Carta aos intensos



Assim como eu

Você também sabe como é queimar na fogueira dos sentimentos

Ser taxado de louco e desequilibrado

Num mundo que aplaude as aparências

Não nos prendemos nas cadeias invisíveis da consciência

E não temos vocação pro raso.

Gostamos do mergulho em águas desconhecidas

Falamos muitas vezes o que não queremos

Pois os sentimentos nos estrangulam

Precisamos colocar pra fora e sempre pecamos pelo excesso

Nossas almas inquietas desejam beijar o céu

Mas muitas vezes sentimos dentro de nós o próprio inferno

Saltamos no abismo sem pensar

Nosso coração bate com pressa

Sabemos que a vida se esgota num piscar de olhos

E que o calendário sempre marca um dia a menos

Estamos sempre em colisão na contramão do mundo

Dançamos na tempestade

Choramos nos filmes tristes

Gritamos de raiva

Abraçamos demoradamente

Amamos loucamente e temos extrema dificuldade com o fim

Sentimos em doses absurdamente maiores

Vivemos com a urgência dos apaixonados

Encaramos no espelho todos os dias

O nosso maior inimigo e o nosso maior perigo

Somos tudo aquilo que grita dentro de nós

Nascemos à flor da pele e pagamos o preço por isso

Sabemos que a vida é para os que se atrevem

E nós atrevidamente vivemos.

Bruno Missurino






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