Diário, eu não vi o JN todo ao vivo ontem, porque uma parte coincidiu com a minha live. Mas até o meu operador de câmera tava vendo o Cara no celular.
O chato é que, logo que acabou a live, eu disse: “Já bota aí naquele canal”. E deixaram isso ir pro ar, Diário! Tá lá na live, pode olhar!
Pô, quem é o editor daquela porcaria? Tinha que ter cortado a frase.
E, olha, a entrevista no JN foi fogo, Diário.
O Bonner começou falando sobre corrupção. Pensei que o Cara ia se borrar de medo, mas ele deu uma risadinha que queria dizer “Foi pra essa pergunta eu estudei, professora”, e saiu matando a Lava-Jato. Matando, pisando e jogando areia em cima.
A verdade, Diário, é que o Cara é um craque.
Tentaram fazer ele falar mal da Dilma, mas ele defendeu a mulher e depois disse que ele era ele e ela era ela.
Tentaram fazer ele falar mal do MST, mas o cara contou o trabalho que os emessetistas fazem com a agricultura orgânica.
Tentaram jogar o Cara contra o agronegócio e ele fez piadinha com o Blairo Magi.
O Cara falou de picanha, cervejinha e futebol, e assim agradou os homens.
Falou que ia renegociar a dívida das mães de família, e assim agradou as mulheres.
Citou Paulo Freire, e assim agradou os professores.
Falou um monte de vezes no Alckmin, e assim agradou os moderados.
Criticou China e Cuba, e assim agradou os anticomunistas.
Falou que hoje o Brasil tá com os mesmos números que tinha em 2002, quando ele pegou o Brasil e deu um jeito. E assim agradou os esperançosos.
O pior de tudo é que ele me chamou de “Bobo da corte” e isso virou trending topic no Twitter. É o novo “tchutchuca do centrão”.
Que raiva!
Que raiva...
Olha, Diário, até o Merval Pereira disse que o Cara foi bem. Sabe o que isso quer dizer? Sabe? Que ele arrasou...
Depois dessa entrevista, quem tava indeciso se decidiu.
Quem ia anular o voto, anulou a anulação.
Quem ia votar em branco, trocou pelo vermelho.
A Tebet, que já ia votar nele no segundo turno, vai votar no primeiro.
E o Ciro, em vez de ir pra Paris, vai pra São Bernardo.
Ferrou, Diário, ferrou...
PS: Lula mentiu! O MST não é o maior produtor de arroz orgânico do Brasil. É da América Latina. Isso o Bonner não contestou, pô!
Eu fiz o que todo assaltante, político ou marido tem que fazer quando é pego no pulo: insisti na mentira (“não fui eu”, “não foi assim”, “não é batom, é tinta”).
Aliás, no tocante a mentiras, disseram que eu falei uma a cada três minutos.
Por exemplo, eu disse que nunca xinguei um ministro do STF. Aí lembraram que eu chamei o Xandão de “canalha”, mas respondi que tinha sido só um. Ainda bem que esqueceram que eu também chamei o Xandão de “otário” e o Barroso de “imbecil”, “idiota” e “fdp”.
Também menti sobre as urnas, falando que o inquérito de 2018 ainda tava vendo se teve ou não fraude. Mas o inquérito já disse que o hacker que entrou no sistema não comprometeu a integridade da votação.
Falei que fui rapidão na compra de vacinas, só que, até o final de 2020, mais de 50 países já tinham começado a vacinação e o Brasil... babau.
Na verdade, só começou em 17 de janeiro por causa do Doriana, mas eu não vou levantar a bola do defunto.
Disse que em 2014 e 2015 o Brasil perdeu 3 milhões de empregos, mas foram 877 mil. Exagerar não é mentir, pô!
Disse que concluí a transposição do rio São Francisco e que a coisa estava parada desde 2012, mas, quando eu assumi, já tinha 92,5% da obra encerrada, e até o Temer inaugurou um trecho.
Disse que dei o auxílio de R$ 600, mas não falei que queríamos dar só R$ 200.
Uma mentira bem caprichada foi a de que o oxigênio chegou em Manaus em 48 horas. Na verdade, demorou 96 e só chegou o suficiente pra um dia. Depois veio um carregamento da Venezuela (maldito oxigênio comunista!). E demorou mais uns dias até chegar o suficiente. Mas aí já tinha morrido um monte de gente sem ar.
Aliás, eu disse que não imitei doentes, mas a cena tá na internet pra todo mundo ver.
Também falei que, no meu tempo, o Centrão não se chamava Centrão, mas o termo surgiu na Constituinte de 1988.
Disse que o pix foi invenção do meu governo, mas ele começou a ser feito em 2018.
Enfim, Diário, acho que não ganhei nem perdi voto ontem (tanto que a coisa mais comentada foi a cola na minha mão). Quem acreditava em mim, continuou acreditando. Quem não acreditava, continuou desacreditando. Na casa do adversário, um empate já tá bom.
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