Dom Orvandil
Neste dia sentei-me estranhamente à frente da TV Senado para assistir a inquirição que os senadores e senadoras fizeram do jurista gaúcho-paranaense Luiz Edson Fachin.
Impressionei-me com a cultura do candidato a ministro do STF. É realmente um homem preparado para atuar na instância mais alta da justiça brasileira.
Fachin demonstrou capacidade para enfrentar as piores barbaridades provindas de senadores preconceituosos, maus e de tons golpistas.
Claro, muitos dos participantes daquele parlamento são pessoas capacitadas e comprometidas com o Brasil e sua democracia.
Impressionei-me com as enrolações e má fé do “senhozinho” Malta, do Espírito Santo. Trata-se de um desses membros conservadores de igreja evangélica, homofóbico e “apóstolo” do escárnio do povo brasileiro. O tom arrogante e autoritário que adotou num discurso vazio e sem conteúdo foi de afronta à cultura jurídica e humanista do dr. Fachin. Impressionante como um ser humano faz questão de ser ridículo no abuso da falta de capacidade.
Mas o espetáculo de grosserias correu por conta do “seu” Aloysio Nunes de São Paulo, com sua falta de compostura ao ouvir o futuro ministro de costas para ele. Seu tom ao ser o primeiro a perguntar foi de arrogância e de conteúdo paupérrimo e sem sentido, tirado de letra pelo grande jurista.
O “seu” Aloysio tem uma cara de quem nunca sabe onde e porque está. Isso foi ainda mais contundente diante da sabedoria do dr. Fachin. Tanto que derrotado logo saiu, talvez nem mesmo ele saiba para onde. Lamento que o senador por São Paulo envergonhe tanto seus eleitores e nosso País.
Mas o pior foi o senador vergonha de Goiás, o “seu” Ronaldo Caiado. Esse deu show de desrespeito, de machismo e de afronta democrática.
O “seu” Ronaldo, aqui em Goiás muito conhecido dos sindicalistas e trabalhadores rurais como jagunço que frequentou universidade, que se acha dono do Estado, como se fosse uma de suas propriedades rurais e que todos sãos seus escravos, ganhou o prêmio no espetáculo das bobagens e desrespeitos.
O “seu” Caiado, cujo jeito de ser deve ser bem explicado pela psiquiatria e pela psicanálise, ultrapassou o tempo da fala, urrou contra as senadoras em demonstração de machismo ou de impotência masculina, ofendeu países latino americanos e lideranças a cujos pés e história jamais chegará com seu rancor e seu ódio.
Caiado, de posse de uma cara doentia emocionalmente e de uma histeria sem limites, se aproveita sempre das oportunidades dadas por um povo que o escolheu mal para representar Goiás para atacar a democracia e demonstrar medo venenoso dos avanços sociais e das reformas, teme ser expulso das terras usadas para enriquecer e para escravizar trabalhadores, matar indígenas e pisar em direitos dos verdadeiros produtores de alimentos.
O “seu” Caiado, que adora repetir que é médico ortopedista, defende caninamente os interesses coloniais de predadores sociais e rurais, em insistentes malversações do poder parlamentar, que ele usa de modo faccioso e fanático.
A falta de respeito do “seu” Ronaldo com o Estado de Goiás e com este povo estende-se à América Latina quando ofende a memória de Simon Bolivar e de Hugo Chaves.
O ruralista metido a médico adora encher a boca espumante de ódio para dizer que tudo o que se pretende em termos de justiça social nos campos e em termos de reforma agrária é bolivariano e chavista.
Ora, a quem o raivoso pretende amedrontar com suas aleivosias?
Simon Bolívar, cujo rastro o ciumento e odioso Caiado jamais pisará por ser indigno, apesar de nascer aristocrata foi um dos maiores protagonistas da história latino-americana. Isso o demonstrou ao comandar as revoluções de independência da Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia.
Diferentemente de “seu” Ronaldo, que não sente nada além da sede de matar trabalhadores rurais e indígenas, recebeu excelente educação de seus tutores e conheceu a cultura humanista em profundidade.
Eis a diferença, enquanto o “seu” Caiado, com sintomas psicóticos explícitos e de marcas ignorantes, o grande Bolívar, que ele não sabe direito quem foi, foi estudioso de filosofia e literatura Greco-romana e iluministas. As mesmas que Marx estudou.
Ao estudar em fontes humanistas e conhecer as causas evolucionárias de independência de colônias massacradas por impérios gananciosos, apreciados por atrasados como o “seu” Caiado, Simón Bolívar se tornou brilhante humanista e farol da liberdade latino americana. Só cães sem raça latem contra ele e tentam morder sua biografia de estadista e líder da liberdade.
Bolívar lutou pela independência dos povos e sonhou com uma Pátria Latino America, bem antes da União das Repúblicas Soviéticas Socialistas com Lênin, enquanto o “seu” Caiado sonha com bois, muitos bois e escravos pobres e miseráveis assaltados por gente como ele.
Ah, mas o “seu” Ronaldo, médico ortopedista, odeia a causa de Bolívar e a quer longe de nosso povo. O “seu” Caiado quer as trevas e não a luminosidade inteligente.
Hoje, no seu ódio irracional e bestial, o “seu” Caiado, que só entende de ossos dos sem terra, dos indígenas e dos posseiros mortos, mais uma vez ofendeu o chavismo venezuelano, no esforço próprio dos vendidos para defender o imperialismo em prejuízo de nossa América Latina.
Ora, quem é o ortopedista Caiado, aquele que ama os ossos dos perseguidos assassinados, perto da sagrada memória do grande Hugo Chávez, cuja morte é suspeitíssima?
Hugo Chávez é o grande herói venezuelano que ousou peitar o imperialismo ao canalizar os lucros do petróleo de seu País na elevação da qualidade de vida de seu povo, por quem e com quem lutou até a morte, ao contrario dos governos anteriores capachos dos Estados Unidos, que o entregaram em troca de concentração de riquezas e de renda enquanto o povo morria de fome e na miséria.
O “seu” Ronaldo Caiado, o que ama ossos dos feitos defuntos feudais, prefere muito mais o regime dos que enriquecem enquanto o povo empobrece. Por isso odeia Hugo Chávez e mente contra a democracia venezuelana, que se centra na emancipação popular, sem as máscaras dessa falsa democracia brasileira que permite vultos do atraso como o médico amante de ossos dos pobres.
O “seu” Caiado, ex-amigo e companheiro do seu comparsa Demóstenes Torres, que o denunciou, pena que tudo barrou nas bravatas do corrupto, fez um papelão no Senado, cuja Comissão de Justiça que ele não integra, se reuniu para examinar um dos candidatos mais preparados, indicados pela Presidenta Dilma.
Enquanto a Nação assistia pela TV Senado argumentos sérios e apoios incontestáveis ao dr. Luiz Edson Fachin, o “seu” Ronaldo Caiado passava papel de cão envenenado de ódio.
Creio que Fachin logo percebeu o quanto é fácil argumentar e desconstruir bobagens sem base, frutos de uma mente recheada de chifres de bois e de ossos dos indígenas e dos posseiros perseguidos por ruralistas gananciosos.
De um lado a paixão que comanda escravos e mata Zumbis. Aliás, a palavra paixão tem no grego a mesma significação para loucura. A palavra “pathos” de onde deriva patológico, define bem os sentimentos desvairados dos que odeiam e babam de desejo de eliminar as fontes que geram sociabilidade e fraternidade sem injustiças, como o “seu” Caiado.
De outro lado, a esperança em uma justiça com compaixão e amor ao próximo, parece-me que bem sinalizada pelo futuro ministro Luiz Edson Fachin.
Editor do blog Cartas e Reflexões Proféticas, presidente da Ibrapaz, bispo da Diocese Brasil Central da Igreja Anglicana e professor universitário.
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