Guilherme Moreira Jr.
Porque algumas amizades não adormecem com o tempo. Elas continuam preenchendo e fazendo do nosso viver uma travessia especial. Amizades que ficaram merecem agradecimentos em larga escala, com sorrisos, sintonia e muito reconhecimento.
Se a sua vida não é um vazio completo, agradeça. Agradeça porque você teve a sorte de poder contar com boas amizades. Amigos que não cobraram nada em troca. Amigos sensíveis e cúmplices do seu passado. Você sabe que não é mole encontrar lugar no afeto de alguém. Tem gente que é distante de qualquer proximidade e ponto. Mas não os seus. Não os que você pode contar segredos, compartilhar experiências e ouvir coisas positivas. Para essas amizades despidas de invejas e egoísmos, agradeça.
Se a sua vida é mais bem-vinda, agradeça. São as amizades que te escolheram que você deve acolher. Aquelas que ficaram felizes enquanto você caminhava para instantes maiores. Em um mundo carregado de desapego, quem fica com você para uma saideira, quem não presta atenção na hora de ir só para te fazer companhia, quem só segura a sua mão e demonstra apoio e respeito. Para essas amizades, agradeça. Porque são relações ausentes de incertezas, achismos e promessas não cumpridas. Agradeça por isso e mais.
Se a sua vida não é mais uma contagem do que ganhou e perdeu, agradeça. Agradeça pela existência de quem foi solidário com você, de quem te fez enxergar luz em dias cinzas ou de quem simplesmente te fez esquecer que nada é tão pesado assim. É importante você reconhecer quem ficou por disposição, carinho e empatia. Para essas amizades que fizeram do acaso a melhor forma de construir um destino, agradeça.
Porque, sinceramente, é muito mais feliz quem tem amizades que ficaram sem a necessidade de um convite explícito. Elas apenas chegaram e temperaram tudo com leveza e reciprocidade. Agradeça por todas as amizades que você sabe não se tratar de quantidade, mas de qualidade.
Postado em Conti Outra
Se Eu Morrer Antes de Você
Se eu morrer antes de você, faça-me um favor.
Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado.
Se não quiser chorar, não chore.
Se não conseguir chorar, não se preocupe.
Se tiver vontade de rir, ria.
Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão.
Se me elogiarem demais, corrija o exagero.
Se me criticarem demais, defenda-me.
Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam.
Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo.
Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles.
Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver.
E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase :
'- Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus!'
Aí, então derrame uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxuga-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar.
E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu.
Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele.
E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele.
Você acredita nessas coisas?
Sim? Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito.
Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo.
Eu não vou estranhar o céu. Sabe porque? Porque ser seu amigo já é um pedaço dele!
Padre Zezinho. Amizade talvez seja isso... São Paulo: Paulus Editora, 1988.
Nota: Apesar de muitas vezes atribuído, de forma errônea, a Chico Xavier, Vinicius de Moraes ou a Fernando Pessoa, o texto é da autoria de José Fernandes de Oliveira, conhecido como Padre Zezinho e está publicado em seu livro de 1988 "Amizade talvez seja isso..."
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