Rostos maquiados, vozes treinadas, impostores
Carlos Motta
Passo os olhos pelo noticiário destes dias em que o país está parado.
Leio que o senador Álvaro Dias diz que o plano da oposição é alimentar a imprensa de notícias contra o governo Dilma - e o PT.
Leio também que Eduardo Campos mudou-se com sua família para São Paulo e pretende na sua campanha para a Presidência da República firmar-se como o continuador da obra de Lula e implacável crítico da presidenta Dilma.
As duas notícias resumem o momento político do país.
O senador Dias, nesse seu arroubo de honestidade, confessa o que qualquer brasileiro um pouco mais atento já sabe há muito: a oposição não tem programa, não tem ideias, não consegue formular nenhum projeto alternativo ao governo trabalhista - a não ser essa patética exumação de cadáveres ideológicos como o neoliberalismo.
Ou ameaçar a nação com "medidas impopulares".
Já Eduardo Campos, ao revelar a sua estratégia para deixar de ser um candidato nanico, mostra que, no mínimo, não está bom da cabeça.
Digo isso para não ofendê-lo.
Pois essa sua linha de ação parece ter sido preparada por algum desequilibrado mental.
Como ele acha possível desvincular Lula de Dilma?
Dilma, todos sabem, não existiria politicamente sem Lula.
E Lula já afirmou milhares de vezes que apoia integralmente o governo de Dilma e ela é a sua candidata.
Lula é Dilma, Dilma é Lula.
Será que Campos não consegue entender algo tão básico?
Se essa é uma amostra de sua capacidade cognitiva, de sua inteligência política, deus nos livre e guarde...
Mas Dias e Campos não são os únicos protagonistas da cena política destes dias de feriado.
É preciso dar crédito a um outro personagem tão ou mais importante que esses dois.
Na verdade, eles não seriam nada sem a ajuda inestimável dessa amigona do peito chamada imprensa.
Essa sim tem feito milagres, como esse de transformar tais nulidades em estrelas fulgurantes da cena política.
É uma parceira e tanto.
Os Dias e Campos da vida, porém, devem tomar cuidado com ela.
De tanto serem ajudados, de tanto aparecerem nas páginas dos jornalões e na telinha da Globo, é bem capaz de, algum dia, as pessoas perceberem que não passam de rostos maquiados e vozes treinadas.
De impostores, em resumo.
Postado no blog Crônicas do Motta em 19/04/2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário