Janio de Freitas, na Folha, dizendo pouco e dizendo bem:
A ministra Cármen Lúcia
quer que o Brasil
“volte a ser um país gentil”.
Mas gentil com quem?
Com os negros, os índios,
os brancos pobres,
os milhões com ganho
abaixo de meio salário mínimo,
as crianças que nascem
para logo morrer
por falta de saneamento,
os assassinados por
certeira bala perdida,
os que têm fome
e não têm remédio,
gentil com quem?
O primeiro afazer para
o desejo samaritano
da ministra seria
apagar toda, toda a
História do Brasil.
Nela não há,
em página alguma,
o país a que voltarmos.
De posse do presente,
e só dele, porque
nos últimos tempos
e ainda agora
destruímos o futuro,
restar-nos-á
rogar aos céus
o raio que nos parta.
Não demonstramos competência para mais, em meio milhar de anos.