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O risco Milei na Argentina neste Domingo de 2º Turno !

 



Artistas argentinos farão um grande show, em Buenos Aires, por Lula Livre. É o Lula Festiva em 19 de Maio de 2018



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Empresa argentina cria tênis a partir de pneus velhos e emprega somente mães solo




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Redação Hypeness

Basta notar a quantidade de carros nas ruas de uma grande cidade, fazer um cálculo rápido sobre quantas vezes cada carro troca de pneu – e, assim, quantos pneus são jogados fora – ou simplesmente olhar de fato uma pilha de pneus em qualquer ferro velho ou lixão por aí, para se ter uma mínima noção do tamanho do problema que somente esse nada discreto item traz para a natureza. 

Somente na Argentina, mais de 100 mil pneus são dispensados anualmente, com a vasta maioria sendo queimada. Foi pensando nesse estrago que três empreendedores argentinos, quando foram criar um negócio, decidiram por criar tênis, mochilas e bonés a partir de pneus jogados fora. 

Para os sócios Alejandro Malgor, Ezequiel Gatti e Nazareno El Hom, pensar somente no meio ambiente foi pouco – era preciso também pensar diretamente nas pessoas. E por isso, quando fundaram a Xinca, além de utilizar os pneus como matéria prima para seus produtos, eles decidiram focar também na questão do desemprego, e contratar especialmente mães solo* para formar o quadro de funcionários da empresa.A empresa fabrica uma média de 1500 sapatos por mês, e todo o material para a feitura dos sapatos, incluindo tecidos, é reutilizado.


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Alejandro, um dos sócios da Xinca


Atualmente a empresa emprega 25 mulheres de áreas rurais da Argentina, onde a maior parte da produção é realizada. Assim, do lixo produzido que se tornaria somente mais um problema nos muitos que assolam o país, a Xinca o transforma em trabalho, renda e empoderamento para essa mulheres, tão importantes em uma sociedade.


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“As mulheres que empregamos querem seguir em frente, melhorar a qualidade de suas vidas e de suas crianças. Nós geramos oportunidades econômicas e sociais para que elas possam fazer isso”, afirma Alejandro, mostrando que o problema nem sempre está no que se produz, mas sim em como – e em quem. 


Postado em Hypeness



* Porque dizer “mãe solo” e não “mãe solteira”


A tarefa de ser mãe não tem nada a ver com um estado civil: entenda porque ter empatia pelas super mulheres que a encaram sozinhas é importante.


Alguém aí já ouviu um pai ser chamado de “pai solteiro”? Não? Mas o termo “mãe solo” resiste, o que desagrada a muitas mamães. Afinal de contas, a maternidade não é um estado civil, certo?

Além disso, a expressão carrega uma conotação negativa por remeter aos tempos em que ter um filho sem ser casada era um motivo para desvalorizar a mulher e causava vergonha. Elas, que se desdobram para dar conta das necessidades do pequeno e de suas próprias vidas, merecem empatia e respeito !


A maternidade implica no laço entre mãe e filho, não em um estado civil 


Ser mãe solo não impede que mulheres no mundo todo criem seus filhos em lares felizes e estáveis. Embora assumir a missão sem a participação dos pais seja uma tarefa difícil, é possível ajudar o seu filho a se desenvolver sem contar com esse apoio.

O que é ser “mãe solo”?

A mulher que assume as responsabilidades pela criança, sejam financeiras ou por disponibilidade de tempo, é mãe solo. Não tem nada a ver com ser casada, solteira ou divorciada. Existem muitas mamães casadas que também se veem frente ao papel principal na educação dos pequenos.

“É preciso uma aldeia para educar uma criança”

Ter filho é um aprendizado mútuo e pode ter certeza que as mães solo não se arrependem! Ainda assim, os papais devem estar presentes para assumir essa nova vida.

Ainda assim, quando há empatia e auxílio dos amigos e familiares tudo fica mais fácil. Por isso, ajude, apoie e acolha mães e filhos, dos locais de trabalho aos de lazer. Faz toda a diferença! E se você é uma mãe solo, não tenha medo de pedir ajuda!

É essencial para toda a sociedade entender o papel de mãe como uma escolha cheia de amor e, acima de tudo, trabalho.

Que tal começar com uma pequena mudança de hábito? Substitua o antiquado “mãe solteira” pela expressão “mãe solo”. Aos pouquinhos grandes mudanças podem ser feitas!


Postado em Blog Tricae 










“Eles construíram uma mentira”, diz Lula sobre Lava-Jato em entrevista a Roberto Navarro



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“Eles construíram uma mentira”, diz Lula sobre Lava-Jato em entrevista a Roberto Navarro



Jornalista Roberto Navarro entrevista o ex-presidente Lula. Brasileiro fala sobre arbitrariedades na condução da Lava-Jato, denúncias do Ministério Público e sua defesa na justiça. 





Postado em O Cafezinho em 28/11/2016



Continuação da entrevista :













Pequena lição de história para os golpistas : o caso Perón. Com vídeo histórico


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Fernando Brito


Não comparo, por óbvio, Lula ao ex-presidente argentino Juan Domingo Perón.

Ambos são totalmente diferentes: Lula é um ex-operário; Perón, um ex-militar. Aliás, o nome Perón sempre produziu mais alergia entre os petistas até do que o de Getúlio Vargas.

Não é o caso aqui de comparar figuras política e pessoalmente distintas.

O que interessa é mostrar aos aprendizes de feiticeiro do golpe o que pode fazer um povo ofendido pelas agressões àquele que identifica como seu defensor e responsável por seu progresso social.

Perón era Secretário de Trabalho do governo argentino – o equivalente a Ministro – e havia começado a promover um processo de ampliação dos direitos dos trabalhadores quando um golpe político-militar dentro do governo o depôs e o prendeu, no dia 12 de outubro de 1945, levando-o à Ilha de Martins García.

Dia após dia, a agitação popular avolumou-se.

Cinco dias depois de sua prisão, seus captores foram oferecer-lhe a liberdade, se ele ajudasse a dissolver a imensa manifestação de 300 mil pessoas (isso há 70 anos) que se concentrava diante da sede do Governo. Uma condição foi-lhe imposta e cumprida, a de que ele não fizesse menção à sua prisão e pedisse que as pessoas se dispersassem em paz.

A esta altura, ele era descrito como “um cadáver político”.

No ano seguinte, “o cadáver” foi eleito – e depois, reeleito – Presidente da Argentina e, a partir daí, todos conhecem a história.

Os que mexem com os sentimentos da população deveriam compreender que ele é mais profundo que a agitação superficial que a mídia lhes provoca.

Profundos e cheios de obscuridades, que nem a nós que os partilhamos são sempre claros e previsíveis.

Muito menos a quem ao povo conhece-o apenas como serviçal ou mucama.

Ninguém quer o Brasil vivendo agitações irracionais.

Mas existe um vulcão sob a terra e nunca se pode dizer que ele não irromperá à superfície.






Postado no Tijolaço em 25/03/2016


Por que não me " desinformo " lendo jornais ( Zero Hora, O Globo, Folha de São Paulo ), revistas ( Veja, Época ) ou assistindo telejornais ( Jornal Nacional e outros )



Maurício Macri - Direita e Neoliberalismo na Argentina


Militando o ajuste – as insólitas manchetes da grande mídia Macrista

Daniel Oiticica


Acabo de receber um release da Confederação Argentina da Média Empresa. O 1º mês do ano com Mauricio Macri no poder registrou uma queda de 2,3% no consumo varejista argentino na comparação com janeiro de 2015. 

Então é oficial. A desvalorização do peso, junto com outras medidas de Macri, encareceram o custo de vida dos argentinos e reduziram o poder de compra dos salários neste 1º mês de 2016.

E a mídia, sempre tao atenta, crítica e independente? De que forma vem retratando esta nova realidade social da Argentina?

Para quem ainda acreditava nos jornalões, o arrocho da Era Macri está servindo pelo menos para arrancar as máscaras. 

Através da hashtag #militandoelajuste (Militando o ajuste), usuários das redes sociais vão se indignando com a nova (e otimista) linha editorial da mídia “independente” argentina. 

Vejamos alguns exemplos de manchetes que buscam convencer as pessoas de que com menos também é possível ser feliz:

“Dez anos no mesmo trabalho pode ser um fracasso pessoal”

“O picolé começa a tomar impulso”

“Voltar ao ventilador: o melhor aliado para combater o calor e a crise energética”

“O turismo virtual não para de somar milhas”

“Este ano você tem que comer legumes”

“Férias em acampamentos, um clássico que tem seu primeiro campeao”

“Morar em conjugados de menos de 30m², uma tendência que cresce”

É verdade. Nossa experiência com Mauricio Macri está dando suas primeiras lições quando o assunto é o comportamento da mídia. 

Se apoiam um governo, não interessa se ele promove arrocho e está se lixando para o poder de compra das pessoas. 

A estratégia será sempre se esforçar para convencer de que uma vida mais austera também pode fazer você feliz.




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Postado no Blue Bus em 02/02/2016




Quando o Presidente da Argentina Néstor Kirchner manda retirar os quadros dos ditadores militares





O ditador argentino Jorge Videla morreu hoje, na prisão, como devem morrer os assassinos, sequestradores e genocidas. No Brasil, os genocidas de farda morrem de pijama, no lar.


O papa e os filhos de si mesmo




Mauro Santayana

É significativo que o novo papa tenha falado tanto em perdão. 

Essa insistência coloca em dúvida a defesa que dele fazem diante das acusações de que teria colaborado com o regime militar argentino e com o sequestro de filhos dos militantes de esquerda, feitos prisioneiros uns e assassinados outros. 

Essas crianças, das quais roubaram a identidade, foram entregues a casais ligados ao sistema. Esse mesmo crime, com a hipócrita justificativa da caridade, foi também praticado pelos bispos espanhóis da Opus dei, durante o franquismo. Ao não conhecerem sua verdadeira origem, as vítimas dos sequestros se tornam filhos de si mesmos. 

Renegam, e com razão, os que os adotaram, e não têm onde ancorar o seu afeto. 

Qualquer seja a verdade, o papa foi eleito conforme as regras tradicionais, e não há poder na Terra que o destitua. 

As leis canônicas não preveem o impeachment do bispo de Roma. 

Resta esperar que o novo pontífice – título vindo do sincretismo do catolicismo com o paganismo romano – erga realmente uma ponte entre o cristianismo primitivo, que era dos pobres, e o mundo moderno. 

Se isso ocorrer, os seus pecados, se os houve, esmaecerão, e ele cumprirá o seu dever de católico e de cristão. O perdão, ele só poderá obter de sua própria consciência, onde Deus costuma habitar, se nela houver lugar para essa presença.

O mais importante não é o passado do Papa. Depois de Pio XII, Wojtyla e Ratzinger, de nítidos laços com os poderosos deste mundo, o que os verdadeiros cristãos esperam do Papa é que ele seja fiel ao Evangelho e conduza a Igreja ao reencontro com o homem de Nazaré que, em sua vida, martírio e morte, encarnou toda a fragilidade da espécie humana. 

A grande lição de Cristo, que a Igreja nunca assumiu, é a de que a vida só é alegria e paz na solidariedade para com os nossos semelhantes.

Quando dividimos as dores do sofrimento alheio, as nossas próprias dores se aliviam, e o trânsito por este “vale de lágrimas” se faz mais suportável. 

 A Igreja se associou aos poderosos de cada tempo e, como lhe era conveniente, manteve instituições de caridade. 

Como alguns ricos, ela consolou sua consciência com a esmola. Os primeiros a receber o título de santos foram homens poderosos, que compraram a santidade com as sobras de suas riquezas.

Ao escolher o nome de Francisco, e de confirmar que buscava no poverello de Assis a inspiração de seu pontificado, Bergoglio dá um sinal importante de seu propósito, ou de sua astúcia.

Não sabemos se, sendo sincero, ele será capaz de escapar ao acosso conservador e oportunista da Cúria Romana. 

Cabe-lhe, na hipótese da sinceridade – como chefe de uma instituição política – por mais herege pareça o conselho, seguir a orientação de Maquiavel, e agir com maior energia logo no início, a fim de preservar o principado conquistado. 

Isso significa reformar, de alto abaixo, a administração do Vaticano, com a convocação de prelados do mundo inteiro, de forma a conter o apetite de poder do clero italiano, identificado com a história peninsular, construída nas conhecidas intrigas políticas europeias. 

Os grandes líderes se legitimam na ação. Forma-se, até mesmo alimentado de esperança, o consenso de que a Igreja terá que demolir seus alicerces milaneses e retornar às catacumbas romanas, para que possa sobreviver.

Seus pecados repetidos, da simonia à luxúria, não a levaram ao Inferno, ainda que muitos de seus dirigentes tenham lá chegado, na visão profética de Dante. 

É da teologia prática que a contrição absolve os pecadores. 

Se Francisco conduzi-la ao caminho de Damasco, é possível que, como Paulo, ela se desfaça da cegueira voluntária e atenda ao chamado de Cristo. 

É possível, mas pouco provável.


Postado no blog Conversa Afiada em 20/03/2013



O jornal que incomoda fardas e batinas




Na manhã seguinte ao anúncio de um Papa argentino, o jornal ‘Página 12’ sacudiu Buenos Aires com a manchete: ‘!Dios, Mio!’


Na 6ª feira, dois dias depois, como relata o correspondente de Carta Maior, Eduardo Febbro, direto do Vaticano, o porta-voz da Santa Sé reclamou do que classificaria como ‘acusações caluniosas e difamatórias’ envolvendo o passado do Sumo Pontífice.

Em seguida atribui-as a ‘elementos da esquerda anticlerical’.

Alvo: o ‘Página 12’ .

Com ele, seu diretor, o jornalista Horácio Verbitsky, autor de um livro sobre o as suspeitas que ensombrecem a trajetória do cardeal Jorge Mário Bergoglio, durante a ditadura argentina.

A cúpula da Igreja acerta ao qualificar o ‘Página 12’ como ‘de esquerda’ – algo que ostenta e do qual se orgulha praticando um jornalismo analítico, crítico, ancorado em fatos.

Mas erra esfericamente ao espetá-lo como ‘anticlerical’. 

O destaque que o jornal dispensa ao tema dos direitos humanos não se restringe ao caso Bergoglio.

Fundado ao final da ditadura, em maio de 1987, o ‘Página 12’ é reconhecido como o grande ponto de encontro da luta pelo direito à memória na Argentina.

Não foi algo premeditado.

No crepúsculo da ditadura militar, um grupo de jornalistas de esquerda vislumbrou a oportunidade de criar um veículo enxuto, no máximo 12 páginas (daí o nome), mas dotado de densa capacidade analítica.

E, sobretudo, radicalmente comprometido com a redemocratização e com os seus desafios.

A receita das 12 páginas baseava-se num cálculo curioso.

Era o máximo que se conseguiria produzir com qualidade naquele momento; e o suficiente para a sociedade reaprender a refletir sobre ela mesma.

A fidelidade a essa diretriz (hoje o total de páginas cresceu e a edição digital tem mais de 500 mil acessos/dia) levou-o, naturalmente, a investigar os crimes da ditadura.

Seu jornalismo tornou-se um acelerador da transição que os interesses favorecidos pelo regime militar gostariam de maquiar.

Não apenas interesses econômicos. 

Lá, como cá, existe um núcleo de poderosas empresas de comunicação, alvo agora da ‘Ley de Medios’, no caso da Argentina, que, por interesse financeiro, identidade ideológica ou simples covardia integrou-se ao aparato repressivo. 

Usufruiu e desfruta vantagens dessa intimidade. Até hoje. O quase monopólio das comunicações é uma delas – combatida agora pelo governo de lá.

Naturalmente, a pauta dos direitos humanos dispunha de um espaço acanhado e ambíguo nessa engrenagem.

Não por falta de familiaridade com o assunto.

Mais de uma centena de jornalistas foram presos e muitos desapareceram na ditadura argentina. 

A principal fábrica de papel de imprensa do país foi praticamente expropriada de seus donos.

Eles estavam presos, foram torturados. E então a transferência de propriedade se deu. 

A sociedade compradora tinha como participantes o próprio governo militar e os principais jornais apoiadores do regime. Entre eles o ‘El Clarín’, de oposição frontal ao governo Cristina, atualmente.

O ‘Página 12’ não se deteve diante das conveniências. E vasculhou esses impérios sombrios.

Fez o equivalente em relação aos direitos humanos em outros países. Não raro, com a mesma mordacidade que incomoda agora o Vaticano.

Quando Pinochet morreu em 2006, a manchete indagava: ‘Que terá feito o inferno para merecer isso?’ 

A condenação do ditador Videla à prisão perpétua, em 2010, mereceu letras garrafais: ‘Deus existe!’

Foi com essa ironia, debochada, às vezes, mas sempre intransigente em defesa dos direitos humano, que o ‘Página 12’ tornou-se um espaço apropriado pelos familiares dos desaparecidos políticos.

Por solicitação de Estela Carlotto, atual dirigente das Abuelas de Plaza de Mayo, passou a publicar, desde 1988, pequenas atualizações da trajetória familiar de vítimas da ditadura.

Os anúncios sugerem uma espécie de prosseguimento da vida dos que foram precoce e violentamente apartados dela.

Filhos que perderam os pais ainda crianças, mencionam os netos que esses avós jamais viram; avós falam dos bisnetos.

O efeito é tocante. Ao se deparar com a foto de um jovem desaparecido, sabe-se que hoje ele poderia estar brincando com os netinhos, filhos dos filho que agora tem a idade com a qual ele morreu.

Em 2007, o ‘Página 12’ recebeu na Espanha o prêmio da Liberdade de Imprensa, instituído pela Casa da América, junto com a Chancelaria espanhola e o governo da Catalunha.

Motivo: a seriedade na defesa dos direitos humanos e o compromisso com o rigor da informação, requisito da liberdade de expressão.

No momento em que pairam sombras sobre o Vaticano, o que deve fazer essa cepa de jornalismo? 

O ‘Página 12’ faz o que, em geral, desagrada aos poderes terrenos e celestiais: investiga, pergunta, rememora.

Ao contrário do que sugere o porta-voz da Santa Sé, não se trata de um cacoete anticlerical. 

O assunto extravasa o campo religioso e envolve uma questão de interesse político de toda a sociedade.

Trata-se de uma responsabilidade ecumênica e universal, da qual o ‘Página 12’ não abre mão: o dever de todos, sobretudo das autoridades, de zelar e fazer respeitar os direitos humanos e democráticos dos cidadãos. 

Sob quaisquer circunstancias; mas principalmente quando são ameaçados. Como na ditadura dos anos 70/80. 

Há dúvidas se o passado do cardeal Mario Jorge Bergoglio nesse campo honra o manto santo que agora envolve Francisco, o desenvolto sucessor do atormentado Bento XVI.

As dúvidas estão marmorizadas em um lusco-fusco de pejo, silêncios e versões contrastantes. 

É preciso esclarecer.

Há nomes, testemunhos, relatos, datas e um cenário dantesco: os anos de chumbo vividos pela sociedade argentina, entre 1976 e 1983.

O país do então líder dos jesuítas, Mario Jorge Bergoglio, vivia o inferno na terra, sob a ação genocida de uma ditadura cujos atos confirmam a indiferença aterrorizante dos aparatos clandestinos em relação à vida e à dor.

O que se ouve ainda arrepia.

A mesma sensação inspira o rosto endurecido e gasto dos líderes militares, julgados e condenados. Um a um; em grande parte, graças a pressão inquebrantável das denúncias e investigações ecoadas nas edições do 'Página 12'

Em sete anos, o aparato militar montou e azeitou uma máquina de torturar, matar e eclipsar corpos que operou de forma infatigável.

Nessa moenda 30 mil pessoas foram liquidadas ou desapareceram. 

Mais de 4 mil e duzentos corpos por ano. 

Filhos de militantes de esquerda foram sequestrados, entregues a famílias simpáticas ao regime. 

Muitos permanecem nesse limbo.

No dia em que a ‘fumata bianca’ do Vaticano anunciou o ‘habemus papam’ e em seguida emergiu a figura do cardeal argentino, no balcão do Vaticano, Graciela Yorio esmurrou as paredes de seu apartamento, a 11.200 quilômetros de distancia, em Buenos Aires. 

O relato está nos jornais argentinos e também na Folha de São Paulo.

A revolta deve-se a uma certeza guardada há 36 anos na memória dessa sexagenária.

Em maio de 1976, seu irmão, padre Orlando Yorio, foi delatado à ditadura sedenta e recém-instalada.

Juntamente com o sacerdote Francisco Jalics, este vivo, na Alemanha— Yorio ficou cinco meses nas mãos dos militares.

Incomunicáveis, na temível Escola Mecânica da Marinha, adaptada para ser a máquina de moer ossos do regime.

O delator dos dois religiosos teria sido o cardeal Bergoglio -- o Papa, então com cerca de 40 anos, líder conservador dos jesuítas argentinos.

Essa é a convicção de Graciela, baseada no que ouviu do irmão, falecido em 2000, militante da Teologia da Libertação, como Jalics. 

Jalics não se pronunciou. Alegando viagem, emitiu uma nota na Alemanha em que se diz em paz e reconciliado com Bergoglio.

A nota compassiva não nega a dor que leva Graciela ainda a esmurrar paredes.

A estupefação tampouco é apenas dela.

Ainda que setores progressistas argentinos optem por uma certa moderação em público, muitas vozes não se calam.

Estela Carlotto, a dirigente das Abuelas de Mayo, em entrevista ao ‘Página 12’ deste sábado, procura manter a objetividade num relato que adiciona mais nuvens às sombras.

Carlotto afirma que o Cardeal Bergoglio nunca fez um gesto de solidariedade para ajudar a luta mundialmente reconhecida das mães e avós de desaparecidos políticos argentinos. 

Poderia, mas não facilitou a reunião do grupo com o Papa. Ao contrário.

O primeiro encontro, em 1980, no Brasil, só aconteceu por interferência de religiosos brasileiros. 

As abuelas só seriam recebidas em Roma três anos mais tarde; de novo, graças a contatos alheios ao cardeal Bergoglio.

Prossegue Estela Carlotto.

O cardeal teria sido conivente com o sequestro de pelo menos uma criança nascida na prisão. 

Procurado por familiares da desaparecida política, Elena de la Quadra, teria aconselhado: ‘Não busquem mais por essa criança que está em boas mãos’. 

E desfechou sentença equivalente em relação às demais.

O ‘Jornal Página 12’ tem sido o principal eco desses relatos e dessa revolta, que muitos relativizam e gostariam de esquecer. 

O que o jornal faz ao investigar as dúvidas que pairam sobre Francisco é coerente com o 'manual de redação' sedimentado na prática da democracia argentina nesses 25 anos de existência: não sacrificar a memória ao conforto das conveniências.

Pode soar anticlerical a setores da Igreja que gostariam de esquecer o que já se cometeu neste mundo, em nome de Deus.

Mas é um reducionismo improcedente, que se dissolve na trajetória reconhecidamente qualificada do 'Página 12'.

Na Argentina, graças à persistência de vozes como a de seus jornalistas, a memória deixou de ser o espaço da formalidade.

Hoje ela é vista como um pedaço do futuro. Um mirante poderoso para se entender o presente e superar as forças, e a lógica, que esmagaram a sociedade no passado.

Carta Maior orgulha-se de ser parceira do jornalismo criterioso e corajoso de ‘Página 12’ no Brasil.



Postado no site Carta Maior em 16/03/2013


Novo papa é associado a sequestros de jesuítas e bebê durante ditadura argentina





Cardeal se orgulha de amizade com um dos comandantes da Junta Militar que em sete anos deixou 30 mil mortos, e foi chamado a depor em vários processos

Anunciado hoje (13) como novo papa em uma votação tida como surpreendente, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio é investigado dentro de seu país pela colaboração com a ditadura. 

Nos dois processos mais famosos, responde pela ajuda que teria dado ao sequestro e à tortura de dois jesuítas e à apropriação de bebês, prática comum do último regime militar (1976-83).

A participação de Bergoglio no governo responsável pela morte de 30 mil pessoas é antiga e famosa, mas os sinais mais claros surgiram ao longo da última década, quando, após a derrubada de leis que protegiam os repressores do passado, foi possível dar início a julgamentos. 

O próprio cardeal se orgulhava das boas relações com o comandante da Marinha Emilio Massera, integrante da primeira Junta Militar e responsável, em 1955, por derrubar Juan Perón durante a autodenominada Revolução Gloriosa – um golpe de Estado, na realidade.

Foi na Marinha que se formou o principal campo de concentração do regime iniciado em 1976. A Escola de Mecânica (Esma, na sigla em castelhano) recebeu 5 mil prisioneiros, e menos de 200 deles saíram com vida. A causa Esma é uma das principais iniciadas nos últimos anos, e tem resultado em desdobramentos que alcançaram Bergoglio.

Ciente disso, e ansioso pela possibilidade de assumir o papado em caso de renúncia de Joseph Ratzigner, Bento XVI, Bergoglio encomendou em 2010 uma operação de "limpeza" de seu nome. 

Segundo reportagem do jornal argentino Página12, o livro El Jesuíta foi escrito com a intenção de desfazer as más impressões criadas em torno do religioso pelo período em que comandou a Companhia de Jesus, entre 1973 e 1979.

Em 2010, juízes do Tribunal Oral Federal número 5 foram até a sede do arcebispado de Buenos Aires tomar o depoimento do cardeal, acusado de trabalhar pelo sequestro e pela tortura de dois jesuítas em 1976. Naquele momento, Bergoglio comandava a Companhia de Jesus em San Miguel, e uma série de testemunhos o conectam ao crime. 

Francisco Jalics e Orlando Yorio, as próprias vítimas do sequestro, acusam Bergoglio de havê-los denunciado, em uma operação policial na qual desapareceram Mónica Candelaria Mignone,María Marta Vázquez Ocampo e Martha Ocampo de Vázquez. 

Em 2011, o jornalista Horacio Verbistky descobriu um documento do Ministério das Relações Exteriores e Culto da Argentina que corrobora a suspeita. Naquele momento, Jalics, húngaro, havia feito um pedido de renovação de seu passaporte. O informe da chancelaria aponta que Bergoglio apontou que havia “suspeitas de contato com guerrilheiros” e “conflitos de obediência”. A solicitação do jesuíta foi negada.

Em 2010, o médico Lorenzo Riquelme, então com 58 anos, declarou que o grupo que o sequestrou e torturou saiu da sede da Companhia de Jesus. 

Militante da Juventude Peronista e do movimento cristão, Riquelme deu a declaração com base no que foi dito a sua mulher, também raptada. Ela trabalhava no Observatório de Física Cósmica de San Miguel, que passou de um reduto peronista a um lugar de atuação de homens infiltrados da Marinha e sob controle de Bergoglio. 

Mom Debussy, um jesuíta que tinha a confiança de Bergoglio, afirmou que algumas vezes o cardeal lhe contou sobre os projetos de Massera, sempre demonstrando simpatia pelo regime, e que pretendia vender à Marinha o Observatório de Física. Debussy disse ainda que os trabalhadores do Observatório eram demitidos pelo religioso depois de voltar das sessões de tortura.

Outro documento oficial, datado de 1976, narra o que o líder religioso defendeu a comandantes militares. Advogou esclarecer a posição da Igreja Católica, de suporte ao regime, afirmando que “de nenhuma maneira pretendemos formular uma posição de crítica ao governo”, dado que um fracasso “levaria, com muita probabilidade, ao marxismo”. 

Em 2011, veio à tona a possível participação de Bergoglio em um caso de sequestro de bebês, uma prática adotada pelo regime, que executou várias mulheres grávidas ou com filhos pequenos.

O Tribunal Oral Federal número 6 convocou o cardeal a depor no processo de Estela de la Cuadra, uma das fundadoras das Avós da Praça de Maio. Segundo Estela, o agora papa tem relevantes informações sobre o desaparecimento de sua sobrinha, Ana, roubada dos braços da mãe em uma delegacia de La Plata, cidade vizinha a Buenos Aires. 

No mesmo ano, a Justiça francesa determinou que o Judiciário argentino tomasse o depoimento de Bergoglio pela suspeita de participação no desaparecimento de um padre francês que morou na Companhia de Jesus.

O testemunho de uma monja em 1984 já indicava a relação do então chefe da congregação com o sequestro que resultou nas mortes de Gabriel Longueville e do sacerdote Carlos de Dios Murias.

Postado no site Carta Capital e no blog O Esquerdopata

Argentina goleia o Brasil em justiça


A Argentina começa hoje o seu megajulgamento da ditadura. Os hermanos não têm dado qualquer alívio aos seus torturadores e aos chefes de todos eles.

Deve ser parte da superioridade ética, sustentada por intelectuais anônimos, do tango sobre o samba ou do drama em relação ao fatalismo do trágico.

Enquanto isso, no Brasil, a verdade aparece como uma infiltração. O assassinato, em Porto Alegre, de um militar ligado ao terrorismo fardado do DOI-Codi levou à descoberta de documentos importantes, que a polícia de Porto Alegre, nada republicanamente, vazou para o grupo RBS.

Um dos documentos prova que o deputado petebista Rubens Paiva esteve preso nas instalações cariocas infernais do DOI-Codi.

As nossas forças armadas têm mentido sobre isso há décadas. Assim como se mentiu durante anos sobre o assassinato de Vladimir Herzog, transformado em suicídio, o único enforcamento ajoelhado da história da humanidade.

Um dos terroristas fardados, protagonista do fracassado atentado do Rio-Centro, continua na ativa e, segundo o jornalista Marcos Rolim, é professor na academia do Exército em Brasília. Um escracho.

Três questões não podem calar:

1) Quando nossas Forças Armadas pedirão oficialmente desculpas à nação, começando, por exemplo, pelas famílias de Herzog e Rubens Paiva?

2) Quando nossas Forças Armadas admitirão as suas culpas e ajudaram a tornar públicos todos os documentos que permanecem escondidos?

3) Quando serão liberados os documentos sob a guarda do III Exército, hoje Comando do Sul, existentes em Porto Alegre. Ou também serão misteriosamente vazados para a RBS?

A Argentina está goleando o Brasil em matéria de acerto de contas com o passado. Por aqui, o revanchismo dos defensores da ditadura está cada vez mais forte e impudente. Há ódio contra a democracia que se instalou permitindo a eleição de muitos dos torturados do regime militar.

O jeitinho brasileiro é apenas uma forma de tapar o sol com a peneira.

O Brasil precisa rever a sua Lei da Anistia para não continuar a manter uma duplicidade vergonhosa: os ativistas políticos que se opuseram ao regime militar foram processados, julgados, condenados, torturados, exilados ou mortos. Os torturadores a serviço do regime jamais foram molestados.

Há algo fora de compasso.

Até quando temeremos as chantagens dos revanchistas?

Até quando conviveremos com torturadores de Estado em liberdade?

Até quando aceitaremos de braços cruzados as provocações dos que cometeram crimes contra a humanidade?

O atentado do Rio Centro aconteceu depois da Lei da Anistia. A documentação agora descoberta mostra como se tentou transformar um golpe hediondo de militares em uma ação da esquerda. Ficará por isso mesmo?

O ritmo do momento, porém, é outro.

Que tal trocar o funk pelo tango eletrônico?


Postado no blog Juremir Machado da Silva em 28/11/2012

Vladimir Herzog, jornalista assassinado em uma cela do DOI-Codi, completaria 75 anos em junho de 2012.

Vladimir Herzog (foto), jornalista assassinado em uma cela do DOI-Codi, completaria 75 anos em junho de 2012


No dia 21 de janeiro de 1971, o empresário e engenheiro civil Rubens Beyrodt Paiva, 41 anos, casado, pai de cinco filhos, ex-deputado federal pelo PTB de São Paulo, cassado pelo regime militar em 1964, foi levado de sua residência no Rio de Janeiro por agentes secretos do governo para "prestar depoimento".

Depois desse dia, Rubens Paiva nunca mais foi visto. Investigações realizadas por amigos e familiares apontam que ele foi brutalmente torturado nas dependências de um quartel militar, vindo a morrer menos de 24 horas depois do sequestro. Seu corpo nunca foi encontrado.


Ana Teresa Diego um grão de poeira nas estrelas




Marco Weissheimer
No dia 5 de dezembro de 2011 a União Astronômica Internacional, organização responsável por dar nomes às estrelas do universo, batizou um asteroide com o nome de “Ana Teresa Diego”. A escolha atendeu a um pedido feito por professores da Universidade Nacional de La Plata para homenagear uma ex-estudante de Astronomia da instituição, sequestrada e morta aos 22 anos pelo esquema repressivo da ditadura argentina. Alguns meses depois, em 2012, foram identificados finalmente os restos de Ana Teresa Diego.
A jovem estudante de Astronomia foi sequestrada no dia 30 de setembro de 1976, na cidade de La Plata. Há relatos de testemunhas dando conta que ela foi vista em dois centros clandestinos de detenção da Província de Buenos Aires, Pozo de Arana e Brigada de Quilmes. Seus restos mortais foram exumados de uma fossa comum do Cemitério Municipal de Avellaneda.
Além de Ana, outras três pessoas desaparecidas durante a ditadura foram identificadas este ano na Argentina: Carlos López (28 anos, delegado sindical e trabalhador de um curtume), Josefina Elvira Thompson (31 anos) e Marta Edith Veiga (23 anos, estudante de Arquitetura).
O documentário acima, intitulado “Poeira nas estrelas” conta um pouco da vida de Ana, trazendo o testemunho de colegas, do passado e do presente, e de sua mãe. É mais um facho de luz lançado contra o esquecimento, matéria-prima da qual se nutrem ainda hoje os protagonistas, cúmplices e saudosos deste período sombrio da história da Argentina e de toda a América Latina. Feito sem grandes recursos técnicos, mas com muito compromisso com a verdade e a memória, o filme se dedica simplesmente a contar um pouco da vida dessa jovem estudante de Astronomia, sequestrada, torturada e assassinada por facínoras covardes.
Postado no blog RS Urgente em 29/06/2012
Imagem inserida por mim. Imagem captada pelo Hubble nunca antes vista de uma nuvem de poeira iluminada pela estrela V838 Mon que se tornou 600.000 vezes mais luminosa que o Sol durante várias semanas em 2002.

Justiça argentina vai pedir exumação dos restos mortais do presidente João Goulart


A justiça argentina está investigando a morte do presidente brasileiro João Goulart.


O procedimento começou com uma representação do procurador do Ministério Público Federal brasileiro, Ivan Marx, que atua em Uruguiana, junto às autoridades argentinas.

Na última sexta-feira, 27 de abril, a juíza Gladis Mabel Borda, em Paso dos Libres, tomou o depoimento de Christopher Goulart, neto de Jango, incansável na busca de esclarecimentos, especialmente depois que o uruguaio Mario Neira Barreiro, ainda hoje preso no Brasil por crimes comuns e com extradição determinada pelo Supremo Tribunal Federal, disse ter participado, como membro do serviço secreto do seu país, de uma operação para eliminar Goulart, motivo de inquietação para as ditaduras do Uruguai e do Brasil.

Foi ouvido também o jornalista uruguaio Roger Rodriguez, que, nos últimos dez anos, tem publicado reportagens sobre as condições duvidosas do falecimento do presidente brasileiro deposto pelo golpe militar de 1964 e que passou a viver no exílio, entre Uruguai e, mais tarde, Argentina.

À tarde, na fazenda La Villa, município de Mercedes, onde Jango morreu, pouco mais de 100 km de Libres, a juíza Gladis Borda confirmou que irá pedir a exumação dos seus restos mortais, sepultados em São Borja.
– Faremos isso – disse ela.

A Justiça argentina quer que seus peritos possam participar ativamente da exumação e das análises destinadas a verificar algum rastro de substância capaz de ter provocado criminosamente a morte de Jango, acontecida, oficialmente, em função de um problema cardíaco.

Jango morreu na cama ao lado da mulher, Maria Thereza.

Não foi feita autópsia.

O corpo foi transportado às pressas para o Brasil.


Especialistas argentinos trabalharão para estabelecer parâmetros de análise com vistas à exumação.

Querem saber o que devem exatamente procurar.

A exumação dependerá da justiça brasileira e da autorização da família de Jango.

Em outro momento, a viúva recusou.

A demanda, segunda a juíza Gladis Mabel, deve acontecer em breve.

Estivemos em Mercedes, na estância La Villa, Cláudia e eu, com Christopher Goulart, Roger 
Rodriguez e as autoridades argentinas encarregadas do novo inquérito sobre a morte de Jango.

Esteve presente também Pablo Vassel, diretor-geral da Unidade de Direitos Humanos e do Conselho da Magistratura da Nação.

Argentina está levando profundamente a sério o procedimento instaurado.

Sexta-feira, uma bela tarde de sol, campos a perder de vista.

A fazenda onde Jango morreu é um lugar lindo, com dois mil hectares de pastos.

O alemão Sergio Fava, casado com a argentina Victoria, é o atual proprietário.

Vivem na bela e ampla casa com os filhos.

O quarto onde Jango morreu é hoje um lindo e bem mobiliado recinto para hóspedes.


A paisagem do pampa ombreia com o bom gosto dos fazendeiros e com a beleza da dona da casa.

Jango morreu num lugar, ao mesmo tempo, estupendo, ermo e com seu jeito.

Christopher Goulart mal disfarçou a emoção ao conhecer a casa onde o avô passou a última noite.

Se depender dos argentinos, a verdade começará a aparecer.

Eles não costumam tapar o sol com a peneira.

Ainda mais o belo sol de Mercedes numa tarde morna de outono.



O tempo passa, a história não se apaga. O cotidiano, porém, sempre vence.

A história cobra uma nova luz.


Postado no blog Juremir Machado da Silva no site Correio do Povo em 29/04/2012