Izaías Almada
Qualquer pessoa medianamente informada sobre a formação econômica, política e cultural do Brasil deve estar se perguntando nos dias que correm qual o sentido das candidaturas de Aécio Neves e Eduardo Campos à presidência da nação.
Afinal já lá se vão mais de quinhentos anos que as caravelas cabralinas aqui chegaram e o país ainda mantém certo ranço colonialista em muitas cabeças, algumas até vivendo de sesmarias. Ambos, Aécio e Campos, são dignos representantes do secular coronelismo e de uma elite que ajudou nesses cinco séculos a colocar o Brasil no rol dos países politicamente irrelevantes, como afirmou o “relevante” e “civilizado” governo israelense.
Entre nós brasileiros a formação de um quadro político se assemelha por vezes à de outras profissões que não requerem especialização ou conhecimentos mais verticalizados de determinados fundamentos e por isso qualquer um de nós pode chegar a ser um político profissional. Ao contrário, por exemplo, de um médico cirurgião que leva anos para aprender a usar um bisturi como deve ser.
Eduardo Campos, não se sabe bem o porquê, resolveu se meter numa eleição que – o mínimo que se pode dizer – é que ainda não era chegada a sua hora e vez. Mal comparando, lembra alguns dos personagens de Shakespeare que misturam inveja, ambição, traição e outras “virtudes” e assim, sem mais nem menos, consideram que estão preparados para o que der e vier. Não sabe de nada, o inocente.
Fica evidente, contudo, que o jovem de olhos azuis, de sua ancestral herança holandesa, deve ter intuído que poderia ser útil para tirar votos da presidente Dilma no nordeste e colocou-se como alternativa à oposição para daqui quatro anos, aliando-se oportunisticamente a uma inexplicável candidata que teve também inexplicáveis 20 milhões de votos nas eleições de 2010.
Já o neto de Tancredo Neves, não passa disso mesmo: continua a ser o neto de Tancredo Neves e ficamos nós sem saber o que é que isso significa no fritar dos ovos...
Como muitos desses ativistas contemporâneos das ruas brasileiras, Aécio e Campos são “contra tudo isso que está aí” e deitam falação a desmerecer os programas sociais do governo Dilma, muitos deles iniciados no governo Lula. E nesse ponto poderemos perguntar a eles: muito bem, o que é que os senhores propõem, então, para melhorar?
Após alguns intermináveis minutos de silêncio, a resposta é: NADA! Nada, nenhuma ideia que se aproveite, nenhum programa econômico ou mesmo social dos quais possamos entender os fundamentos e sua relação com o progresso do país, ao contrário da estratégia de transformação seguida nos últimos doze anos.
O mundo pode estar à beira de uma crise de resultados catastróficos. A frase, recheada de algum lugar comum, revela por um lado o cinismo do já antigo complexo industrial militar e do lobby judaico/americano que o defende com unhas, dentes e armas atômicas. E por outro lado amplia a insensibilidade de muitos países no mundo que se tornam indiferentes ao que se passa a sua volta.
O carcomido neoliberalismo econômico e seus relutantes defensores aqui e ali embasam, paradoxalmente, no Brasil, a falta de ideias e de programas dos que defendem uma mudança radical numa estratégia de governo que vem colocando o país em lugar de destaque no mundo e, convenhamos, até aqui nunca dantes conseguido.
Colocar entraves a essa estratégia é o pífio objetivo da atual oposição brasileira, conservadora, atrasada em suas ideias (quando as tem), atrelada a uma imprensa que se coloca perversamente na trilha impatriótica e obtusa do “quanto pior melhor”.
O Brasil, em outubro próximo, não pode dar um salto no escuro. Não pode ficar refém daqueles que interna e externamente consideram que “a gente somos irrelevantes”. Porque esses, já perderam a vergonha na cara e o rumo da História.
Postado no Blog do Miro em 25/07/2014
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