Derrubai o infame, derrubai o idiota


Estadão, Folha e O Globo apontam possível queda de Bolsonaro ...


Juremir Machado da Silva

O vídeo da reunião ministerial de 22 de abril provou o que já se sabia: um bando de desvairados comanda o país. Talvez nunca um governo tenha reunido tantos mentecaptos numa mesma equipe. Difícil saber quem é o mais destrambelhado. 

Entre palavrões, bravatas, ameaças e projetos devastadores para o país, como o defendido por Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, de “passar a boiada” enquanto a mídia fala do coronavírus, viu-se um filme de horror no qual Paulo Guedes desempenha o papel de vampiro. O governo protagonizou um espetáculo pornô.

Jair Bolsonaro sempre foi uma piada de mau gosto. Despreparado, tosco, pronto a abraçar as piores causas, amigo dos preconceitos, admirador de torturador e de ditadores, ele brilhou pelo obscurantismo ao longo de sete mandatos de mediocridade incontestável. 

Elegeu-se presidente da República por ser o homem errado na hora errada, que é uma forma perversa de oportunidade e de dar certo por um momento, o que lhe possibilitou concentrar o ressentimento mais baixo, a cegueira ideológica, o antipetismo disfarçado de combate à corrupção, o messianismo sob medida da Lava Jato, o lado mais vil do mercado e a desforra dos indignados com políticas de inclusão social, tudo isso embalado numa velha e ridícula fórmula, a luta contra o comunismo.

Passados menos de dois anos, Jair Bolsonaro já faz certamente o pior governo da história do Brasil. 

Entrega a Amazônia aos seus devastadores, ignora os perigos do coronavírus, deseduca a população promovendo aglomerações e deslegitimando o necessário isolamento social para frear a expansão da pandemia no país, mostra a sua imensa ignorância demitindo médicos que, em nome da ciência, discordam das suas panaceias, como o uso da cloroquina, participa de eventos que pregam a ruptura institucional, o fechamento do STF e do Congresso Nacional, tem a família atolada em escândalos como a da “rachadinha” de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, tenta aparelhar instituições, como denunciou o agora ex-ministro Sérgio Moro, coloca interesses pessoais acima dos interesses nacionais, como quando quis nomear o filho fritador de hambúrguer embaixador nos Estados Unidos e não se constrangeu em dizer que daria filé mignon aos seus pimpolhos.

Simplório, Bolsonaro argumenta no estágio pré-lógico. Se lhe dizem que não pode indicar um amigo para um cargo, tendo essa credencial como decisiva, para não ferir o princípio da impessoalidade, pergunta com ar falsamente cândido algo deste gênero: “Tenho então de indicar um inimigo?”

O capitão não tem competência administrativa, não tem cultura política, não possui espírito de liderança, não sabe negociar, agregar ou conduzir pessoas. A sua única qualidade é a capacidade para polarizar e conectar os ressentidos e os oportunistas. Não lhe interessa construir nem pacificar. A sua força vem da destruição.

Na sua lógica tribal, governa para os seus, para a sua família, para os que com ele se propõem a esquartejar a nação. Só uma crise profunda de descrédito na política pode tornar um Bolsonaro presidente de um país. Havia nomes menos piores. Quis-se o extremo.

Como se fosse para ilustrar uma tese, Bolsonaro exemplifica as distorções da democracia. Eleito pelo voto popular, sonha com um autogolpe e povoa o seu ministério com militares ativos e inativos. 

Comete um crime de responsabilidade por semana. Está blindado pelos interesses do mercado. Para não cair, começou a distribuir cargos para o Centrão, reeditando a velha política que dizia combater. 

Morrer abraçado com Bolsonaro é uma loucura que pesquisadores levarão décadas para explicar. 

Só resta implorar, ecoando um grande pensador, polemista e intelectual de todos conhecido: derrubai o infame, derrubai o idiota.




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