Davis Sena Filho
As classes dominantes brasileiras, à frente as famílias donas de verdadeiros protetorados midiáticos, sempre tiveram DNA golpista.
Essa gente sempre quis subordinar o Estado brasileiro aos seus ditames e interesses, além de lutar para que o Brasil continue a seu bel-prazer na condição de um País dependente, a reboque dos países ditos desenvolvidos e a atender os interesses do establishment internacional, principalmente no que diz respeito a políticas econômicas que favoreça os banqueiros nacionais e internacionais.
Ao privilegiar os banqueiros, privilegia-se todos os grandes segmentos e setores empresariais, rurais e urbanos, que vão ser premiados com o ressurgimento do neoliberalismo, derrotado há mais de dez anos pelas urnas do Brasil e de muitos países da América Latina. Nações que, no decorrer de quase 30 anos, tiveram o dissabor de terem suas economias falidas e, consequentemente, seus povos desempregados.
A verdade é que atender aos interesses de castas privilegiadas e de governos de caracteres imperialistas era a tônica, pois a ordem obedecida na prática, a partir do Consenso de Washington, de 1989.
O desenvolvimento de uma estratégia antinacional e abraçada com fervor pelo governante entreguista, Fernando Henrique Cardoso, que governou como um caixeiro viajante, porque vendeu o patrimônio do Brasil irresponsavelmente, a cometer crimes de lesa-pátria.
Com efeito, ainda alinhou automaticamente a diplomacia brasileira aos interesses dos Estados Unidos e dos países grandes da Europa Ocidental, bem como efetivou uma política externa de dependência, vergonhosamente conhecida como a "Diplomacia do Tirar os Sapatos", tão dedicadamente efetivada pelo chanceler tucano, Celso Lafer.
O chanceler tucano certa vez, em 2002, esteve oficialmente nos Estados Unidos e teve de se submeter a tirar os sapatos em aeroporto de Miami. A submissão em toda sua essência e a subserviência em toda sua amplitude. Realmente, tal espírito subalterno simbolizou, inapelavelmente, a Era FHC.
Agora, neste exato momento, o PT e a candidata, Dilma Rousseff, estão a sofrer uma avalanche de intrigas, mentiras, acusações, calúnias, injúrias e difamações veiculadas, sistematicamente, pelas mídias de mercado, a ter à frente desses canhões midiáticos privados as famílias Marinho, Frias, Mesquita, Civita e Sirotsky, além dos Diários Associados, cujos principais jornais do grupo empresarial conservador e de passado golpista são o Estado de Minas e o Correio Braziliense.
São esses magnatas bilionários de imprensa que se beneficiam, inclusive, com concessões públicas para terem no ar suas televisões. São eles os verdadeiros porta-vozes do golpe no Brasil, com ramificações robustas e influentes no exterior.
Esses megaempresários são os propagadores da crise, do que eles matreiramente e inescrupulosamente chamam de "mar de lama". A resumir: a crise tem nome, e o nome dela é imprensa familiar — a de negócios privados.
O "Mar de Lama Midiático", que levou Getúlio Vargas à morte; que foi o combustível do golpe de Estado sofrido por João Goulart; que humilhou Juscelino Kubitschek, ao ponto de ele ter de se apresentar ciclicamente para um oficial subalterno; e que insistiu em afogar em suas águas turvas o trabalhista Leonel Brizola até o dia de sua morte, em 2004. Sem, no entanto, conseguir.
Sem ter um mínimo de ética e isenção jornalística, a grande imprensa, herdeira da escravidão, de extrema direita e golpista por convicção, pois aposta na vitória eleitoral do candidato do PSDB, Aécio Neves, toma, inadvertidamente, a frente do processo eleitoral.
Além disso, a imprensa alienígena conta com a cooperação de setores direitistas e golpistas do Judiciário e da Polícia Federal, para publicar declarações gravadas de um ladrão, que roubou a Petrobras, bem como as de um doleiro, mequetrefe e rastaquera, mais conhecido no Brasil do que nota de R$ 2.
Doleiro que sempre teve relações próximas, carnais, com os tucanos, inclusive em escândalos financeiros e administrativos.
Contudo, a imprensa meramente mercantil se "esquece" desses fatos e passa a tratar as declarações de criminosos presos como se fossem as mais inquestionáveis verdades, sendo que sem quaisquer provas, como comprovam as matérias de revistas a serviço do PSDB, como a Época e a Veja, bem como os jornais da Globo, da Globo News, da Bandeirantes e do SBT.
Um absurdo, que somente acontece no Brasil porque os presidentes Lula e Dilma, apesar de suas popularidades, nunca tiveram disposição para efetivar o marco regulatório, a fim de regular e regulamentar o setor midiático. Ou seja, o País que tem uma das Constituições mais avançadas e progressistas do mundo, incrivelmente, não tem uma Lei dos Meios, como, por exemplo, tem os Estados Unidos, a França, a Alemanha, a Inglaterra e a nossa vizinha Argentina.
Declarações retiradas propositalmente de um contexto mais amplo, mas suficientes para causar confusão e dúvida junto ao público, que ora se prepara para votar no dia 26 de outubro.
Trata-se de homens presos pela Polícia Federal no Governo Dilma, ou seja, do PT, e que estão a ser usados eleitoralmente por policiais federais e juízes, que vazam depoimentos e assim cooperam com o PSDB e sua porta-voz: a imprensa corporativa e monopolista.
A mídia privada dominada por meia dúzia de famílias que odeiam o Brasil, mas que jamais vão abrir mão de ganharem tanto dinheiro nessas terras tupiniquins, que sempre multiplicaram seus bilionários negócios.
É acinte e atentado à democracia, ao processo eleitoral e à Constituição o golpe midiático às vésperas das eleições.
Não são toleráveis, em hipótese alguma, as atividades políticas indiscutivelmente eleitoreiras das famílias midiáticas e de seus empregados, que conseguem ser piores do que seus patrões. Um absurdo, que deveria ser duramente questionado pelos STF, PGR, TSE e OAB.
A luta para derrotar o PT, o maior, o mais orgânico e importante partido da história deste País está a alcançar as raias da loucura, a ter como prática crimes como o vazamento de delações (premiadas) de ladrões que foram presos em governo petista.
Prisões que não aconteciam em governos tucanos, porque tudo era jogado para debaixo do tapete, bem como o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, era chamado de engavetador-geral, a começar pelo megaescândalo de compra de votos para a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, grão-tucano conhecido também como Príncipe Neoliberal I ou Príncipe da Privataria, conforme livro elucidativo e de grande sucesso de vendas no Brasil.
O candidato do PSDB, Aécio Neves, está a ser ajudado pelas pesquisas, que são manipuladas, sendo que somente as pesquisas do Ibope e do Datafolha são publicadas na Rede Globo. Os outros institutos não tem vez. Seus números e índices não são mostrados na televisão dos Marinho e de seus sócios, porque somente há espaço para os dois institutos citados, que, com o acesso à maior televisão comercial do Brasil, passaram também a monopolizar as pesquisas, como o fazem todos os donos de oligopólios. Mais um cartel. Simplesmente.
O jornalista Marcelo Migliaccio, editor do Blog Rio Acima, que foi diretor do Jornal do Brasil e trabalhou na Folha, no Globo, no Estadão e no Correio Braziliense, afirmou, com correção e de forma pontual, que a "mesma tática {manipulação} do primeiro turno está sendo usada nas primeiras pesquisas divulgadas para o segundo turno, porque os institutos dão "empate técnico", mas com Aécio dois pontos à frente de Dilma. Pegam Dilma pelo mínimo da margem de erro e Aécio, pelo máximo".
O jornalista complementou: "O objetivo é criar uma falsa sensação de que Aécio está na frente. Uma onda fictícia que possa contagiar os incautos, os alienados, os egoístas e os mal intencionados. Só um completo idiota acredita que a diferença de 8,4 milhões de votos foi tirada em dois dias. No dia 23 de setembro, a projeção de segundo turno entre Dilma e Aécio, segundo o Ibope, dava a presidente com dez pontos de vantagem. Como agora, menos de duas semanas depois, ela está dois pontos atrás? Será que a cabeça das pessoas muda mesmo com tanta rapidez? Ou é mais um conto do vigário pra influenciar você?" — finaliza Migliaccio.
Como se observa, a manipulação midiática praticamente se institucionalizou. O PT sempre teve sérios problemas de comunicação para chegar à população, que somente tem acesso à informação sobre o que está a ser realizado nos últimos 12 anos de quatro em quatro anos, quando o PT e o Governo Trabalhista conseguem mostrar os avanços e as conquistas do povo brasileiro, por intermédio da propaganda eleitoral. Mesmo assim, grupos mercantilistas como as Organizações(?) Globo fazem campanha contra o horário eleitoral e também contra a Voz do Brasil.
Dilma Rousseff tem enormes chances de vencer mais uma eleição presidencial e ser reeleita. Mas nunca, de forma alguma, eu vi o sistema midiático, eterno propagador do "mar de lama" desde os tempos de Getúlio Vargas perder totalmente a compostura e assumir de vez o lugar da oposição partidária de direita, em uma campanha sórdida e sem preocupação com a realidade dos fatos e com a credibilidade da informação.
A verdade é que o PSDB e seus congêneres estão tutelados e, como pintos, protegem-se nas asas da grande imprensa de negócios privados e aliada dos interesses dos governos dos países ricos.
Dilma vence, mas tomara que a lição tenha sido aprendida pelo PT. Marco regulatório para os meios de comunicação já! Aécio Neves e o PSDB representam o retrocesso econômico e o atraso social. Ele é tucano. É isso aí.
Postado no site Contraponto em 11/10/2014
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