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Tirem as sementes de baobás do coração como o Pequeno Príncipe tira de seu planeta
Se você encontrar um baobá no coração, arranque-o inteiro com as raízes, porque as suas sementes hospedam o medo, a insegurança, a decepção, a raiva, etc. Faça como o Pequeno Príncipe, que a cada manhã retirava todas as sementes dos imensos baobás de seu pequeno planeta, por medo de que crescessem demais e de que suas gigantescas raízes destruíssem o que ele tanto amava.
Existem medos lógicos e racionais que garantem o nosso bem-estar. Eles são temores adequados que regulam a nossa sobrevivência. No entanto, em algumas ocasiões, quase sem saber como, aparecem essas sementes de baobá que invadem tudo.
Elas estão no subsolo do nosso jardim psicológico, crescendo de modo silencioso, mas alterando o nosso equilíbrio e a nossa concentração.
“Existem sementes boas, de ervas boas, e sementes ruins, de ervas ruins. Elas dormem no segredo da terra até que uma delas cisme em despertar. Então, ela se espreguiça e lança timidamente para o sol um broto inofensivo. Se é de rabanete ou de roseira, podemos deixar que cresça à vontade. Mas quando se trata de uma planta ruim, é preciso arrancar logo, assim que a reconhecermos”. – O Pequeno Príncipe –
De todas as reflexões que Antoine de Saint-Exupéry deixou em O Pequeno Príncipe, esta é uma das mais interessantes. No livro, o pequeno protagonista arrancava diariamente as sementes “ruins” do seu planeta enquanto alimentava e regava as sementes “boas”.
Estamos na Primavera : As 20 árvores mais belas da Terra
"Uma árvore é um organismo vivo maravilhoso que dá abrigo, alimentação, calor e proteção a todas as coisas vivas. Ela ainda dá sombra para aqueles que exercem um machado
para cortá-la ". (Buda)
Enquanto aprecia o artigo que tal ouvir uma linda canção?
Oi amigos queridos! Setembro chegou trazendo novos ares de liberdade! É um mês especial! E para homenagear o mês da primavera que tal começar se deleitando com as 20 espécies das mais belas árvores existentes no planeta?
Fiz uma seleção, mas se você concluir que ainda existam outras tão belas quanto, por favor, me avise nos comentários, que incluirei no post ok? Vocês sabem que provavelmente existem centenas de árvores majestosas e magníficas no mundo todo e destas, algumas são particularmente especiais. Ei-las aqui:
1 - Flamboyant (Brasil)
Começando com o nosso país, é óbvio! Apesar da árvore Flamboyant ser originária de Madagascar, ela adora as áreas tropicais ao redor do mundo. Aqui no Brasil ela também é conhecida como Flor-do-Paraíso ou Pau-Rosa. Como não se apaixonar? É maravilhosa!
2 - Ashdown Forest, West Sussex (Inglaterra)
Ashdown Forest é uma área antiga de charneca aberta, muito tranquila e serena, ocupando uma grande área de areia, dotado de impressionante beleza natural. Situa-se a cerca de 30 milhas (48 km) ao sul de Londres, no condado de East Sussex, Inglaterra.
3 - General Sherman, Parque Nacional da California (EUA)
General Sherman é uma sequoia gigante localizada na Floresta Gigante da Sequoia National Park, na Califórnia. As árvores famosos da floresta gigante, estão entre as maiores árvores do mundo. Na verdade, se medido em volume, cinco das dez maiores árvores do planeta, estão localizados dentro desta floresta. Em 11,1 metros (36,5 pés) ao longo da base, a árvore General Sherman é a maior de todas elas. Acredita-se que a árvore deva ter entre 2.300 a 2.700 anos. Um espetáculo, uma árvore idosa que já deve ter visto muita história!
4 - Angel Oak: Charleston, Sul da Carolina (EUA)
The Angel Oak Tree é um carvalho vivo Austral (Quercus virginiana), localizado em Angel Oak Park em Johns Island perto de Charleston, Carolina do Sul. O Angel Oak Tree é estimada em mais de 400-500 anos de idade, está com 66,5 pés (20 m) de altura, mede 28 pés (8,5 m) de circunferência, e produz sombra que cobre 17.200 pés quadrados (1.600 m2). De ponta a ponta, sua maior distância ramo é 187 metros. Fabuloso!
Índia bate recorde e planta 66 milhões de árvores em força tarefa de 12 horas
Muitas vezes as grandes questões ambientais, como combater o desmatamento e reverter a destruição das florestas, parecem dilemas quase insolúveis. Certas campanhas, porém, mostram que, com um pouco de vontade política, outro pouco de investimento, e principalmente com participação popular, é possível, se não resolver tais questões, ao menos fazer a maior diferença – é o que mostram as campanhas de replantio realizadas recentemente na Índia.
Se, em 2016, o país já havia conseguido plantar, com intensa adesão da população – incluindo idosos e crianças – plantar 50 milhões de árvores em 24 horas, mais recentemente, na semana passada, tal recorde foi batido: mais de um milhão de voluntário se juntaram para plantarem 66 milhões de árvores.
Para realizar tal impressionante feito verde, os voluntários precisaram de metade do tempo: as árvores foram plantadas 12 horas.
O plantio se deu nas margens do rio Narmada, no estado indiano de Madhya Pradesh. As árvores plantadas se dividem em 20 diferentes espécies, e a campanha faz parte das ações que o país se comprometeu, sendo o terceiro maior emissor carbono do mundo, dentro do Acordo de Paris.
O compromisso indiano é de ampliar suas florestas em cinco milhões de hectares até 2030. Diferentemente dos EUA de Trump, que decidiu retirar o país do Acordo, a Índia parece comprometida a fazer sua parte – e quem agradece, junto dos indianos, é o mundo todo.
Postado em Hypeness
Esta incrível ação voluntária, na Índia, de plantar 66 milhões de árvores mostra que basta o homem querer mudar o foco para salvar
a natureza e o planeta ...
a natureza e o planeta ...
As árvores curadoras, segundo o Tao
As árvores são amigas silenciosas das quais nos aproximamos espontaneamente: procuramos a sua sombra, nos recostamos sobre o seu tronco ou as escalamos como um desafio divertido. As árvores exercem uma atração natural sobre os seres humanos. Elas são seres vivos e, em qualquer lugar que estejam, temos a sensação de estarmos acompanhados.
Onde quer que haja uma árvore, também há oxigênio e, portanto, vida. O pesquisador Matthew Silverston fez um estudo sobre as árvores e publicou um livro chamado ‘Blinded by Science’, onde desenvolve uma teoria interessante sobre o benefício de abraçar as árvores e estar em contato com elas.
“Entre o homem e a árvore existe um vínculo vital imperceptível que une os seus destinos”. – George Nakashima –
A “terapia das árvores” é uma corrente que utiliza essas novas descobertas. No entanto, há milhares de anos as culturas orientais já falavam sobre os benefícios para a saúde física e mental de abraçar as árvores e manter contato com as florestas. O Zen é uma dessas doutrinas que valoriza o poder de cura da natureza.
As árvores e a saúde
Com base nos estudos do Oriente e do Ocidente, encontramos uma série de benefícios específicos quando abraçamos uma árvore. Elas são seres vivos como nós e possuem a capacidade de se comunicar com as pessoas, curar as suas almas e os seus corpos. Algumas árvores tornaram-se relevantes pelo seu poder de cura específico para certas doenças. São as seguintes.
Pinheiro. Eles são reverenciados na cultura chinesa e japonesa e são consideradas árvores imortais. De acordo com a sabedoria Zen, fortalecem o sistema nervoso e melhoram a circulação.
Cipreste. Abraçá-los ajuda a alcançar uma maior serenidade, reduz o calor do corpo e a raiva.
Salgueiro. Ajudam a regular a umidade do corpo e tratam do sistema urinário.
Ulmeiro. Fortalecem o estômago e acalmam as emoções.
Ácer. Eles ajudam a limpar a “energia ruim” ou pensamentos negativos, e diminuem qualquer dor física.
Abeto. Reduzem o inchaço e ajudam na cura de fraturas ósseas.
Bétula. Contribuem para desintoxicar o corpo.
Caneleiro. Melhoram a saúde do coração e de todos os órgãos abdominais.
Ameixeira. Contribuem para melhorar o funcionamento do pâncreas e do estômago.
Figueira. Melhoram o sistema digestivo e reduzem a temperatura do corpo.
Acácia. Ajudam a reduzir a temperatura do coração.
Dizem que Galeno, um dos pais da medicina, aconselhava todos os seus pacientes a passarem algum tempo em um bosque. Paulino, outro médico da mesma época, afirmava que os pacientes com epilepsia melhoravam quando dormiam perto de tílias floridas. Todos os médicos reconhecem o valor de cura do contato com a natureza.
As terapias com árvores e florestas
A terapia com árvores é um campo da medicina alternativa que utiliza árvores e florestas como fonte de cura. Toda vegetação contém grandes quantidades de íons negativos. Portanto, quando o corpo entra em contato com eles, fica livre das toxinas eletromagnéticas e melhora o humor.
Do ponto de vista desta abordagem, o contato com os aparelhos elétricos e o estresse fazem com que o corpo seja preenchido com íons positivos. Nesses casos, é como se o corpo se tornasse um transformador ambulante. Algo que faz você se sentir cansado, irritado, mal-humorado, depressivo e sem energia. Basta ter contato com uma floresta e tudo isso é neutralizado. Quando abraçamos uma árvore, as suas energias funcionam como energias curadoras dos males em geral.
Caminhar descalço no campo e abraçar árvores são práticas recomendadas principalmente para pessoas que se sentem nervosas e inseguras. Também é muito útil para pessoas com fadiga excessiva ou que se sentem emocionalmente sobrecarregadas. Matthew Silverston disse que é como “absorver vitaminas de ar”, e que isto ativa todas as funções do corpo e da mente.
Um dos fardos da vida nas grandes cidades é precisamente a dificuldade de entrar em contato frequente com a natureza. O simples fato de olhar o verde da vegetação e respirar o ar gerado em torno dela é uma bela experiência. Não é preciso ter muitos conhecimentos para perceber que as florestas nos tranquilizam. Além disso, não custa nada, não requer nenhuma habilidade, e nos traz muitos benefícios.
Por que não incluir uma visita a uma floresta ou campo dentro das suas atividades habituais?
Árvores podem fazer amigos e cuidar umas das outras
Especialista afirma que árvores podem fazer amigos
e cuidar umas das outras
João Rabay
As árvores não são “robôs orgânicos” que apenas produzem oxigênio e madeira. Elas são capazes de escolher o que fazer, têm memórias e até diferentes personalidades. Também são capazes de fazer amizade e ajudar umas às outras. Quem diz é o alemão Peter Wohlleben, especialista em árvores e guarda-florestal com anos de experiência.
No ano passado, ele lançou um livro, chamado A Vida Escondida das Árvores (ainda sem versão brasileira), que se tornou best-seller na Alemanha e foi traduzido em 19 idiomas, inclusive o português de Portugal. Nele, o autor explica de forma descontraída o que aprendeu nas décadas em que trabalhou nas florestas do país.
" Ué, cadê a árvore papai? "
Nossa mania de perfeição nos tornou perfeitos imbecis
André J. Gomes
"Ué! Cadê a árvore, papai?”, pergunta meu filho João tomado de susto, os olhinhos tristes, a boca tremendo angústia, um segundo antes de desabar em total decepção. A árvore que desde sempre vivia em nosso caminho diário, e que ali estava até o dia anterior, desaparecera em mistério.
Sou desses pais separados que fazem gosto e questão de estar junto aos filhos. De segunda a sexta-feira, busco meu menino na escola para nosso almoço em família. Ele e eu. É das coisas simples que suavizam o peso da minha rotina de operário.
Até ontem, todos os dias, no caminho que fazemos entre a escola e o restaurantinho de comida por quilo, João corria na minha frente e escalava feito um filhote de bicho uma árvore de porte médio, tronco largo, inclinado, fácil de subir, inofensiva. Ideal para um menino de sete anos muito dado à fantasia e pouco afeito às proezas físicas.
Hoje foi diferente. Quando chegamos para encontrá-la, a árvore não mais existia. Até a véspera, nada havia de estranho. Estava lá, gozando de saúde plena, bafejando oxigênio na vida.
Hoje, ali restava um vazio súbito, inexplicável. No quadrado de terra cercado de calçada onde ela nos esperava pontual e generosa, havia nada além de um toco morto, serrado rente ao chão.
Pergunto ao zelador do prédio em frente. Cadê a árvore? E ele me explica sem mais o quê: “O pessoal resolveu cortar. Atrapalhava a passagem”.
O pessoal. “O pessoal resolveu cortar.” Assim, do nada. No silêncio covarde da noite, “o pessoal” foi lá e abduziu a árvore do mundo sob a acusação de que ela “atrapalhava a passagem”.
Muito bem. Agora o mundo está perfeito. Não há mais violência, corrupção, má distribuição de renda, trânsito, ignorância, guerra, doenças. Nada! A passagem está livre. A árvore, maldito empecilho ao conforto do “pessoal”, não mais existe. Pronto. Agora a vida pode seguir impecável.
Muito bem, senhores responsáveis pelo tempo das árvores de porte médio que resistem nas calçadas estreitas das cidades modernas. Bom trabalho, respeitáveis mandatários dos canteiros e jardins públicos, ministros do desmatamento urbano. Sua sanha de aperfeiçoar a civilização é formidável!
Mas sabe o quê? Os senhores bem podiam dar à pobre da árvore uma chance, não? Podiam ao menos, antes de executá-la de modo sumário, tê-la submetido a um julgamento justo. E que se reunissem à sua sombra as testemunhas de acusação e as de defesa.
As primeiras desfiariam seu rosário de ódios recolhidos da pobre ré. “Atrapalha a passagem”; “a gente não vence limpar a calçada que vive suja de folha”; “à noite deixa a rua mais escura e favorece a ação dos assaltantes” e outros argumentos certeiros.
Já as testemunhas de defesa, decerto em número mais modesto, responderiam com humildade e esperança e boa intenção suas razões simples. A pobrezinha não faz mal a ninguém. Quando muito, obriga o pedestre a desviar de seu tronco, inclinar a cabeça para não raspá-la em um galho travesso. Certo é que suas folhas soltas forrando o chão oferecem o devido trabalho ao pessoal da limpeza, mas nada grave, obtuso, hediondo, passível de execução sumária. Sem dúvida a árvore perderia a peleja, como é de costume no lado mais fraco das coisas. Mas não seria sem luta.
Ah… senhores. Sou capaz de poucas afirmações certeiras na vida, mas esta eu asseguro sem medo: a árvore era boa. Dava sombra, absorvia o gás carbônico, liberava oxigênio, melhorava a qualidade do ar, ajudava a equilibrar a temperatura. E fazia a festa do meu filho. Seu tronco inclinado era cavalo, foguete, jangada, dragão, dinossauro ou tão somente árvore na fantasia de um menino imaginoso.
É isso, cavalheiros. Aproveitem a vitória. Seu caminho ora vai perfeito. Livre da inconveniência do tronco irregular. Sem folhas caídas na calçada esperando que alguém as varra. Sem assaltantes noturnos escondidos na copa escura, esperando para pular na frente de suas vítimas e gritar “é um assalto”! Sem um pai e seu filho fazendo festa durante o dia sob uma árvore torta de porte médio, enquanto o mundo inteiro trabalha afoito, na custosa busca de sua ansiada e impossível perfeição.
Postado no Bula
Uma Tipuana e 40 anos de história
Carlos Dayrell, Marcos Saraçol e Teresa Jardim. Porto alegre em 26/02/1975
O método foi tão simples quanto eficiente: ao subir na árvore, estudantes a salvaram do corte, enfrentaram a ditadura e marcaram luta ambientalista no Brasil
Elenita Malta Pereira
Há 40 anos, em meio à ditadura militar, jovens subiram numa árvore em Porto Alegre para impedir seu corte pela Prefeitura Municipal. O episódio, protagonizado pelos estudantes universitários Carlos Dayrell, Marcos Saraçol e Teresa Jardim transformou-se em ato de protesto, sendo atualmente lembrado como um dos marcos nas lutas do movimento ambientalista brasileiro, nos anos 1970.
Tudo começou por volta das 10:30 da manhã, no dia 25 de fevereiro de 1975. O mineiro Carlos Alberto Dayrell, de 21 anos, estudante de Engenharia Elétrica na UFRGS e sócio da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), estava a caminho para realizar sua matrícula, quando, ao passar pela Faculdade de Direito, na Avenida João Pessoa, viu funcionários da Secretaria Municipal de Obras e Viação de Porto Alegre cortando árvores que estariam atrapalhando a construção do Viaduto Imperatriz Leopoldina.
A reação de Dayrell foi aproveitar um descuido dos trabalhadores para protestar contra os cortes. Subiu na próxima árvore a ser abatida, uma Tipuana (Tipuana tipa), para impedir o trabalho das motosserras. O estudante se instalou no alto, no meio dos galhos, e lá ficou, enquanto um grupo de pessoas começou a se formar em torno da árvore, dando apoio moral. Solidários, mais dois estudantes, Marcos Saraçol, de 19 anos, acadêmico de Matemática, e Teresa Jardim, de 27 anos, que cursava Biblioteconomia, subiram na Tipuana.
Dayrell seguia a orientação do presidente da Agapan à época, José Lutzenberger. Em uma das reuniões da associação, questionado pelo público sobre o que fazer contra a derrubada de árvores que acontecia na cidade, Lutz teria dito: “Nós já fizemos bastante coisa, mas não fomos ouvidos, façam vocês, subam nas árvores!”.
Ao tomar conhecimento do ato dos estudantes, o secretário da Agapan, Augusto Carneiro, pôs-se a convocar os sócios da entidade a apoiar o protesto. Por volta das duas da tarde, havia cerca de quinhentas pessoas no local. Elas alçavam alimentos e água aos estudantes, que não aceitavam descer enquanto não houvesse garantias de que a árvore não seria derrubada.
A imprensa esteve presente: as rádios locais mobilizavam a cidade, descrevendo passo a passo o surpreendente protesto. Houve cobertura de jornais porto-alegrenses, mas também o Estado de São Paulo, a revista Veja e até o The New York Times noticiaram o episódio, tornando-o conhecido além das fronteiras do estado. A Brigada Militar, comandada pelo capitão Joaquim Luís dos Santos Monks, apenas observava a manifestação, de forma pacífica.
Por volta das 15h30, o diretor da Faculdade de Engenharia da UFRGS, Adamastor Uriartti, pediu que os estudantes descessem para conversar. Teresa o convidou a subir e ele aceitou, sob aplausos do público. O professor levava uma proposta para resolver o conflito: Teresa e Saraçol continuariam na árvore enquanto Dayrell desceria para negociar com as autoridades.
Em seguida, Dayrell aceitou descer e ir com Uriartti, Lutzenberger e Carneiro ao gabinete do Secretário de Obras. Marcos e Teresa resistiram no local até as 17 horas, quando chegou a notícia de que a árvore seria preservada. Ambos desceram da Tipuana, mas foram imediatamente presos e levados de camburão para o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). O comandante da brigada fora substituído, e o novo policial decidiu acabar com o protesto, de forma violenta. Houve tumulto, agressões a ambientalistas e repórteres que acompanhavam o protesto.
No DOPS, Marcos e Teresa foram interrogados, fotografados, identificados e fichados. Não houve agressões físicas, mas muita intimidação. Para sorte dos estudantes, membros da Agapan, jornalistas e pessoas simpatizantes ao protesto deslocaram-se para o DOPS, pressionando para que fossem libertados. Somente por volta das 23 horas ocorreu o desfecho, com a soltura dos estudantes e repórteres.
“Ninguém mexia um dedo pela árvore”
Dias depois, Dayrell explicou porque resolveu iniciar o protesto. Ao passar pela Faculdade de Direito da UFRGS, reparou na derrubada das árvores. Viu também que na esquina em frente uma pequena multidão de curiosos assistia à demolição de um prédio. Em declaração ao jornal Folha da Manhã, disse:
“O edifício caia e todo mundo olhava. Mas ninguém mexia um dedo pela árvore. Eu fiquei impressionado. Então resolvi subir na próxima que seria cortada. Mas pensei que os operários iam me derrubar lá de cima. Ficaram ameaçando uma meia hora, depois desistiram – pensavam que eu ia cansar e descer sozinho”.
O que nem os funcionários nem as autoridades esperavam é que Dayrell ficasse horas em cima da Tipuana, disposto a permanecer ali o tempo que fosse necessário para garantir sua não derrubada. Só desceu depois de muita negociação e, mesmo assim, Marcos e Teresa continuaram lá em cima.
Os estudantes não sabiam, mas estavam protagonizando um ato político que teria grande repercussão naquele contexto de ditadura. O país vivia ainda sob o Ato Institucional Nº 5, estava proibido qualquer tipo de manifestação pública. Durante o episódio, “espiões” circularam no local e tiraram muitas fotos, talvez
para pressionar os jovens a desistirem.
Numa época em que arbítrios como tortura e desaparecimentos eram comuns, os estudantes resistiram bravamente, mesmo temendo possíveis represálias.
Seis dias depois do protesto, Dayrell também prestou depoimento e foi fichado criminalmente no DOPS. Até Lutzenberger foi convocado a depor, porém não foi fichado. Os policiais queriam saber a posição da Agapan diante do protesto dos jovens; mais do que isso, queriam saber o que era e o que fazia a Agapan. Mesmo atuante desde 1971, foi somente com o episódio de 25/02/1975 que o regime notou a existência da entidade ecológica, ou seja, a ecologia não era considerada “subversiva”.
No entanto, após o ato dos estudantes, mais e mais pessoas começaram a interessar-se pelo tema, que ganhou cores revolucionárias nos anos 1970.
Marcos Saraçol e Carlos Dayrell
Árvore na Av. João Pessoa. O protesto foi vitorioso, pois a Tipuana continua no mesmo local até hoje.
Para Dayrell e Saraçol, aquele foi um dia marcante em suas vidas, que tomaram rumos bem diferentes. Marcos se formou e trabalhou como professor de Matemática durante 39 anos, recentemente aposentou-se.
Já Dayrell desistiu da Engenharia Elétrica e passou no vestibular para Agronomia. Voltou para seu estado natal, onde ajudou a fundar o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, fez um Mestrado em Agroecologia na Espanha e atua na área até hoje. Infelizmente, não temos dados sobre Teresa Jardim.
Em 1998, Dayrell recebeu o título de Cidadão Honorário de Porto Alegre, concedido pela Câmara de Vereadores e, na ocasião, foi colocada uma placa de bronze do lado de dentro dos muros da Faculdade de Direito da UFRGS para lembrar o episódio.
Nenhuma outra árvore foi derrubada para construir o viaduto. Atualmente, se por um lado, com a atuação do movimento ambientalista, houve uma ampliação da conscientização ecológica e, por isso, as árvores são mais valorizadas, por outro, seguem ocorrendo cortes urbanos mal planejados, desmatamento das matas ciliares, queimadas de florestas e ocupação equivocada de encostas de morros.
O ato dos estudantes, bastante corajoso para o contexto da época, merece ser sempre lembrado, porque chamou a atenção para o descaso com o ambiente urbano e também para a possibilidade de construir sem destruir: na verdade, as árvores não atrapalhavam a construção do viaduto, o projeto é que devia ser adequado a elas.
Ainda é preciso resistir: os cortes de 2013
O gesto dos estudantes em 1975 segue inspirando as novas gerações. Em fevereiro de 2013, Porto Alegre vivenciou novamente a subida de jovens nas árvores para impedir seu corte. Dessa vez, o palco foi a Praça Júlio Mesquita, em frente à Usina do Gasômetro. Mesmo com a resistência popular, as árvores foram cortadas , sob o pretexto de melhorar a mobilidade urbana para a realização dos jogos da Copa do Mundo na cidade.
No entanto, o argumento se revelou inválido, já que a área ficou fechada no horário dos jogos e as pessoas se deslocaram até o estádio Beira Rio principalmente a pé, utilizando as ruas próximas ao Parque Marinha do Brasil.
A questão central que motivou os jovens de 1975 e os de 2013 permanece sem solução: o conflito entre desenvolvimento e proteção ambiental. Em ambos os contextos, estavam em jogo a ampliação dos espaços para automóveis. Em 1975, as árvores tombaram para dar lugar a um viaduto que facilitaria o trânsito no local; em 2013, os cortes também deram maior espaço para o tráfego e estacionamento de carros.
Certamente, algumas obras são necessárias, no entanto, o que é questionável é a forma como elas são planejadas e construídas, muitas vezes sem possibilitar a participação da sociedade nos processos decisórios. Como já alertava Lutzenberger nos anos 1970, esse tipo de questão requer decisões de cunho político, não apenas técnico.
A substituição do verde pelo concreto deveria ocorrer somente em casos extremos, quando esgotadas outras possibilidades.
João Marcos Coimbra e Júlia Ludwig. Porto Alegre em 2013
A rua mais bela do mundo
Mas nem tudo está perdido, ainda há esperança para as árvores em Porto Alegre. É na cidade que se encontra “a rua mais bonita do mundo” – a Gonçalo de Carvalho. Emoldurada por um túnel verde de Tipuanas, foi a primeira rua declarada Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de Porto Alegre, em 2006. Mas isso foi fruto da luta de seus moradores contra a construção de obras e edifício-estacionamento que exigiriam o corte de árvores e ampliariam o trânsito no local.
Em 2014, o movimento Amigos da rua Gonçalo de Carvalho homenageou Dayrell e Saraçol pelo gesto de 1975, que os inspirou a lutar pela preservação do túnel verde da rua.
Passados 40 anos, o episódio da João Pessoa merece ser sempre lembrado, como inspiração para novas lutas contra o corte indiscriminado das árvores em Porto Alegre e onde quer que seja.
Aquela vitória garantiu a vida de apenas uma Tipuana, porém, ao longo do tempo, tem incentivado a luta pela permanência de muitas outras. Continua entusiasmando os novos jovens a resistir à devastação de um jeito bem “natural”: como nossos parentes primatas, precisamos subir mais nas árvores.
Postado no site Outras Palavras em 25/02/2015
Sebastião Salgado : fotógrafo, economista e plantador de árvores
Fotografias de Sebastião Salgado
Instituto Terra
Planta, educa e inspira
Planta, educa e inspira
Fundada pelo fotógrafo Sebastião Salgado e sua esposa Lélia Wanick Salgado, a ONG em Minas Gerais planta milhões de árvores todos os anos, reabilita recursos hídricos, educa os alunos em Minas Gerais e Espírito Santo.
Árvores tombadas e clichês em queda livre
Juremir Machado da Silva
– Os ecochatos tentam frear o progresso.
Ainda é comum se ouvir esse clichê na boca de quem imagina combater todos os lugares-comuns deste mundo.
– Por causa de um coruja não se pode tocar uma obra.
Os “progremalas”, xiitas do lucro a qualquer custo, odeiam ser atrapalhados por considerações ecológicas. Continuam a achar que a natureza é um repositório infinito de bens a serem devastados sem qualquer limite.
– A vanguarda do atraso impede o país de crescer.
Essa afirmação é feita em tom solene e, ao mesmo tempo, jocoso por homens que jamais se questionam diante do espelho.
É um pessoal que parou no tempo. Uma turma que ainda pratica o capitalismo do século XIX. Se for para crescer economicamente, pode poluir à vontade. Se for para ganhar muito dinheiro, pode desmatar sem constrangimento. Se for para os carros andarem mais rápido, pode derrubar quanto árvores se fizer necessário.
A vida desses amantes da motosserra está cada vez mais difícil. O cerco em torno deles não para de se fechar.
Hoje tem audiência pública na Câmara de Vereadores sobre a derrubada das árvores da avenida Edvaldo Pereira Paiva, em Porto Alegre.
Por mais algum centímetros de pista para os bólidos dos nossos apressados motoristas, de acordo com o plano de mobilidade para a Copa do Mundo de 2014, mais de cem árvores devem cair. Elas estão marcadas para morrer. Todas assinaladas com um “c”.
Os comedores de concreto estão dispostos a tudo pelo “progresso”. O que são cem árvores para eles? Árvores, segundo o prefeito, “que ninguém usa”. O importante é ter asfalto novinho para mostrar na próxima visita da Fifa.
– Florestas, bosques, matas, árvores abatidas – diz um personagem, intérprete de “O pato selvagem”, de Ibsen, no clássico “Árvores abatidas” do genial Thomas Bernhard.
Quando os atuais comedores de concreto eram crianças, implicar com os outros, especialmente com os mais fracos, era normal; molestar meninos e meninas era comum e morria no silêncio dos lares com seus segredos letais; não deixar negros entrarem em clubes social fazia parte dos costumes na maioria das nossas cidades; fumar na cara dos outros era charmoso; destruir a natureza era uma obrigação de homens empreendedores, sérios e comprometidos com o futuro.
Agora, isso tudo é chamado por seus nomes: bullying, pedofilia, racismo, tabagismo, burrice antiecológica, etc.
Há quem sofra terrivelmente com essa nova realidade limitadora dos seus movimentos.
– O politicamente correto nos deixa de mãos amarradas.
Precisamos de mais asfalto ou de mais árvores? Entre mais asfalto e preservação das árvores, o que deve ser prioridade?
Um comedor de concreto supostamente com senso de humor, deixando escapar seu racismo, saiu-se com esta:
– Para que tantas árvores se temos poucos macacos.
Postado no blog Juremir Machado da Silva em 18/03/2013
Imagem inserida por mim
O dia é de todas as árvores…
Ipê-branco (Tabebuia roseo-alba)
... Mas o Ipê, independentemente da cor de sua flor, bem que poderia ser nossa árvore símbolo da resistência à devastação. A beleza não está só na sua floração, mas na cor escura e contrastante de seu tronco e galhos. Também na sua formação, quase um “bouquet”.
O ipê da foto acima é o branco (Tabebuia roseo-alba). Beleza rara pelo tempo da florada de no máximo quarto dias (quando não, menos). As espécies de outras cores (roxa e amarela, sobretudo), vão de uma semana a 10 dias. O ipê-branco floresce entre agosto e outubro, em tempos de primavera.
Sua origem? Brasil, do Norte do Estado de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás. O ipê-branco é uma imagem que tenho guardada, lá do sítio da minha bisavó (Fazenda Santa Maria), onde passei bom tempo da minha infância e juventude. Agora, madura –como o ipê- ainda nos dias de hoje posso continuar contemplando sua beleza.
Peixe Solto: O registro foi no município de Sacramento (MG), Triângulo Mineiro. Envie também sua história e sua melhor imagem no endereço: contato@peixesolto.com.br
Postado no blog Peixe Solto em 21/09/2012
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