Um pouco de emoção no nosso dia a dia é sempre bom. Ter esse ponto de ativação certo e adequado nos permite aumentar a motivação, aumentar a capacidade de realização e aumentar a capacidade de enfrentar as dificuldades. No entanto, o verdadeiro bem-estar físico e psicológico encontra-se neste estado dominado pela calma e pelo equilíbrio.
A vida adquire maior significado e transcendência através de uma mente sossegada. Por isso, as emoções tranquilas orquestram, promovem e facilitam aquela harmonia a partir da qual a ansiedade não nos atormenta. É aquele refúgio sereno de onde olhar o mundo com uma perspectiva mais aberta, mais focada e relaxada.
Embora seja verdade que nossas mentes evoluíram para facilitar a sobrevivência e que a preocupação é o mecanismo que nos permite reagir aos perigos, tudo tem um limite. Somos aqueles seres que, quase sem saber como, acabam vendo ameaças onde não há. Antecipamos fatalidades e cada vez nos sentimos mais exaustos, mais angustiados.
E se mudarmos essa dinâmica? Que tal aprendermos novas abordagens mentais para reduzir aquela hipervigilância e estresse constante para abraçar a calma e a tranquilidade? Vamos ver como alcançar isso.
“Vá com calma, porque se você começar a levar muito a sério, elas acabam.” - Jack Kerouac -
A mente calma se sente mais apta a estar no verdadeiro controle
de sua vida.
Tipos de emoções tranquilas e como promovê-las em sua vida
“Calma”. Só de pronunciar essa palavra algo se acende em nós. Nesta realidade muitas vezes caótica, hiperconectada e exigente, nos acostumamos a viver com excesso de barulho. Tanto externo quanto interno. Notificações, e-mails e infinitas metas a cumprir juntam-se ao peso da incerteza e do medo de não saber o que vai acontecer amanhã.
Uma mente calma não evita esses tipos de realidades. É uma abordagem psicológica que lida com a efervescência diária com melhores ferramentas. É deixar de sentir que está andando na corda bamba, perceber que está usando um bastão, que avança com mais segurança sem o peso excessivo da ansiedade, daquelas preocupações que nos fazem tremer e aumentam o risco de queda.
Uma maneira de alcançar essa calma interior é por meio de um tipo muito específico de estado mental. As emoções tranquilas são aquelas que os especialistas definem como “de baixa energia”, que proporcionam calma física e mental. São também elas que nos distanciam da turbulência da angústia. Assim, um estudo da Universidade de Michigan, por exemplo, destaca algo importante.
Emoções com valência positiva ampliam e aprimoram nossos repertórios cognitivos e comportamentais. Assim, no caso de atingir esse ponto ideal de serenidade interna, os pensamentos acelerados e a reatividade física seriam reduzidos para nos permitir ter maior controle sobre nós mesmos e sobre o que nos rodeia. Aqui estão alguns exemplos desse tipo de estado.
Tenha em mente o seguinte mantra para o seu dia a dia: “Eu expiro a tensão, o medo e a preocupação, e inspiro o ar calmo e curador”.
1. Serenidade, aceitar o que você não pode controlar
A serenidade é um estado emocional poderoso. Essa sensação nos dá quietude, satisfação e conexão. A pessoa que age com serenidade é aquela que vê as coisas com maior clareza, aceitação e calma, sabendo o que quer. É exatamente o oposto de uma mente ansiosa e acelerada e o melhor antídoto para o medo da incerteza.
A maneira de alcançar essa emoção é através do autoconhecimento e do autocontrole. Quando você souber quem você é, quais são seus objetivos e assumir que nem tudo está sob seu controle, você alcançará a serenidade adequada.
2. Elevação emocional, quando você aprecia a beleza da vida
Entre as emoções tranquilas mais importantes está o conceito de elevação. Embora seja verdade que tem uma componente que se integra no espiritual, não deixa de definir uma experiência que todos podemos alcançar. Define aquele sentimento em que algo gera uma combinação mágica entre admiração, fascínio e satisfação. É encontrar algo que nos dê sentido e transcendência.Para alcançar a elevação emocional, você deve buscar cenários ou práticas que o façam se sentir realizado. Você pode tocar esse sentimento assistindo a um nascer do sol no mar. Também passear, trabalhando pelos seus sonhos ou compartilhando o tempo com as pessoas que você ama.
3. Calma, mais que uma emoção, uma atitude
Ter calma, desenvolver uma visão mais calma do mundo, treinar nosso corpo para reduzir a tensão e o nervosismo. Não seria esse tipo de experiência a mais adequada para alcançar o bem-estar?
Isso mesmo, a calma emocional é acima de tudo uma atitude perante a vida, aquela que nos permite ver a nossa realidade a partir de um filtro mais relaxado, racional e ajustável.Para alcançar a calma devemos treinar o diálogo interno negativo, aquele que nos traz tempestades, ansiedade e pensamentos catastróficos. Vamos aceitar que nem tudo pode estar sob nosso controle.
"A bondade é a mais elevada e satisfatória das emoções tranquilas, aquela que deve guiar nossas vidas."
4. Alívio, o fim da angústia
O alívio é uma daquelas emoções silenciosas nas quais devemos trabalhar todos os dias. Apenas define aquele sentimento que nos abraça quando resolvemos algo que nos preocupa, que nos preocupa e ofusca o nosso equilíbrio pessoal.
Atenuar o sofrimento é uma estratégia que, em grande medida, depende das nossas capacidades. Basta saber responder às dificuldades com estratégias inovadoras e corajosas.Todos nós podemos alcançar alívio emocional por meio de estratégias adequadas de resolução de problemas. Também com técnicas para regular nossas emoções desconfortáveis, aquelas que aumentam a angústia e nos impedem de tomar boas decisões.
5. Confiança, uma emoção curadora
A confiança é a emoção favorita do cérebro, aquela que permite fortalecer melhor os relacionamentos e olhar para o futuro sem medo. Pensemos que o oposto da confiança é o medo e que nesse túnel a luz mal entra. Portanto, poucos estados psicoemocionais são tão catárticos e necessários quanto este conceito.Para desenvolver a confiança emocional devemos entender que mesmo que não tenhamos controle sobre o destino e sobre as pessoas, é bom acreditar que o que elas podem nos dar será bom e enriquecedor. Estamos diante de um ato de fé, diante de uma abordagem mental que exige abertura, tranquilidade e segurança.
As emoções tranquilas são a chave para o bem-estar físico e psicológico.
6. Gratidão, a arte do reconhecimento
Entre a mais bela gama de emoções tranquilas está, sem dúvida, a capacidade de sentir gratidão. Aqueles que não se conectam com esse estado, aqueles que não experimentam essa sensação, a única coisa que percebem é um sentimento de vazio e falta. Também frustração. Porque a gratidão é a capacidade de valorizar aqueles aspectos não materialistas da vida e do ser humano capazes de nos trazer bem-estar.Quem quer treinar essa emoção deve retirar camadas de egoísmo, retirar o peso do superficial para ficar na essência das coisas. Estamos diante de um sentimento de valorização que exige, por sua vez, um adequado sistema de valores éticos.
7. Bondade, a mais elevada das emoções
A bondade é uma emoção calma, mas poderosa. A capacidade de guiar nosso comportamento pelo prisma da bondade não apenas tem impacto em nosso bem-estar, mas também pode mudar o mundo. Isso porque outras emoções igualmente brilhantes e maravilhosas estão integradas a ela, como a compaixão, a ternura e a bondade.Como ser mais bondoso? Mais uma vez, é preciso arrancar de nossos padrões todo indício de egoísmo, esse vírus que tudo adoece e contamina. Está em nossas mãos sermos mais sensíveis às realidades alheias, mais atentos às necessidades do mundo e mais proativos em facilitar a ajuda que qualquer ser requer.
Para concluir, as emoções tranquilas descritas aqui são um meio para um fim. O do bem-estar, o da harmonia social e até o da felicidade. Por que não trabalhar nelas?
Bibliografia
Fredrickson BL. The role of positive emotions in positive psychology. The broaden-and-build theory of positive emotions. Am Psychol. 2001 Mar;56(3):218-26. doi: 10.1037//0003-066x.56.3.218. PMID: 11315248; PMCID: PMC3122271.
Fredrickson, B. L. (1998). What good are positive emotions? Rev. Gen. Psychol. 2, 300–319. doi: 10.1037/1089-2680.2.3.300
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