando pelo calor!

- Como posso ajudar? Um deles me responde: - já está vindo alguém para rebocar o carro, mas vai demorar, se o Sr. pudesse levar as mulheres e as crianças de volta prá Ramada, nós moramos ali, seria de muita valia.

Eu usava um fusca, 1300, cinza, pneu lameiro, que Santa Vitória quando chove torna-se quase um banhado, e o banco traseiro era totalmente ocupado por uma caixa de metal, que até hoje me acompanha, com todo meu material de trabalho (material cirúrgico, medicamentos, seringas e agulhas descartáveis, material para necropsia, etc...).

Suspirei, - Sem problemas. Descarreguei a caixa, a deixei ao lado do chevete, sobre a areia da estrada. As mulheres e crianças, agradecidas, embarcaram no fusquinha, manobrei o carro e dei de volta, agora chato, pertinho do chão. Entre 20 e 30 km de retorno, deixei a turma em casa, voltei ao chevete, o auxílio ainda não havia chegado, mas chegaria em breve, carreguei minha caixa, despedi—me das pessoas e rumei para o meu destino.

Cheguei em casa noite alta, cansado, mas sentindo aquela sensação de dever cumprido. Meu pai teria feito a mesma coisa, era uma benção tê-lo como exemplo.

Sim, Juremir, eu teria voltado.

Paulo Ricardo Centeno Rodrigues









A vida depois da doença


Feira do Livro: Por que não falar em doença? questiona o Dr. Lucchese em seu novo livro. “Segunda chance – A vida depois da doença” tem sessão de autógrafos nesta terça-feira

A segunda chance segundo Fernando Lucchese



Juremir Machado da Silva


Quem não conhece o dr. Fernando Lucchese? Craque do coração, cardiologista de renome, ele é também autor de livros de sucesso. Acabei de ler o seu “Segunda chance, a vida depois da doença” (L&PM). Que belo livro! Com um texto leve e cativante, Lucchese descreve o que a doença faz com a gente e como alguns conseguem melhorar (ficar curados e melhores). Eu diria que quem anda por volta dos 60 anos de idade não pode deixar de ler esse relato de experiências de um médico consagrado e suas sábias interpretações do comportamento humano. A doença transforma arrogantes em humildes, colossos em seres frágeis.

Há os que nunca vão ao médico e os que só pensam em doenças. Há os que se acham imortais e os que fazem da própria doença uma razão de viver. Há os que morrem sem ter vivido e os que só despertam para a vida quando olham nos olhos da morte. Há os que não se cuidam por só cuidarem da agenda e há os que se desesperam quando a doença chega por ter de cancelar a agenda. A grande sacada, quando a doença bate à porta, sugere Fernando Lucchese, é darwiniana: “Só sobrevivem os que se adaptam”. Passa-se da surpresa à revolta e desta ao medo de morrer. Depois, vencido o primeiro tranco, surgem adaptação, aceitação e esperança. O autor aborda as reações dos pacientes e os procedimentos dos médicos, que não podem dar garantias nem eliminar imprevistos.

Doença não salva casamento em crise. Mas pode dar uma chance de reinventar a vida. Lucchese mapeia: “Após diagnosticada a doença, as reações individuais são as mais variadas. Há os que simplesmente negam e seguem tocando a vida. Às vezes correm perigo por não levar a sério as recomendações dos médicos. Há outros que passam a viver em função da doença. Param completamente a vida e declaram-se doentes”. Como encontrar forças para continuar? Como não mergulhar na autocomiseração? Existe um doente ideal? Segundo Lucchese, “o doente ideal é aquele que aprende com a doença. Tira do infortúnio as lições necessárias para continuar a vida evitando a recaída ou outras doenças”. O melhor caminho para a segunda chance é o estilo de vida.

Na equação do dr. Lucchese estilo de vida = saúde = felicidade = longevidade. Isso passa por alimentação, filosofia de vida, percepção da nossa finitude e busca de equilíbrio: “Os inteligentes e os espertos se adaptam e apostam na quantidade de vida que têm pela frente. E buscam qualidade no tempo que resta”. Com humor, Lucchese ilustra as situações. Um produtor rural idoso apaixonou-se pela jovem cuidadora. Preocupados com perdas na herança, os filhos avisavam que ela só queria o dinheiro dele, que, maroto, respondia: “E eu tenho!”

Velhice não é doença, mas traz doenças com ela. Precisamos manter viva a criança que nos habita: “Definitivamente, crianças são melhores do que os adultos que delas são gerados. Talvez por isso as crianças sempre estão preparadas para uma segunda chance após tratada a doença. Adultos nem sempre estão”. “Segunda chance”, de Fernando Lucchese, é uma primeira oportunidade de lidar com o inevitável.


Bolsonaro é um imaginário . . .


Dir.: Marcelo Camargo - ABR


BOLSONARO NÃO É UM CANDIDATO COMO 

OUTRO QUALQUER. 

 É UM IMAGINÁRIO, DIZ PESQUISADOR




Rio Grande do Sul 247 - Professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUC-RS, Juremir Machado da Silva afirma que o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) "não é um candidato como outro qualquer".


"É pior. Ele é um imaginário, uma mentalidade, uma visão de mundo. O seu método de leitura do que acontece na vida é a simplificação. Torna o complexo falsamente simples por meio de uma redução a zero dos fatores que adensam qualquer situação. Se há violência contra os cidadãos, que cada um receba armas para se defender. Se há impunidade, que a justiça seja sumária e sem muitos recursos. Se há bandidos nas ruas, que a polícia possa matá-los sem que as condições de cada morte sejam examinadas. Se há corrupção, que não se perca tempos com processos", acrescenta.

De acordo com o docente, "Bolsonaro encarna o pensamento do homem medíocre, o homem mediano que não assimila explicações baseadas em causas múltiplas. Se há miséria, a culpa é da preguiça dos miseráveis". "Se há crime, a culpa é sempre da má índole. Se há manifestações, é por falta de ordem. A sua filosofia por excelência é o preconceito em tom de indignação moral, moralista. A sua solução ideal para os conflitos é a repressão, a cadeia, o cassetete", continua.

"Bolsonaro corporifica o imaginário do macho branco autoritário que odeia o politicamente correto e denuncia uma suposta dominação do mundo pelos homossexuais. É o cara que, com pretensa convicção amparada em evidências jamais demonstradas, diz: – Não se pode mais ser homem neste país. Vamos ser todos gays", acrescenta.

O estudioso afirma que o presidenciável "representa a ideia de que ficamos menos livres quando não podemos fazer tranquilamente piadas sobre negros, gays e mulheres". Segundo Machado, "Bolsonaro tem a cara de todos aqueles que consideram índios indolentes, dormindo sobre latifúndios improdutivos, e beneficiários do bolsa família preguiçosos que só querem mamar nas tetas do Estado".

"Bolsonaro é o sujeito desinformado que sustenta que na ditadura não havia corrupção. É o empresário ambicioso que se for para ganhar mais dinheiro abre mão da democracia. É o produtor que vê exagero em certas denúncias de trabalho escravo. É o homem que acha normal, em momentos de estresse, chamar mulher de vagabunda. O eleitor padrão de Bolsonaro sonha com uma sociedade de homens armados nas ruas, sem legislação trabalhista, sem greves, sem sindicatos, sem liberdade de imprensa", diz.

O professor avalia que o "projeto de Bolsonaro é o retorno a um regime de força por meio de voto". "Aparelhamento da democracia. Na parede do imaginário e de certas propagandas de Bolsonaro e dos seus fiéis aparecem ditadores. O seu paraíso é da paz dos cemitérios e das prisões para os dissidentes. Um imaginário é uma representação que se torna realidade. Uma realidade que se torna representação. Bolsonaro é um modo de ser no mundo baseado na truculência, na restrição de liberdade, na eliminação da complexidade, no encurtamento dos processos de tomada de decisões", afirma.

"Bolsonaro usa a democracia para asfixiá-la. É um efeito perverso do jogo democrático. Condensa uma interpretação do mundo que não suporta a diversidade, o respeito à diferença, a pluralidade, o dissenso, o conflito, o embate. Inculto, ignora a história. Não há dívida com os escravizados e seus descendentes. A culpa pela infâmia da escravidão não é de quem escravizou. O presente exime-se do passado. Bolsonaro é a ignorância que perdeu a vergonha. Contra ele só há um procedimento eficaz: o voto. Se necessário, o voto útil", complementa.



Postado em Brasil 247 em 06/09/2018





Imagem relacionada


Resultado de imagem para bolsonaro e armas
Criança veste camiseta de Bolsonaro e simula armas com as mãos



Resultado de imagem para bolsonaro

Um dos filhos de Bolsonaro está segurando o cartaz !


Foto de Eduardo Bolsonaro, foi postada nas redes sociais. A imagem é de um dos filhos de Jair Bolsonaro, equipado com armamento pesado




Resultado de imagem para bolsonaro e armas


Resultado de imagem para bolsonaro e armas


Imagem relacionada



Nota


" Pois os senhores juízes e promotores, os senhores e senhoras da PGR, do TSE, do STJ e do STF estão – e nem mais se pode negar que seja conscientemente – despojando a vida brasileira da civilidade.

Há um monstro à porta e só o que sabem fazer é manietar e amordaçar o único que pode detê-lo. "  Jornalista Fernando Brito em  Os juízes levaram o Brasil ao paradoxo fascista



Coisas bem gaúchas : Juremir e Brique da Redenção ! Parabéns Juremir !



Imagem relacionada
Brique do Parque da Redenção em Porto ALegre


Aniversário no Brique da Redenção


Juremir Machado da Silva




Neste domingo, 29 de janeiro, aquariano que sou, chego aos 55 anos de idade. Quando fiz 50, quis um pedacinho de uma escola de samba na minha festa. De lá para cá muita água rolou. No meu último aniversário veio aquele temporal que sacrificou a cidade. Não foi encomenda minha. Entre os 50 e os 55 publiquei A sociedade midíocre, Jango, a vida e a morte no exílio, 1964, golpe midiático-civil-militar, Correio do Povo, a primeira semana de um jornal centenário e Corruptos de estimação. Marquei muitos gols e me choquei com o país.

Por que escrevi tanto? Por medo do tempo. Tento represá-lo entre as capas dos livros. Ele escapa por entre as linhas e escorre nas minhas mãos até encharcar o teclado, que cubro com um plástico. O Brasil deu saltos quânticos nestes cinco anos. Para trás? Para frente? Depende do ponto de vista e do que o tempo dirá. Vi retrocessos, acompanhei o estouro de abcessos e não paro mais de esperar o desfecho dos tantos processos. Como rotular este período turbulento? Era Lava Jato? Reinado de Sérgio Moro? Fim das ilusões? Ocaso de um ciclo?

Nestes cinco anos Dilma perdeu o posto. Eduardo Cunha, o cargo, o mandato e a liberdade. A Seleção Brasileira perdeu a pose e tomou 7 da Alemanha numa Copa inesquecível. O Internacional descobriu o quase impossível caminho da segunda divisão. O Grêmio redescobriu o gostinho de um título nacional. Donald Trump passou de figura pitoresca a presidente dos Estados Unidos. O terrorismo alastrou-se pelo mundo. As prisões brasileiras expulsaram o Estado. Paulo Coelho foi parar na Companhia das Letras. Não me estenderei. Cada um que complete a lista a seu bel-prazer. Haja espaço e tempo.

O que vou aprontar desta vez? Aniversário na rua. Estarei, a partir das 10 horas da manhã, no Brique da Redenção, no estande de livros do Zé, que fica quase na João Pessoa. O que vou fazer lá? Três coisas não necessariamente nesta ordem: abraçar os amigos que quiserem me ver; servir bolo de aniversário a quem aparecer; autografar exemplares de Corruptos de estimação (R$ 20 cada) a quem meter a mão no bolso e adquirir um ou mais exemplares. Se alguém quiser levar espumante, está liberado. A rua é do povo. Nós somos o povo. À rua, cidadãos, que eu os espero para comemorar no parque.

Já encomendamos o bolo e os livros. Não façam desfeita. Nesta idade não é fácil carregar tudo de volta para casa. Ainda mais que os amigos, todos da minha faixa etária, andam com problemas de coluna e preocupados com a reforma da Previdência. Quem for certamente terá oportunidade de calcular quanto tempo faltará para a sua aposentadoria se a reforma de Michel Temer for aprovada. Houve uma época em que só falávamos de ambições, sexo e viagens. Agora, ainda que esses assuntos entrem na pauta, as prioridades são saúde, aposentadoria e família.

A equipe responsável pela logística do meu aniversário na rua travou uma interminável discussão sobre um ponto crucial: todo mundo que comparecer ganha bolo? Ou só os que comprarem o livro? O grupo rachou. Uma parte considerou mesquinho privar alguém de bolo. Outra parte ponderou que o livro deve funcionar como um passaporte para o bolo. A primeira parte chamou este argumento de mercantilista. A parte ofendida reagiu dizendo que a compra do livro dispensa cada um de levar presente. A primeira parte viu nisso uma confirmação do oportunismo comercial da operação. Como elemento neutro usei meu poder de Estadista na mediação do conflito.

Uma parte argumentou assim: como administrar demandas que podem ser infinitas com recursos finitos? Foi chamada de neoliberal. A outra parte defendeu que o bem-estar social exige um estado generoso cabendo ao anfitrião cobrir os gastos. Fechou o tempo. O caráter festivo do evento ajudou a restabelecer o clima amistoso. Ficou assim: enquanto houver bolo, ninguém levará bolo. O risco evidentemente é o aniversariante tomar bolo. Previdente, convoquei seis amigos para formar uma claque. Eles queriam ir à praia. Vou indenizá-los pela perda. Enfim, nosso objetivo está muito claro: fazer bolo.


Postado em Juremir Machado da Silva / Correio do Povo em 28/01/2017




Imagem relacionada    Juremir Machado da Silva, nascido em 29 de janeiro de 1962, em Santana do Livramento, graduou-se em História (bacharelado e licenciatura) e em Jornalismo pela PUCRS, onde também fez Especialização em Estilos Jornalísticos. Passou pela Faculdade de Direito da UFRGS, onde também chegou a cursar os créditos do mestrado em Antropologia. Obteve o Diploma de Estudos Aprofundados e o Doutorado em Sociologia na Universidade Paris V, Sorbonne, onde também fez pós-doutorado. Como jornalista, foi correspondente internacional de Zero Hora em Paris, trabalhou na IstoÉ e colaborou com a Folha de S. Paulo. Atua como colunista do Correio do Povo desde o ano 2000.

Tem 27 livros individuais publicados, entre os quais Getúlio, 1930, águas da revolução, Solo, Vozes da Legalidade e História regional da infâmia, o destino dos negros farrapos e outras iniquidades brasileiras. 

Coordena o Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUCRS. Apresenta diariamente, ao lado de Taline Oppitz, o programa Esfera Pública, das 13 às 14 horas, na Rádio Guaíba.



Mais Brique da Redenção



Imagem relacionada


Resultado de imagem para Juremir Machado da Silva no bric da redenção


Imagem relacionada


Imagem relacionada


Imagem relacionada


Imagem relacionada


Imagem relacionada


Resultado de imagem para brique da redenção


Imagem relacionada


Resultado de imagem para brique da redenção


Imagem relacionada



Pena de morte, a barbárie estatal



Juremir Machado da Silva


A Indonésia executou um brasileiro por tráfico de drogas. Outros homens também foram fuzilados. A pena de morte é um resquício da barbárie em pretensas civilizações.

É a lei de Talião.

Matar um homem imobilizado é o supremo ato de covardia. Bandidos fazem isso. O Estado não pode fazê-lo.

Ainda mais para punir um crime sem sangue. Não foi assassinato. Não foi latrocínio. Não foi estupro.

A mesma Indonésia não condena à morte terroristas.

Interessante é que liberais, defensores da não intervenção estatal em economia, costumam defender o máximo de intervenção estatal em comportamento. Se um adulto quer se drogar ou se matar, o que Estado tem a ver com isso? Deveria o Estado fazer campanhas educativas. Mais do que isso é intervir na esfera privada.

Os liberais em economia adoram um ditadura política e comportamental. Liberais brasileiros tiveram no ditador Pinochet um ídolo. Liberais brasileiros bancaram nossa ditadura de 1964 a 1989. São liberais em economia que buscam na intervenção estatal máxima a realização dos seus delírios de não intervenção do Estado em economia.

Em bom português, aproveitadores que adoram subsídios estatais, sonegação de impostos e tetas.

A única lei que reconhecem é: tudo é bom para ganhar mais dinheiro.

O Estado deles deve existir para forçar a mão de obra a se reproduzir e aceitar as regras do jogo.

Todo consumo de drogas que provocam dependência é lamentável. A proibição, porém, não resolve. Gera tráfico, violência e corrupção. É guerra perdida porque adultos querem consumir e não se pode prender metade da população de um país. 

Os liberais em economia, defensores até da pena de morte para traficantes de drogas, não pedem a proibição do álcool, a droga que mais mata, nem do cigarro, a droga que mata lentamente sem provocar alucinações e outros baratos ou caros que modificam a percepção dos consumidores. Aí pode.

O cigarro é a pior das drogas. Mata sem fazer alarde e ainda afeta quem estiver por perto e nem for fumante.

Um liberal coerente deve pedir a liberação de todas as drogas. Ou, se tiver argumentos, a proibição de todas.

Fico pensando, por outro lado, nos carrascos, os seres humanos que aceitam executar um homem a mando do Estado. Que pessoas repugnantes! Que destinos infelizes! O que pode levar alguém a aceitar esse ofício?

Quase tão triste quanto isso é o aplauso de “pessoas de bem” a uma execução com base nas falácias do
“que serva de exemplo”, “lei é lei” ou “ele sabia que lá tráfico da pena de morte”. Muitas dessas pessoas são as mesmas que cometem infrações de trânsito e não querem pagar a multa. Nesse caso, lei não é lei.

O argumento do livre arbítrio – ele escolheu seu destino – favorece a tese da liberação das drogas: adultos devem poder decidir o que querem fazer com seus corpos sem que o Estado lhes imponha limites.

O Estado deve existir para me proteger de outros, não de mim mesmo e de minhas decisões.

Cabe ao Estado, como faz com o álcool, proteger menores.

Qual a diferença entre álcool e cocaína? Ambos matam, destroem famílias, comprometem destinos. O álcool, por ser liberado, não carrega as mortes do tráfico e da corrupção. Bastam-lhe as do trânsito e das brigas de bar.

O cigarro é o assassino silencioso. Paga impostos, gera empregos. Pode. É fato consumado.

Em qualquer situação, o Estado matar um homem imobilizado é a negação da civilização.

Os aplausos revelam o pior da humanidade em cada um: ressentimento, gosto de sangue e simplismo.


Juremir Machado da Silva é escritor gaúcho, jornalista e professor universitário.


Postado no Blog Juremir Machado da Silva em 18/01/2015



O rei Juan Carlos vai se calar


Em 2007, O Rei Juan Calos mandou o Ex-Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, calar a boca.  

Rei Juan Carlos caçando e matando animais na África



Juremir Machado da Silva

O rei da Espanha, o discretamente escandaloso Juan Carlos, vai abdicar.

Por que a Espanha não aproveita para abolir a monarquia, essa aberração da idade primitiva do comportamento humano, em busca de um pai, e instaurar uma república? No século XXI, qualquer monarquia, por melhor que seja, é absurda.

A britânica tem a mesma função e utilidade que as cabines vermelhas de telefone que ornam Londres em tempos de celular.

É puro folclore.

Só não cai para não prejudicar o turismo. Poderia render mais se a rainha aceitasse fazer selfies com turistas.

Nenhum cargo público pode ser hereditário ou vitalício.

O resto é conversa de súdito.

– Para que serve um rei, pai?

– Para evitar que a gente tenha de escolhê-lo pelo voto, filho.

– Isso é bom.

– Para o rei, filho.

– Por que temos rei, pai?

– Porque temos gente que gosta de beijar mão e dobrar os joelhos.

– O filho do rei vai assumir como novo rei?

– Vai.

– Ele é o escolhido da população?

– Não. Ele foi o espermatozoide real vencedor na corrida ao trono.

– Qual a melhor medida para evitar reis incompetentes, pai.

– O uso da camisinha.


*Escritor, jornalista e professor universitário.


Postado no Blog Juremir Machado da Silva


Albano e os desvairados ideológicos




Juremir Machado da Silva


Fora de foco.

Albano escreve cartas para o painel dos leitores do jornal Meia-Noite, matutino de Palomas. 

Nos últimos tempos, Albano descobriu o e-mail, o twitter, o facebook e as postagens em blogs. Passa os dias na frente do computador. Carimba tudo. 

Albano faz parte da direita Miami. Outro dia, ele encontrou na rua um blogueiro sujo, o Robertinho, e tratou de disparar as suas cobranças:

– Não vai falar nada de Cuba, da Coreia do Norte e da Venezuela? Para com essas abobrinhas, fala do essencial.

Robertinho estava num dia ruim. Dava para ver que sentia alguma dor. Exibia um ar amarelo. Tentou explicar:

– Minha mulher me deixou. Foi embora com o Mário da leiteria. Confesso que não ando com cabeça para nada.

– Qual é, meu? Cuba, Venezuela e Coreia do Norte fazendo o que estão fazendo e tu preocupado com uma guampa!

O blogueiro ficou perplexo. Mesmo assim, buscou mais argumentos para justificar seus assuntos e posturas:

– Estou com câncer. Fiquei sabendo faz duas semanas. Não sei quanto tempo de vida ainda tenho. Foi um choque.

– Qual é, meu? Cuba, Venezuela e Coreia do Norte apavorando o mundo e tu aí focado no teu probleminha pessoal. Onde fica o teu compromisso com o coletivo?

– Pois é, pois é, mas existem outras coisas na vida além de Cuba, Venezuela e Coreia do Norte. Tenho escrito muito sobre a questão da neutralidade na rede e sobre o marco civil da internet. É algo que afeta a vida de todos nós.

– Qual é, meu? Cuba, Venezuela e Coreia do Norte barbarizando e assustando o planeta e tu vens me falar em neutralidade na rede, essa armação do PT para impedir a liberdade de opinião na internet. Fala sério, vai!

– Não, pelo amor de Deus, neutralidade na rede nada tem a ver com liberdade de opinião. É uma expressão técnica para equivalência de trafegabilidade de dados na rede.

– Qual é, meu? Cuba, Venezuela e Coreia do Norte colocando o mundo em perigo e tu falando em equivalência de trafegabilidade na internet e essas besteiras todas.

O pobre do Robertinho pensou em bater em retirada. Albano não o deixou escapar. Fechou o cerco. Disparou:

– Qual é, meu? Cuba, Venezuela e Coreia do Norte espalhando a miséria e o atraso e tu aí vomitando ideologia. Vira o disco, tchê! Muda de assunto. Vai. Se fosse no tempo da Redentora, que os comunistas chamam de ditadura, ninguém ia aturar essa tua conversa mole.

– Bem, vou pensar nisso tudo. Tenho que ir ao aniversário da minha netinha. Ela faz três anos hoje. É uma graça.

– Qual é, meu? Cuba, Venezuela e Coreia do Norte pondo a humanidade à beira do abismo e tu aqui preocupado com o aniversário da tua netinha. Para de falar do teu umbigo.

Robertinho teve um sobressalto de dignidade:

– Para de me encher o saco, mala. Vai plantar batatas.

– Qual é, meu? Cuba, Venezuela e Coreia do Norte oprimindo milhões de pessoas e tu preocupado com o teu ego. Para com isso. Foca no essencial. Abre o leque.


Postado no blog Juremir Machado da Silva em 27/03/2014


Nota




Alguns jornalistas e seus Blogs Sujos apelido dado por José Serra








Esclarecimentos sobre a Direita Miami



Juremir Machado da Silva


O mais comum é que cada personagem não tenha consciência da sua personalidade. O Brasil vem sendo dominado, na classe média e na mídia, por um tipo muito especial, o lacerdinha, representante da direita Miami.

É um pessoal que se acha sem ideologia, pois, para o lacerdinha autêntico, ideologia é coisa de esquerdista comedor de criancinha. A direita Miami acredita que todo esquerdista é comunista de carteirinha e que sonha com uma sociedade no modelo da Coreia da Norte.

O ideal da direita Miami é comer hambúrguer na Flórida, visitar a Disney todos os anos, ler a Veja, ver BBB, copiar e colar artigos de colunistas que falam todo dia da ameaça vermelha – e não é o Internacional nem o América do Rio -, esbaldar-se em shoppings sem rolezinhos, salvo patricinhas e mauricinhos, e denunciar programas governamentais, exceto de isenções de impostos para ricos, como esmolas perigosas e inúteis.

A direita Miami tem uma maneira curiosa de raciocinar.

– Se você é esquerdista, por que vai à Europa?

– Não entendi a relação – balbucia o ingênuo.

– Se você é esquerdista, por que tem plano de saúde?

A direita Miami contabiliza as mortes produzidas pelo comunismo, no que tem razão, mas jamais pensa nas mortes produzidas pelo capitalismo no passado e no presente. Mortes por fome, falta de condições sanitárias e doenças evitáveis não impressionam os lacerdinhas. 

Não parece possível à direita Miami que se possa recusar o comunismo e o capitalismo brasileiro. A social-democracia escandinava, por exemplo, não chama atenção dos sacoleiros de Miami. É uma turma que quer muito Estado para si e pouco para os outros. De preferência, muito Estado para impedir greves, estimular isenções fiscais para grandes empresas e reprimir movimentos sociais.

O mais curioso na direita Miami é que, embora defenda o Estado mínimo na economia, salvo se for a seu favor, gosta de Estado robusto em questões morais como consumo de drogas e de sexualidade, aquelas que, mesmo criticando, costuma praticar e exigir tratamento diferenciado quando o Estado flagra algum dos dela em conflito com a lei. 

A direita Miami fala ao celular, dirigindo, sobre a sensação de impunidade no Brasil e, se multada, denuncia imediatamente a indústria da multa.

A direita Miami é contra cotas, Bolsa-Família, ProUni e todos esses programas que chama de assistencialistas e eleitoreiros. Vive de olho no impostômetro e, para não colaborar com a excessiva arrecadação dos governos, faz o que pode para sonegar o que deve ao fisco. Roubar do Estado que gasta mal parece-lhe um dever moral superior.
Um imperativo categórico.

A direita Miami vive denunciando Che Guevara, mas nunca fala de Pinochet. Se dá uma melhorada na economia dos camarotes, pode torturar e matar. As vítimas são esquerdistas mesmo.

A direita Miami adora metrô em Paris, quando vai até lá, apesar de achar que tem muito museu chato e pouco shopping bacana, mas é contra estação de metrô no seu bairro. Tem medo que atraia “marginais”. A última moda da direita Miami é o sertanejo universitário. Quanto mais a tecnologia evolui, mas a direita Miami se torna primária. O que lhe falta, resolve com silicone.


Postado no Blog Juremir Machado da Silva em 25/01/2014