Fernando Brito
Não é possível mais tratar Jair Bolsonaro como presidente da República, como deixou de ser possível tratar Adolf Hitler como chanceler da Alemanha.
O que ele fez ontem, em meio a risadas neuróticas com sua própria “piada” – quem é de direita, toma cloroquina; quem é de esquerda toma tubaína – é sinal mais que de um desequilíbrio mental, é revelador dos desejos mórbidos daquele que deveria ser o primeiro a consternar-se com a perda, só no dia de ontem, de quase 1.200 brasileiros.
O Brasil tem o direito de conhecer o grau de alucinação e de monstruosidade do homem que ocupa o mais alto cargo da República.
E saber a que se submetem – ou pior, se associam – aqueles que o servem e o sustentam.
É sobre isso que deve decidir, possivelmente hoje, o ministro Celso de Mello: se o brasileiro tem o direito de saber como falam e agem os que os (supostamente, ao menos) os governam e qual é o seu grau de selvageria.
Não se trata de invadir e publicizar uma conversa privada de um presidente da República, como Sérgio Moro não hesitou em fazer com Lula e Dilma.
Era um ato oficial, com mais de três dezenas de presentes, sobre o qual não pode haver qualquer dúvida sobre tratar-se de uma atividade de governo, sobre a qual pesa o mandamento constitucional da publicidade.
É preciso que pese sobre o decano do STF a imensa questão de se os brasileiros são adultos o suficiente para saber quem são seus governantes.
Ou se deveremos continuar tomando, indefesos, a cloroquina da farsa ou a tubaína da morte.
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