Inteligência golpista dos EUA entendeu como atuar no cenário de redes e ruas


Protesto na Ucrânia: exemplo de processo em rede que partiu para as ruas

Ucrânia em 02/2014

Venezuela em 18/02/2014

Renato Rovai

Há muito tempo os EUA são o país que mais investe em tecnologias. E ao mesmo tempo é o país que mais faz uso das mesmas para segurança e política externa. Em geral, buscando transformar todo o mundo em um grande quintal de seus interesses.

São milhares os exemplos de como a inteligência tecnológica e midiática são os principais instrumentos para planos de desestabilização capitaneados por Washington. E cada vez fica mais claro que os falcões já perceberam como as redes interconectadas digitalmente podem ser mais eficientes.

Manuel Castells, em A Sociedade em Redes, já prenunciou que as novas disputas seriam de redes contra redes. E que essas articulações e disputas não seriam algo apenas virtuais. Das redes para as ruas as disputas teriam grande impacto político e social.

David Ugarte, num texto de 2004, o Poder das Redes, também falou disso de um outro jeito no capítulo onde trata das Ciberturbas.

E o que estamos vendo hoje é a materialização desse fenômeno. Em alguns casos, de redes cidadãs. Que nascem a partir da força da articulações espontâneas. Por outro lado, processos fabricados.

Baseados em descontentamentos reais e de forças reais, mas que são instrumentalizados para ações que têm características de um flash mob desestabilizador. Algo como o que está acontecendo na Venezuela e na Ucrânia.

Ações que se iniciam como processos em rede, partem para as ruas e muito rapidamente já se tornam um palco de guerra. Tanto bélico, como midiático. Os países em questão passam a ter seus governos questionados pela diplomacia dos EUA e seus aliados. E a mídia que se diz profissional, age como empregada dos EUA para difundir a tese de que a democracia está sendo violentada nesses lugares.

Imagens falsas contra Maduro estão sendo distribuídas nas redes sociais. Acima, a foto no Chile foi divulgada como se fosse na Venezuela.

O jogo da política ganhou novos contornos com as novas tecnologias. E, como sempre, os EUA perceberam mais cedo como se disputa no novo cenário. Isso não quer dizer que tudo é preto e branco neste novo modelo. Há dezenas de tons de cinza. As manifestações não são todas golpistas e nem tudo que se articula na internet é coisa do Tio Sam.

É preciso ser muito mais cuidadoso para sair carimbando os movimentos neste novo momento. Mas não se pode negar a existência de uma fábrica de desestabilização de processos políticos. Ela existe. E novamente é operada pelo mesmo centro de operações que levou países a ditaduras em outros tempos.

Postado no Blog do Rovai em 19/02/2014

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