O mundo precisa de exemplos, não de opiniões


O mundo precisa de exemplos, não de opiniões


Raquel Brito

Existem momentos em que dói viver neste mundo, em que os interesses pessoais, os benefícios financeiros, a maldade e o egoísmo parecem ganhar sempre a batalha. Nestas situações, precisamos de bons exemplos.

Geralmente a decepção e o desconsolo que isso nos gera nos fazem acreditar que as pessoas boas sumiram e que as poucas que existem não conseguirão fazer nada que seja realmente significativo.

No entanto, as pessoas boas são as que mantêm o mundo em equilíbrio, completando o quebra-cabeças com sua sinceridade, sua honestidade, seus bons exemplos e boas ações. Todas aquelas pessoas merecedoras por alguma razão do adjetivo “boas” representam aquilo que gostamos de ter como exemplo. As demais, simplesmente, nos parecem insuportáveis.

O mundo que nos faz sofrer, nosso mundo

Há imagens que doem, que nos fazem mal e que inquietam nossa alma. Ainda que sejamos capazes de fechar os olhos, a dor alheia sempre nos atormentará. Há casos em que a injustiça nos esbofeteia como uma explosão de vergonha.

Infelizmente, muitas coisas que hoje nos fazem sofrer, amanhã vamos esquecer. Que sirva como exemplo perfeito a foto que ilustra essas palavras, a foto da desgraça, da vergonha e do sofrimento.



“Quem sou eu para lhe dizer que não venha. Eu também arriscaria tudo.Cruzaria mares, fronteiras e países. E o que fosse preciso.
Já sei que não vou dissuadi-lo. E tampouco pretendo fazer isso. Mas que você saiba que, deste lado, o futuro é um bem de consumo. E os custos são cobrados em vidas humanas.
Aqui, fazemos ver que você importa para nós apenas quando nos incomoda. Quando você cobre a praia e o sol. Quando sua imagem nos golpeia e fica gravada em nossa alma para sempre.
Sim, já sei que é vergonhoso. E peço-lhe perdão. É o que estou fazendo, mas é tudo o que faço.
Mas quem sou eu para lhe dizer que não venha. Se a única coisa que temos feito por você é fazê-lo ver que não existe. Se a única coisa que sabemos de você é um número, quando você já não existe mais”.  -Risto Mejide-

Não somos bons em lembrar coisas importantes

Graças à internet, abrimos os olhos e sabemos que os fios que nos movem são muito mais cruéis do que podemos tolerar. Provavelmente, essas mesmas palavras e imagens doem e incomodam, mas a desgraça na internet se torna viral tão rápido quanto é esquecida.

Quando algo nos toca e nos atinge, todos opinamos: no entanto, depois, se colocarmos na balança nossas ações e nossas intenções, as últimas saem ganhando. Temos medo dessas ideias que estão ceifando vidas e temos verdadeiro pavor que os interesses que movem o mundo sejam maiores que nossa união.

Nossas emoções buscam ter um impacto num mundo que nos dá medo. Ainda assim, mesmo que as palavras sejam levadas pelo vento, não há furacão que leve os sentimentos. Podem se atenuar, mas sempre permanecerão conosco, impedindo nossa indiferença.

É preciso agir e mostrar exemplos, não opiniões

A angústia pela maldade ainda é grande em nós e, como consequência, temos conseguido tolerar a impotência. Mas não estamos programados para ficar sentados em nosso sofá dia após dia.

Talvez tenhamos ficado presos numa espiral que nos faz criar sentimentos vazios. No entanto, eu ainda creio no ser humano, ainda confio que somos capazes de acreditar, de sentir e de agir de acordo.

Temos uma grande habilidade para nos justificar através das palavras. Para dar nossa opinião, costumamos encher de sentido uma frase, mas logo em seguida, o medo ganha a batalha sobre a ação.

Diante das injustiças, não podemos nos proteger em quatro frases que mascarem nossa frustração. Temos que completar nossas opiniões e não fechar os olhos, temos que nos perdoar e começar a agir.

Com nossa falta de ação, estamos tendo nossa consciência manchada de sangue, a injustiça brilha tanto que consegue nos cegar.

Não permitamos que isso seja apenas passageiro; podemos combater quem cria a desgraça. Se atuamos, podemos exibir exemplos ao invés de opiniões.

O mundo é uma casa para todos os que a habitam. O fato de que ele já estava aqui quando nascemos e de que o sol continuará nascendo quando morrermos não quer dizer que não sejamos responsáveis pelo que acontece.

Crianças morrendo de fome. Famílias de refugiados destroçadas. Mulheres violadas. Soldados assassinados. Pessoas com seus mesmos cromossomos escravizadas, costurando sua roupa. Animais torturados. Natureza devastada. Governos, ricos e máfias brincando com você, criando necessidades, encobrindo interesses e saindo impunes.

Tudo isso é muito mais que uma opinião. Por tudo isso, o mundo precisa dos seus exemplos, da sua ação, da sua luta. O mundo precisa de pessoas como você e eu para inspirar profundamente, mudar de direção e, enfim, respirar.






Nota


Algumas ações que podemos colocar em prática:

  • Participar de grupos de voluntários que executam diversas atividades junto aos refugiados, aos moradores de rua e outras pessoas, crianças e idosos em situação de necessidade ou vulnerabilidade.
  • Doar alimentos, roupas, remédios, material escolar, entre tantas outras coisas.
  • Apadrinhar refugiados, idosos e crianças.
  • Adotar crianças e adolescentes.
  • Dar emprego.
  • Praticar, por algumas horas, a sua profissão para ajudar os mais necessitados, por exemplo, ensinar qualquer coisa, atendimento médico, atendimento de enfermagem, corte de cabelo, etc.
  • Escolher entidade filantrópica séria para contribuir com ajuda financeira mensal.
  • Procurar eleger vereadores, deputados, senadores e governantes, sinceramente, comprometidos com causas nobres visando o bem comum e a melhoria do mundo.
Ajudo, na medida do possível, mensalmente, uma Entidade de crianças deficientes, o Lar Santo Antônio dos Excepcionais http://www.larsantoantonio.com.br, em Porto Alegre.

Então você pode encontrar a sua maneira de não apenas ter opinião, mas dar um exemplo de empatia e boas ações, sendo mais um elo na Corrente do Bem.













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