Evidentemente, a republiqueta do Paraná, uma metáfora para definir a vara de primeira instância do juiz Sérgio Moro e dos seus associados em fazer política e justiça seletiva, os delegados aecistas da Polícia Federal daquele Estado, que se tornou, sobretudo, um centro do conservadorismo brasileiro.
Juntamente com o Ministério Público, o TCU e a Câmara dos Deputados, sob a batuta do neocon, deputado Eduardo Cunha, que preside a Casa de Leis como se ela fosse dele, os direitistas deste País estão a mostrar suas garras, porque o objetivo final é não permitir, de forma alguma e doa a quem doer, que o PT vença as eleições presidenciais de 2018.
Enquanto isso se deita falação por intermédio da imprensa meramente mercantilista, que pauta autoridades ligadas à Justiça, ao MP e à Polícia Federal, porque dentro dessas instituições existem homens e mulheres que decidiram fazer política, principalmente após as manifestações de junho de 2013, quando perceberam que, enfim, poderiam ter uma abertura para minar sistematicamente o Governo Trabalhista.
Além disso, tais autoridades se mostram arbitrárias e não republicanas, porque tratam de maneira seletiva as acusações, as denúncias, as prisões, as investigações, as delações e os vazamentos criminosos de processos em segredo de justiça por parte de servidores públicos que se utilizam equivocadamente de seus cargos para favorecer partidos de direita, que povoam a oposição e são protegidos pela imprensa dos magnatas bilionários.
Megaempresários que desejam colocar na cadeira da Presidência da República um presidente vinculado ao establisment nacional e internacional, como o fora Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I —, aquele tucano conhecido por sua incomensurável e inenarrável vaidade, que foi ao FMI três vezes, de joelhos, humilhado, com o pires nas mãos, porque quebrou o Brasil três vezes.
Agora as pessoas que não gostam de serem tratadas como idiotas ou coisa que o valha estão a perceber que, além de as autoridades fazerem política em plena atividade em seus cargos e funções, rebatem também a presidenta da República, como se fossem políticos do PSDB ou seus aliados, o que, na verdade, corrobora para que a sociedade brasileira perceba e compreenda que gente que deveria ficar calada para não dar bom dia a cavalo, assume um papel político, de enfrentamento e fala no lugar de deputados, senadores, governadores e prefeitos oposicionistas.
Dessa forma inconveniente se comportou Carlos Fernando dos Santos Lima, o negociador das delações premiadas da Operação Lava Jato no Paraná. Esse pessoal está a confundir a democracia brasileira com bagunça, quando deveria ter uma postura ilibada quanto às delações, ainda mais que são pessoas que supostamente incorreram em crimes, mas que ainda não foram julgadas pela Justiça, a exemplo de um personagem que já foi julgado, como o senhor doleiro, conhecidíssimo dos demotucanos, Alberto Youssef.
O procurador se doeu. E não se cala em prol de seu cargo e responsabilidade. Foi para o ataque e se utilizou de palavras e pensamentos que mais pareciam o “Samba do Crioulo Doido”, do jornalista e escritor, Sérgio Porto. Já há algum tempo a tratar com pessoas investigadas e presas sob seu tacão, o procurador não se fez de rogado, e respondeu à Dilma Rousseff sobre suas declarações de não respeitar delatores, porque ela sabe do que se trata, pois foi presa e torturada pela repressão da ditadura, que queria transformá-la em delatora de seus companheiros de resistência.
Além da imprensa de mercado, que deseja tratar todo mundo como imbecil ou mentecapto, apesar da existência dos coxinhas paneleiros, bem como o derrotado Aécio Neves voltou a cometer seus impropérios e desatinos por causa das declarações da presidenta, mas pelo menos o tucano é político de oposição, o procurador, indevidamente e irritado, rebateu as palavras da mandatária que comparou os delatores ao traidor de Tiradentes, cujo nome é Joaquim Silvério dos Reis.
O procurador afirmou: “Como não há [entre delatados da Lava Jato] nem Jesus Cristo nem Tiradentes, não há entre os delatores nem Judas nem Silvério. Porque não vivemos nem na Roma imperial nem nos tempos de Maria Louca. Vivemos na democracia”. Não é uma beleza as locuções desse gênio da promotoria brasileira? Um gênio, que deve achar muito natural o juiz Moro receber prêmio da família Marinho, porque tal magistrado “faz a diferença”. Não é isso.
A verdade é que Dilma quis apenas dizer que delações premiadas feitas por corruptos ou ladrões do dinheiro e do patrimônio público não se devem levar ao pé da letra, até porque o ente acusado e preso quer sair das grades, e poderá muito bem falar qualquer coisa que possa, primeiramente, engravidar os ouvidos de procuradores, juízes e policiais afoitos e de personalidades midiáticas.
E o servidor público com ares de político continuou a deitar falação à imprensa de caráter e histórico golpista, agora sobre as suspeitas que recaem sobre o ex-presidente Lula. Primeiro ele disse, com ares de “doutor” criador do Direito em toda sua essência e plenitude, que até agora não há indícios para investigar o mandatário popular e o mais conhecido mundialmente da história do Brasil. Só faltou sentar em uma confortável poltrona, cruzar as pernas e dar uma baforada em um charuto cubano, com o intuito de dar maior suspense às suas declarações e vaticínios.
“A princípio, nenhum colaborador ou análise indica que as palestras dele não foram prestadas. O fato de estar na lista de prestadores não caracteriza crime”. É mole ou quer mais? Contudo, tal procurador e seus colegas de instituição, da PF, além do juiz de primeira instância, Sérgio Moro, elevado agora a catão da República pela imprensa comercial e familiar, não investigam, não prendem e não acusam os políticos da oposição, que desde a década de 1990 tratam com bicheiros, doleiros, captadores de dinheiro para suas campanhas, inclusive com contas em paraísos fiscais.
Sabe o que é? Essa gente pensa que o povo brasileiro é idiota, e como tal o trata. Certos juízes, promotores, procuradores e policiais pensam que todo mundo é burro, porque leitor do Globo, da Veja, da Folha, além de telespectador da Globo, da Globo News e de suas congêneres replicadoras das mesmas notícias manipuladas e direcionadas a atacar o Governo Dilma e uma possível candidatura de Lula.
A verdade é que esse pessoal não se cansa de elaborar e repercutir o verdadeiro e autêntico jornalismo de esgoto. Eles pensam que todas as pessoas tem cérebros de coxinhas paneleiros. Consideram que ao fazerem política seletiva e investigar e prender apenas um lado partidário e ideológico farão com que as pessoas optem nas próximas eleições pelos candidatos de oposição.
O desgaste de personalidades como as de Lula, Dilma, José Dirceu e todos os ministros e políticos que apoiam e são aliados do Governo Dilma vai ser constante, inapelável e tremendamente violento, ao ponto de um juiz de primeira instância, morador de um estado que nunca teve importância política em termos nacionais se tornasse praticamente o pauteiro da República.
Por seu turno, o juiz terá depois de arcar com as consequências, pois será interpelado e questionado judicialmente por quem se sentiu lesado, prejudicado e injustiçado. Vale lembrar que esse juiz mandou prender gente inocente, que depois teve de ser solta da prisão. Joaquim Barbosa foi o juiz midiático do domínio do fato. Moro é o juiz da delação premiada, em que as pessoas são presas e só terão suas prisões relaxadas ou suas penas diminuídas se caguetar ou dedurar alguém ou outrem.
Em pleno estado de direito, o alicerce da democracia, o cidadão brasileiro tem de engolir tanto sapo por parte de homens que deveriam zelar pela execução da justiça e do Direito.
E continua o procurador Lima e articulador das delações premiadas em seu périplo sadomasoquista: “A delação do dono da UTC (Ricardo Pessoa), desmonta a tese de advogados de que prisões preventivas viraram instrumentos de coações”.
Como não, cara pálida? Só viraram, bem como o juiz Moro e todos os que lhe rodeiam inauguraram uma nova jurisprudência no Brasil, porque a última, mas que já foi substituída, era a do domínio do fato do senhor Joaquim Barbosa.
Aliás, tal ex-juiz do Supremo hoje atua como comentarista de twitter. Um papel que lhe cabe muito bem. A fama e a popularidade do “Batman” brasileiro foram somente até a terceira página do livro de distorções jurídicas e casuísmos perpetrados por juízes, promotores e policiais, que hoje estão à frente do processo político, no que concerne ao papel que seria do PSDB, juntamente com a imprensa corporativa, amante da mentira e da manipulação.
A verdade é que a lava jato jamais deveria pautar o País e ser praticamente o único assunto jornalístico.
Enquanto isso, tudo o que acontece no Brasil para o bem ou para o mal é esquecido. O propósito é levar a lava jato até meados de 2017, e. consequentemente, enquadrar o Governo Trabalhista e seus candidatos.
A ordem é sufocar, e para isso a direita usará também politicamente a tese do impeachment.
Dilma não pode governar, e Lula não pode vencer as eleições de 2018. O juiz Sérgio Moro e o procurador, Carlos Fernando Lima, inauguraram a República da delação. E se orgulham. Quem viver verá.
Postado no Contraponto em 05/07/2015
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