Individualismo, um outro nome, bem mais cortês, que o egoísmo, parece avançar a passos largos na sociedade.
Tirar vantagem em qualquer situação parece ser a regra. Buscar o aplauso fácil, a bajulação, o destaque para aptidões individuais — tanto suas quanto de seus entes mais chegados, os filhos, por exemplo — também parecem estar na moda.Uma moda perigosa, diga-se.
Em uma sociedade que cultua o deus Mercado, o consumismo parece ser a prática mais obedecida.
O mesmo mercado que nos inunda com publicidade de coisas que não nos interessam, que são, em geral, supérfluas.
A cada dia uma nova marca de biscoito, a cada mês, novo modelo de impressora e a cada minuto, uma nova propaganda na TV, sempre mais sedutora e atraente que a anterior.
E assim vamos levando a vida, adquirindo e nos descartando de produtos, itens, “coisas”.
O pior ocorre quando passamos a descartar os relacionamentos, as amizades, os momentos de estarmos juntos com familiares, com amigos.
Nossa mente está sempre cheia de mensagens do tipo “é só hoje, aproveite esta promoção”, “seja feliz, compre esta…”, “ao sucesso a bordo deste…”E não encontramos nem tempo para, como fazemos em nosso computador, dar uma “limpa” em nossas lixeiras mentais. Elas se enchem muito rapidamente e parecem ser inesgotáveis em sua capacidade de armazenamento.
É por isso que penso que vivemos em um constante mal-estar na sociedade, porque descartamos valores humanos essenciais, tais como o bom senso, o espírito de serviço desinteressado (e desinteresseiro).
Vamos às academias correr horas nas esteiras, levantar os pesos que fortaleçam nossa musculatura.
Mas, e quanto aos exercícios da alma, do espírito humano? Será que arranjamos tempo para fazê-los?
Refiro-me ao uso constante das esteiras da solidariedade, de levantar o peso dos decaídos e sofridos que na estrada da vida nos estendem as mãos. E aqueles sempre saudáveis exercícios da solidariedade, de nos sentirmos partes do todo, responsáveis pelo bem-estar de todos?
Hoje, acordei com estes pensamentos. Mas preciso mesmo é de um despertar geral, de me sentir útil, de fazer alguma diferença no sempre almejado mundo melhor que tanto desejamos criar. Durante todo o dia pensarei nisso.
Amanhã, talvez ao acordar, me sinta despertado, alerta às inúmeras possibilidades de mudar as coisas, começando por aquelas que estão ao meu alcance.
Postado no blog Cidadão do Mundo em 26/02/2014
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