Vemos através do que somos. Se somos ódio, cegos de ódio seremos
Karen Curi
Você sente que o mundo está as avessas, que o mal sobrepõe o bem, que tudo é difícil e as tristezas são ilimitadas? Pois saiba que as dificuldades estão por aí em toda parte, rondando a sua casa, a minha e de mais um monte de gente. Quando menos esperamos algo nos tira do sossego, como se estivéssemos deitados sobre um tapete sendo subitamente sacudido. Todo mundo leva tranco. A diferença é o que cada um faz com ele.
Eu tenho certeza que você já ouviu falar sobre os diferentes pontos de vista, e é aí que eu quero chegar.
Se nos sentimos dispostos ou desanimados, realizados ou insatisfeitos. Se percebemos os erros e aprendemos junto com eles, ou simplesmente nos sentimos injustiçados e culpamos o outro. Se enxergamos os tropeços e damos graças às conquistas. Ou não.
Tudo é reflexo do nosso olhar sobre a vida. É ele que determina o nosso sentimento e o que fazemos a respeito, se ruminamos a hostilidade, se proferimos a gratidão ou se somamos esperanças. Parece óbvio, né? Mas quando a vida nos sacode ninguém perde tempo para pensar em nada disso. Começa o discurso do injuriado. Procuramos logo culpar alguém e pagar na mesma moeda.
Talvez o nosso piloto automático esteja ligado em um modo de operação “devolver o ódio”, por isso não analisamos nada, nós simplesmente rebatemos.
Outra coisa. Temos a tendência de comparar-nos aos outros e achar que os nossos problemas são maiores, que a nossa dor é mais pungente, que o nosso buraco é mais fundo. Mas por quê? Ora, porque somos egocentristas por natureza. Isso é inegável. E não que seja algo ruim. Está apenas ligado à nossa percepção do mundo, que, claro, vem subsequente à visão própria.
Aquele que se assume infeliz porque diz não ter sorte, porque seus planos não se concretizam ou porque se sente perseguido, será que ele tem mesmo razão? Não será a forma de enxergar o problema que influencia a percepção e a reação sobre ele? Lembremos: Tudo é uma questão de ponto de vista.
Um mesmo fato é compreendido por diferentes maneiras. Há quem assimile o tombo como uma consequência, outros dizem que ele é predecessor, propulsor, promissor, uma forma de aprendizado, um sinal, e por aí vai.
Acontece que a nossa percepção está diretamente ligada ao que somos, às nossas crenças e ao que construímos ao longo dos anos. A afirmação de que todos nós precisamos de um espelho para nos lembrar quem somos é seminal.
Porque somos o resultado das nossas colheitas e, se foram boas ou más, elas seguramente influenciarão o nosso juízo diante do novo. Vemos através do que somos. Se somos amor, veremos com amor. Se somos ódio, cegos de ódio seremos.
Os ciclos se abrem e se fecham, se puxam, somam, enredam uns nos outros. Se remoermos tristeza, atrairemos rancor. Assim como a esperança traz felicidade e a gratidão leva a paz.
É o olhar que direciona a nossa perspectiva. Ele inicia uma cadeia de sentimentos e comanda todas as nossas ações. Se pararmos para enxergar o lado bom da vida seguramente reagiremos de forma positiva e os pesares ganharão certa leveza no decorrer do caminho.
No final das contas, tudo é lição e aprendizado. O ideal, apesar das sacudidas, é seguir adiante.
Como disse Sartre: “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você”.
Postado no Bula
Comportamento machista : como detectar
Jessica Moraes
Infelizmente ainda existe a ideia de que machismo se refere apenas em casos de violência doméstica, estupro ou submissão. Mas alguns comportamentos muito comuns do universo masculino devem ser revistos. São gestos que ofendem às mulheres, mesmo quando parecem inofensivos.
O site Think Olga descreveu cada um deles e como você pode observar esse tipo de atitude no seu dia a dia:
Manterrupting
A palavra é uma junção de man (homem) e interrupting (e interrupção) Em tradução livre, manterrupting significa “homens que interrompem”. Este é um comportamento muito comum em reuniões e palestras, quando uma mulher não consegue concluir sua frase porque é constantemente interrompida pelos homens presentes.
Bropriating
O termo é uma junção de bro (curto para brother, irmão, mano) e appropriating(apropriação) e se refere a quando um homem se apropria da ideia de uma mulher e leva o crédito por ela. Quando colocamos uma ideia, muitas vezes não somos ouvidas. Mas se um homem assume a palavra, repete a mesma ideia e é aplaudido por isso. Quem nunca se viu diante de uma situação similar?
Mansplaining
O termo é uma junção de man (homem) e explaining (explicar). É quando um homem dedica seu tempo para explicar a uma mulher de forma exageradamente didática, como se ela não fosse entender, só porque é mulher. Mas o mansplaining também pode estar associado a uma situação em que um homem quer explicar como você está errada a respeito de algo sobre o qual você de fato está certa, só para demonstrar quem tem razão.
Gaslighting
O termo gaslighting surgiu de um filme de mesmo nome, de 1944, em que um homem descobre que pode tomar a fortuna de sua mulher se ela for internada como doente mental. Por isso, ele começa a desenvolver uma série de artimanhas para que ela acredite que enlouqueceu.
Por isso o termo serve para descrever a violência emocional por meio de manipulação psicológica, que leva a mulher e todos ao seu redor acharem que ela enlouqueceu ou que é incapaz.
É uma forma de fazer a mulher duvidar de seu senso de realidade, de suas próprias memórias, percepção, raciocínio e sanidade. Você já deve ter ouvido pelo menos uma vez uma dessas frases: “Você está louca”, “Nossa, você é sensível demais”, “Para de surtar”, “Não aceita nem uma brincadeira?”.
Não se deixe levar por esse tipo de comportamento e se afaste desse tipo de homem sempre que possível!
Postado no Vila Mulher
É preciso leveza e diversão !
Como tornar a sua vida mais leve e divertida
Stephanie Gomes
Um pouquinho de diversão não faz mal a ninguém, não é verdade? A vida ta aí para ser aproveitada mesmo, afinal ela não é eterna – o que é uma pena, já que há tanta coisa boa para viver que precisaríamos de pelo menos alguns milhares de anos para aproveitar tudo.
Divertir-se é preciso. Se a gente levar tudo a sério o tempo todo, que graça a nossa vida vai ter? E existe coisa melhor e mais verdadeira do que rir, brincar e ser quem você é? Se existe, eu não conheço.
Se você gostaria de se divertir mais e viver a vida de forma mais leve, essa mudança precisa partir de dentro de você.
Você tem se estressado demais? Tem se preocupado demais? Tem percebido que vive sério e raramente se solta, se permite rir alto, enlouquecer um pouquinho ou viver momentos em que o que mais importa é a diversão?
A princípio pode parecer que você só vai conseguir tudo isso se tiver uma festa pra ir, puder viajar, tiver dinheiro…
Mas leveza, alegria e diversão, na verdade, são coisas que partem de dentro. Todo mundo conhece alguém que tem tudo o que alguém pode querer, mas vive lamentando.
E todo mundo também conhece alguém que não vive nas melhores condições e esbanja alegria. Pessoas assim são a prova de que tudo aquilo que a gente deseja sentir só pode nascer dentro de nós.
É claro que diversão é algo muito relativo. Para mim, diversão pode ser assistir a um seriado engraçado, ouvir uma piada espontânea e rir até chorar, descobrir uma nova música favorita e cantá-la bem alto, ler um livro que aquece meu coração e me faz sorrir.
Para você, diversão pode ser dançar a noite toda, falar sobre moda, passear no shopping com os amigos, balançar na rede, jogar videogame, brincar com crianças… pode ser qualquer coisa! Só que, independentemente de você adorar fazer todas estas coisas, elas só serão divertidas se você estiver com seu espírito leve e com o coração aberto. Porque, se não estiver, pode colocar o episódio mais engraçado do mundo, escutar a melhor piada já contada, encontrar seu ídolo e ele cantar sua música favorita para você, comprar o shopping inteiro… nada disso será bem aproveitado.
Foi refletindo sobre isso que resolvi pensar em algumas formas de mudar atitudes internas, perspectivas, ações e pensamentos, para que a vida se torne mais leve, despretensiosa, divertida, cheia de oportunidades de sorrir e de liberdade para se divertir tanto quanto for possível!
Não tenha vergonha de ser feliz, muito feliz!
Às vezes a gente acha que tá exagerando na alegria porque todo mundo à volta aparenta estar mal humorado e só você demonstra estar feliz. Aí você fica envergonhado, absorve a energia dos outros, reprime a alegria que está sentindo – e que adoraria espalhar por aí – e perde aquele sentimento bom.
Dizem por aí que felicidade incomoda. Pode até ser em alguns casos, mas eu acho muito mais incômodo ser mais um “cara feia” que colabora para espalhar rabugice e mal humor por aí.
Seja o diferente: transmita sua alegria, tente contagiar os outros, divirta-se. Se ninguém reagir positivamente, a culpa não é sua, afinal, cada um oferece aquilo que tem dentro de si. Ao invés de ficar chateado e se juntar aos “caras feias”, alegre-se por ser diferente (e feliz!).
Cuidado com a opinião dos censuradores-de-tudo
Sabe aquela pessoa que torce o nariz pra tudo o que você faz, debocha de todas as suas ideias e vive falando pra você parar de fazer as coisas que acha divertidas porque são “vergonha alheia”, “nada a ver”, “ridículo” e outros comentários que te desanimam?
São o que eu chamo de “censuradores-de-tudo”, pessoas que se preocupam demais com a opinião dos outros, deixam de ser elas mesmas por isso, perdem oportunidades de se divertirem e ainda desanimam as pessoas que têm a cabeça aberta e que só estão tentando fazer algo divertido.
Quando os censuradores-de-tudo atacam, é difícil não desanimar. Você se sente totalmente desestimulado. Eu já passei muito por isso, mas depois de muito sofrer, percebi que estava entendendo tudo errado. O problema não está em mim, afinal, sou livre de julgamentos, censuras e frescuras.
Já os censuradores têm um sério problema de falta: falta liberdade, falta leveza, falta se permitirem. Da próxima vez que for censurado por alguém, pense nisso. Se ficar em dúvida sobre qual opinião seguir, lembre-se de ir sempre para o lado da liberdade e nunca escolha o caminho da censura, do pré-julgamento e do pessimismo.
Tenha um hobby
Tédio é uma coisa da qual me livrei desde que criei o blog. Além de sempre ter motivo para escrever, acabei pesquisando sobre o assunto e descobrindo vários novos hobbies (yoga, caminhada, colorir…). Se você tem ou mais hobbies, nunca vai ter motivo para ficar reclamando que não tem nada de legal para fazer.
Faça coisas simples com pessoas legais
Um piquenique, andar de bicicleta, tomar um açaí, se reunir em casa para conversar, preparar um bolo de caixinha com o seu melhor amigo(a), falar coisas engraçadas e sem sentido, inventar uma brincadeira… Fazer coisas simples com pessoas legais é garantia de diversão.
Não perca tanto tempo escolhendo o que irá fazer, mas invista seu tempo em conhecer e tornar seus amigos pessoas que fazem qualquer situação, lugar e assunto ser um momento especial.
Apenas seja feliz, e se você não conseguir ficar feliz, faça coisas que o deixem feliz. Ou fique sem fazer nada com as pessoas que o fazem feliz. – Do livro A estrela que nunca vai se apagar (Esther Earl)
Passe por cima de seus pré-conceitos
Chega de falar “ai, isso eu nunca faria”, “isso é pra quem é tal coisa”, “jamais vou fazer o que ele fez” etc, etc, etc.
Preconceitos, julgamentos e esse tipo de promessa nos fecha totalmente a coisas novas que podem ser incríveis, e diversão e leveza são exatamente o contrário disso. Tente! Por que não? Você pode mesmo não gostar, mas também pode adorar!
Pare de se fechar a tudo, jogue fora os pré-conceitos e experimente mais. Se gostar, maravilha. Se não, fica uma ótima história para contar aos seus netos (garanto que eles vão se divertir).
Permita-se ser criança
Brinque, invente, imagine, crie, bagunce… Todo adulto gostaria de voltar à infância, mas poucos entendem que a infância não precisa morrer quando crescemos.
Todo mundo pode manter dentro de si o espírito de criança a vida inteira, basta se lembrar de como é ver o mundo de forma mais mágica e menos caótica. Entre em brincadeiras ou crie brincadeiras – jogos de adivinhação, brincadeiras simples, até se divertir com crianças.
Faça o que der vontade, por mais bobo que seja. Use a imaginação para se divertir. Leve a vida menos a sério.
Ria muito de si mesmo
Saiba rir de seus erros, defeitos e bobeiras. Pessoas que riem de si mesmas são meu tipo de pessoa favorito, porque são alegres, verdadeiras e não têm frescura. Isso porque sabem que todo mundo erra, tem defeitos e fala besteira de vez em quando, por isso elas se permitem errar sem fazer drama.
Faça algo em que você é péssimo
Ta aí uma coisa que eu adoro fazer. Eu sou péssima cantora, por isso adoro cantar (inclusive imitando a voz do cantor original). Sou péssima com trabalhos manuais, mas acho tão legal. Por que não fazer? Depois eu dou risada de tudo e pronto! Às vezes em uma dessas descobrimos uma habilidade ou a desenvolvemos. E se você não aprender com a prática, ao menos irá se divertir!
Postado em Desassossegada
A palavra sincera
Você sabia que a palavra Sincera foi criada pelos romanos?
Eles fabricavam certos vasos com uma cera especial tão pura e perfeita que os vasos se tornavam transparentes.
Em alguns casos era possível distinguir os objetos guardados no interior do vaso.
Para um vaso assim, fino e límpido, diziam os romanos:
Como é lindo! Parece até que não tem cera!
Sine cera queria dizer sem cera, uma qualidade de vaso perfeito, finíssimo, delicado, que deixava ver através de suas paredes.
Com o tempo, o vocábulo sine cera se transformou em Sincero e passou a ter um significado relativo ao caráter humano.
Sincero é aquele que é franco, leal, verdadeiro, que não oculta, que não usa disfarces, malícias ou dissimulações. A pessoa sincera, à semelhança do vaso, deixa ver, através de suas palavras, os nobres sentimentos de seu coração.
Assim, procuremos a virtude da sinceridade em nossos corações. Sim, pois na forma de potencialidade, ela está lá, aguardando o momento em que iremos despertá-la e cultivá-la em nossos dias.
Se buscamos a riqueza do espírito, esculpindo seus valores ao longo do tempo, devemos lembrar da sinceridade, desse revestimento que nos torna mais límpidos, mais delicados.
Por que razão ocultar a verdade, se é a verdade que nos liberta da ignorância?
Por que razão usar disfarces, se cedo ou tarde eles caem e seremos obrigados a enfrentar as consequências funestas da mentira?
Por que razão dissimular, se não desejamos jamais ouvir a dissimulação na voz das pessoas que nos cercam?
Quem luta para ser sincero conquista a confiança de todos, e por consequência seu respeito, seu amor.
Quem é sincero jamais enfrentará a vergonha de ser descoberto em falsidades.
Quem luta pela sinceridade é defensor da verdade do Cristo, a verdade que liberta.
Sejamos sinceros, lembrando sempre que essa virtude é delicada, é respeitosa, jamais nos permitindo atirar a verdade nos rostos alheios como uma rocha cortante.
Sejamos sinceros como educadores de nossos filhos. Primemos pela honestidade ensinando-lhes valores morais, desde cedo, principalmente através de nossos exemplos.
Sejamos sinceros e conquistemos as almas que nos cercam.
Sejamos o vaso finíssimo que permite, a quem o observa, perceber seu rico conteúdo.
Sejamos sinceros, defensores da verdade acima de tudo, e carreguemos conosco não o fardo dos segredos, das malícias, das dissimulações, mas as asas da verdade que nos levarão a voos cada vez mais altos.
Por fim, lembremo-nos do vaso transparente de Roma, e procuremos tornar assim o nosso coração.
Redação do Momento Espírita
Polêmica: “Nunca fomos cordiais”
Violência para nós, brasileiros, é um valor — e se confunde com nossa percepção do que é “ser homem”.
É triste que Manuel Castells tenha de nos dizer isso
É triste que Manuel Castells tenha de nos dizer isso
Wedencley Alves
Hoje, mais cedo, um querido amigo me chamou a atenção para uma matéria da Folha, onde Manuel Castells afirma que não é a internet que nos faz violentos. Mas o próprio país, que tem um histórico longo de violências. Ele tem razão, mas não precisava, comentei, um estrangeiro nos dizer isso.
Violência para nós é um valor: desde as, aparentemente, ingênuas malhações de judas (e quem malhávamos, quer dizer, espancávamos “simbolicamente”? Os vizinhos, aqueles de quem não gostávamos, os maridos “traídos”, as mulheres que, supostamente, “não inspiravam respeito”, o gay, o devedor, o comerciante antipático etc.).
Somos violentos porque desde cedo o garoto é ensinado a não voltar pra casa “chorando”, para não apanhar “duas vezes”. Nossa violência se confunde com nossa percepção do que é “ser homem”. Sim, porque as mulheres brasileiras não são mais violentas — fisicamente, embora do ponto de vista “verbal”, tenho lá minhas desconfianças — do que qualquer outra mulher no mundo, mas os homens, sim, em relação aos outros.
Temos violência de classe (pobres se matam muito, e as elites e classes médias “mandam” matar: o que são os assassinatos policiais, senão o efeito da carta branca que damos a “eles” para matar em nosso nome, em defesa do nosso patrimônio?). Temos violência de raça (socialmente falando), temos violência de gênero.
Somos violentos nas discussões políticas, futebolísticas. Não confiamos na justiça, confiamos na vingança e, particularmente, mesmo a justiça, quando ganha os holofotes, quer reafirmar a violência como valor; ou, quando longe dos holofotes, recorre a arbitrariedades impensáveis contra os mais frágeis (ou inimigos políticos “a mando”).
Somos os campeões de tortura, de linchamentos letais, morais, midiáticos. Das mortes nos campos, nas cidades, nos lares.
Morador de Nova Iguaçu, vi boa parte dos meus amigos de infância morrer na mão de terceiros: de bandidos? Não. Até de amigos ou colegas. Acerto de conta, briga de bar, ciúme de garotas.
Somos a cultura daquele que fala mais alto, aquele que bate na mesa, aquele que chama pra porrada, aquele que “não aguenta desaforo”, aquele que mete o dedo na cara, e aquele que pergunta “sabe com quem você está falando?”.
Somos violentos nos programas de humor infantis, nas piadas sem graça, no campo de futebol, na sala de aula, pra reafirmar nossa macheza incipiente. É lógico que nossos bandidos serão violentos. Eles serão parte da sociedade em que vivem. Não quero nem falar do trânsito estúpido, com recorde mundial de mortes. Carros são armas perigosas nas nossas mãos.
Nossa violência é verbal, institucional, física, psicológica.
O Brasil não é o campeão de homicídio. Mas está muito perto de ser. Não importa os dois ou três países mais violentos que nós. Importa que precisávamos repensar isso: subtrair a violência como um valor social. É preciso que nossa violência se torne motivo de vergonha, não de orgulho; vexaminosa, não auto-afirmativa.
É preciso desconstruir, de uma vez por todas, esta cultura da violência. Não para sermos o ideal com que um dia mentiram pra nós. Mas ao menos para que não nos matemos diariamente.
Wedencley Alves é professor do Departamento de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora. É doutor em Linguística (Unicamp) e mestre em Comunicação (UFF). Pesquisador na área de comunicação e discurso, hoje dedica especial atenção a questões envolvendo “mídia e violência” e “mídia e saúde”.
Postado em Outras Palavras em 21/05/2015
O desabafo de Mirian França : Sou negra ! E sou a prova !
Mirian França
Hoje acordei com vontade de gritar: Sou negra !
Filha de uma negra solteira, pobre, costureira aposentada, que jogou uma negra doutora na cara da sociedade. Uma negra que estuda e trabalha pra caralho pra garantir o direito de ser livre e viver como quiser.
Essa sou eu, Mirian França, a negra encarcerada no Ceará em Dezembro de 2014 por suspeita de assassinar uma turista italiana.
Graça aos amigos e à população, a policia foi obrigada a me libertar do meu cárcere. Cárcere sim!
Pois se tratando de uma prisão sem fundamentos, trata-se de uma prisão ilegal. Cometida por uma polícia despreparada e racista, que insiste em enxergar o negro como culpado mesmo quando não existem provas, evidência, motivação ou testemunha.
Que insiste em dizer que têm “CONVICÇÃO” de que somos culpados mesmo quando não há nenhuma prova da nossa culpa. Se tratando dos negros a polícia se esquece do nosso direito básico de que somos inocentes até que ELES provem o contrário, não somos nós que precisamos provar nossa inocência.
Aos 31 anos descobri o que é ser negra de verdade.
Ser negra é ser chamada de estranha quando você sai de férias e passa o dia na beira da piscina lendo, porque uma negra gostar de ler “é muito contraditório, provavelmente está forjando um álibi”.
Ser negra é ser questionada sobre como teria dinheiro para tirar férias no Ceará (um estado do meu país, onde apenas turistas estrangeiros parecem ser bem vindos).
Ser negra é ter a obrigação de andar com um macho a tira colo; não poder viajar sozinha; não ter o direito de trepar com quem quiser, sem ser chamada de puta (alias, essa é a sina de todas nós mulheres).
Ser negra é ter medo de parir uma criança que já nasce como um alvo para o genocídio. Que precisa ser preparado pra violência policial, pra chacota na escola, no teatro, na vida toda.
O racismo no Brasil é um crime perfeito. É o crime sem corpo, sem prova, sem testemunha. Mas é nítido quando a polícia tem “convicção de que você é culpado”, apenas com base no seu “comportamento suspeito” (Gostar de ler? Gostar de escutar musica? Gostar da introspecção? Gostar de viajar? Ser solteira?).
Não precisa chamar o negro de macaco pra ser racista não. Basta abrir os olhos e ver quem é preso por engano, basta ver quem precisa provar a inocência (quando a lei é clara que se é inocente até que se prove o contrario).
Quem é assassinado nos autos de resistência nunca é um branco. Eu nunca soube de um branco preso em manifesto por portar uma garrafa de desinfetante (Daniel Braga). E nem uma branca ser arrastada por viatura policial (Claudia Ferreira).
Eu sou a prova viva de que a redução da maior idade no Brasil é pretexto pra prender criança negra. Sou prova viva de que pena de morte no Brasil é consentimento jurídico para o Estado assassinar mais negros.
Eu sou a prova de que pra policia brasileira a culpa tem cor.
Saiba mais informações sobre o caso Mírian França nos links indicados:
(3) http://g1.globo.com/ceara/noticia/2015/02/carioca-e-liberada-pela-justica-para-deixar-fortaleza.html
(4) http://jornalggn.com.br/noticia/a-prisao-abusiva-de-mirian-franca-pela-morte-da-turista-italiana
Postado no Pragmatismo Político em 26/05/2015
Amar ... enquanto vivermos !
O amor não é prisão. Liberte-se !
Rebeca Bedone
“O que você faria se tivesse poucos meses de vida?” Um livro me surpreendeu com esta pergunta e me deixou inquieta. Na rotina diária de acordar, trabalhar e cumprir nosso papel social, mal paramos para pensar nessa questão. A não ser que descubramos uma doença fatal, não pensamos no dia em que morreremos. Afinal, estamos vivos. Mas aí vem alguém e lhe joga esta pergunta, assim, do nada… O que você faria se soubesse que em breve morreria?
Acredito que pediríamos perdão a alguém que magoamos ou perdoaríamos de verdade aqueles que já se desculparam. Faríamos aquilo que a vida toda tivemos vontade, mas não o fizemos por medo. Alguns de nós declarariam uma paixão secreta, outros fariam as pazes. Tem aqueles que viajariam o mundo e os que ficariam mais tempo em casa.
E por que a brevidade da vida nos liberta para o amor? Não deveria ser o contrário, porque estamos vivos — independentemente da hora que chegar a nossa morte — é que sentimos o amor em sua plenitude?
Isso nos faz pensar que, às vezes, as coisas não estão do jeito que gostaríamos. O ser humano é um insatisfeito por natureza e não vejo isso como defeito, mas como um estímulo à aprendizagem. O problema são aqueles que nunca estão satisfeitos e só reclamam, e não fazem esforço algum para mudar e evoluir. Mas nós seguimos em frente, pois sabemos que é possível ser feliz na incompletude, e procuramos preencher o vazio temporário das tristezas com esperança.
Onde o amor nasce ele cresce à medida que se doe mais do que se pede, e o inverso disso deve ser o que separa tanta gente. Nesse mundo de gente individualista e pegada a aparências, cada vez mais pessoas confundem amor com posse ou status social.
Quando começamos a perceber nossas reais vontades e quão grande é o nosso amor por nós mesmos, o compartilhamento de sentimentos bons e sinceros florece espontaneamente. Amor e liberdade caminham juntos. Precisamos amar sem querer nada em troca e ser livres porque temos amor.
Como amamos as risadas simples, os abraços inesperados e os pequenos detalhes. O nosso pai sentado no chão da sala brincando com os cachorros, e a nossa mãe cozinhando a mesma receita que a mãe dela fazia. É como o olhar carinhoso por nossos sobrinhos; e nossos irmãos, hoje, sendo amados duplamente quando amamos os filhos deles. O amor tem cheiro de pão, união e saudade.
Esse sentimento também está no olhar de nossos amigos quando estamos tristes e na festa que eles fazem quando ficamos alegres. Tem amor nos livros que ganhamos com dedicatória escrita à mão e nas cartas guardadas, nos desejos secretos e na esperança de amanhã. É como a espera ansiosa para encontrar alguém; e o sonho que nunca acaba.
Vamos! Vamos sem medo e sem segredos. Sem certezas absolutas, faremos desta conversa uma libertação. Uma dança entre as amarguras e as saudades, uma nova ponte do hoje para o amanhã. Na escuridão de nossos medos, abriremos as janelas do nosso coração.
Vamos nos amar porque ainda temos tempo!
Postado no Bula
Selfies matam !
Utilidade pública : selfiecídio
As pessoas estão morrendo enquanto tentam tirar uma selfie. Este fim de semana um homem de 21 anos morreu em Bali, ao cair de um penhasco quando foi tirar uma foto de si mesmo. Em Moscou, uma mulher de 21 anos morreu quando tentou tirar uma selfie com uma arma apontada para sua cabeça, a arma disparou.
Infelizmente, essas histórias não são mais incomuns, em uma busca rápida para “morte por selfie” descobrimos várias histórias tristes semelhantes.
Como exemplos temos o caso da menina russa de 17 anos que foi eletrocutada enquanto tirava uma foto de si mesma em uma ponte, ou o homem de 21 anos de idade na Espanha que subiu em cima de um trem para se fotografar e também foi eletrocutado. Em Portugal uma família polonesa estava de férias quando a mãe e o pai caíram de um penhasco e morreram ao tentar fazer o próprio click.
Em alguns aspectos, a morte por selfie é tanto padronizada e previsível. Como suicídio, morte por selfies não é distribuída aleatoriamente por todos da nossa sociedade.
O Sociólogo Emile Durkheim escreveu seu clássico estudo sobre o suicídio em 1897, e desde então sabemos que os homens são mais propensos a se matar do que as mulheres. Sabemos agora também que os homens brancos mais velhos dos estados mais rurais são os que mais possuem riscos.
Logo, morte por selfie também não é algo que acontece aleatoriamente. Provavelmente ocorre com mais frequência para àqueles que suas redes sociais vêm a ser o fator importante para seu auto sentimento positivo.
Selfiecídio acontece com as pessoas mais jovens e em ocasiões especiais que elas veem como oportunidade de ganharem popularidade, como por exemplo em viagens de férias ou locais não muito usuais como pontes ou locais com vistas incríveis.
A fim de compreender o que acontece com algumas pessoas é importante fazermos a compreensão das pesquisas de outro Sociólogo, Erving Goffman.
Em “A Representação Do Eu Na Vida Cotidiana”, Goffman escreveu que passamos a acreditar naquilo que mostramos ser em nossas performances.
Cinquenta anos antes das selfies tomarem conta das redes sociais, Goffman compreendeu que não há uma auto essência, mas apenas uma relação com o que outros querem que sejamos constantemente.
O maior problema, claro, é que podemos começar a acreditar que nossa atuação em busca de aceitação vem a ser o que realmente somos, que vem a ser real, ou talvez pior, fazem que nos tornemos alienados e cínicos sobre quem realmente somos.
Nas mídias sociais, vemos ambas destas coisas acontecendo. Tirar selfies para encenar algum sentimento de felicidade é simultaneamente mentir para nós mesmos.
Toda vida social é sobre a apresentação da visão sobre nós mesmos e sobre tentar obter que o nosso público passe a acreditar e nos aceitar.
Mas o que é mais dramático: preferir ser nós mesmos ou morrer tentando tirar uma selfie para causar boa impressão?
E assim um novo gênero de selfie – o selfiecídio – nasce. Com uma parte de tragédia e um resto todo de ironia indesejável que nós mesmos causamos.
Traduzido pela equipe de O Segredo
Fonte: Psychology Today
Tenha um amigo maior do que você
Diego Engenho Novo
Tenha um amigo que seja maior do que você. Não somente pelos braços mais compridos que nem mesmo precisam se alargar para te abraçar. Nem mesmo pelas ciências da vida que ele já recita como um poema curto de Adélia Prado, ciências que você ainda tenta assimilar, com certa dificuldade. Tenha um amigo de alma maior, coração mais largo e olhar mais sereno que o seu.
E ele, em muito vai lembrar a candura de seu pai, o humor preocupado de sua mãe, e pouco a pouco também se tornará sua família. E mesmo nos dias em que ele se sentir menor e reivindicar seu colo, você ainda estará sendo protegido por ele. Há gente que cuida da gente num caminho inverso quando deitam na paciência do nosso colo, quando choram no mirante de nosso peito, quando a sua simples presença nos torna também um pouco maiores.
Tenha um amigo que seja maior do que você. Que lhe ensine a ser generoso com miudezas como te emprestar um livro que você nem pediu ou te levar para tomar café quando você estiver perdido. Que lhe mostre a dignidade desculpando-se quando você nem estava exatamente bravo e lhe perdoando exatamente nos momentos em que você não poderia ser tão mais errado.
E a partir do respeito imenso que você recebe dele e do respeito legítimo que devolve de volta, estará criado um adorável círculo vicioso, como as vasilhinhas que viajam de uma casa para a outra. Nunca vazias, sempre comadres, refil eterno de um agrado novo, marmitas fartas de gratidão e amor.
Tenha um amigo maior do que você. Para cultivá-lo como um campo florido que se alastra por quilômetros: delicado e imponente, simples e misterioso, valioso e aberto para quem quiser ver.
Postado no Conti Outra
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