Utilidade pública : selfiecídio
As pessoas estão morrendo enquanto tentam tirar uma selfie. Este fim de semana um homem de 21 anos morreu em Bali, ao cair de um penhasco quando foi tirar uma foto de si mesmo. Em Moscou, uma mulher de 21 anos morreu quando tentou tirar uma selfie com uma arma apontada para sua cabeça, a arma disparou.
Infelizmente, essas histórias não são mais incomuns, em uma busca rápida para “morte por selfie” descobrimos várias histórias tristes semelhantes.
Como exemplos temos o caso da menina russa de 17 anos que foi eletrocutada enquanto tirava uma foto de si mesma em uma ponte, ou o homem de 21 anos de idade na Espanha que subiu em cima de um trem para se fotografar e também foi eletrocutado. Em Portugal uma família polonesa estava de férias quando a mãe e o pai caíram de um penhasco e morreram ao tentar fazer o próprio click.
Em alguns aspectos, a morte por selfie é tanto padronizada e previsível. Como suicídio, morte por selfies não é distribuída aleatoriamente por todos da nossa sociedade.
O Sociólogo Emile Durkheim escreveu seu clássico estudo sobre o suicídio em 1897, e desde então sabemos que os homens são mais propensos a se matar do que as mulheres. Sabemos agora também que os homens brancos mais velhos dos estados mais rurais são os que mais possuem riscos.
Logo, morte por selfie também não é algo que acontece aleatoriamente. Provavelmente ocorre com mais frequência para àqueles que suas redes sociais vêm a ser o fator importante para seu auto sentimento positivo.
Selfiecídio acontece com as pessoas mais jovens e em ocasiões especiais que elas veem como oportunidade de ganharem popularidade, como por exemplo em viagens de férias ou locais não muito usuais como pontes ou locais com vistas incríveis.
A fim de compreender o que acontece com algumas pessoas é importante fazermos a compreensão das pesquisas de outro Sociólogo, Erving Goffman.
Em “A Representação Do Eu Na Vida Cotidiana”, Goffman escreveu que passamos a acreditar naquilo que mostramos ser em nossas performances.
Cinquenta anos antes das selfies tomarem conta das redes sociais, Goffman compreendeu que não há uma auto essência, mas apenas uma relação com o que outros querem que sejamos constantemente.
O maior problema, claro, é que podemos começar a acreditar que nossa atuação em busca de aceitação vem a ser o que realmente somos, que vem a ser real, ou talvez pior, fazem que nos tornemos alienados e cínicos sobre quem realmente somos.
Nas mídias sociais, vemos ambas destas coisas acontecendo. Tirar selfies para encenar algum sentimento de felicidade é simultaneamente mentir para nós mesmos.
Toda vida social é sobre a apresentação da visão sobre nós mesmos e sobre tentar obter que o nosso público passe a acreditar e nos aceitar.
Mas o que é mais dramático: preferir ser nós mesmos ou morrer tentando tirar uma selfie para causar boa impressão?
E assim um novo gênero de selfie – o selfiecídio – nasce. Com uma parte de tragédia e um resto todo de ironia indesejável que nós mesmos causamos.
Traduzido pela equipe de O Segredo
Fonte: Psychology Today
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